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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

DESFECHO COM TRAVO A INJUSTIÇA



O Benfica fez por merecer outro resultado no duelo ante o Chelsea (1-0) da 2.ª jornada da fase de liga da Liga dos Campeões, mas não teve a sorte do seu lado e a viagem a Londres não se traduziu em pontos.
Nesta terça-feira, 30 de setembro, o Benfica criou mais oportunidades e teve uma bola ao ferro, mas saiu sem pontos da visita ao Chelsea (1-0), da 2.ª jornada da fase de liga da Liga dos Campeões, na sequência de um golo na própria baliza.
No seu regresso ao Stamford Bridge, José Mourinho apostou num onze inicial com uma alteração relativamente ao último jogo, diante do Gil Vicente (2-1): Barrenechea rendeu Schjelderup e juntou-se a Trubin, Dedic, António Silva, Otamendi, Dahl, Richard Ríos, Lukebakio, Sudakov e Pavlidis.
Com ambição e personalidade, o Benfica entrou muito bem no jogo, circulando a bola com segurança e encontrando os espaços necessários para criar perigo junto à área do Chelsea.




E, logo aos 7', dispôs de uma soberana oportunidade para inaugurar o marcador. Lukebakio intercetou um passe de Cucurella no meio-campo, arrancou pelo corredor central e abriu para Sudakov, no lado esquerdo. O ucraniano devolveu a bola ao camisola 11, que rematou para uma defesa de Sánchez para o poste direito.
Chelsea-Benfica
Pressionando junto à área adversária, as águias condicionaram a saída de jogo do Chelsea e criaram perigo em transições rápidas.
Num desses lances, aos 16', Richard Ríos recuperou a bola a meio-campo, fintou Enzo Fernández e libertou Lukebakio. Este, já na área, devolveu o esférico ao internacional colombiano, que disparou na passada à figura de Sánchez.
Pelo lado direito, sobretudo por via de ações de Pedro Neto, o Chelsea conseguiu sacudir a pressão e acabou por chegar ao golo contra a corrente do jogo. Aos 18', já após ter rematado a centímetros do poste da baliza à guarda de Trubin, o internacional português cruzou para o segundo poste, Garnacho, em esforço, conseguiu colocar a bola na área, e a tentativa de corte de Richard Ríos terminou com o esférico no interior da baliza. Lance de infelicidade que se revelaria decisivo para um desfecho inglório.






Chelsea-Benfica
A resposta do Benfica foi imediata. Uma vez mais, Lukebakio arrancou pelo lado direito, deixou Cucurella e Enzo Fernández para trás, e cruzou para o interior da área, onde Chalobah, em carrinho, intercetou o disparo de Pavlidis, que se dirigia à baliza de Sánchez, aos 21'.
Com uma posse de bola mais paciente, o Chelsea conseguiu instalar-se no meio-campo contrário e moderar o ímpeto das águias. Até ao intervalo, o lance de maior perigo ocorreu junto à baliza do Benfica. Aos 44', Cucurella dominou a bola na área e serviu George, que rematou para uma defesa incompleta de Trubin, seguida de um alívio de Dahl.
No regresso dos balneários, os encarnados voltaram à carga e desenharam duas excelentes jogadas ofensivas, aos 49' e aos 54', que culminaram com finalizações de Aursnes para defesas apertadas de Sánchez, em lances que acabaram invalidados por fora de jogo do médio norueguês.
Aos 55', novo lance de perigo na área do Chelsea. Na ressaca de um corte de Chalobah, Sudakov cruzou para o segundo poste, onde surgiu Dedic a cabecear para defesa do guarda-redes do Chelsea pela linha de fundo.
Chelsea-Benfica
Três minutos volvidos, aos 58', Lukebakio caiu no interior da área adversária após um choque com Enzo Fernández, mas nem árbitro, nem VAR consideraram que existiu motivo para grande penalidade e o jogo seguiu.
A primeira alteração promovida por José Mourinho surgiu aos 73'. Na sequência de um choque com Trubin, aos 70', António Silva ficou mazelado e acabou substituído por Tomás Araújo.
Aos 75', lance polémico no meio-campo encarnado. Após ter recebido um cartão amarelo na primeira jogada que protagonizou (62'), João Pedro atingiu Otamendi no rosto, mas o árbitro entendeu que não houve motivo para nova admoestação e consequente expulsão.
Chelsea-Benfica
Posteriormente, aos 77', o treinador do Benfica deu sequência à renovação de peças, com as entradas de Schjelderup, Ivanovic e Barreiro para os lugares de Lukebakio, Sudakov e Richard Ríos.
Aos 79', Trubin ainda travou, a dois tempos, um cabeceamento à queima-roupa de Estêvão, mas, com outra frescura física, o Benfica voltou a subir no terreno e a empurrar o Chelsea para a sua área. Em nova oportunidade flagrante, aos 83', Pavlidis fez o passe a rasgar para Aursnes, cujo disparo foi intercetado, in extremis, por James, em carrinho.






No minuto seguinte (84'), Dahl passou por dois adversários e cruzou para Ivanovic, que dominou a bola, tirou João Pedro do caminho e rematou ao lado. Henrique Araújo ainda foi a jogo aos 89' no lugar de Aursnes, para dar mais corpo ao ataque de um Benfica que dominava amplamente as operações.
Equipa do Benfica agradece aos adeptos
Aos 90'+6', João Pedro foi, enfim, expulso por acumulação de cartões amarelos após uma entrada perigosa sobre Barreiro, mas já não houve tempo para o Benfica aproveitar a superioridade numérica.
Após o apito final, as largas centenas de Benfiquistas que acorreram ao Estádio Stamford Bridge reconheceram o esforço da equipa comandada por José Mourinho, saudando-a com uma sonora ovação e cânticos de apoio.
Encerrada a 2.ª jornada da fase de liga da Liga dos Campeões, segue-se o clássico ante o FC Porto, para a 8.ª jornada da Liga Betclic. A partida está aprazada para as 21h15 do próximo domingo, 5 de outubro, no Estádio do Dragão.
NOTAS DOS JOGADORES DO BENFICA
Avançado percebeu que o jogo não chegava à área contrária e tentou sempre ir buscá-la atrás. Lukebakio prometeu melhor para quando houver combustível e Otamendi foi o patrão do costume
A figura - Pavlidis (6)
Parece paradoxal destacar o ponta de lança de uma equipa que criou muito poucas oportunidades de golo. E dessas poucas, na verdade, nenhuma esteve nos pés dele. Mas foi Pavlidis quem trabalhou, e muito, para manter o Benfica ligado ao jogo. Se a bola não vai ter com Pavlidis, vai Pavlidis ter com a bola. Está agora na moda chamar-se «associativo» a este tipo de avançado. Dantes dizia-se que sabe jogar de costas para a baliza, segurar a bola e esperar pelos médios para combinações. «Associativo» fica bem porque se associa ao futebol do conjunto e não espera que o conjunto jogue para ele. É tudo uma questão de Português. Conceitos e modas à parte, foi o melhor do Benfica.
Sport Lisboa e Benfica




6 Trubin — Mostrou insegurança em duas das poucas vezes em que foi chamado a jogar com os pés. Mostrou também, contudo, atenção máxima quando foi chamado a jogar com as mãos, que é sobretudo para isso que lhe pagam, e com isso ficou quase inviolável a baliza do Benfica. Sobre o golo sofrido não vale a pena falar, foi infelicidade a toda a linha e o ucraniano nada poderia ter feito.
5 Dedic — Tem sido, várias vezes, o dínamo ofensivo do Benfica, capaz como é de carregar jogo para a frente e empolgar a equipa. Em Stamford Bridge teve de ter maiores cautelas defensivas que o habitual e a coisa foi quase sempre bem no duelo com Garnacho. Acontece que no golo decisivo se sentiu muito a falta dele a defender a ala direita encarnada, e isso tem um preço na avaliação global.
5 António Silva — É um jogador discreto e muito eficaz por natureza, do ponto de vista defensivo, o que torna bastante injustas as análises porque qualquer falha se destaca nas exibições de António Silva. Também de destaca pela positiva, várias vezes, quando consegue ir à área contrária causar estragos, o que não sucedeu em Londres. E lá ficam na retina dois ou três passes menos bem conseguidos na construção...
6 Otamendi — É o patrão, e sabe sê-lo com espantosa naturalidade. Já errou? Pois com certeza, quem nunca? Mas até aí soube ser líder, como nos lembramos. Mais um bom jogo, mais uma prova de liderança, fazendo parecer simples a tarefa de de anular o ataque do Chelsea.
6 Dahl — Firme, soube resolver quase todos os problemas defensivos e tentou afoitar-se no ataque, sobretudo na segunda parte. Mourinho sabe que pode contar com ele, se calhar mais ao jeito de relógio suíço do que de mágico cheio de truques na cartola. O tipo de jogador que também faz falta nas equipas, portanto.
5 Ríos — É o ponto de mira de muita gente, porque custou muito dinheiro e o Benfica vai a eleições e é preciso falar de muitas coisas extra e intra-futebol. Não está numa forma espantosa, mas pelo que se vê em campo é injusto fazer dele bode expiatório. O destino tem coisas trapaceiras e realmente foi Ríos a marcar o golo do adversário, mas foi obviamente tratou-se obviamente de um lance de azar e não de incompetência. Falaremos muito sobre este colombiano dentro de meses.
6 Barrenechea — Está a tornar-se um farol do jogo encarnado, a defender e a iniciar ataques. Parece ainda faltar-lhe alguma da manha que marca o futebol europeu (sim, a ideia de que na América do Sul é que ela existe está desatualizada), e por isso vê mais cartões amarelos do que poderia levar. Tem de saber poupar-se...
6 Lukebakio — Ótimos sinais, é um extremo/ala (pelo menos aqui foi) sempre ligado à corrente e capaz de desequilibrar o jogo, por vezes até o da própria equipa. Quando tiver combustível para mais minutos promete vir a ser um caso sério, sobretudo nos jogos em que o Benfica não é dono do espaço todo e precisa de aproveitar o que lhe sobra atrás das defesas contrárias. Mas também será, adivinha-se, um bom abre-latas de defesas fechadinhas.
6 Aursnes — Foi centrocampista, coisa que não lhe acontecia há muito, e adivinhem? Jogou bem, pois claro. A careca do norueguês é o ponto de luz do Benfica e vai continuar a ser, jogue onde jogue. Podia ter marcado, ofereceu possibilidades de criar perigo e defendeu como sabe, mesmo tendo de recorrer a uma falta para amarelo, a chamada falta tática, outro neologismo primo do jogador associativo.
5 Sudakov — Amarrado à esquerda, mostrou pormenores do jogador que já desconfiamos ser, mas não parece dar-se bem com o facto de ser pouco influente na organização de jogo da equipa. Ou então foi apenas uma noite menos conseguida.
5 Tomás Araújo — Rendeu António Silva e cumpriu o plano. Não se deu pela diferença, o que atuando em casa de um colosso inglês já quer dizer qualquer coisa de bom.
4 Ivanovic — Teve a oportunidade de remtar e saiu ao lado, sem perigo. Se era arma para atacar o empate, ficou engatilhada.
4 Leandro Barreiro — Cumpriu com o que lhe era pedido em termos defensivos, pouco acrescentou em matéria ofensiva.
4 Schjelderup — Sudakov não foi brilhante, Schjelderup foi baço no pouco tempo que teve para mostrar serviço.
— Henrique Araújo — Entrou, conta para o currículo.

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