Schmidt acertou em cheio nas entradas de Kokçu e de Marcos Leonardo: Benfiquistas passaram do desespero à esperança.
DEPOIS de uma primeira parte que representou na perfeição o pior que o Benfica de Schmidt teve nesta época, uma segunda parte de eleição que mostrou o modo como o futebol pode e deve ser entendido, porque, nele, nada é definitivo, nada é indiscutível, nada é inalterável. E, assim, com um intervalo de diferença, mais um treinador passou de besta a bestial. Porque foi o líder de uma movimento revoltoso que teve sucesso e porque acertou em cheio nas mudanças que fez, com a entrada de Kokçu e de Marcos Leonardo. O primeiro Trouxe à equipa a densidade e a energia motora que o meio campo, apenas com a locomotiva a vapor puxada por Florentino e João Mário, não conseguia; o segundo, porque foi decisivo no resultado, marcando dois golos nos vinte minutos (mais os descontos) que esteve em campo.
A verdade é que depois de uma primeira parte de desespero, os benfiquistas voltaram a viver momentos de festa e de esperança. Não que algum deles pense na mais que improvável hipótese de chegar ao título, mas porque, enfim, viu a sua equipa regressar a um período de futebol ativo, com intensidade e golos e logo num jogo em que teve de virar o resultado tendo pela frente um adversário forte e experiente, como é o SC Braga, e ainda porque terá sentido algum alívio por saber que, aconteça o que acontecer até ao final da época, o Benfica garantiu, desde já, o tal segundo lugar que, de forma direta ou com curvas, poderá abrir as portas da Champions.
O MARASMO...
A primeira parte do Benfica não fazia prever nada de bom. Houve um período de maior critério, até cerca dos 25 minutos, durante o qual a equipa teve mais posse e criou situações de perigo, essencialmente, pela combinação na ala esquerda entre Aursnes e Neres e, na direita, através de cruzamentos a régua e esquadro tirados do pé esquerdo de Di María.
Porém, quando o Braga chegou ao golo, num remate aparentemente defensável de Ricardo Horta, o Benfica deixou vir ao de cima todos os seus fantasmas e entrou num marasmo próprio de quem não sabia como sair daquele tenebroso quarto escuro.
Acenderam-se, nas bancadas, as labaredas da indignação e as perspetivas, pelas circunstâncias conhecidas na relação adeptos-treinador eram as piores.
...E OS VENTOS DE MUDANÇA
Sem alterações táticas ou de jogadores, o Benfica começou a dar sinais de mudança após o intervalo. A diferença esteve essencialmente na velocidade de execução, o que determinou mais pressão sobre o adversário. Algo que se tornaria mais impressivo, porque o Braga decidiu apostar na magreza da vantagem e recuou muito para a frente da sua grande área, fechando linhas, sim, mas dando todo o espaço e tempo para o Benfica atacar como entendesse.
A verdade é que pouco proveito tirou o Benfica desse movimento de recuo do adversário. Sem espaço para jogar, Rafa tornou-se ainda mais irrelevante e, no eixo do meio campo, João Mário e Florentino não eram os homens indicados para sugerir um futebol com outra intensidade. Por isso, foi decisiva a mudança ordenada por Schmidt, aos 70 minutos, quando trocou Rafa e Cabral por Kockçu e Marcos Leonardo. Um trouxe peso, o outro leveza nos lugares certos. Claro que os deuses deram uma ajudazinha. Da primeira vez que tocou na bola, o brasileiro fez golo e a partir daí a equipa teve mais razões para cavalgar os ventos da esperança, que já sopravam forte.
Sem comentários:
Enviar um comentário