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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

A MÚSICA DE JOSÉ MOURINHO: "ALL HE WANTS FOR CHRISTMAS IS"...ALAS

 


Benfica trouxe de Amesterdão os três pontos obrigatórios, mas quem quis ver bom futebol talvez tenha mudado de canal. Enquanto não chegarem reforços, o discurso repete-se.

Quando José Mourinho chamou Tomás Araújo para entrar em campo, aos 81 minutos, na primeira substituição que fez, o raciocínio não foi muito complexo: «O objetivo era ganhar», justificou o próprio. A linha de 5 meteu trancas à porta e o golo de Leandro Barreiro que se seguiu deu a impressão de que o plano correu todo bem. O Benfica venceu (um Ajax que assusta menos do que várias equipas da Liga portuguesa, mas não é altura de ser esquisito), tem finalmente três pontos na Liga dos Campeões e, apesar do temível calendário (Nápoles, Juventus e Real Madrid...), ainda acredita na passagem.
A exibição foi mais uma vez cinzenta, mas suficiente para evitar que Mourinho quisesse substituir nove ao intervalo. Vá lá, a culpa desta vez não esteve no esforço dos jogadores. O árbitro também se safou, sobretudo depois de não assinalar fora de jogo antes do canto que deu origem ao primeiro golo. Restou o argumento habitual para justificar a tal substituição tardia: «Se eu tivesse no banco alas...» Daqui até janeiro, só a música de Mariah Carey poderá ser ouvida mais vezes do que isto.
Desde que chegou ao Benfica, Mourinho é coerente (ou repetitivo): o plantel é insuficiente, é preciso reforçar as alas (sobretudo após a lesão de Lukebakio) e as águias não podiam ter perdido três pontos em casa com o Qarabag. Só os grandes conspiradores que comentam muito os arrasos de José Mourinho aos seus jogadores é que podem ver aqui matéria para um atirar de culpas. Para quem construiu este plantel, suponho, e que terá certamente de desembolsar mais uns largos milhões no mercado de inverno para satisfazer o treinador e dar-lhe mais armas para apresentar um futebol até agora nem sequer prometido. Já no caso da primeira de quatro derrotas esta época na Champions - a tal com o Qarabag que está a comprometer a passagem! -, sabemos que não há nenhum recado para Bruno Lage (os dois são tão amigos...). Trata-se só da estratégia muito política de passar mais tempo a falar do que outros fizeram mal do que de fazer melhor.
Mas o calendário do próximo mês é muito pouco dado a enganos. Na Madeira, contra Sporting, Nápoles ou equipas minhotas, será mais difícil ao Benfica ganhar mantendo este nível exibicional. A equipa terá de provar as suas forças, disfarçar as suas fraquezas e já foi prometido pelo treinador que os jovens da formação entretanto terão mais oportunidades. Isto, claro, enquanto não chegam os reforços. A partir daí, pelo menos os argumentos serão outros. Até lá é ouvir em repeat: all he wants for Christmas is... alas.
Catarina Pereira, in a Bola

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