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terça-feira, 1 de outubro de 2024

ANÁLISE: AS PRIMEIRAS NOVIDADES DO BENFICA DE BRUNO LAGE

 


"O fim de três jogos, Bruno Lage conseguiu nada mais nada menos do que três vitórias. Até agora, o aproveitamento é 100% vitorioso (incluindo já uma deslocação na Liga dos Campeões). Interessa agora perceber as novidades que o treinador português trouxe para, desde logo, ter impacto nos resultados dos encarnados. Vamos por partes…

1. Mudança Tática
Lage incutiu mudanças no “onze”, logo na sua estreia. O regressado técnico estreou Aktükoglu (reforço que nunca conheceu Schmidt) na ala esquerda e lançou Rollheiser como um jogador híbrido numa missão ora de pressão ao lado de Pavlidis, ora de auxílio ao meio campo Florentino-Kökçü. O turco, chegado do Galatasaray, trouxe a procura da profundidade que não existia com Schmidt desde a saída de Rafa. Já o argentino, que não era aposta de Roger Schmidt, ficou responsável por ajudar a ligar o sector médio com o atacante, função essa que dividiu com Kökçü. Tudo isto aproximou a equipa de um 433 que se veio a manifestar cada vez mais, principalmente com a entrada de Aursnes, regressado de lesão.

2. Avançado procura-se
Uma das dificuldades do Benfica de Schmidt desde a saída de Gonçalo Ramos (sim, há muito tempo), era encontrar os avançados e fazer-lhes chegar bola. Os pontas-de-lança eram jogadores de trabalho defensivo pela pressão que faziam, mas ofensivamente, tinham pouca intervenção. De jogo para jogo, Pavlidis vem a participar cada vez mais no jogo da equipa e até já marcou. Algo normal com Schmidt, era Pavilidis não ter ações dentro da área adversária (ou ter muito poucas, o que é contra-natura), mas com Lage o número vem a subir. Contra o Boavista, marcou, teve jogo para marcar mais e ajudou a equipa ao baixar para ser apoio e ligar.

3. Novas Dinâmicas
O mapa de posicionamento médio com bola do Benfica frente ao Boavista (em baixo) dá-nos pistas sobre novas dinãmicas no Benfica. Lage encontrou do lado esquerdo um entendimento perfeito. Otamendi sabe quem tem de procurar para sair a jogar e é na sociedade Carreras, Kökçü e Aktürkoglu que o Benfica tem feito mais estragos nas defesas contrárias. Os jogadores entendem-se bem e daí tem vindo assistências e golos. Do lado direito é diferente. a procura por Di Maria é mais objetiva, mas isto também está relacionado com o facto de não ter estabilizado o corredor nem nos médios (Aursnes e Rollheiser), nem nos laterais (Bah, Kaboré e Tomás).

4. Vida nova para Kökçü
O médio turco chegou como “MVP” da Eredivisie mas nunca pegou no Benfica com o mesmo nível que mostrou no Feyenoord. Ainda assim, marcou 7 golos e assistiu por 11 vezes em 23/24. Lage chegou e deu destaque a Kökçü, é ele o comandante do jogo ofensivo do Benfica. É o turco que pega e constrói tanto a descer até à linha defensiva, como em terrenos mais avançados. A isso, junta a liberdade para chegar a zonas de remate e finalização, que é um dos seus pontos fortes. Potenciar o aparecimento do melhor Kökçü tem sido grande parte do sucesso do novo Benfica.

5. Liberdade Criativa
Esta é uma assinatura de Bruno Lage desde sempre. O treinador português adapta-se ao plantel que tem. Ao longo da sua carreira sénior, já jogou em 4-4-2, 4-2-3-1, 3-5-2 ou 5-3-2, mas em todos os casos, em momento ofensivo, permitiu que os jogadores tivessem liberdade para arriscar não só em aspetos técnicos, como também para pisar vários espaços. O português revela-se assim claramente diferente de Roger Schmidt, um treinador rígido que não deu grande mobilidade à equipa. A liberdade de Lage deixou o plantel confortável e com capacidade para criar mais oportunidades do que vinha a somar e o resultado são 9 golos em 3 jogos (média de 3 G/Jogo), contra os 5 golos em 4 jogos de Schmidt (média de 1,25 G/Jogo).

O caminho é longo e a equipa ainda não está no topo do que pode fazer. Nem podia, dada a falta de tempo para treinar, mas sem duvida que Lage entrou bem, como só poderia ser, se quisesse estabilidade para trabalhar."

Bruno Francisco, in Goalpoint

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