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segunda-feira, 17 de outubro de 2022

SÉRGIO CEOCEIÇÃO

 


"O treinador do FC Porto fez esta semana aquilo que nem Pep Guardiola, José Mourinho ou Carlo Ancelotti se atreveriam a fazer. Embalado por três vitórias no espaço de uma semana (Sporting de Braga, Bayer Leverkusen e Portimonense), aproveitou o segundo duelo com os alemães e 𝘁𝗿𝗮𝗻𝘀𝗳𝗼𝗿𝗺𝗼𝘂 𝘂𝗺𝗮 𝗰𝗼𝗻𝗳𝗲𝗿ê𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗶𝗺𝗽𝗿𝗲𝗻𝘀𝗮 𝗱𝗲 𝗮𝗻𝘁𝗲𝘃𝗶𝘀ã𝗼 𝗱𝗲 𝘂𝗺 𝗷𝗼𝗴𝗼 𝗱𝗮 𝗖𝗵𝗮𝗺𝗽𝗶𝗼𝗻𝘀 𝗟𝗲𝗮𝗴𝘂𝗲 𝗻𝘂𝗺𝗮 𝗲𝘀𝗽é𝗰𝗶𝗲 𝗱𝗲 𝗔𝘀𝘀𝗲𝗺𝗯𝗹𝗲𝗶𝗮 𝗚𝗲𝗿𝗮𝗹 𝗱𝗲 𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗶𝘀𝘁𝗮𝘀. Apelou ao seu conhecimento em operações financeiras e reprovou, da forma mais direta que conseguiu, o desempenho da SAD: “Trabalho financeiro? Não tem correspondido ao que tem sido a evolução dos jogadores e o nosso sucesso desportivo!” Assim, sem mais nem menos.
Em que outra atividade – ou mesmo, em que outra SAD desportiva – é que um diretor/chefe de departamento/treinador se atreve a pôr em causa as opções da Administração? Que ‘guerra civil’ será essa que se vive hoje nos corredores do Dragão e do Olival que leva 𝗼 𝘁é𝗰𝗻𝗶𝗰𝗼 𝗱𝗮 𝗲𝗾𝘂𝗶𝗽𝗮 𝗽𝗿𝗶𝗻𝗰𝗶𝗽𝗮𝗹 𝗮 𝗰𝗵𝗼𝗰𝗮𝗿 𝗱𝗲 𝗳𝗿𝗲𝗻𝘁𝗲, 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮, 𝗰𝗼𝗺 𝘂𝗺 𝗮𝗱𝗺𝗶𝗻𝗶𝘀𝘁𝗿𝗮𝗱𝗼𝗿, 𝗙𝗲𝗿𝗻𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗚𝗼𝗺𝗲𝘀, 𝗽𝗼𝗿 𝗮𝗰𝗮𝘀𝗼 𝗼 𝗿𝗲𝘀𝗽𝗼𝗻𝘀á𝘃𝗲𝗹 𝗽𝗲𝗹𝗼 𝗽𝗮𝗴𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗼𝘀 𝘀𝗮𝗹á𝗿𝗶𝗼𝘀?
O embate frontal entre Sérgio Conceição e Fernando Gomes permite a leitura óbvia de que a corda irá partir. É apenas uma questão de tempo. O FC Porto vive num mar de incertezas, conflitos e convulsões – mais ou menos assumidas – que dificilmente poderá suportar o insucesso desportivo. 𝗢 ‘𝗯𝗲𝗺-𝗲𝘀𝘁𝗮𝗿’ 𝗱𝗲 𝘁𝗼𝗱𝗼 𝗼 𝗲𝗱𝗶𝗳í𝗰𝗶𝗼 𝗮𝘇𝘂𝗹-𝗲-𝗯𝗿𝗮𝗻𝗰𝗼 𝗲𝘀𝘁á, 𝗮𝘀𝘀𝗶𝗺, 𝗻ã𝗼 𝗺ã𝗼𝘀 𝗲 𝗻𝗮𝘀 𝗼𝗽çõ𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗦é𝗿𝗴𝗶𝗼 𝗖𝗼𝗻𝗰𝗲𝗶çã𝗼. E o problema, para Fernando Gomes, é que ambos sabem isso.
À margem da apresentação das contas relativas à temporada 2021/22, o administrador Fernando Gomes traçou alguns cenários para a época em curso.
➡️ “Não podemos ter saldo negativo no final da época”.
➡️ “Se as necessidades com mais-valias vão ser de 30 ou 40 milhões, isso só saberemos ao longo da época”.
➡️ “𝗦𝗲 𝗳𝗼𝗿𝗺𝗼𝘀 𝗹𝗼𝗻𝗴𝗲 𝗻𝗮 𝗟𝗶𝗴𝗮 𝗱𝗼𝘀 𝗖𝗮𝗺𝗽𝗲õ𝗲𝘀, 𝘃𝗮𝗺𝗼𝘀 𝘁𝗲𝗿 𝘂𝗺𝗮 𝗿𝗲𝗰𝗲𝗶𝘁𝗮 𝗾𝘂𝗲 𝘃𝗮𝗶 𝗰𝗼𝗺𝗽𝗲𝗻𝘀𝗮𝗿 𝘂𝗺𝗮 𝗺𝗮𝗶𝘀-𝘃𝗮𝗹𝗶𝗮 𝗾𝘂𝗲 𝘁𝗲𝗿í𝗮𝗺𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗳𝗮𝘇𝗲𝗿 𝗲 𝗾𝘂𝗲 𝗱𝗲𝗶𝘅𝗮 𝗱𝗲 𝘀𝗲𝗿 𝗻𝗲𝗰𝗲𝘀𝘀á𝗿𝗶𝗮”.
➡️ No início da época, apontámos aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões”.
➡️ “Menos do que isso é prejuízo. Mais do que isso é ganho”.
➡️ “A necessidade de mais-valias dependerá do sucesso da equipa”.
Por outras palavras, o recado que Fernando Gomes fez chegar a Sérgio Conceição foi este: ou o FC Porto tem sucesso na Liga dos Campeões ou o treinador vai continuar a ver craques sair. Francisco Conceição já saiu e na próxima época pode sair, quem sabe, Rodrigo Conceição. Mas – com todo o respeito – não é a jogadores com valor de mercado de 5 milhões de euros, num caso, e 500 mil euros, no outro, que o administrador se deveria estar a referir…
Investigue-se:
➡️ A troca de ‘galhardetes’ entre o treinador e o administrador que tem o pelouro das contas.
➡️ As limitações impostas pela situação de fair-play financeiro em que o FC Porto esteve mergulhado nos últimos anos.
➡️ A dificuldade em perceber, com rigor, os vários cenários de sucessão e respetiva luta pelo poder. Tudo isto tem contribuído para se criar a ideia – correta, até certo ponto – de que os cofres do Dragão já viveram melhores dias. 𝗛𝗼𝘂𝘃𝗲 𝗼 𝗽𝗮𝗴𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗱𝗲 𝗰𝗼𝗺𝗶𝘀𝘀õ𝗲𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗶𝗻𝘂𝗮𝗺 𝗽𝗼𝗿 𝗲𝘅𝗽𝗹𝗶𝗰𝗮𝗿. 𝗦𝗮í𝗿𝗮𝗺 𝗷𝗼𝗴𝗮𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗳𝘂𝗹𝗰𝗿𝗮𝗶𝘀 (𝗲 𝗰𝗮𝗿𝗼𝘀!) 𝗮 𝗰𝘂𝘀𝘁𝗼 𝘇𝗲𝗿𝗼. 𝗙𝗶𝘇𝗲𝗿𝗮𝗺-𝘀𝗲 𝗼𝗽𝗲𝗿𝗮çõ𝗲𝘀 𝗳𝗶𝗻𝗮𝗻𝗰𝗲𝗶𝗿𝗮𝘀 ‘𝗰𝗿𝗶𝗮𝘁𝗶𝘃𝗮𝘀’ 𝗰𝗼𝗺 𝗦𝗽𝗼𝗿𝘁𝗶𝗻𝗴 𝗲 𝗩𝗶𝘁ó𝗿𝗶𝗮 𝗱𝗲 𝗚𝘂𝗶𝗺𝗮𝗿ã𝗲𝘀 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗰𝗮𝗺𝘂𝗳𝗹𝗮𝗿 𝗰𝗼𝗻𝘁𝗮𝘀. Comprou-se um guarda-redes ao Portimonense quando, na baliza, o FC Porto tem hoje, provavelmente, o seu ativo mais valioso. São tantas as manobras duvidosas na folha financeira que, de facto, é impossível não compreender o protesto até do adepto mais empedernido.
As nuvens negras que continuam a pairar sobre o Estádio do Dragão não impediram, ainda assim, que o FC Porto voltasse a investir forte na equipa de futebol. No último mercado chegaram às mãos de Sérgio Conceição os seguintes reforços: David Carmo (o defesa mais caro na história do futebol português), Gabriel Veron, Marko Grujic, André Franco, Stephen Eustáquio e Samuel Portugal. 𝗧𝘂𝗱𝗼 𝘀𝗼𝗺𝗮𝗱𝗼, 𝗳𝗼𝗿𝗮𝗺 𝟱𝟬 𝗺𝗶𝗹𝗵õ𝗲𝘀. 𝗡𝗮𝗱𝗮 𝗺𝗮𝘂.
Sérgio Conceição somou em Leverkusen a quarta vitória consecutiva (ótima notícia), na mesma noite em que o Brugges reforçou a liderança no grupo e garantiu a qualificação para os oitavos-de-final da Champions (má notícia). Ou seja, com duas jornadas por realizar, 𝗿𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗮𝗽𝗲𝗻𝗮𝘀 𝘂𝗺𝗮 𝘃𝗮𝗴𝗮 𝗿𝘂𝗺𝗼 à 𝗽𝗿ó𝘅𝗶𝗺𝗮 𝗳𝗮𝘀𝗲 𝗲 𝘀𝗼𝗺𝗮𝗿, 𝗱𝗲𝘀𝗱𝗲 𝗹𝗼𝗴𝗼, 𝗰𝗲𝗿𝗰𝗮 𝗱𝗲 𝟭𝟬 𝗺𝗶𝗹𝗵õ𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗲𝘂𝗿𝗼𝘀.
Classificação
1º Brugges, 10 pontos (qualificado)
2º FC Porto, 6 pontos
3.º Atlético Madrid, 4 pontos
4.º Bayer Leverkusen, 3 pontos
O FC Porto irá jogar no terreno do Brugges (que venceu 4-0 no Dragão) e encerra o grupo, em casa, frente ao Atlético de Madrid. Fernando Gomes, o administrador, está atento…"

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