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terça-feira, 24 de outubro de 2023

SIR

 


"O meu pai nunca percebeu patavina de futebol, tal como todos os outros membros da minha família. O meu Benfiquismo deveu-se ao magnetismo natural do Glorioso e ao meu tio Zé Russo de Castelo Branco, cuja ação evangelizou mais sobrinhos do que o Pedro Álvares Cabral entre os índios do Brasil.
O vocabulário "futeboleiro" do meu progenitor é limitado e roda basicamente à volta dos "guarda redes frangueiros", dos "fogachos" quando os remates são potentes e do Pepe que já devia ter sido "irradicado" do futebol. Pertence contudo à geração para quem Eusébio é o futebol.
Quando se refere ao filho da D. Elisa, alinha em todos os unicórnios que giram à volta do moçambicano. Que marcava do meio campo, que furava as redes com os seus fogachos, que era tão bom que até o Salazar o proibiu de sair para Itália porque era Património Nacional.
Além do Deus da Mafalala, só há mais um jogador a quem o Sr. Francisco Lucas se refere com máximo respeito: Sir Bobby Charlton. Duvidando seriamente que alguma vez tenha visto o inglês dar um pontapé numa bola, julgo que tamanha veneração só poderá advir da epopeia do Mundial 66 ou por partilhar com ele o característico penteado.
Seja como for, tamanha admiração foi-me inculcada, e a nobreza do Cavaleiro de Sua Majestade passou a ser por mim também reverenciada. Não podia como tal, agora que se juntou a outros imortais da modalidade, deixar de prestar-lhe aqui a minha homenagem, que é também do e para o meu pai."

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