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quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

PIZZI FOI EMBORA CEDO MAS KROVINOVIC JOGOU PELOS DOIS


Por que razão o Benfica foi capaz de ser tão superior e de forma permanente?
Porque esteve excelente na reação à perda da bola e, recuperando-a quase sempre rapidamente e em zonas ainda altas, deixou o Sporting muito desconfortável. Mas também porque, do princípio ao fim, os jogadores do Benfica foram sempre mais fortes nos duelos individuais. E ainda, para finalizar, porque Rui Vitória foi mais audaz a corajoso do que Jorge Jesus neste dérbi.
É possível que esta exibição tenha sido a melhor desde que Rui Vitória está no Benfica?

Quase de certeza que sim. A superioridade do campeão acabou até por ser anormal. O volume de jogo ofensivo das águias não foi próprio de um jogo desta dimensão. Poucas vezes um dérbi ou um clássico em Portugal teve um desfecho tão injusto.
Se foi assim tão superior, o Benfica não ganhou porquê?
Porque a sorte e o azar também fazem parte do futebol. A barra, a cabeça de Piccini em cima da linha e ainda mais 7 ou 8 oportunidades claras justificaram, em boa parte, este desfecho. Não foi só isso, porém. O excesso de tensão competitiva que o Benfica levou para este jogo foi importante para essa supremacia no volume de jogo, mas também pode ter sido essa mesma tensão a retirar discernimento no momento da finalização.
Em que capítulo do jogo é que, ainda assim, o Sporting esteve a um nível mais alto?
Tem uma equipa muito experiente e fez uma gestão inteligente nalgumas fases do jogo. Ora adiantando a linha defensiva sempre que possível (1.ª parte), ora baixando-a (2.ª), em função, também, daquilo que o comportamento do Benfica pedia. Mas onde os leões tiveram um comportamento irrepreensível foi nas bolas paradas defensivas. Atuação perfeita na resolução dos cantos e dos livres laterais do Benfica. Concentração e posicionamento impecável de todos. Nota máxima neste aspeto.
O que pretendeu Jesus com as duas substituições que fez?
Lançou dois jogadores experientes (Bruno César e Bryan Ruiz) para tentar ‘meter gelo’ nos momentos (poucos) de posse de bola que os leões tiveram nos últimos 15 minutos. Os que saíram (Acuña e Gelson Martins) são jogadores mais explosivos e verticais e o jogo, na perspetiva do Sporting, pedia exatamente isso: mais pausa e menos aceleração.
Rui Vitória mudou do 4x3x3 para o 4x4x2 e o Benfica não só manteve como até acentuou o domínio. Como se explica?
Já estava por cima em 4x3x3 mas, aí, ainda faltava algum ‘peso’ nos últimos 30 metros. Jiménez trouxe isso e, no meio, não se sentiu a saída de Pizzi porque Krovinovic (o melhor em campo) pelos dois. Ligou a equipa com bola (praticamente sem perdas) e foi um gigante na reação à perda.
Jorge Jesus não conseguiu vencer nenhum dos últimos 4 jogos que fez frente a Rui Vitória. O que está a faltar?
Venceu os 3 primeiros e, provavelmente, o treinador do Benfica percebeu onde estava a ‘tecla’ que era preciso ‘tocar’. Na realidade, Jesus já não venceu um dérbi desde 2015. É um facto.
Nuno Farinha, in Record

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