"Sporting, através de uma operação de ‘factoring’ relacionada com o contrato de direitos televisivos com a NOS, antecipou 38,5 milhões de euros em receitas e, em colaboração com o grupo investidor Sagasta Finance, recomprou parte dos VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis) emitidos entre 2010 e 2014, num montante de 135 milhões.
Em causa estavam os títulos detidos por um dos seus credores, o Millenium BCP, num valor nominal de 83,4 milhões de euros (há, ainda, 51,5 milhões nas mãos do Novo Banco). No entanto, engana-se quem pensa que o Sporting pagou essa verba. Porque não pagou.
Em 2019 o valor de recompra foi renegociado, tendo cada título passado a valer 30 cêntimos em vez de 1 euro. Em virtude dessa renegociação, em vez dos 83,4 milhões de euros o negócio fez-se por singelos 25 milhões de euros. Os outros 58,4 milhões de euros serão, uma vez mais, pagos por todos nós.
Outra negociata do Sporting com sério prejuízo para os contribuintes portugueses. E ninguém se insurge. Ninguém se revolta.
A comunicação social – sempre tão lesta a dar ênfase a quaisquer pseudonotícias que envolvam, mesmo que indiretamente, o Benfica – não aparenta ter interesse em escrutinar este verdadeiro negócio da China. Os ilustres comentadores da nossa praça, especialistas em coisa nenhuma que comentam sobre tudo, nem uma palavra de indignação têm sobre o assalto que, também eles, estão a ser vítimas. Está tudo bem. Ouvem-se grilos.
Até quando irão continuar a branquear este escândalo?
É igualmente inexplicável o silêncio do Governo. Num país onde não há dinheiro para o Serviço Nacional de Saúde, Pensões ou Educação, andam bancos intervencionados com fundos públicos a conceder sucessivos perdões a um clube de futebol. Como é possível?
Falamos de um perdão de 70%, quase 100 milhões de euros (135.000.000 VMOC x (1-0,30 €)) = 94.500.000 €). O Benfica tem de vender um João Félix, ao Sporting basta reestruturar a sua dívida, renegociar a recompra das VMOC em saldo – a pagar apenas 30% – e siga mais um pérfido perdão ao menino com necessidades especiais da turma.
Assim é fácil competir e ombrear com os grandes, nomeadamente com o SL Benfica, que é o único grande clube português que cumpre religiosamente os seus compromissos financeiros e reembolsa a tempo e horas os seus empréstimos. Isto configura um ato de clara e inequívoca concorrência desleal. É um comportamento ilegítimo que provoca prejuízos nos concorrentes. É batota.
Alguém tem de pôr termo a esta pouca-vergonha!"
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