Estádio cheio, alegria, poucas ou nenhumas dúvidas quanto ao desfecho, com o Pevidém a desfrutar do jogo e escapar à goleada, e um Benfica alternativo a cumprir os objetivos mínimos que tinha…
Provavelmente, João Pedro Coelho, treinador do Pevidém, apesar de derrotado, saiu de Moreira de Cónegos mais satisfeito do que Bruno Lage: num jogo em que a equipa do quarto escalão não tinha nada a perder, a forma como quis jogar com a bola à flor da relva, como manteve a organização com um 5x4x1 pragmático, que até teve alguns momentos de pressão alta, como superou os momentos de evidente quebra física, contra um adversário habituado a outro tipo de intensidade, cerrando os dentes e disputando cada lance como se fosse o último, e como fez tudo isto com a leveza de quem sabia estar a viver um momento histórico, transformou o que podia ser uma descida ao inferno da humilhação, numa jornada de camisola suada e cabeça erguida.
Já Bruno Lage, embora se esperasse mais do Benfica alternativo que esteve no Minho, também atingiu os objetivos principais a que se propôs: o primeiro era passar à ronda seguinte; o segundo era dar descanso a quem precisava, e minutos a quem deles tinha falta; o terceiro era testar algumas soluções que podem ser interessantes no futuro; e o quarto era sair desta eliminatória sem lesionados, e com toda a gente operacional para a operação-Feyenoord da próxima quarta-feira.
E se os treinadores saíram contentes e os jogadores com o sentimento de dever cumprido, o público, que acorreu em massa ao anfiteatro do Moreirense, apesar de não ter visto nem muitos golos, nem futebol de alto quilate, também percebeu que, perante tamanha disparidade de poder de fogo das forças em presença, acabou por assistir a um espetáculo cheio de dignidade. Foi um sábado de Taça sem tomba-gigantes – os primodivisionários passaram todos – mas o Pevidém despediu-se da prova-rainha sem o indesejado estatuto de bombo da festa, com o dia 19 de outubro de 2024 a entrar para a história do clube.
MARCAR A ABRIR
Bruno Lage, que deverá manter, na próxima quarta-feira, no onze inicial, apenas Tomás Araújo ou António Silva, Carreras, Florentino e Aursnes, viu a sua equipa começar a adiantar-se no marcador logo aos três minutos, e isso pode ter dado uma falsa sensação de facilidade. A verdade é que o ‘duplo-pivot’ formado por Florentino e Aursnes não funcionou bem, Amdouni esteve sempre fora do jogo, e Rollheiser pareceu sempre mais preocupado com o individual do que com o coletivo. Assim se explica a forma fácil como, até ter gás (na primeira hora de jogo), o Pevidém conseguiu trocar a bola no meio-campo encarnado e até quebrar linhas, o que com uma equipa de outra dimensão seria altamente problemático para o Benfica.
Apesar do domínio territorial e de posse de bola (42-58 na metade inicial) não houve perdidas escandalosas do Benfica, nem defesas impossíveis de Rui Ribeiro, o que indicia quer a boa disposição no terreno dos minhotos, quer algum deslaçamento dos encarnados. Valeu o golo de Beste, que respondeu bem a um bom cruzamento de Kaboré, para dar vantagem ao Benfica, sem lhe dar ao intervalo, contudo, a tranquilidade quiçá esperada.
MARCAR A FECHAR
No segundo tempo, com Schjelderup no lugar de Amdouni o Benfica espevitou-se mais, embora continuasse a enfermar dos males provocados por demasiados erros, em passes curtos, na circulação dabola. Por volta da hora de jogo, quando o Pevidém começou a entrar em falência física, indo buscar à alma o que lhe faltava nas pernas, a entrada de Pavlidis (66), para reforço da presença na área, apertou o garrote em torno do pescoço dos minhotos, que viram, aos 75 minutos, Beste bisar após entendimento com Arthur Cabral. A partir desse momento, a única dúvida passou a ser se o ‘placard’ ficava por ali ou se haveria uma ‘débacle’ dos donos da casa (emprestada).
E não houve, apesar de Barreiro, Gerson e depois João Rego terem ido à procura dos seus cinco minutos de glória.
Com tudo resolvido, o Benfica levantou o pé, o Pevidém deu-se por satisfeito, e quando o árbitro (que também pareceu com vontade de que o resultado não passasse dali) apitou para o final da partida, houve mais sorrisos que lágrimas. Afinal, quando se vai a uma festa – e esta foi uma noite de festa da Taça – é normal que os sorrisos andem estampados nos rostos…
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