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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

HÁ QUE ENFRENTAR O PROBLEMA

 


Os clubes não podem vacilar no processo de erradicação dos ‘hooligans’ dos estádios

Há coisas que os clubes podem fazer, outras não. Por exemplo, por muito apertada que seja a segurança nas entradas num estádio que acolhe 60 mil adeptos, é impossível que todos os artefactos de pirotecnia, alguns de tamanho diminuto, sejam apreendidos, ou que armas brancas, de pequena dimensão, sejam detetadas. E os clubes não podem fazê-lo nem aqui, nem nos campeonatos dos Big Five, nem até quando o âmbito de responsabilidade direta passa para as Federações ou para as Confederações, ou mesmo para a FIFA.
O que os clubes podem fazer, e em Portugal raramente o fazem, é não só detetar os infratores, como ainda expulsá-los do seio, competindo a outras entidades impedi-los de voltar a recintos desportivos. Não acredito que os sofisticados sistemas de videovigilância dos estádios, complementados pelos spotters da PSP, não identifiquem os prevaricadores, para que, a seguir, quem de direito aja em conformidade.
Mas deixemos as generalizações de lado e passemos ao caso concreto do Benfica. Na Liga dos Campeões, a equipa de Roger Schmidt viu-se privada do apoio dos adeptos em San Siro e Salzburgo, por imposição da UEFA, na sequência de ações contrárias à lei de uns quantos hooligans apoiantes dos encarnados, que se revestiram de perigo para terceiros e provocaram, inclusivamente, feridos. O mínimo exigível seria que o clube não descansasse enquanto não expurgasse da sua comunidade tais energúmenos. Mas, que se saiba, não houve consequências nem para esses marginais, nem para todos os outros que já levaram vezes sem conta o clube à beira da interdição do Estádio da Luz, impedida in extremis pelos órgãos de recurso do futebol. Com tão grande esforço que a Direção de Rui Costa tem feito para tornar a Catedral num espaço moderno, funcional e atrativo para as famílias, não se compreende como não existe um comportamento mais assertivo quando se trata de criar condições para deshooliganizar o Benfica.
Do último caso, ocorrido no intervalo da partida, para a Taça da Liga, entre o Benfica e o Aves SAD, resultou um ferido grave por esfaqueamento, na sequência de uma altercação. O alegado autor do crime já foi detido pelas autoridades policiais, e o processo, na Justiça, seguirá os seus trâmites. Faço votos que o Benfica seja lesto a tomar medidas, e que essas medidas passem a ser a regra, e não a exceção, para todos aqueles que não devem ter acesso aos estádios e pavilhões.

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