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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

E A NOSSA LIGA NÃO PRESTA?



 O atual líder do campeonato — matemática e rigor obligent — marcou em cima do minuto 90 e segurou o posto. Logo se verá o que vem a seguir.

O anterior líder, com um jogo a menos, vingou a derrota na meia-final da Taça da Liga e aplicou ao quarto classificado o terceiro 5-0 em três visitas a Alvalade. Mas isso não faz do SC Braga menos quarto classificado, entretanto apanhado na classificação pelo rival Vitória de Guimarães.
Oh, Diabo! Os dois comandantes da classificação têm 12 pontos de avanço sobre o quarto e o quinto. Como vamos vender esta Liga? Mesmo que o terceiro jogue hoje e possa ficar, caso ganhe, a quatro pontos dos comandantes.
Acontece que na Alemanha há, nesta altura, 12 pontos a separar o primeiro do terceiro (e pasme-se, o primeiro nem sequer é o Bayern Munique, como nos últimos 11 anos — sim, 11 anos).
Em França, um dos apelidados campeonatos Big 5, o PSG tem 11 pontos de vantagem sobre o segundo e 12 sobre o terceiro. Foi campeão nove vezes nos últimos 11 anos. E novidades?
Em Espanha o Real Madrid só tem cinco pontos de vantagem sobre o Girona, mas já tem 10 sobre o Barcelona, que é quem nos últimos 18 anos (com duas exceções do Atlético Madrid e uma do Valência) tem discutido o título com os merengues.
Em Itália o Inter tem sete pontos à maior sobre a Juventus e oito sobre o Milan. O quarto classificado vai a 18 pontos da liderança. Um bocadinho mais longe do topo que SC Braga e V. Guimarães.
Inglaterra — ah, Inglaterra! Este é que é mesmo outro campeonato. Sempre foi, mesmo quando só jogavam o famigerado kick and rush. Se formos ver jogos das divisões secundárias ele ainda se joga. Mas é fascinante na mesma.
Aqui sim, há emoção. Se o Manchester City vencer o jogo que leva em atraso, o fosso entre primeiro e terceiro será de três pontos, oito para o quarto. Se não vencer será ainda menor, à luz dos dados hoje disponíveis.
Vamos à segunda divisão? OK. Nos Países Baixos o PSV lidera com dez pontos sobre o Feyenoord e 15 sobre o Twente.
Na Bélgica o líder leva oito à maior sobre o segundo e 15 sobre os terceiro e quarto classificados.
Creio não ser necessário percorrer muito mais ligas europeias para perceber o ponto essencial: ao contrário do que de forma meio masoquista gostamos de apregoar, e por vezes dá jeito apregoar, a Liga portuguesa é competitiva.
Com dois terços jogados (quase jogados, pronto, falta aquele Famalicão-Sporting que tem relevância extrema), a luta pelo título está bem acesa e tem três candidatos claros e firmes.
Se usarmos a bitola europeia de diferença pontual entre primeiro e quarto, até podemos achar que temos cinco candidatos.
Talvez seja boa altura para nos deixarmos de lamentos e começarmos a defender o que de bom tem a nossa Liga.

1 comentário:

  1. A métrica usada para medir a qualidade de um campeonato não pode ser a competitividade dos primeiros lugares. Quem viu o jogo entre o Guimarães e o Benfica, jogado numa piscina, não achará que este campeonato tem qualidade. Quem acompanha a falta de justiça a norte, que permitiu TUDO durante épocas aos super dragões, não pode achar que este campeonato tem qualidade.

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