Timing' eleitoralista, como não podia deixar de ser, mas um projeto que coloca o Benfica em linha com os maiores clubes do mundo. O vento não se pára com as mãos, e o futuro é já ali...
O ‘timing’ escolhido por Rui Costa para apresentar o projeto do ‘Benfica District’ (não tarda e os adeptos dos rivais vão chamar-lhe ‘Red Light District’...) foi eleitoralista? É claro que foi, como não podia deixar de ser. São essas as regras, não escritas, da Democracia, em que, antes de uma ida às urnas, cada candidato apresenta os projetos para o mandato seguinte, guardando o ‘filet mignon’ para essa altura.
No caso do Benfica, o incumbente, pela data das eleições, tem ainda outra vantagem, que é a de poder devolver esperança aos sócios e adeptos, através de contratações sonantes. Quando garantiu Richard Ríos, Barrenechea, Obrador e Dedic, e se prepara para apresentar João Félix, Rui Costa está a ganhar espaço e votos; porém, mesmo nesta vantagem de recandidato, sobre a concorrência, existe, associado, o reverso da medalha: se o início da temporada, leia-se a entrada na Champions e as primeiras oito jornadas da I Liga, não correrem desportivamente bem, a cobrança será inevitável e, nesse caso, a vantagem passa para o lado dos opositores.
Mas regressemos ao ‘Benfica District’, apadrinhado pela CM Lisboa, pelo Governo e pela FIFA, que por ter de estar concluído antes do Mundial de 2030 não será como as obras de Santa Engrácia. Trata-se de um projeto de futuro e com futuro, na linha do que está a ser feito pelos maiores clubes do mundo, visando não só melhorar a experiência dos adeptos (até pela ‘democratização’ decorrente do aumento da lotação do estádio) mas também criando condições de monetarização das infraestruturas, em consonância com a crescente internacionalização de Lisboa e com a multiplicação de espetáculos da mais variada ordem na capital portuguesa.
Bem feito, bem planeado e sustentável, o ‘Benfica District’ não pode ser um projeto de Rui Costa, mas deve ser um projeto do Benfica, ganhe quem ganhar as eleições. É certo que a tendência, em tempos de campanha, é da oposição dizer mal de tudo o que o ‘governo’ faz, e este bater em tudo o que vier dos restantes candidatos, mas há que saber separar o trigo do joio, a estrutura da conjuntura. Tal como a Nova Luz ou o Seixal, este ‘Benfica District’ só faz sentido se for de todos os benfiquistas, e isso é algo que deve merecer meditação de quem decidir optar por uma política de terra queimada.
No universo benfiquista, muita água correrá debaixo das pontes até 25 de outubro, entre vitórias, derrotas, promessas e acusações. Mas o vento não pode ser parado com as mãos, e o futuro é já ali.
José Manuel Delgado, in a Bola

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