Grande exibição com o FC Porto confirma a ascensão esperada pelo Benfica. Chegou a ser considerado pela estrutura do futebol como sucessor de António Silva e, entretanto, ultrapassou-o na hierarquia.
á passou quase um ano e, provavelmente, poucos se recordarão. O Benfica venceu em Salzburgo, por 3-1, evitou o adeus das competições europeias no último jogo da fase de grupos, garantiu lugar na Liga Europa e, entre os pingos da chuva da noite austríaca, Tomás Araújo estreou-se a titular, com grande exibição, na Liga dos Campeões. Foi um reforço mais do que positivo para quem, na estrutura do futebol profissional, acreditava que o defesa-central estava na linha de sucessão de António Silva.
Tomás Aráujo, 22 anos, ganhou, entretanto, um lugar na equipa, subiu na hierarquia dos centrais em detrimento do companheiro de formação, ao lado do qual conquistou a Youth League. E, na Luz, não há alguém que desconfie da ascensão e afirmação de Tomás Araújo.
Foi, aliás, por isso que o Benfica recusou negociar a transferência do jovem central, com contrato até 2028 e cláusula de rescisão de €100 milhões — no verão o Crystal Palace quis contratá-lo, mas as águias fecharam a porta à saída.
Luís Castro, treinador do Dunquerque que conduziu as jovens águias à conquista da Youth League, dizia a A BOLA, há pouco menos de um ano, que Tomás Araújo poderia fazer «o mesmo caminho de António Silva». Disse até mais, disse que «não é de tremer». E isso viu, anteontem, Luís Castro no clássico com o FC Porto.
«Esteve a muito bom nível. Ofensivamente, fez o que é normal nele. É muito forte nesse ponto. Tem as características ideais para jogar numa equipa grande, sai bem com a bola, é forte na construção e nos passes longos. Está em dois golos e em vários ataques perigosos. Aquele passe para o golo de Carreras, com a parte de fora do pé, é mais de um número 10», analisa.
Luís Castro considera que Tomás Araújo «evoluiu muito defensivamente», vê-o «mais concentrado». E continua a valer-se da «velocidade».
O treinador do Dunquerque, terceiro classificado da Ligue 2 francesa, afirma que «mais cedo ou mais tarde», se ninguém for transferido, Tomás Araújo e António Silva «formarão dupla» na Luz. «Pode acontecer esta época. Complementam-se muito bem. Será dupla muito forte», dispara.
Luís Castro conta que Tomás Araújo «não era a pessoa mais expressiva do plantel», mas era «assertivo» nas intervenções. «É correto, boa pessoa. Viveu muito longe da família e por isso amadureceu mais depressa. Tem um bom caráter e é amigo dos seus amigos», rematou.
«António Silva teve alguma sorte»
Gabriel Pereira, 24 anos, foi companheiro de equipa de Tomás Araújo no Gil Vicente, ao qual foi emprestado na época 2022/2023. O defesa-central brasileiro, agora titular no FC Copenhaga, chegou a Barcelos a meio da época. E teve de ficar muitas vezes no banco porque Tomás Araújo era titular.
«Não via problema nisso. Ele estava muito bem nos treinos e nos jogos, a decisão do mister [Daniel Sousa] estava certa», .
Teve oportunidade de espreitar o clássico pela televisão. «Não fiquei nada surpreendido com o Tomás. Já era um excelente central, pela leitura do jogo, pelos passes para a frente. Vê o que outros centrais não veem», partilha, considerando a afirmação no Benfica «normal».
«Sempre disse que o António Silva é um bom central, mas também que teve alguma sorte no Benfica porque o Tomás estava no Gil Vicente. Tomás tem muita confiança, independentemente do adversário. É um miúdo tranquilo, brincalhão. Não falo com ele mas acompanho o que está a fazer. Fico feliz por ter chegado à Seleção e aproveito para mandar uma mensagem: um abraço, a melhor sorte do mundo, tu mereces.».
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