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sábado, 19 de março de 2022

BANCADOLÂNDIA

 


"Quando ouço a miudagem queixar-se de uma ou outra mordidela dos sintéticos de futebol... invejo-lhes a sorte! Noutro tempo, na idade deles, a nossa pele ficava nos pelados e nos empedrados, e, 'em troca', a carne das pernas e dos braços colecionava detritos que, depois, um pequeno arsenal composto por um bom banho, pedra-pomes, álcool, mercurocromo e algodão tinha potencial para reparar ou confortar.

Ainda hoje, nos melhores relvados para a prática do desporto, continuo a acreditar que um carrinho vigoroso, contundente, neutralidade e eficaz põe qualquer bancada a chamejar. É galvanizador, tivaliza com aquelas fintas que, quando favoráveis, fazem ebulir o vulcão que vive em nós. Melhor... talvez só mesmo o prazer do adorável instante em que a bola beija as redes adversárias. O golo, sim, e é esse momento mágico que estimula esta reflexão sobre alguns dos diamantes com selo do Benfica Campus!
'O talento de goleador é tão particular como o de guarda-redes', argumenta Jorge Valdano, um dos filósofos do futebol que, enquanto jogador, fez carreira a desenhar pinturas nas balizas contrárias. Ele sabe sobre o que escreve, mas cada vez acredito mais que o sucesso das grandes equipas depende sobretudo dos homens-golo, ou dos futebolistas que finalizam com naturalidade e regularidade, até porque há outra tendência que as estratégias, as táticas, a análise de vídeo e a preparação global acentuam: a 'facilidade' de destruição dos ataques.
Quem tem golo tem tudo o que se quer para fazer a diferença, enquanto lá atrás uma boa defesa/organização defensiva e um bom guarda-redes resguardam e seguram as pontas! Este talento, no Benfica, é tinta, aliás, tem de ser tinta para estimada escritura no presente e no futuro! Gonçalo Ramos(20 anos) e Henrique Araújo(20 anos) já jogam pela equipa A e, claro, porque lhes está no sangue, marcam golos nesse patamar. Apostar (a sério) ou não apostar, eis a discussão!
Mas há mais: João Resende(18 anos), Luís Semedo(18 anos) e Franculino Djú(17 anos), diferentes nos estilos, na morfologia, nos níveis de desenvolvimento, maturidade e até nos pés dominantes, já estão na estrada que os pode aproximar e/ou conduzir à concretização do maior dos sonhos que lhes alumiam os passos. A riqueza está em casa e, havendo oportunidades consistentes e um aproveitamento sustentado do talento emergente, a sua expressão vai gerar substância (e golos) para muita literatura."

João Sanches, in O Benfica

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