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domingo, 11 de maio de 2025

3 PONTOS DEVIAM TER FICADO NA CATEDRAL!




Com um golo de Aktürkoğlu, aos 63', em resposta a outro de Trincão no início do dérbi da 33.ª jornada da Liga Betclic, o embate entre os dois líderes terminou 1-1. A divisão de pontos, injusta para as águias, que, suportadas pelo Inferno da Luz, tanto lutaram e carregaram – até uma bola ao poste enviaram – para resgatar os 3 pontos, empurra a decisão do título para a última ronda, na qual o Benfica visita o SC Braga enquanto o Sporting recebe o Vitória SC.
Em relação ao jogo anterior, em casa do Estoril (vitória por 1-2), Bruno Lage implementou duas alterações: Álvaro Carreras e Di María renderam Dahl e Amdouni. Assim, o Benfica encarou o dérbi com um onze inicial composto por Trubin, Tomás Araújo, António Silva, Otamendi, Álvaro Carreras, Florentino, Aursnes, Kökcü, Di María, Aktürkoğlu e Pavlidis.




O ambiente na Luz esteve vulcânico, condizente com a importância de um embate em que as águias sabiam que conquistariam o 39.º Campeonato Nacional, se averbassem um triunfo por 2 ou mais golos de diferença. E, em caso de vitória por 1 tento, ficariam em vantagem para a última jornada da competição.
Os 63 478 espectadores que encheram a Catedral, na maior assistência da temporada, viram a formação visitante concluir um contragolpe e passar para a frente do marcador no primeiro remate a uma baliza. Contra-ataque, pela esquerda, conduzido por Gyökeres, que assistiu Trincão na zona central. O remate à entrada da área redundou no 0-1, aos 4'.
O Benfica lançou resposta imediata aos 6', com Di María a mostrar-se no dérbi: servido por Pavlidis à entrada da área, o campeão do mundo atirou forte, de pé esquerdo, e levou a bola a passar rente à barra da baliza de Rui Silva. As bancadas da Luz, repletas, mantinham a chama bem acesa no incentivo à equipa.
Combativo, o Benfica procurou marcar. E, aos 20', esteve bem perto do empate: após cruzamento de Di María sobre a direita, a bola sobrou para uma zona onde aparecia Álvaro Carreras. Este, no entanto, chegou ligeiramente atrasado para o disparo. Aos 24', Aursnes ensaiou um remate de fora da área, travado pelo corpo de Gonçalo Inácio.




Chegados ao minuto 25, o lance polémico do dérbi, com uma queda de Otamendi na grande área dos leões. Na sequência de um canto cobrado sobre a esquerda, o capitão das águias viu-se travado e empurrado no peito por Debast. O árbitro não assinalou penálti, e o VAR também não interveio no sentido de conduzir o juiz de campo a visionar as imagens do lance.
Chegar rapidamente ao golo era um objetivo do Benfica, e, ao minuto 27, cheirou claramente a empate: Aktürkoğlu, servido por Pavlidis, surgiu frente a Rui Silva, mas o guarda-redes antecipou-se na saída determinada e cortou o lance. No minuto seguinte foi a vez de Di María rematar rente à barra.
A partida estava viva, com o Benfica a dominar, e o Sporting a espreitar nos contra-ataques, bem controlados pelas águias.
No arranque da 2.ª parte, Bruno Lage lançou Schjelderup, que substituiu Di María. O jovem internacional norueguês derivou para a ala esquerda, e Aktürkoğlu mudou-se para a faixa contrária.
O intervalo ficou também marcado pela emocionante homenagem a Jonas, que, neste regresso a casa, agradeceu o tributo e falou aos adeptos a partir do relvado da Catedral, apelando a mais "45 minutos de Inferno da Luz".
Em resposta a este repto, a 2.ª parte foi intensa e vibrante. Sentia-se que era possível mudar a história do dérbi, e Pavlidis puxou ainda mais pelas bancadas aos 51'.
O Benfica empurrou o Sporting para a sua zona defensiva, e o adversário aproveitava todas as oportunidades para queimar tempo.
O momento que se esperava e desejava na Luz surgiu aos 63', com uma jogada genial de Pavlidis, antes de oferecer a Aktürkoğlu o seu 11.º golo na Liga Betclic (16 no total da época)! Em drible, numa verdadeira obra de arte com os pés, o grego destruiu por completo a linha defensiva adversária. Pela esquerda da área, furou até poder servir o internacional turco, que, em antecipação, desviou a bola para o 1-1.




Ainda mais motivados, os vermelhos e brancos aceleraram. Devido a uma pisadela, não sancionada disciplinarmente, de Maxi Araújo sobre Tomás Araújo, o central do Benfica teve de ser assistido e saiu mesmo aos 71', entrando Belotti. Com esta mexida, Aursnes passou a ser o lateral-direito das águias.
O avançado italiano seria protagonista aos 76', ao criar um desequilíbrio pela direita antes de oferecer o remate a Pavlidis: o internacional grego chutou de pé direito na área, e o esférico atingiu o poste direito da baliza, uma grande ocasião que poderia ter colocado o jogo em 2-1.
Para os últimos 10 minutos do tempo regulamentar, e com a Catedral ao rubro, as águias tentaram tudo para concretizar a reviravolta no marcador. Aos 83', Hjulmand, que já tinha visto um cartão amarelo aos 19', cometeu uma falta sobre Kökcü, mas escapou a um segundo amarelo e à respetiva expulsão.
No mesmo minuto 83, Álvaro Carreras e Aktürkoğlu saíram para as entradas de Dahl e Bruma. Já Arthur Cabral foi chamado no início dos 7 minutos de compensação, substituindo Pavlidis, mas as redes não voltaram a abanar. A última situação de potencial golo foi um remate frontal de Kökcü, com a bola a embater num defesa contrário e a sobrar para Schjelderup, que, na área, não conseguiu finalizar.

DESTAQUES DO BENFICA:

 O MELHOR EM CAMPO – Pavlidis (8)

Vai uma dança? Na festa da Liga, no dérbi dos dérbis, no jogo do século, a pista abriu cedo aos 4’, com o golo de Trincão, mas o bailado mais belo foi aos 63’, quando Pavlidis pegou na bola à esquerda junto à linha lateral e serpenteou entre a defesa leonina: Debast até escorregou, Quaresma acabou no chão, Morita não travou o grego, Hjulmand não cehgou a tempo e o avançado encarnado, já perto do final da pista, da linha de fundo, entenda-se, cruzou atrasado para Akturkoglu, como quem diz: o menino também dança? Dançou para 1-1 mas quem conduziu o par foi o grego. Digno da melhor sala de espetáculos! Aplausos de pé! E só não teve mais porque o poste não o deixou fazer o 2-1. Antes, ainda tinha aos 54’ feito passe digno de registo, a rodopiar, mas a atirar ao lado. Mas aquele golo… mereceu o grito de ‘bravo’!
6 TRUBIN – Sofrer um golo a seco (4’), logo no início da festa, é como entrar no salão e espalhar-se ao comprido, ainda que nada tenha podido fazer no remate de Trincão. Aos 23’ é que ia mesmo metendo água, quando pressionado por Gyokeres repôs mal a bola e permitiu resposta perigosa do Sporting. Terminou no entanto a primeira parte com duas boas e difíceis defesas a remates de Geny Catamo (35’) e Gyokeres (38’), esta a evitar mesmo um segundo brinde de copo ao alto dos leões.
5 TOMÁS ARAÚJO – Estava avisado para as correrias de Gyokeres, que gosta de aparecer por aquele lado e no 1-0 deixou a tarefa para António Silva, pois vinha em recuperação defensiva. Não mais o sueco teve oportunidade para brilhar na festa mas também o central, adaptado a lateral-direito, do Benfica não voltou a participar muito nas festividades.
6 ANTÓNIO SILVA – Logo aos 4’ enfrentou a fera pela primeira vez. Tomás Araújo em recuperação defensiva e António Silva a assumir a investida do sueco pelo corredor, deu-lhe uma nesga de espaço e isso é sempre fatal, não foi golo do nórdico mas foi assistência para Trincão. Aos 31’ usou a cabeça para tirar o pão da boca, neste caso da cabeça, de Geny Catamo e foi em crescendo, impedido qualquer ideia de finalização dos leões que na 2.ª parte quase não existiram.
7 OTAMENDI – O amarelo que viu logo aos 15’ não o condicionou para o resto da festa, que acabou em empate e por isso a adiar as decisões. Na sequência da falta, foi ao chão na pequena área para cortar a bola, perigosa, enviada por Tincão e logo a seguir arriscou muito no corte sobre Pedro Gonçalves. Usou dos galões de quem tem a sua experiência para serenar a defesa e nunca se assustou com Gyokeres, que aos 84’ ainda tentou o golo mas viu o argentino secá-lo nesse lance.
6 CARRERAS – Se no duelo com Geny Catamo no corredor levou sempre a melhor, no lance do 1-0 não acompanhou Trincão pelo centro e deixou o camisola 17 dos verdes e brancos progredir sem oposição para receber a bola, redondinha, de Gyokeres e desviar do alcance de Trubin. Mas a forma como anulou o moçambicano, que até tem queda para cantar golo nos dérbis, e a maneira como combinou pela esquerda prevalecem sobre o lance aos 4’.
6 AURSNES – Se na primeira parte demorou a equilibrar o setor, na segunda permitiu com os seus movimentos interiores e exteriores equilibra-lo e desequilibrar o adversário que estava compacto a defender.
5 FLORENTINO – Teve Gyokeres muitas vezes a pisar os seus terrenos e por isso andou sempre com um olho no sueco, não fosse este ganhar o espaço que não se lhe pode dar. Ficou amarrado.
6 KOKÇU – Inconformado desde os 4’, altura em que o Sporting se colocou em vantagem no marcador, procurou sobretudo na segunda parte, quando com Aursenes pegou nas rédeas do meio-campo, ferir o leão com investidas que poderiam levar veneno. Era difícil furar a barreira verde e branca mas foi também por ação do turco que o domínio encarnado na segunda parte ganhou consistência.
6 DI MARIA – Se Pavlidis bailou e encantou, Di María também quis dar o seu pezinho naquela que poderá ter sido a sua última dança no Estádio da Luz. Estrela à escala planetária, foi escolhido para o onze numa dúvida que permaneceu até quase a música começar a tocar. Jogou só 45’ mas na primeira parte vestiu o fato de mestre de cerimónias e foi dele o remate mais perigoso do Benfica na primeira parte (28’) da festa, que só não deu golo porque Rui Silva defendeu com dificuldade. Antes, aos 7’, já tinha atirado com perigo e aos 21’ oferecido perigo a Carreras.
6 AKTURKOGLU – Foi Di María que saiu ao intervalo mas tinha sido Akturkoglu a estar mais apagado. Não conseguia dar profundidade ao jogo e quando a bola lhe chegava era Eduardo Quaresma que mais rápido lá chegava. Aos 28’ quem mais rápido chegou à bola foi Rui Silva, que com uma palmada à flor da relva evitou que o turco marcasse quando ia isolado. Com a saída de Di María passou para a direita e foi então que aceitou a dança de Pavlidis e fez o 1-1, ainda que com a colaboração de Maxi, em quem a bola ainda bateu antes de entrar na baliza leonina.
6 SCHJELDERUP – Segunda parte irrequieta no lado esquerdo do ataque encarnado, colocou Quaresma em cuidados e muitas vezes obrigou os defesas a travarem-no em falta. Mas faltou definição e aos 90+4’ a bola que lhe chegou difícil para a cabeça acabou a sair pela linha de fundo.
5 BELOTTI – Lançado aos 71’, teve aos 76’ passe preciso para Pavlidis atirar ao poste. Teria sido a assistência do campeonato…
– BRUMA – Entrou aos 83’ já depois da fase impetuosa do Benfica e já quando o Sporting trancava ainda mais a porta.
– DAHL – O mesmo tempo em campo de Bruma, os mesmos efeitos (ou sem efeitos).
– ARTHUR CABRAL – O brasileiro então nem tempo teve para dar o seu pezinho de dança.

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