"Com a escalada impressionante do dinheiro envolvido no futebol, temos assistido, ao longo da última década e meia, à proliferação dos mais variados relatórios sobre este setor de atividade económica.
Confesso-me um ávido consumidor destes trabalhos, até porque senti a necessidade, e rapidamente ganhei o hábito, de os ler com atenção ao invés de me fiar, quando sequer existem, nas reproduções descontextualizadas das conclusões destes relatórios pela comunicação social dedicada ao desporto. O mesmo se passa com os relatórios e contas das SAD, cujo tratamento dado pela imprensa desportiva se limita, invariável e acriticamente, à divulgação das conclusões constantes nos próprios relatórios.
Serve esta introdução para referir a minha estupefação ao ter conhecimento de um relatório da Soccerex sobre os clubes com maior poderio financeiro em que FC Porto surge na 61.ª posição e o Benfica na 64.ª, os únicos portugueses neste ranking.
Como é possível que SADs com situações patrimoniais tão díspares não só estejam situadas proximamente no ranking como até em posições inversas face à comparação dos capitais próprios?
Clubismos à parte, isto, em 2021, não faz qualquer sentido, por superficial que seja a análise a ambas as sociedades. O que nem sequer é o caso deste índice da Soccerex, cuja metodologia, discutível em certos pontos, é inequivocamente complexa. Faltou verificar o que já se tornara óbvio: os dados estão ultrapassados, são de 2017/18.
A Soccerex considera cinco variáveis, a saber: valor dos passes de jogadores; ativos tangíveis (estádios, centro de estágio e outros); dinheiro em caixa (ou similares); potencial de investimento dos proprietários; dívida líquida. Mas mais do que os dados concretos, é sobretudo relevante observar as tendências. E essas demonstram claramente que o grande desafio com que os clubes portugueses se deparam é o de se manterem competitivos apesar de serem obrigados, por necessidade ou por menor capacidade de investimento, a serem exportadores."
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