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domingo, 2 de janeiro de 2022

OS ABRAÇOS DE RUI COSTA



 "Numa semana muito turbulenta – demasiado – o Benfica viu-se obrigado a fechar com JJ a sua saída do comando técnico da equipa profissional de futebol. Não pretendo abordar os motivos dessa saída – dado estar consumada – mas realço apenas que mancham a história do Benfica.

Pese embora a forma abrupta como tudo sucedeu, vimos Rui Costa e Jorge Jesus darem a cara após esse acordo de saída do técnico. Considero muito digno esse gesto num momento particularmente difícil para ambos (e também para o Benfica). Dignidade, essa sim, que enobrece o Benfica e a sua história. E seria bem mais fácil emitir um comunicado escrito por assessores.
Após curtas e espontâneas declarações de ambos, Rui Costa e JJ selaram o momento com um abraço. Ao contrário de várias opiniões que escutei, considerei o abraço sentido e revelador de um respeito um pelo outro e pelo Benfica. Há coisas que não se ensaiam, mas é normal que os "velhos do restelo" tenham ali visto uma encenação ou uma farsa. Como se os intervenientes ou o momento fossem propícios a tal.
Como se não bastasse o "ruído" suscitado por esse abraço, mal esperaria Rui Costa que, dias depois, um novo abraço seu provocasse ainda mais reações e "ondas de choque". Refiro-me concretamente ao abraço que deu a Pinto da Costa no camarote presidencial do estádio.
É falar, ler ou percorrer os vários locais de debate benfiquista, para nos apercebermos de uma opinião maioritária sustentando que Rui Costa não deveria ter dado um abraço a Pinto da Costa, por tudo o que isso poderia significar. E, como se diz recorrentemente, por vezes "uma imagem vale mil palavras".
O motivo é evidente: digamos apenas, eufemisticamente, que para qualquer benfiquista, Pinto da Costa simboliza muito do que não aceitamos no futebol (e isso daria um livro).
Concretamente quanto ao abraço, à primeira vista poderia parecer apenas uma atitude educada por parte de Pinto da Costa enquanto bom anfitrião. Isso seria plausível se fosse outro o interveniente. Contudo, no caso concreto, acredito que foi um abraço "envenenado" por parte de quem se sente confortável espalhando conflito nos rivais.
Pinto da Costa, com as câmaras a postos, foi ter com Rui Costa e claramente provocou esse abraço, convenientemente captado pelas câmaras.
Fez isso porque sabia que Rui Costa, enquanto pessoa educada, não o deixaria "pendurado" e porque sabia também que as imagens desse abraço seriam capitalizadas para semear discórdia entre os Benfiquistas.
Perante tal situação inopinada, talvez Rui Costa pudesse ter usado o pretexto da covid-19 para não abraçar Pinto da Costa (tendo até em conta a sua idade) e ficar-se por um aperto de mão.
Não o fez e consumou um abraço que, em qualquer outro contexto, seria um gesto de mera cortesia. Infelizmente comprova-se que no dragão não se pode baixar a guarda por um momento, nem sequer no camarote. E tendo-o feito, Rui Costa errou.
Contudo, perante mais esta rasteira que o nosso rival nos tenta fazer, importa que nos mantenhamos unidos. E não caiamos na esparrela ardilosamente montada para criar crispação no Benfica.
Não duvido do benfiquismo de Rui Costa (acho que ninguém duvida) ou da percepção que certamente tem acerca de Pinto da Costa. Desta forma, perante o sucedido, é confiar que Rui Costa estará mais preparado para as rasteiras que lhe tentarão fazer (e ao Benfica) - agora - fora de campo e que tem tarimba para presidir aos destinos do Glorioso.
Perante toda esta situação, vem-me à memoria as palavras de um grande benfiquista infelizmente hoje a seguir o Glorioso do "quarto anel": "sinto-me do Benfica quando ganho, mas ainda me sinto mais Benfiquista quando perco".
Tendo esta ideia como mote, e sendo enorme a devoção e paixão do adepto benfiquista, é altura de fazermos jus ao nosso lema e estarmos unidos. Especialmente após este "annus horribilis" para o Benfica.
Acredito assim que Rui Costa precise de dar mais um abraço neste início de ano: um abraço a todos os benfiquistas, o qual seja por um lado agregador e que simbolize a união no Benfica e, por outro lado, demonstrativo de determinação e real capacidade para liderar o Benfica rumo ao sucesso, evitando assim que a semente da dúvida se instale na mente (e coração) dos benfiquistas."

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