O golo de Kokçu cedo animou os adeptos, mas foi apenas um momento de inspiração. Talvez o único do Benfica.
Ainda não foi desta que o Benfica afastou os múltiplos fantasmas que o têm atormentado nos últimos tempos. Houve muita pressão sim, houve também muitos remates e diversos deles enquadrados, um golo marcado relativamente cedo, mas, tudo espremido, vitória magrinha, serena e desprovida de magnetismo.
Contraste absoluto com a derrota frente ao Famalicão e também com a palidez da primeira hora com o Casa Pia. Kokçu marcou cedo, mas andou sempre a pairar na cabeça dos benfiquistas a possibilidade de o Estrela, num raide inesperado, marcar. Nunca esteve perto de o fazer, claro que não, o que não implica, longe disso, que a exibição do Benfica tenha deixado os adeptos descansados. Não deixou.
Com Otamendi de regresso ao onze, Tomás Araújo a manter-se por lá e com Kokçu a entrar para o lugar de João Mário, Roger Schmidt deixou Di María no banco, talvez dando tempo a que o argentino melhore a condição física. Ou dando algumas indicações de que, se for preciso, ao contrário do que aconteceu na época passada, o campeão do Mundo poderá dividir a época entre banco e relvado.
O Benfica entrou em campo como se não houvesse amanhã. Nem sequer depois de amanhã. Pressão intensa sobre os adversários e, sobretudo, sobre a linha mais recuada do Estrela da Amadora, impossibilitando que o adversário tivesse bola para jogar e tempo para pensar o que fazer com ela. Porém, o sufoco a que o Benfica ia submetendo o Estrela da Amadora começou por ser um sufoco estéril, sem grande perigo junto da baliza de Bruno Brigído.
Pouco depois, porém, a esterilidade do ataque encarnado teve o seu momento fértil, quando sucessivas trocas de bola entre Florentino Luís, Aursnes e Pavlidis colocaram à bola, sobre a esquerda, à mercê de Kokçu. O pé direito do médio turco colocou a bola no fundo da baliza estrelista, ficando a sensação de que o guarda-redes brasileiro poderia ter feito algo mais, apesar da potência do remate.
Só quando a primeira parte ia bem lançada, talvez por volta da meia hora, se confirmou que, sim senhor, Trubin estava em campo. Até aí, o ucraniano passara tão despercebido que bem poderia ter passado o primeiro terço de jogo encostado a um dos postes. O Estrela defendia razoavelmente bem, mas não conseguia dar dois passos em frente e criar perigo na outra baliza. Era, no fundo, como se a equipa jogasse apenas em dois terços do campo e, quase sempre, no terço mais complicado: o primeiro.
Pouco depois da meia hora, o contratempo de Schmidt ver Aursnes lesionar-se. E aí nasceu, embora de forma momentânea, a dúvida: entre Di María ou Tiago Gouveia? O alemão optou pelo segundo, talvez confirmando que o argentino não está a cem por cento e que, por isso, o português, para já, está um degrau acima. Tiago Gouveia entrou para o lado esquerdo, como se vira frente ao Casa Pia, com Prestianni e Kokçu a dividirem a zona central e o lado direito.
A segunda parte foi quase uma fotocópia de grande qualidade da primeira. O Estrela pareceu um pouco mais desinibido, tentando (mas não conseguindo) chegar perto de Trubin. O Benfica continuou igual, com defesa segura, meio-campo sem erros, ataque criando hipóteses de golo, mas sem impacto prático. Muito esterilidade e mais nenhum momento fértil como o de Kokçu ao minuto 14.
O Benfica ganhou de forma totalmente merecida, mas continua a dever aos adeptos uma exibição de encher o olho.
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