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quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

A GRANDE CONSPIRAÇÃO



 Vistas sob um certo ângulo (mas muito específico), as pessoas que acreditam piamente em teorias da conspiração merecem o nosso respeito. Deve ser extremamente desgastante acordar de manhã a pensar que o mundo inteiro se uniu para tramá-las, sobretudo quando passa a fase da adolescência que Carlos Tê e Rui Veloso tão bem retrataram na cantiga Não Há Estrelas no Céu, já nos idos de 1990.

Virá isto a propósito da vitória de Donald Trump nas primárias republicanas do Iowa, na última segunda-feira? Claro que sim — é torturante pensar na possibilidade de a criatura voltar a liderar a maior potência mundial quando adormece a pensar em tartarugas de óculos grossos que se juntam às sextas-feiras em palácios no fundo do mar, intoxicadas de anfetaminas, para fazer raves, depois ao sábado cumprem rituais satânicos sacrificando peixinhos dourados e ao domingo, finalmente, se reúnem como verdadeiras executivas a urdir toda uma teia de influências sobre a Humanidade. Esquemas que por vezes, desconfiam os trumpianos, envolvem mesmo a interferência de forças extraterrestres sobre os nossos destinos.
Dir-me-ão que o homem já foi Presidente dos EUA e o mundo não acabou. Certo — mas ficou mais próximo disso, visto que as alterações climáticas, por exemplo, são invenção de cientistas perversos (e amigos das tartarugas, pelo menos alguns).
O mote é Trump, mas o pensamento rapidamente nos leva, solidariamente, a quem acha que no futebol tudo é decidido por entidades obscuras que, com as suas cruzetas, manobram a bel-prazer marionetas que mais não farão do que dar a cara publicamente.
Pela primeira vez concordo que a coroação de Messi como The Best FIFA Player of the Year é bastante injusta. Agora sim. Daí a achar que é uma cabala da FIFA vai um oceano do tamanho do raciocínio lógico. As votações são públicas e os critérios também.
Os árbitros, já se sabe, estão sempre condicionados e agem de má-fé. Sobretudo contra a equipa de cada um, sendo que, por isso, um mesmo árbitro pode ser acusado de ser deste clube e do seu contrário, e do contrário por este. Confuso? As mentes das conspirações também.
Os jornalistas, claro, estão a soldo deste ou daquele clube, deste ou daquele interesse particular, escrevem o que lhes mandam. Nomeadamente quando escrevem algo que não agrada a este clube ou ao clube contrário, consoante a cor do paciente.
Até os sorteios de competições, imagine-se, são alvo de suspeições. Sempre que este clube não tem o caminho mais fofinho rumo à eliminatória seguinte ou à final, tratou-se claramente de uma questão de bolas quentes e bolas frias para beneficiar o contrário. É difícil explicar a espíritos atormentados por tartarugas de óculos que nem sempre se tem sorte.
Há muito quem defenda que apanhar sol com frequência, fazer exercício fisico e ler pelo menos um livro por ano (desde que não seja algum sobre o Priorado de Sião) alivia os sintomas. Mas dificilmente curará a doença.
Vistas sob um certo ângulo (mas muito específico), as pessoas que acreditam piamente em teorias da conspiração merecem o nosso respeito. Deve ser extremamente desgastante acordar de manhã a pensar que o mundo inteiro se uniu para tramá-las, sobretudo quando passa a fase da adolescência que Carlos Tê e Rui Veloso tão bem retrataram na cantiga Não Há Estrelas no Céu, já nos idos de 1990.
Virá isto a propósito da vitória de Donald Trump nas primárias republicanas do Iowa, na última segunda-feira? Claro que sim — é torturante pensar na possibilidade de a criatura voltar a liderar a maior potência mundial quando adormece a pensar em tartarugas de óculos grossos que se juntam às sextas-feiras em palácios no fundo do mar, intoxicadas de anfetaminas, para fazer raves, depois ao sábado cumprem rituais satânicos sacrificando peixinhos dourados e ao domingo, finalmente, se reúnem como verdadeiras executivas a urdir toda uma teia de influências sobre a Humanidade. Esquemas que por vezes, desconfiam os trumpianos, envolvem mesmo a interferência de forças extraterrestres sobre os nossos destinos.
Dir-me-ão que o homem já foi Presidente dos EUA e o mundo não acabou. Certo — mas ficou mais próximo disso, visto que as alterações climáticas, por exemplo, são invenção de cientistas perversos (e amigos das tartarugas, pelo menos alguns).
O mote é Trump, mas o pensamento rapidamente nos leva, solidariamente, a quem acha que no futebol tudo é decidido por entidades obscuras que, com as suas cruzetas, manobram a bel-prazer marionetas que mais não farão do que dar a cara publicamente.
Pela primeira vez concordo que a coroação de Messi como The Best FIFA Player of the Year é bastante injusta. Agora sim. Daí a achar que é uma cabala da FIFA vai um oceano do tamanho do raciocínio lógico. As votações são públicas e os critérios também.
Os árbitros, já se sabe, estão sempre condicionados e agem de má-fé. Sobretudo contra a equipa de cada um, sendo que, por isso, um mesmo árbitro pode ser acusado de ser deste clube e do seu contrário, e do contrário por este. Confuso? As mentes das conspirações também.
Os jornalistas, claro, estão a soldo deste ou daquele clube, deste ou daquele interesse particular, escrevem o que lhes mandam. Nomeadamente quando escrevem algo que não agrada a este clube ou ao clube contrário, consoante a cor do paciente.
Até os sorteios de competições, imagine-se, são alvo de suspeições. Sempre que este clube não tem o caminho mais fofinho rumo à eliminatória seguinte ou à final, tratou-se claramente de uma questão de bolas quentes e bolas frias para beneficiar o contrário. É difícil explicar a espíritos atormentados por tartarugas de óculos que nem sempre se tem sorte.
Há muito quem defenda que apanhar sol com frequência, fazer exercício fisico e ler pelo menos um livro por ano (desde que não seja algum sobre o Priorado de Sião) alivia os sintomas. Mas dificilmente curará a doença.

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