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sábado, 2 de agosto de 2014

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO





título:
À chuva à procura de um lugar ao sol
Texto:
Já estava na altura de o Benfica, que foi fundado por rapazes sem fortuna criados na Casa Pia, ver chegar à sua equipa de futebol um rapaz criado na Casa do Gaiato.
Por aqui toda a gente gosta do Bebé. É cá dos nossos. E acresce que este Bebé, pelo que tem prometido nuns minutinhos em dois jogos, parece estar já um perfeito homenzinho.
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Franco Jara, que foi expulso no jogo com o Marselha e que falhou um penalty no jogo com o Ajax, fez ontem uma primeira parte muito boa com o Sion e até marcou um golo. Depois, já perto do intervalo, muito bem lançado por um companheiro, apareceu sozinho à frente do guarda-redes e atirou a bola muito por cima da baliza. Logo ouvi dizer a meu lado: “Pronto, voltou ao normal”.
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Ontem, em Sion, depois do intervalo Jorge Jesus fez cinco substituições e lançou para o campo alguns portugueses formados no clube. Cancelo, João Teixeira, Nelson Oliveira estiveram todos muito bem com destaque para o jovem Teixeira que marcou um golo e até podia ter marcado mais não fosse o deslumbramento que não o pode deixar de tocar. Sob uma intensa chuvada do Julho suíço foi bom de ver toda aquela juventude da casa à procura de um lugar ao Sol.
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Ouvi mal ou o comentador da Benfica TV disse que o Talisca tem apenas 20 anos? Parece ter mais. Não de aspecto mas de presença e de personalidade em campo. Espero ter ouvido bem. Porque, assim sendo, trat-se de uma excelente notícia.
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Num destes últimos dias de Julho, um barquinho cruzava a Ria Formosa transportando banhistas. Queixava-se um dos ditos banhistas nacionais do, por si considerado, “excesso” de visitantes espanhóis, sempre ruidosos, que tomaram de assalto as praias do Sotavento algarvio. O que não deixa de ser uma constatação válida.
- Isto está cheio de espanhóis – disse, consternado.
- Pois é. Até parece a tua equipa – respondeu-lhe sem perder tempo outro passageiro.
- Antes espanhóis do que sérvios – retorquiu o primeiro, muito agastado, esquecendo-se imediatamente da sua ainda fresca diatribe anti-castelhana.
- Isso no fim é que se vê – rematou o barqueiro.
É curioso como em tempo de férias, com as gentes em calções, toalhas de praia, sem cachecóis ou outros acessórios que identifiquem cores e emblemas, dá para perceber por uma simples conversa marítima a que clubes pertencem os corações de banhistas e de barqueiros.
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Yannick Djaló marcou um golo, melhor dito, um golaço e assinou duas assistências para golo na goleada por 5-1 da sua equipa, o San José Earthquakes sobre o Chicago Fire, dois clubes-catástrofe do campeonato norte-americano.
A exibição do jogador emprestado pelo Benfica valeu-lhe o prémio de “jogador da semana” da MLS (Major League Soccer) estado-unidense.
Confirma-se. Para múltiplas gerações de proscritos de todo o mundo a América foi, é e será sempre a terra prometida.
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A Argentina portou-se muitíssimo bem no último Mundial e é natural que muitos dos seus jogadores menos famosos antes do Mundial se tenham transformado em jogadores bem afamados depois do Mundial.
Como é o caso do guarda-redes Romero, habitual suplente no Mónaco, agora cobiçado por muitos emblemas sonantes. Como o Benfica, por exemplo, que, ao que tudo indica, não vai conseguir reunir os cabedais necessários para assegurar a contratação desta nova estrela entre os postes.
É normal que assim aconteça. Se até o Rayo Vallecano consegue desviar jogadores apontados a um dos chamados grandes de Portugal, mais facilmente o tal Romero irá para outras paragens do que aterrará na Luz.
De qualquer maneira, venha quem vier para guardar a baliza do Benfica, ou fique quem ficar, será sempre muito difícil, quando não impossível, fazer esquecer Oblak porque com Oblak na baliza durante quatro meses consecutivos o Benfica nunca soube o que era perder um jogo. Foi absolutamente encantador ainda que efémero.
Enzo Perez e Rojo são outros dois argentinos que fizeram boa figura no Brasil. Já gozaram as suas merecidas férias e já regressaram, respectivamente, à Luz e a Alvalade. Ambos estão mortinhos por se pôr a andar daqui para longe e que ninguém lhes leve a mal. São profissionais.
Depois do Mundial a Segunda Circular parece-lhes cada vez mais um caminho de pedregulhos próprio para cabrinhas e cada vez menos uma grande via de circulação asfaltada à volta de uma grande metrópole.
Ressalve-se, no entanto, a boa educação e a ineludível diplomacia com que se referiram aos clubes lisboetas de onde partiram para o Brasil no momento em que aterraram na Portela há coisa de dias. Enzo e Rojo querem sair a bem. É simpático da parte deles.
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Rodrigo, outro ex-benfiquista, agora propriedade do senhor Lim, saiu a bem da Luz e entrou a bem em Valência elogiando o seu novo treinador, Nuno Espírito Santo, dos Espíritos Santos de São Tomé e Príncipe, onde nasceu, e a antiga equipa do seu novo treinador, o Rio Ave, com quem o Benfica de Rodrigo disputou e venceu, em Maio, a Taça da Liga e a Taça de Portugal em finais muito disputadas.
“Nas duas finais que jogou contra mim, a sua equipa foi sempre melhor”, disse o maravilhoso avançado hispano-brasileiro. Digamos que Rodrigo está a exagerar um bocadinho.
No entanto, é forçoso admitir que muito deve o Benfica esses dois títulos conquistados ao Rio Ave ao seu jovem-ex-guarda-redes Oblak que safou umas quantas bolas de golo quer na final de Aveiro quer na final do Jamor.
Curiosamente, o Benfica volta já daqui a onze dias a disputar um título oficial com o mesmo Rio Ave. Trata-se da Supertaça Cândido de Oliveira. Nem Oblak nem Rodrigo voltarão jamais ao Benfica nem Nuno Espírito Santo voltará jamais ao Rio Ave. Embora, por vezes, aconteçam coisas estranhas neste mundo do futebol. Um exemplo? O regresso de Paulo Fonseca ao Paços de Ferreira depois de uns quantos meses num clube de muito maior dimensão. Adiante.
O importante, para nós, é que no próximo dia 10 de Agosto, terminado mais um confronto com o muitíssimo respeitável Rio Ave, possamos constatar que o campeão voltou. E, melhor ainda, que o campeão voltou na altura certa.
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O FC Porto se não for campeão na próxima temporada explode. Explode em sentido figurado, naturalmente.
O ex-campeão não se tem poupado a despesas para se reforçar convenientemente caindo por terra todas as análises intelectuais produzidas na altura da contratação de Lopetegui. Lembram-se? Lopetegui, um treinador rotinado a trabalhar com jovens, um treinador para fazer explodir os jovens baratos da formação da casa, um treinador ideal para os tempos da penúria.
Qual quê? Tudo ao contrário. Explosão por explosão, para já, “apenas” a do adolescente Ruben Neves que muito tem impressionado nesta pré-temporada. E pode ser que chegue, quem sabe?
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Dunga, o ex-futuro-seleccionador do Brasil, não quer jogadores com brincos nem com bonés às três pancadas. Depois do sargentão chegou o sargentinho. Oh, Brasil!

Texto de Leonor Pinhão

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