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segunda-feira, 16 de outubro de 2023

CONCEIÇÃO ACABARÁ INIMIGO DE SI PRÓPRIO


"As contas do FC Porto são obviamente más. Não vou alongar-me porque, além da conclusão evidente de leigo, há gente com muito mais talento para explicar números, perigos e possíveis consequências, ainda com o 'fair-play' financeiro fresco na memória de todos. Além disso, o tema dos prémios dos administradores, apesar de não cair bem quando anexado a relatório tão negativo, diz respeito, primeiro, a acionistas e associados. A verdade é que o momento não é bom e haverá sempre quem se lembre de que também se lidera pelo exemplo, porém aos restantes interessa, sobretudo, alertar para os riscos de um caminho que teima em enfraquecer um dos mais resilientes e bem-sucedidos representantes do futebol português nos contextos europeu e mundial.
A causa do descalabro financeiro, já esperado depois de tantas notícias recentes a dar conta da obrigatoriedade de vender – os 47,25 milhões remanescentes de Otávio, como se sabe, ficaram para o próximo exercício; e só chegaram 7 milhões do Union Berlim por Diogo Leite (5,7 milhões depois de deduzidos os gastos com a operação) –, prende-se com a falta de mais-valias realizadas com transferências. Além disso, já com um plantel muito fragilizado, os dragões tiveram de investir mais de 33 milhões em Iván Jaime, Nico González, Alan Varela e Fran Navarro. Não sobra assim tanto e esse nem é o maior problema.
Olha-se para o plantel e o potencial de grandes negócios baixou. Taremi aproxima-se do final de contrato, restam (os muito difíceis de substituir) Diogo Costa, Pepê e Galeno, uma vez que as lesões de João Mário e Evanilson terão arrefecido o interesse no seu potencial. Cabe a Sérgio Conceição agarrar na equipa ainda ‘mais abaixo’ e reconstruí-la com mais um objetivo, que no final acabará por torná-lo inimigo de si próprio: será importante elevar jogadores ao estatuto de possível grandes vendas. Ou seja, criar ‘combustível’ para, também financeiramente, manter a máquina a andar."

Luís Mateus, in A Bola 

1 comentário:

  1. Aguardaremos ansiosamente para perceber (para o ano…) qual a mais-valia efetiva da venda de Otávio… visto que tudo no Porto é opaco.

    Da operação de 60M, apenas os tais 47,25M eram pertença do Porto. Falta a isso descontar as custas dos mecanismos de solidariedade, para os clubes formadores.

    Faltando ainda comissões a agentes e representantes (que no Porto variam entre os 10% e os 20%)

    E finalmente, faltará descontar o valor por amortizar da aquisição do atleta. Um valor… mistério… pois o Porto informou, na renovação, à CMVM, ter pago, em encargos adicionais (luvas), 15M ao jogador… mas o empresário do atleta referiu que esse valor era a totalidade dos salários do atleta, no período contratado…
    Ora, se vinga a tese do empresário, Otávio terá que devolver o que recebeu em excesso ao Porto e esse valor não afetará a mais-valia. Mas se assim for, o Porto terá MENTIDO à CMVM, lesando o fisco e a segurança social, contabilizando como “encargos adicionais” o que era afinal salário!!

    Será um relatório curioso.

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