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segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

IMPEDIDOS DE CONQUISTAR OS TRÉS PONTOS...



Na 16.ª jornada da Liga Betclic, o Benfica empatou (2-2) frente ao SC Braga, numa partida em que foi invalidado um tento limpo a Dahl, que, na altura, daria o 2-3. Aursnes – o Man of the Match – fez um golo de levantar qualquer estádio.
Numa zona do país onde o Benfiquismo se faz sempre sentir com muito fervor, o Benfica disputou 90 minutos sob um enorme e bem audível apoio dos seus adeptos que marcaram presença no Municipal de Braga, neste domingo, 28 de dezembro.
No 17.º e último duelo como visitante em jogos a contar para a Liga Betclic neste ano 2025, José Mourinho fez apenas uma alteração no onze inicial, em relação à partida frente ao Famalicão (1-0): Barreiro – recuperado de lesão – avançou; Prestianni saiu.
Assim, as águias entraram em campo com Trubin, Dedic, Tomás Araújo, Otamendi, Dahl, Barrenechea, Richard Ríos, Aursnes, Barreiro, Sudakov e Pavlidis.
Nos primeiros minutos, a bola andou longe das balizas. Os arsenalistas, ligeiramente mais ofensivos; os encarnados, mais pressionantes e a tentar sair no contragolpe, mas sem que ninguém conseguisse acercar-se das redes com perigo.
A primeira formação que o fez foi a da casa. Na sequência de um pontapé de canto, Trubin saiu à bola, sacudiu-a, mas a mesma sobrou para João Moutinho, que rematou por cima (7').
Aos 18', a bola entrou mesmo na baliza encarnada, mas foi assinalada – prontamente – uma falta de Ricardo Horta sobre Otamendi – o bracarense tocou com o pé no rosto do capitão das águias.




Mais subido no terreno de jogo, o Benfica chegou ao golo.
Livre no lado direito do ataque, cobrado exemplarmente por Sudakov, que colocou a bola na azáfama do interior da área, onde – mais esclarecido do que todos os outros – Otamendi surgiu de trás para a frente e – com uma forte cabeçada – inaugurou o marcador (0-1, aos 29').
Foi o 3.º golo do internacional argentino em 2025/26, o 2.º na Liga Betclic.
Na reação à desvantagem, o SC Braga conquistou uma grande penalidade. Rodrigo Zalazar meteu a bola no interior da área, Mario Dorgeles cabeceou, e, na disputa de bola, Dahl acabou por tocar no esférico com a mão direita – Pau Victor, que se encontrava em fora de jogo, ainda ficou na posse e marcou. O árbitro apontou para a marca de penálti (35').
Na conversão da grande penalidade, Rodrigo Zalazar rematou para o lado contrário de Trubin e empatou o desafio (1-1, aos 38').
Compactos a defender, os benfiquistas tinham os caminhos para a sua baliza controlados, mas os arsenalistas conseguiram chegar à vantagem.
Bom trabalho de Rodrigo Zalazar no lado direito do ataque anfitrião, com o médio a furar e, à entrada da área encarnada, a tentar servir um companheiro. Bem posicionado, Richard Ríos intercetou a bola, mas, no momento em que se preparava para a controlar, escorregou, e o esférico sobrou para Pau Victor. O avançado espanhol, após trabalho no interior da área, bateu Trubin e fez o 2-1 (45'+1') com que o jogo seguiu para intervalo.
Se no 1.º tempo o SC Braga tinha passado mais tempo no meio-campo encarnado, na etapa complementar a história foi completamente diferente.
Com uma pressão intensificada, as águias foram deixando avisos à baliza de Lukás Hornícek, com o principal a pertencer a Pavlidis – aos 51', o internacional grego recebeu uma grande bola de Aursnes, trabalhou bem, mas viu Vitor Carvalho tapar os caminhos.
Até que... o momento mais belo do jogo chegou ao Municipal de Braga. Corria o minuto 53.
Richard Ríos intercetou uma bola, esta ficou na posse de Sudakov, e o médio ucraniano avançou vários metros com a redondinha bem controlada, até a soltar para Pavlidis. Descaído no lado esquerdo, o avançado trabalhou bem, cortou para dentro e colocou a bola na direita.




À entrada da área, Aursnes recebeu, preparou o remate e, com um tiro forte e colocadíssimo, disparou sem qualquer hipótese de defesa, nem para um inspirado Lukás Hornícek (2-2, aos 53'). Um golo soberbo do médio norueguês! O 4.º em 2025/26.
As águias, que já estavam por cima do jogo, com o tento da igualdade galvanizaram-se ainda mais e foram, de forma muito objetiva, para cima de um SC Braga que passou largos períodos sem conseguir sair do seu meio-campo.
Aos 56', Tomás Araújo acelerou pelo lado direito, deu para Pavlidis, que tentou colocar em Barreiro, mas viu a bola sobrar para o central internacional português. Em excelente posição, o n.º 44 rematou muito forte, mas, com uma parada enorme, Lukás Hornícek evitou o golo.
Dez minutos volvidos, o Benfica voltou a marcar (66'). Porém, no momento em que a bola saiu do pé de Sudakov, Pavlidis encontrava-se 59 centímetros adiantado, de nada valendo a excelente finalização do grego – nem a boa jogada desenhada pelo camisola 10 encarnado, que progrediu vários metros com a bola controlada, tirou um adversário do caminho e fez um grande passe para o avançado helénico.
Eletrizantes, os encarnados não deixavam que o jogo baixasse de intensidade e continuavam a alvejar a baliza arsenalista.
Aos 70' foi Dahl a tentar a sua sorte. Arrancada de Pavlidis pelo meio, com o n.º 14 a servir o canhoto, que, na esquerda, rematou forte, mas Lukás Hornícek voltou a levar a melhor, com uma dificílima defesa.
Pouco depois, nova bola na baliza do SC Braga, novamente o apito do árbitro a invalidar o golo – se o tento de Aursnes foi o momento mais alto do jogo, aos 74' surgiu o mais baixo...




Jogada rendilhada pelos encarnados, Aursnes – o Man of the Match –, na direita, colocou no meio, onde Richard Ríos apareceu vindo de trás e rematou forte. Aqui, Lukás Hornícek não conseguiu segurar, defendeu para a frente, o internacional colombiano não desistiu do lance, foi em busca da bola, no corpo a corpo com Vitor Carvalho, conseguiu-o, e assistiu Dahl, que atirou para o fundo das redes!
Porém, João Gonçalves assinalou uma (inexistente) falta de Richard Ríos sobre o médio bracarense, o VAR nada alterou, e o golo foi mesmo anulado ao Benfica.
GOLO LIMPO INVALIDADO
De modo a refrescar a equipa e a intensificar o assalto à baliza arsenalista, aos 80', José Mourinho lançou Prestianni e Ivanovic para os lugares de Sudakov e de Barreiro, respetivamente.
O avançado argentino não estava em campo há um minuto, quando teve um movimento que quase resultava no 2-3. Dahl foi da esquerda para o meio, enviou a bola para o interior da área, onde Prestianni deixou passar para Aursnes. O médio recebeu, preparou o remate, mas o esférico saiu, ligeiramente, ao lado do alvo (80').
Já dentro dos 7 minutos de compensação dados pelo árbitro, à entrada da área, Richard Ríos tocou a bola para Pavlidis, que, descaído na direita do ataque, rematou em arco, mas para fora.
O tempo ia passando, o Benfica estava todo instalado nas imediações da área bracarense, e, quando os anfitriões tentavam alguma ofensiva à baliza de Trubin, Otamendi e Tomás Araújo resolviam a situação.
O SC Braga ainda terminou o jogo com 10 homens, devido à expulsão de Ricardo Horta, por acumulação de amarelos (90'+3').
Pouco depois, apito final, e o desfecho (2-2) não traduziu a superioridade encarnada, nem o seu caudal ofensivo, principalmente no 2.º tempo, com o golo anulado a Dahl (74') a ser muito penalizador para as hostes benfiquistas.
O ano 2025 termina para o Benfica, que volta a entrar em ação no sábado, dia 3 de janeiro, às 18h00, na 17.ª jornada da Liga Betclic, quando, no Estádio da Luz.
SL Benfica
AS NOTAS DOS JOGADORES DO BENFICA:
Primeira parte podia ter deitado tudo a perder, e certamente deitou alguma coisa. Na segunda Mourinho insistiu nos mesmos onze mas ter-lhes-á explicado melhor o que fazer. Golaço de Aursnes e Pavlidis um furo acima dos outros em missão bem ingrata.
A figura do Benfica: Pavlidis (7)




Faltou-lhe o golo para coroar mais uma ótima exibição na frente de ataque encarnada. Quer dizer, ele marcou, mas não valou porque estava em posição de fora de jogo. Passou a primeira parte quase toda a ver jogar, mas nas duas vexzes em que apanhou a jeito esboçou reações do Benfica ao melhor Braga que andava pelo campo. Na segunda entrou logo a ameaçar na área e decidiu assumir de vez as descidas ao meio-campo e as receções de costas para a baliza, servindo os colegas que agora sim, finalmente, lhe iam aparecendo nas imediações. No meio de múltiplos movimentos destes que ajudaram à supremacia encarnada, serviu Aursnes para o golaço da noite, tabelou com Tomás Araújo e o defesa quase marcou aos 56 minutos e aos 70 quase conseguia servir Dahl para mais um tento dos visitantes.
5 Trubin — Com nada a fazer nos golos sofridos que contaram, poderia contudo ter feito algo mais no que foi anulado ao SC Braga logo aos 18 minutos. Em compensação, teria sido o garante do empate se Grillitsch não estivesse fora de jogo aos 85 minutos. Que defesa! De resto, poucas intervenções, sobretudo na segunda parte.




6 Dedic — No descalabro da primeira parte estava a ser o elemento-mais do Benfica, capaz de carrilar minimamente o jogo pela direita. Muito atento aos 15 minutos, a cortar um livre traiçoeiro de Ricardo Horta, e aos 27, a dobrar um dos erros de Dahl lá do lado contrário ao dele. Manteve o balanceamento ofensivo no segundo tempo, aqui já com mais companhia.
6 Tomás Araújo — Viu cartão amarelo muito cedo, logo à passagem do quarto de hora, mas isso não o condicionou no trabalho que realizou ao longo de todo o jogo, limpando com assertividade a área na maioria das ocasiões. Esteve, como três quartos da defesa, menos bem no segundo golo bracarense e na segunda parte ia conseguindo redimir-se, quando tabelou com Pavlidis e obrigou Hornicek a grande defesa.
6 Otamendi — A autoridade habitual na larguíssima maioria dos momentos, com exceção do segundo golo bracarense, quando foi à queima ser fintado por Pau Victor em plena pequena área. Como já tanto tem sucedido, fez de meia oportunidade um golo e colocou o Benfica a ganhar com o enésimo cabeceamento fulgurante da carreira, respondendo a livre de Sudakov. Aos 89 marcou outro golo através de um corte sublime junto à baliza encarnada.




4 Dahl — É certo que melhorou no segundo tempo, teve menos oscilações defensivas, rematou com perigo aos 70 minutos e aos 74 chegou a mesmo a marcar, só que não valeu. Na primeira parte, porém, acumulou um conjunto de equívocos, posicionais e de abordagem aos lances, que criou calafrios quanto baste ao Benfica e originou dois erros fatais: o penálti do empate e a facilidade com que foi ultrapassado por Zalazar no segundo golo bracarense. Noite para esquecer... ou não.
5 Barrenechea — Foi tentando, sem grande sucesso, colocar lucidez no processo defensivo encarnado durante a primeira parte, mas também ele foi apanhado na teia de adversários que rodopiavam pelo meio-campo, baralhavam marcações e zonas de pressão e dificultavam, ainda, a saída para o ataque. Neste particular Barrenechea melhorou, como todos, durante a segunda metade e no capítulo da agressividade positiva ainda respirava saúde na reta final do encontro.
5 Ríos — Foi, além de Dedic, o homem que deitou mão ao jogo para arrumar melhor a casa, ainda na primeira parte. Aos 40 minutos já tinha dois remates, algo que tentaria mais vezes, sem êxito, até final. No arranque do período de compensação da primeira metade, o erro capital, ao não aliviar o cruzamento de Zalazar que lhe foi parar aos pés, perdendo para Pau Víctor, que ultrapassaria Tomás Araújo e Otamendi antes de bater Trubin.
7 Aursnes — De menos a mais, como a generalidade dos colegas, sendo que o menos de Aursnes dificilmente não fica acima da mediana da amostra e o mais facilmente se coloca na extremidade direita da escala de valores. Atento às dobras, como sempre, foi algo passivo na forma como deixou Zalazar cruzar para o cabeceamento de Dorgeles que acabou na mão de Dahl. Aos 53 minutos teve o melhor momento do jogo — que golaço em remate colocadíssimo da entrada da área! — e aos 80 perdeu a oportunidade de ser o herói encarnado quando falhou, de pé esquerdo, dentro da área, um 3-2 que parecia fácil.
4 Leandro Barreiro — Muito apagado, perdido na maior parte dos momentos do jogo, incapaz de protagonizar as aproximações habituais ao ponta de lança que tantos problemas já têm solucionado ao Benfica. Também foi obrigado a voltar para jogo, mas acabou naturalmente por ser um dos dois substituídos por Mourinho na hora do tudo ou nada.
6 Sudakov — Marcou o livre que deu o 1-0, iniciou o contra-ataque para o 2-2 e voltou a estar brilhante aos 66 minutos, na jogada de um dos golos anulados. Na segunda parte desprendeu-se da esquerda, atacou mais o meio e dá a sensação de que o Benfica ganha algo em tê-lo em zona mais criativa. Também saiu.
4 Ivanovic — Posicionou-se na esquerda, mas não foi a tempo de entrar verdadeiramente no jogo.
5 Prestianni — Ao contrário de Ivanovic, deu vivacidade ao último fôlego encarnado, jogando atrás de Pavlidis a partir dos 79 minutos.
Alexandre Pereira, in a Bola

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