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sábado, 1 de janeiro de 2022

DESILUSÃO

 


"Agora há muitos que se acotovelam para liderarem o pelotão dos que relembram o seu desacordo quanto ao regresso de Jorge Jesus ao Benfica ou renegaram, por cinismo ou esquecimento, a sua concordância aquando da contratação. Não pertenço a nenhuma das tipologias.

Na altura fiquei entusiasmado, apesar de nunca ter sido um admirador da personagem pública Jorge Jesus. Concordei com os pressupostos do regresso: inegável bom percurso anterior no Benfica, complementado com maior experiência e enorme sucesso no anterior clube, o Flamengo. Discordei dos que agoiraram o passo dado em função de uma ideia supostamente verdadeira - não se dever regressar a uma casa onde se foi feliz - pois sobejam exemplos, mesmo no Benfica, que a contrariam, vide Otto Glória ou Eriksson.
Mas a época do regresso de Jorge Jesus foi desapontante. Houve, porém, acontecimentos extrafutebolísticos que justificaram, pelo menos em parte, os mais resultados e o futebol pouco entusiasmante. Faltava aferir em que medida esses acontecimentos prejudicaram o rendimento da equipa, mas em alguma medida certamente o fizeram.
É esta época, sobretudo caracterizada pela inconsistência, em que resultados muito bons constataram com desilusões gritantes, veio exacerbar a análise crítica do que se passara no ano anterior do ponto de vista estritamente futebolístico, fomentando um ambiente cada vez mais impropício para a continuidade do treinador. Acresce a sensação, verdadeira ou falsa, de que os próprios jogadores já não acreditavam que poderiam ganhar títulos com aquele líder da equipa, o que, na minha opinião, é geralmente o que define a irreversibilidade do adeus de um treinador.
Chegados a este ponto, centremo-nos no mais relevante: ainda há muito por conquistar nesta época. Confio que saberemos ultrapassar esta fase e que rapidamente voltaremos ao trilho do sucesso. Se não foi ainda nesta temporada, que se aproveite para aumentar as possibilidades de ser na próxima."

João Tomaz, in O Benfica

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