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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

A TOUPEIRA DO E-TOUPEIRA


"Quem anda nos meandros do sistema judicial e quem ainda tem coragem de ser honesto sabe e confessa que, se algo existe nesse mesmo sistema judicial, é a injustiça e a irracionalidade.


Nos processos em que me constituo como mandatário, exceptuando umas boas secções e uns excelentes funcionários como são os da 9.ª secção do DIAP de Lisboa, invariavelmente, quando elaboro requerimento com pedido de confiança dos autos, ou de obtenção de cópias por meios próprios na secretaria, a resposta é também invariavelmente - indeferido! Quer isto dizer que não aceitam o meu pedido e que, se quiser, que vá consultar em poucas horas de funcionamento uma enormidade de folhas do processo em condições sub-humanas, sem ter possibilidade de ter acesso a uma defesa minimamente condigna!
Confesso que estou a guardar todos os despachos de indeferimento para um livro que farei quando me reformar se lá chegar!
Existem alguns casos caricatos. Certo dia requeri acesso a um processo, pedindo confiança do mesmo por 48 horas, para poder fotocopiá.lo do meu escritório. O despacho foi de indeferimento, pois havia mais gente que podia precisar de o consultar - por acaso, no caso, até nem havia mais ninguém além do meu constituinte!


Então, de boa-fé, pensei que se requeresse o processo para ser examinado no meu escritório, desde as 16 horas e 30 minutos de sexta-feira (hora da abertura da secretaria) tal ser-me-ia permitindo, pois nesse espaço de tempo ninguém o poderia consultar.


No entanto, qual não foi o espanto quando a mesma procuradora indeferiu a confiança do processo, invocando que alguém o poderia querer consultar! Sem comentários!
O processo denominado E-Toupeira encontra-se neste momento na fase de instrução, ou seja, a fase a seguir ao inquérito. Regra geral, também nunca tenho acesso ao processo para poder defender condignamente os meus constituintes nem, muito menos, às gravações áudio das inquirições. Fazem-se requerimentos, e têm todos o mesmo destino - ou o indeferimento, ou nem resposta, ou um calvário para se ter as cópias.


Que fique também aqui bem explícito que existem, felizmente, muito juizes e funcionários com elevada qualidade e que saem deste marasmo!
Mas o que sai completamente da normalidade é como um processo denominado E-Toupeira, que investigou fugas de informação judiciais, afinal tem outra toupeira que saca (rouba) informação judicial a que, supostamente, ninguém tem acesso!
Eu não sei o que os meus digníssimos colegas mandatários pretendem fazer, se é que tudo isto não inquinaria de morte o processo, caso fosse julgado por um Tribunal Europeu! Eu sei que estamos em Portugal e isso não vai acontecer.
Mas ainda mais grave é o facto de no início do interrogatório do Dr. Paulo Gonçalves, o mesmo ter advertido e pedido que o áudio ficasse inacessível por cópia, até aos intervenientes no processo, o que se compreende.


A verdade, é que ele ficou acessível publicamente, a todos e por todos, por quem queira e até los mandatários, que assim podem estudá-lo ao fim de semana, fora do apertado limite das horas do expediente! Mas é um crime!
Os ficheiros que foram sacados ilicitamente foram os que constam (...).


Obter e divulgar isto é tão grave (ou mais) como os factos de que estão a ser objecto as pessoas acusadas no processo E-Toupeira, com a agravante de que nem se sabe se a acusação estará correcta!
Confesso que cada vez mais fico nauseado com tudo isto, e que um sistema completamente caduco e obsoleto, quase a implodir por dentro, para bem de todos os verdadeiros criminosos, cresce impune!


Ninguém tem a coragem de falar abertamente sobre isto, e percebe-se que em cada acto existe um objectivo individual e global! Está tudo condenado a ser uma farsa!
Como é possível que o que (...) esteja acessível a todos, por um simples clique na Internet e não aconteça nada?!


Sinceramente, creio que o sistema já não tem qualquer hipótese de ser arranjado. Existe uma canção dos ColdPlay que se intitula Fix You, mas quanto ao sistema judicial não se aplica de certeza absoluta.
De certeza que estarei na plateia a observar quando for inaugurado o novo campus de justiça junto ao Palácio da Justiça, a confusão que vai haver com a mudança dos processos e de toda a logística. Vão exisitir muitos processos que ficarão pelo caminho! Mas o crime da toupeira do E-Toupeira, esse não vai ter problema nenhum, porque ninguém descobriu nada de nada! Alguém se interessou?"

Pragal Colaço, in O Benfica

"FOI UMA LUZ QUE ME DEU"


"Luís Filipe Vieira teve um feeling, depois de uma noite mal dormida. Rui Vitória é para ficar. E foi assim que, à revelia do que tinha sido antes decidido, o Benfica viveu um volte-face que fica para a história. Não foi a primeira vez que o presidente encarnado tomou decisões inesperadas e solitárias. Quando decidiu, depois de ter perdido tudo, renovar o contrato de Jorge Jesus, foi uma delas; e quando resolveu, depois de ter ganho tudo, não continuar com Jesus e trocá-lo por Vitória, foi a outra. Em ambas, apesar do caminho estreito e sinuoso que teve de percorrer, acabou por sair-se bem. Mas os tempos eram outros e como um homem é ele e a sua circunstancia, a de Vieira, à altura, era mais confortável, sem processos judiciais a reboque, sem toupeiras e emails a perturbar o quotidiano do Benfica e, até, numa vigência do BES com que se sentia confortável. Ao dia de hoje, a deicsão de Luís Filipe Vieira de manter (até quando não se sabe...) um Rui Vitória sucessivamente fragilizado, por exibições indigentes, resultados desprestigiantes e uma omnipresença de Jorge Jesus, tolerado pelo Benfica, afigura-se de risco elevado, quase tão elevado quanto fazer regressar, contra o sentimento de grande parte da nação encarnada, o actual técnico do Al-Hilal. Jesus é um grande treinador. Mas depois de tudo o que se passou entre ele e o Benfica, depois de tudo o que foi dito e depois de todos os processos que andaram em tribunal (e o que neles foi invocado...), um regresso à Luz seria uma falta de vergonha. De Jesus e do Benfica."

José Manuel Delgado, in A Bola

TONI MERECE


"A personalidade e a energia de Toni, os seus fundamentos de carácter e as suas capacidades de entrega mental e física, como jogador e como treinador, fizeram dele uma das referências mais relevantes na história do Benfica a partir do último terço do séc. XX. Conheci-o, creio que em Outubro de 1967 (já lá vão mais de cinquenta anos...), numa das idas a Coimbra, no quadro das minhas recorrentes aventuras associativas daquele tempo de faculdade, num convívio proporcionado pelo meu grande amigo João Rodrigues com outros bons parceiros e colegas estudantes de Direito, Medicina e Letras, além de alguns dos mais emergentes jogadores da Associação Académica, como eram Vasco Gervásio, os manos Campos - Vítor e já também Mário -, o sereno Rui Rodrigues e, se bem me lembro, igualmente o mais circunspecto Artur Jorge, aos quais dessa vez, então, se juntava Toni.
Os nossos convívios haviam de prosseguir e desenvolver-se mais tarde (e muito mais frequentes e intensos), já no Benfica. Jogador de equipa dentro e fora do campo, Toni sempre jogou para a equipa. Foi, mesmo, o verdadeiro 'tractor' da equipa (para usar uma imagem que muito mais tarde, curiosamente, se lhe havia de colar ao destino...), já que era constantemente por ele que a força conjuntiva do Benfica se afirmava nos momentos mais difíceis e, em particular, nos jogos mais decisivos. Mas a sua atitude na relva não nascia ali: vinha-lhe de dentro, da sua natureza.
E desenvolveu-se de modo fulgurante na partilha do balneário, diante dos seus companheiros de jornada, dos quais cada um era mais brilhante que todos os outros. Na verdade, o 'miúdo-calmeirão' de Mogofores viria a impor-se naturalmente, primeiro pela generosidade do seu companheirismo e depois pela convicção do seu futebol, ao qual nunca faltou um precioso sentido de oportunidade e uma energia transbordante, constantemente servidos com responsabilidade e profissionalismo exemplares, com a sua atitude desportiva e leal, sempre positivo, sempre muito franco, mesmo nas horas em que teve de superar as maiores dificuldades pessoais.
Jogador e capitão do Glorioso e seu treinador-adjunto, treinador principal e director desportivo - o nosso único jogador e treinador por (muito) mais de uma vez campeão em ambas as qualidades -, é inquestionável que Toni faz parte da centenária histórica do Benfica, como um símbolo do próprio Benfiquismo. Por tudo isso. Toni merece o destaque que o nosso jornal lhe consagra nesta edição."

José Nuno Martins, in O Benfica

1 SEMANA DO MELHOR - BTV - 30 NOVEMBRO 2018

                                           

BENFICA B REGRESSA ÀS VITÓRIAS E SOBE AO PÓDIO


FUTEBOL
No Caixa Futebol Campus, as águias venceram o Estoril, por 1-0.
O Benfica B regressou aos triunfos na Ledman LigaPro. Na receção ao Estoril, na 10.ª jornada, Tiago Dantas marcou o golo decisivo no jogo ainda na primeira parte.
Ao longo da temporada, as duas equipas têm mostrado futebol positivo e isso viu-se logo nos minutos iniciais. Benfica B a fazer pressão alta e cultivar a posse de bola; Estoril a privilegiar a saída de bola com futebol apoiado desde o setor defensivo. Bom jogo no Seixal, mas sem oportunidades de golo claras.

A primeira grande ocasião surgiu aos 18’ e foi para o Estoril. Perda de bola do Benfica B ainda no seu meio-campo, a bola sobrou para Dadashov que rematou colocado. Zlobin, atento, sacudiu para canto.

[GOLO: 1-0] Aos 22’, Willock trabalhou na direita, cruzou para corte da defensiva estorilista. O esférico, ainda na área, sobrou para Benny que assistiu de cabeça Tiago Dantas para o golo num remate acrobático.
Aos 39’, Willock, com uma diagonal da direita para o centro, entrou na área e rematou de pé esquerdo, mas o disparo embateu na defensiva do Estoril. Minutos depois, aos 44’, Keaton ganhou um lance na área, a bola sobrou para Zé Gomes que rematou de primeira ao lado da baliza de Thierry Graça.
No reatar, intensidade, velocidade e oportunidades para os dois lados, com os guarda-redes a serem chamados a intervir! O Estoril entrou a tentar o golo e esteve perto disso aos 53’. Dadashov rematou e Zlobin defendeu para canto.
Aos 62’, Sandro Lima fletiu da esquerda para o meio e rematou. Zlobin defendeu por instinto, sacudindo a bola para longe. No minuto seguinte, aos 63’, foi Roberto a testar a atenção do guarda-redes do Benfica B.
Aos 66’, o Benfica B respondeu. Grande jogada coletiva dos comandados por Bruno Lage, Tiago Dantas lançou Benny no corredor central, com o médio a rematar bem perto da baliza estorilista.
Onze inicial: Zlobin; Alex Pinto, Kalaica, Pedro Álvaro, Pedro Amaral; Florentino, Keaton Parks, Benny, Tiago Dantas; Willock e Zé Gomes.
Suplentes: Fábio Duarte, Miguel Nóbrega, Nuno Tavares, Diogo Mendes, Nuno Santos, Jota e Saponjic.
Boletim clínico:
DAVID TAVARES – Status pós-cirúrgico ligamentoplastia no joelho esquerdo;
RICARDO ARAÚJO “JORGINHO” – Status pós-cirúrgico ligamentoplastia no joelho esquerdo;
ANTHONY CARTER – Status pós-cirúrgico meniscetomia ao joelho esquerdo;
VITALII LYSTCOV – Status pós-cirúrgico ligamentoplastia no joelho esquerdo.
O resultado manteve-se em 1-0 até final. Com este triunfo, o Benfica B passa a somar 20 pontos na II Liga e apanha o Estoril na 3.ª posição. Na próxima ronda, a 11.ª, há deslocação ao reduto do Farense.

SAD: RELATÓRIO E CONTAS APROVADO POR LARGA MAIORIA


SAD
Os acionistas da Sociedade Anónima Desportiva do Benfica aprovaram as contas do exercício de 2017/18 e os restantes pontos em apreciação.
O Relatório e Contas da Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD foi aprovado, esta sexta-feira, em Assembleia Geral, por larga maioria. O ponto 1 foi aprovado por maioria, com dois votos contra e uma abstenção; o ponto 2 foi aprovado por maioria, com uma abstenção; o ponto 3 foi aprovado por maioria, com três votos contra; o ponto 4 foi aprovado por maioria.
Em votação e apreciação estiveram quatro pontos:
Ponto 1: Apreciar e deliberar sobre o Relatório de gestão e as Contas do exercício de 2017/18;
Ponto 2: Deliberar sobre a proposta de aplicação;
Ponto 3: Proceder à apreciação geral da admnistração e fiscalização da Sociedade;
Ponto 4: Apreciar e deliberar sobre uma proposta de alteração parcial dos Estatutos da Sociedade, designadamente, sobre a modificação do número 1 e aditamento dos novos números 3 e 4 do artigo 7.º, sobre a modificação do número 9 e aditamento do novo número 10 do artigo 9.º, sobre a modificação do artigo 13.º, sobre a modificação do número 2 do artigo 24.º, bem como sobre o aditamento de dois novos artigos, com os números 6.º-A e 23.º-A.
Em destaque, o facto de este ser o terceiro maior ano de receitas da Benfica SAD e o segundo maior se estivermos a falar do Grupo Benfica. O resultado líquido é, igualmente, o 2.º maior de sempre da SAD, com 20,6 milhões de euros.
Com capitais próprios positivos no valor de 86,8 milhões de euros, realce para o crescimento dos mesmos desde 2014/15, exercício em que ficaram positivos. Também ao nível da dívida bancária há um decréscimo, indo ao encontro do que se conseguira no exercício anterior. Em 2017/18 baixou em 110,3 milhões de euros.
Outro item com resultados positivos é o passivo. O mesmo reduziu em 40,1 milhões de euros para os 398,3 milhões de euros (- 9,1%). Nos rendimentos operacionais nota-se um decréscimo de 5,2% por via da performance desportiva interna e na Champions. Porém, desde 2010/11 que a média de crescimento das receitas ronda os 6%. Também dependente da performance desportiva estão os gastos com o pessoal que diminuíram neste exercício. Ainda nas receitas, houve um crescimento de 4,1% nos direitos televisivos e um decréscimo na bilheteira de 26,2%.
Em relação à venda de lugares no Estádio da Luz, o RED Pass – lugar anual – cresceu em valor e em receita em 21,2% e 18,9%, respetivamente. O Relatório e Contas da SAD mostra, ainda, um crescimento dos camarotes e dos Executive Seats.
Domingos Soares de Oliveira: “A nossa posição de tesouraria é muito sólida”
O administrador-executivo da SAD e CEO do Grupo Benfica falou aos jornalistas após a apresentação e aprovação do Relatório e Contas, e mostrou-se satisfeito pelos resultados obtidos no exercício 2017/18.
“O exercício de 2017/18 foi positivo do ponto de vista económico-financeiro. Tivemos lucros pelo 5.º ano consecutivo e o 2.º melhor ano da nossa história. O ano foi razoável ao nível das receitas, em que ultrapassámos os 200 milhões de euros. Temos uma tendência positiva de redução de passivo, de reconstrução dos capitais próprios. Estamos satisfeitos pelos resultados alcançados”, sublinhou.
Domingos Soares de Oliveira garantiu, igualmente, que o Benfica depende cada vez menos da venda de jogadores para equilibrar as suas contas.
“Ao nível da alienação de jogadores, este foi o primeiro ano em que tivemos uma postura mais conservadora. Era preciso reforçar o plantel, e isso não acontece só pelos reforços, mas também pela manutenção dos principais ativos. Esta estratégia de manutenção dos principais atletas é para ser mantida. O Benfica depende cada vez menos de vender jogadores para equilibrar contas. Se o fizermos é por uma questão de oportunidade”, revelou.
O rigor que a SAD tem mantido ao longo dos exercícios na realização do Relatório e Contas ajuda a chegar a 2018 com uma posição financeira solidificada.
“Quando fazemos o orçamento somos rigorosos na definição dos objetivos. Na preparação da época, o modelo que seguimos é: terminada a fase de grupos passamos para a Liga Europa. O facto de termos tido duas pré-eliminatórias este ano permitiu-nos gerar uma receita adicional na bilhética. Do ponto de vista de tesouraria, a nossa posição é muito sólida”, frisou Domingos Soares de Oliveira.
O tema expansão da Marca Benfica também foi abordado pelo administrador da Sociedade encarnada.
“A expansão que fazemos – mercados chinês e norte-americano - não é suscetível de gerar receitas no imediato. Os projetos que fazemos é a mais de 10 anos. Os prazos que temos em cima da mesa é de décadas. Estamos a construir um Benfica para as próximas décadas. Os projetos vão-se concretizar, vamos obter mais receita para reinvestir na capacidade competitiva do plantel”, destacou.
“Todos os patrocinadores que mostrei já renovaram e confiam na gestão. Dentro de pouco tempo vamos anunciar mais uma renovação de um contrato de um parceiro com o Benfica”, acrescentou.

“É DIFÍCIL DERROTAR UM BENFICA FORTE E UNIDO”


FUTEBOL
O treinador do Benfica está “comprometido com o projeto” do Clube, garantiu que os jogadores estão “imbuídos no espírito” de vitória e deixou um apelo à nação benfiquista.
O treinador do Sport Lisboa e Benfica, Rui Vitória, fez a antevisão à receção ao Feirense, uma partida referente à 11.ª jornada da Liga NOS, agendada para as 18h00 de sábado, no Estádio da Luz.
Numa semana tão atípica, que começa com a eliminação do Benfica da Liga dos Campeões e que foi equacionada a sua saída do Clube, como é que viveu esta semana e preparou o jogo com o Feirense?
Vivi de forma intensa. Tivemos um jogo importante que não nos correu bem. Depois do que foi transmitido pelo presidente, depois da decisão, preparei o jogo com todo o afinco, o melhor possível, com a minha equipa técnica.
Sente que é um treinador a prazo?
Não sinto, não. Hoje era muito fácil para Rui Vitória e Luís Filipe Vieira não estar aqui e estar a apanhar o avião para outro lado. Depois de uma reflexão não estaria aqui, estaria outro. Comecei um projeto há três anos para ganhar. Ainda há muito trabalho para fazer, há muito para conquistar e não estou preocupado com prazos. Esta é a melhor solução.
Como interpreta as palavras do presidente quando diz que a equipa tem de “jogar à Benfica” e não “lento, lento, lento…”?
Dar os parabéns ao presidente pela franqueza. Percebo perfeitamente as suas palavras e revela o que é a pessoa. Até meados de outubro fomos a melhor equipa portuguesa, daí para a frente não fomos. Há quatro provas para disputar e para conquistar. Falando agora um pouco para os Benfiquistas: quem perdeu o orgulho pelo Benfica, vai voltar a ter esse orgulho. Quem tem alguma fraqueza a olhar para a equipa, vai ter certezas. Temos de estar unidos, é preciso que as pessoas entendam isso, de uma vez por todas. Só pode haver um Benfica. Se assim não for estamos a dar força aos nossos adversários. Quando o Benfica está forte e unido dentro e fora de campo é difícil ser derrotado.
Como fica a sua relação com a estrutura do Benfica, sabendo que houve elementos que quiseram a sua saída?
Muito claro em relação a isso. Trabalhamos de forma honesta e sincera. O meu compromisso é com o Benfica e não com pessoa A, B ou C. Esta reflexão foi conjunta e entendeu-se ser a melhor solução. Não foi por dinheiro que fiquei no Benfica, essa não é a minha forma de estar. O meu compromisso é com o projeto. Um dia vamos mostrar a forma como trabalhamos para verem a dimensão do que é o Benfica e o prazer enorme com que trabalhamos aqui.
Sente que os jogadores não têm dado o que esperava?
Ontem foi um dia importante para todos nós e hoje há mudanças. A mudança vai ser interior e todos os jogadores têm de sentir isso. Quem cá está, tem de saber o que é representar o Benfica. Foi difícil ganhar um Tetra e outros títulos. Quem ainda não percebeu isso, tem de o perceber rapidamente ou não está aqui a fazer nada.
Disse ao presidente que não tinha condições para ser treinador do Benfica?
Nunca disso isso ao presidente. Discutimos a situação em conjunto e a decisão foi conjunta, e demos um abraço forte e sentido.
Como sentiu o plantel no reencontro? Sentiu que há vontade de mudar este momento menos bom?

Sinto, e por isso é que estou cá eu e não outra pessoa. Sei os jogadores que temos, sei o que podem dar e as mudanças que têm de ser feitas. E as mudanças começam por mim. Esta é a primeira reflexão a fazer e os jogadores estão envolvidos e vão querer ganhar. E é já a partir de amanhã. Irei estar no campo, antes dos jogadores entrarem, em pé, no meu local de trabalho a bater-lhes palmas quando entrarem.
Que receção espera dos adeptos?
Os adeptos são livres de fazerem o que entendem. Importante é perceberem que quanto mais desligados estivermos, mais fortes estarão os nossos adversários. O Benfica unido é muito forte e têm de sentir o poder do Benfica.
O que é o que leva a acreditar que tudo pode mudar de ontem para hoje?
Porque há momentos nas organizações e na nossa vida que nos fazem refletir, pensar, mudar… É preciso haver uma tempestade para as coisas mudarem. Sinto essa energia. Temos cumprido o que me trouxe para o Benfica. Vamos continuar a ganhar, os jogadores estão imbuídos nesse espírito e eu senti isso. A dedicação, a disponibilidade e a abnegação são fortes.
Recebeu uma oferta de outro clube? A hipótese de receber indemnização esteve sempre descartada?
Isso é irrelevante. Nunca disse que contactos e convites tinha. Não é a questão financeira que me liga ao Benfica. Não vou dizer que clubes me queriam ou contactaram. Isto está rico em relação ao que se passou ontem. Amanhã vamos encontrar uma equipa organizada, com um bom treinador, equipa que vai complicar. O Feirense vem de um bom resultado e temos de estar fortes.
O presidente disse que iria treinar o Benfica até ao final da época. Foi vetado por elementos com quem trabalha, inclusive Tiago Pinto, que ficou perplexo. Não se sente um condenado a quem entregaram uma prenda envenenada?
Não sei se ficou perplexo. Não tenho essa informação. Em relação ao diretor-geral, estamos perante um profissional de grande categoria e qualidade. Se o Benfica o mantiver nos seus quadros, tem o trabalho garantido. A vida de treinador é isto. A equipa está envolvida nos objetivos.
Que mudanças é que vai fazer?
Não vou especificar. Há um conjunto de mudanças. Não é que não sejamos rigorosos e exigentes, mas temos de ser mais. Temos de estar mais fechados e mais unidos. Uma mudança operacional: para o jogo de amanhã [sábado] são 18 convocados. Não vão 20 ou 21.
O que acha que motivou o presidente a tomar essa decisão? Considera que há aqui um paralelismo com Jorge Jesus?
Em relação à decisão, é típico no presidente. A decisão foi conjunta, numa reunião entre os dois. Olhámos e vimos que era a melhor solução. Paralelismos? Não me conduzo pelo passado. Olho para a frente e vejo que estamos em quatro competições. Estou envolvido no projeto até à sua raiz e não vou abandonar.
Plantel muda em janeiro?
É possível que haja mudanças em janeiro. Não vou dizer quem entra ou sai. Mas pode haver saídas.

PRIMEIRAS PÁGINAS


quinta-feira, 29 de novembro de 2018

UM AZAR DO KRALJ


Nem poeta, nem selvagem, nem sentimental (Rui Vitória, por Um Azar do Kralj)
Vasco Mendonça escreve um texto de emoções várias sobre o treinador do Benfica. Diz que lhe deve boas alegrias, mas aponta-lhe críticas profissionais e de estilo
Ter uma ideia é fácil. Está ao alcance de qualquer um. Ter uma boa ideia dá trabalho. Requer persistência, rapidez de raciocínio e alguma pontaria. Requer também algum critério. Nem todos sabemos o que é uma boa ideia.
Ter uma excelente ideia é muito difícil. Exige treino. Exige disciplina. Implica sofrimento. Testa a nossa resiliência. É física e mentalmente extenuante. Se porventura sobrevivermos a esse caminho tortuoso minado pelas nossas más ideias, se formos os nossos maiores críticos e não baixarmos a cabeça a cada derrota imposta pelo nosso intelecto, talvez tenhamos o que é preciso para chegar à ideia certa.
Ter uma grande ideia que seja aceite sem contestação por milhões de seres humanos durante 1268 dias é praticamente impossível. Mas se fosse fácil não era para ele. Rui Vitória deixa hoje o Benfica, dirá ele, de consciência tranquila, como cidadão honrado e chefe de família.
Passaram-se quase quatro anos desde que as suas vacuidades passaram a povoar as conferências de imprensa do futebol profissional do Benfica e continuo sem perceber se Rui Vitória diz estas coisas porque acha que têm valor intelectual, porque entende que são eficazes, ou porque acha que é isso que as pessoas querem ouvir. Passaram-se quase quatro anos e continuo sem perceber qual é a sua ideia.
Acontece. Às vezes nem precisamos de ter uma ideia. Pode dar-se a sorte de estarmos no sítio certo à hora exata em que outra pessoa teve uma excelente ideia por nós. É meio golo. Há muitas áreas das nossas vidas pessoais e profissionais em que isso acontece. É continuar a correr com a bola e fugir aos adversários directos. Às vezes fugimos inclusivamente do autor original da ideia. É uma ideia de jogo. Se correr bem, é toda uma carreira.
As melhores ideias são assim, mesmo que não sejam nossas. Ninguém lhes fica indiferente. Surpreendem primeiro. Entusiasmam. Se forem bem executadas, não se limitam a encher o estádio. Levantam as bancadas. Convocam manifestações de felicidade. No futebol, as melhores ideias são comícios com o megafone nos pés. Enchem praças da cidade. Pintam um país de uma só cor. Se correr tudo bem, ninguém quer saber de quem foi a ideia.
Rui Vitória sobreviveu no Benfica enquanto soube aproveitar uma ideia superior à sua. Para que não sobrem dúvidas, o autor original da ideia que quase fez do Benfica pentacampeão nasceu com Jorge Jesus. Guardem os vossos rancores para quem se interessar. Assim que o briefing mudou e as adversidades ganharam força, as ideias de Rui Vitória vieram à tona. Foi o que se viu. Quanto mais tempo lhe demos para impor as suas ideias, mais se viu a careca.
A famosa ideia de jogo, um termo que abandonou depois de perceber que isso criaria a expectativa errada nos adeptos, nunca foi mais do que uma versão contabilística do futebol. Rui Vitória nunca foi aquilo que o Benfica e o futebol pedem. Nunca foi poeta nem selvagem nem tão pouco sentimental. A sua principal ideia para o Benfica foi ser uma boa pessoa com um emprego digno, e achar que essa mentalidade funcionalista sobreviveria aos resultados, desse por onde desse. Como se o futebol premiasse a bondade. Uma ideia ingénua.
Na última entrevista ao serviço do clube, Rui Vitória falou de uma cabazada sofrida em Munique como “uma estratégia que não foi operacionalizada”. No mais humilhante momento para os adeptos, a meio da pior época das últimas muitas, Rui Vitória reagiu ao falhanço da sua ideia como se estivesse a apresentar os resultados trimestrais de uma empresa do PSI20. Semanas antes, tinha dito aos benfiquistas aquilo que estes jamais aceitarão: que temos de aprender a conviver com o insucesso.
Nem poeta, nem selvagem, nem sentimental. Como se diz na gíria quando um remate pleno de intenção coloca a bola fora do estádio, talvez a ideia fosse boa. A execução, essa, não podia ter sido pior. Os benfiquistas não precisam de auto-ajuda. Precisam de ver a merda da bola lá dentro. Já nos chega o resto da vida toda para nos empurrar em busca de outras formas de salvação.
Os benfiquistas não querem Tony Robbins nem Deepak Chopra e muito menos o Sun Tzu de Alverca. Queremos um golão do Jonas, queremos os jogadores a baterem com a mão no peito, queremos miúdos e graúdos a beijar o símbolo do clube. Queremos ver alegria em campo, ou verdadeira tristeza quando se por acaso não ganharmos. Os benfiquistas não querem levantar a cabeça e pensar no próximo jogo. Querem que a memória lhes falhe, que a última derrota seja uma memória tão longínqua. Isto não é só futebol. Se for bem jogado, se a bola rolar como quem beija o símbolo, é muito mais do futebol: é uma p**a duma primavera árabe que leva tudo à frente e atordoa os adversários, impõe um novo regime. É uma desmarcação nas contas do adversário e nunca mais ninguém nos apanha.
É o poder de uma ideia.
Um Azar do Kralj, in Tribuna Expresso

VITÓRIA DEMITIDO E READMITIDO

                                           


Luís Filipe Vieira admite que a decisão de prescindir de Rui Vitória prevaleceu depois da derrota em Munique. Tudo mudou após uma noite passada em claro no Seixal.
«Rui Vitória continuará a ser o nosso treinador. Não vou esconder que ainda ontem [quarta-feira] falámos sobre a sua continuidade ou não. Rui Vitória é um treinador comprometido com o projeto do Benfica, que assenta muito na formação dos nossos jovens no Seixal. Rui Vitória lançou jovens como Ederson, Lindelof, Nélson Semedo, Renato Sanches. E agora, numa fase em que estamos a reter talento, lançou Gonçalo Guedes, Rúben Dias, Iuri Medeiros, Gedson e João Félix», afirmou.
«Há um descontentamento generalizado nos benfiquistas, os resultados não têm sido os melhores, mas para o projeto do Benfica é importante que o Rui Vitória continue. Todos os títulos em Portugal estão em aberto. Nos dois primeiros anos conseguiu ganhar seis títulos, nesses dois anos foi eleito treinador do ano e garantiu um lugar nos oitavos de final da Liga dos Campeões. No terceiro ano as coisas não correram pelo melhor, esta época ainda não acabou», realçou o presidente dos encarnados.
«Nos últimos dez anos o Benfica teve dois treinadores que conquistaram dez títulos. Basta comparar com os nossos rivais e ver quantos treinadores tiveram…», referiu, destacando a «estabilidade» como mais-valia do emblema da águia.
Decisão amadurecida durante a noite
Luís Filipe Vieira relatou a conversa que manteve com Rui Vitória na manhã desta quinta-feira, no Seixal.
«Foi uma decisão muito amadurecida durante a noite. Às 7.30 horas [desta quinta-feira] comuniquei-a ao Tiago Pinto numa primeira fase. Depois foi esperar que o Rui Vitória chegasse e falámos um pouco. Disse-lhe o que pensava do Benfica e da sua continuidade no Benfica, se ele estava preparado e motivado para continuar face ao que tinha acontecido. Perante a opinião pública, Rui Vitória parecia uma carta fora do baralho.
«A responsabilidade da decisão assenta em mim. Houve um grupo de pessoas reunidas ontem [quarta-feira] e a decisão apontava para um sentido. Depois de refletir muito durante a noite, decidi noutro sentido. Veremos se o tempo me dá razão ou não. Temos uma SAD e administradores, nem todos alinhamos, mas depois de as decisões estarem tomadas, estamos todos de acordo», frisou.
Vieira deixou o aviso: «No dia em que o Benfica for comandado de fora para dentro alguma coise está mal. Fui eleito para tomar decisões.»
E recuou à noite mal dormida no Seixal. «Dormi no Seixal. Horas de sono foram poucas. Meditei bastante. A primeira pessoa a quem comuniquei a decisão foi o Tiago Pinto, que ficou um pouco perplexo. Também já li no passado que Vieira ficou isolado e depois ficámos isolados no primeiro lugar do campeonato.»
A reconquista, acredita, continua a ser possível. E com Rui Vitória ao leme da nau encarnada.
«Achamos que temos plantel suficiente para fazer a reconquista. Rui Vitória será de certeza o treinador até final da época, salvo algum imprevisto que possa surgir de um momento para o outro», ressalvou.
Já depois de saber que iria manter-se como treinador do Benfica, Rui Vitória recusou tentadora proposta para deixar a Luz. A revelação foi feita por Luís Filipe Vieira.
«Na conversa que tive com o Rui Vitória, ele disse-me: `Presidente, nunca serei um problema para o Benfica. Se tiver de abandonar não quero indemnização nenhuma´. Depois de lhe dizer que ficava, Rui Vitória tomou a decisão de recusar uma proposta de 6 milhões de dólares ou euros por ano. Rui Vitória nunca seria um empecilho para o Benfica no sentido de esperar uma compensação financeira. Nós, internamente, já tínhamos decidido que o Benfica tinha a obrigação de pagar os vencimentos dele e dos adjuntos enquanto estivessem desempregados», revelou o presidente dos encarnados.
Luís Filipe Vieira nega perentoriamente que tenha contactado Jorge Jesus para suceder a Rui Vitória no comando técnico do Benfica. Em sentido contrário, foram várias as mensagens que recebeu por parte de treinadores interessados no lugar. Algumas das quais surpreendentes.
«Jorge Jesus nunca foi contactado para ser treinador do Benfica. A comunicação social não tem culpa nenhuma, alguém passou essa notícia. Ninguém me pode proibir, e Rui Vitória está suficientemente bem identificado com isso, de falar com Jorge Jesus. Jorge Jesus nunca foi mencionado por mim para ser treinador do Benfica. O que eu disse é que não sabia qual seria o futuro de Jorge Jesus. Nem o meu posso saber. Jorge Jesus pode ser a melhor testemunha, falámos sobre muita coisa, até sobre o Benfica noutras situações, mas nunca sobre o regresso dele neste momento», esclareceu.
«Alguns nomes que vieram [a público] hoje [quarta-feira] foram falados. Mas não há ninguém que possa dizer que foi contactado pelo Benfica ou por alguém do Benfica. Ao longo do dia de hoje [quinta-feira] recebi muitas mensagens de treinadores para vir para o Benfica. Com alguns fiquei surpreendido, é sinal que o Benfica tem um grande nome e está pujante», realçou, garantindo ainda que «Luisão nunca esteve em cima da mesa.»
«Poderá um dia estar…», ressalvou, indicando que «só houve uma situação provisória que esteve em cima da mesa.»
Luís Filipe Vieira recusa-se a responsabilizar única e exclusivamente Rui Vitória pelo mau momento do Benfica. E deixa claro que «há mais gente culpada.»
«Se Rui Vitória sai fragilizado? Lembro-me que Jorge Jesus esteve com os dois pés fora do Benfica, todos os benfiquistas pediam para ele sair… Não sou um presidente resultadista, sou muito mais estratégico. Acho que nenhum benfiquista deve estar arrependido por ter votado em mim. É notória em termos desportivos, financeiros e patrimoniais, está à vista de todos», afirmou.
«Qualquer treinador que colocasse agora em fase de transição poderia ficar com o nome chamuscado, e quem viesse a seguir também poderia não dar garantias de continuidade do projeto que temos no Seixal. Quando o Benfica pensar em ter um treinador novo tem de ser preparado com muita antecedência e estar identificado com o nosso projeto. Ninguém virá para o Benfica para ter o seu próprio projeto», vincou Vieira, atirando, perentório:
- Rui Vitória não é o único culpado, há mais gente culpada. Se tivéssemos de mexer não seria apenas numa peça. Hoje ficou tudo muito claro no balneário. É para jogar à Benfica, com garra, não lento, lento, lento.
Luís Filipe Vieira mantém vivo o sonho de ver o Benfica sagrar-se campeão Europeu com uma equipa formada, maioritariamente, por jogadores `made in Seixal´. E diz ser por vezes evidente a diferença de atitude daqueles que já jogam na equipa principal.
«Se viram os jogadores formados no Benfica que saíram há quatro ou cinco anos estão todos no top da Europa. Se o Benfica retiver o talento que tem em casa neste momento, e alguns já estão identificados e alguns na primeira equipa, com mais um toque ou outro poderá ser um sério candidato a ser campeão europeu. De uma coisa tenho a certeza, a partir desse momento será uma equipa com identidade à Benfica», afiançou.
E deixou um recado interno: «Aliás, nota-se a diferença de postura em campo de um jogador formado no Benfica em relação a outros. Nota-se bem essa diferença.»
Quarta-feira à noite, cerca de 24 horas depois do desaire em Munique, estava a estrutura diretiva do Benfica, incluindo Luís Filipe Vieira, inclinada a avançar para a rescisão com Rui Vitória. Porém, tudo mudou durante a madrugada que o presidente dos encarnados passou, sozinho, no Seixal.
«Não podemos pensar que por o Benfica ter perdido um campeonato, e falhado o acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões, alguma coisa vai transformar o Benfica. Somos pessoas responsáveis e escutamo-nos uns aos outros. Ontem [quarta-feira] fiz um determinado compromisso mas a cabeça não deu para aquilo, quando é assim não vale a pena. Sei como decido muita coisa no Benfica, por vezes dizem que vejo mais à frente. Não sei, foi uma luz que me deu. Acredito que é por ali que vamos e é por ali que o Benfica vai ganhar», afirmou.

MAIS UM CANDIDATO E COM PROGRAMA ELEITORAL,LEIA...


BRUNO COSTA CARVALHO APRESENTA PROGRAMA DE GOVERNAÇÃO.
Antigo candidato à presidência do Benfica, tendo sido derrotado por Luís Filipe Vieira nas eleições de 2009, Bruno Costa Carvalho publicou nas redes sociais um programa de governação para o clube.
Bruno Costa Carvalho salienta que o programa apresentado «fica aberto para debate, análise e reflexão», mas salienta o seu objetivo: «Pretende-se que o Benfica seja sistematicamente campeão nacional, candidato sério e real a troféus europeus, sólido financeiramente, eclético, com valores e que respeita, acarinha e promove a interacção com os seus sócios.»
Eis o documento na íntegra:
«PROGRAMA DE GOVERNAÇÃO PARA O SPORT LISBOA E BENFICA
QUAL A MISSÃO DO PRESIDENTE DO BENFICA?
A primeira missão de um Presidente do Benfica é a de cuidar da Instituição e dos seus sócios. Qualquer Presidente terá de perceber que esse é um lugar efémero e que a sua função é a de ser o principal servidor do Benfica tendo sempre em mente que o clube existe e é grande porque há milhões de Benfiquistas espalhados pelo mundo e que outros Presidentes o antecederam e construíram a sua glória e grandeza.
A segunda missão de um Presidente do Benfica é perceber que o Benfica existe para ganhar e para ter glória, sobretudo naquilo que é a sua pedra basilar: o futebol sénior masculino.
O terceiro requisito de um Presidente do Benfica é o de exercer o cargo com honra, dignificar e elevar permanentemente o bom nome do Benfica.
Finalmente, um Presidente do Benfica tem a obrigação de entregar ao seu sucessor um Benfica melhor do que o recebeu.
IDEIA CENTRAL DO PROJECTO PARA O BENFICA
O Benfica é a marca de maior prestígio em Portugal e é reconhecida e admirada em todo o mundo, especialmente nos países lusófonos.
O projecto que agora se apresenta pretende dar corpo a essa dimensão que, apesar de incontestada, pouco se tem corporizado.
Pretende-se que o Benfica seja sistematicamente campeão nacional, candidato sério e real a troféus europeus, sólido financeiramente, eclético, com valores e que respeita, acarinha e promove a interacção com os seus sócios.
Este projecto visa guindar, de uma forma definitiva e incontestável, o Benfica ao lote de super clubes europeus, recusando o modelo de investimento de multimilionários, mantendo sempre o Benfica na mão dos sócios e fiel ao espírito que presidiu à sua fundação.
Assim, pretende-se tornar o Benfica o epicentro de paixões e converter o Estádio da Luz no maior centro de negócios do mundo que fala português, que una empresários portugueses, brasileiros, angolanos, moçambicanos ou de qualquer parte do mundo em que haja um português e onde haja interesses portugueses.
É nas bancadas do estádio do Real Madrid - o Santiago Bernabéu - que muitos dos negócios que ligam Espanha à América Latina são feitos e em Stranford Bridge, situado no prestigiado bairro de Chelsea em Londres, que muitos empresários se encontram para conversar, sendo o futebol a desculpa perfeita para grandes negócios serem aí delineados.
O Benfica é o único clube português que tem potencial para que tal aconteça entre, pelo menos, empresários que falam o português em vários pontos do mundo. Desde os Estados Unidos, França, Angola ou Brasil, há muitos empresários que falam português e que podem ver em Lisboa, e no Estádio da Luz, o seu centro privilegiado de reuniões.
Para que tal aconteça, o Estádio da Luz tem que ser muito atractivo, tem que ser o palco de grandes jogos, de grandes jogadores, de tardes e noites inesquecíveis em que os espectadores são brindados com um grande futebol, com um futebol alegre, ofensivo, dominador e onde a vitória do Benfica está sempre próxima.
Desta forma o Benfica encontrará, com naturalidade, o seu lugar permanente entre os maiores clubes da Europa e do mundo, completando com Barcelona e Real Madrid um triângulo de domínio do futebol na Península Ibérica.
Ao mesmo tempo que se criam as condições para o Benfica pertencer, sem margens para dúvidas, à elite do futebol mundial, nunca poderá ser esquecida a matriz social do clube, não ignorando nunca as suas fortes raízes populares, dando sempre cada vez mais importância aos sócios e às condições de funcionamento das Casas do Benfica que são uma bandeira do Clube um pouco por todo o mundo.
Este é o programa de governação para o Sport Lisboa e Benfica dividido em 10 eixos principais:
O PROJECTO
1. ALTA COMPETIVIDADE DA EQUIPA DE FUTEBOL
O coração do Sport Lisboa e Benfica é a sua equipa de futebol sénior masculino e as vitórias que alcança.
Para que que as vitórias estejam mais perto de acontecer, há vários pontos a atender:
- Aproveitamento desportivo dos talentos da formação do Benfica e das descobertas do scouting;
- Adicionar ao plantel pelo menos 3 jogadores de renome internacional que tragam valor acrescentado, que entusiasmem patrocinadores nacionais e internacionais e que mobilizem todos os sócios do Benfica. Este acréscimo de valor tornará o Benfica sempre o candidato mais forte a ganhar o campeonato nacional e dará reais probabilidades de chegar às fases decisivas da Liga dos Campões. Não basta dizer-se que se quer ser campeão europeu. É necessário ter uma estratégia e um rumo que permita alcançar esse desiderato;
- Contratar um treinador de mandato que se enquadre nos objectivos traçados, que tenha um valor inquestionável, que tenha um compromisso de longo prazo com o clube e que aproxime, fortemente, o Benfica das vitórias.
2. REFORÇO DA SITUAÇÃO ECONÓMICO-FINANCEIRA
Muito do futuro dos clubes em Portugal e no mundo dependerá da solidez da sua posição financeira. Este é um eixo central do programa para o Benfica sem o qual tudo o resto fica comprometido.
O reforço da competitividade da equipa de futebol, que exigirá mais investimento, em nada é incompatível com o objectivo de melhorar a situação económico-financeira do Benfica.
Resultados desportivos e qualidade dos planteis permitirão melhorar as receitas sob os mais diversos prismas: receitas provenientes da Champions League, receitas na venda de jogadores que serão cada vez mais valorizados, receitas com merchandising e melhoria de patrocinadores, apetência das grandes marcas pelo naming do Estádio a Luz, receitas com bilheteira e crescimento do número de sócios pagantes.
Por outro lado, a melhoria das finanças do Benfica será, igualmente, decorrente de um rigor férreo no lado dos gastos, tendo uma estrutura sem gorduras, racional, diminuindo o número de jogadores com contrato e optando por comprar bem menos e muito melhor.
Todas as vendas de jogadores contribuirão directamente para o pagamento do passivo financeiro (empréstimos bancários, empréstimos obrigacionistas, papel comercial, factoring ou produtos equivalentes). Assim, 25% de cada venda será directamente canalizada para o abatimento da dívida financeira até que ela seja zero.
Há também o compromisso, que será vertido para uma revisão estatutária, da SAD e Clube apresentarem sempre Resultados Líquidos positivos em todos os exercícios.
Finalmente, todos os negócios de compra e venda de jogadores serão devidamente explicados aos sócios, explicitando-se de forma totalmente transparente todas as comissões pagas.
3. REVISÃO DOS ESTATUTOS
A revisão dos estatutos do Sport Lisboa e Benfica impõe-se para devolver o sentimento de democracia que sempre imperou no clube e que os actuais estatutos vieram pôr em causa.
Para além de várias outras alterações de detalhe, estes são os grandes eixos na revisão de estatutos que se impõe fazer imediatamente:
- Equiparação dos direitos dos Sócios Efectivos aos dos Sócios Correspondentes. Os Sócios Correspondentes não podem servir para pagar quotas para depois não terem quaisquer direitos electivos. Deste modo, propõe-se que as quotas dos Sócios Correspondentes se mantenham mais baratas, mas que, em termos de direitos electivos, tenham os mesmos direitos dos Sócios Efectivos.
- Alteração do peso dos votos de cada sócio conforme (que é igual ao dos anteriores estatutos):
* Sócios com mais de um 1 ano e até 5 anos: 1 voto
* Sócios com mais de 5 anos e até 10 anos: 5 votos
* Sócios com mais de 10 anos: 20 votos
A actual situação dá demasiado peso a sócios mais antigos que, podendo ter uma maior importância nas decisões, não devem, no entanto, ser os únicos a decidir os destinos do Clube, retirando o entusiasmo aos mais novos e trazendo algum sentimento de imobilismo e de desânimo.
- As Casas do Benfica, Filiais e Delegações deixam de ter direito a voto. Os únicos com direito a votar passam a ser os sócios do Sport Lisboa e Benfica.
- Alteração das condições para se poder ser membro de um Órgão Social do Benfica. A capacidade total eleitoral passar a ser atingida aos 10 anos de sócio em vez dos actuais 25 anos que é um período de tempo extremamente longo e completamente desajustado. Nos casos dos Presidentes da Mesa da Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal, obrigatoriedade de terem, pelo menos 35 anos de idade.
- Só poderá haver voto electrónico se for acompanhado de voto físico que permita recontagens. Em caso de recontagem, prevalecerá o voto físico.
- Proibição estatutária de exercícios com contas de exploração negativas. A verificação de um prejuízo nas contas anuais significará a queda da Direcção e de todos os Órgãos Sociais e a convocação de eleições no prazo de 60 dias. Se por alguma razão extraordinária for necessário que um exercício apresente resultados líquidos negativos, esse orçamento deverá ser levado a uma AG Extraordinária para o efeito e deverá ser aprovado por 2/3 dos votos.
- A não aprovação do Orçamento ou do Relatório e Contas do Sport Lisboa e Benfica em Assembleia Geral obrigará a Direcção à sua reapresentação em nova Assembleia Geral que decorrerá, exclusivamente para esse efeito, no prazo máximo de 30 dias após o chumbo inicial. Um segundo chumbo implicará a queda da Direcção e de todos os Órgãos Sociais e a convocação de eleições no prazo de 60 dias.
- Obrigatoriedade na participação em pelo menos dois debates, com o mínimo de 1 hora cada, dos candidatos a Presidente de Direcção. Os debates deverão ser realizados, em directo, pelo canal de televisão do Clube.
4. APOSTA NA FORMAÇÃO
A aposta na formação feita por parte do Benfica mostrou-se acertada e será, sem dúvida, para manter, sendo importante não esquecer que o Caixa Futebol Campus deverá ser sempre uma escola de Benfiquismo.
Propõe-se fazer regressar como líder do scouting o mais competente dos scouters portugueses – José Boto – que permita ao Benfica adquirir grandes talentos mundiais em fase em que ainda estão acessíveis.
Todos os jogadores de grande talento vindos da formação do Benfica que não tenham acesso imediato à equipa principal deverão ser submetidos a uma política de empréstimos pensada a longo prazo, permitindo-lhes rodar em campeonatos estrangeiros muito competitivos que lhes proporcione melhorar as suas capacidades técnico-tácticas.
5. OS SÓCIOS NO CENTRO DE TUDO
Os sócios são a razão de existir de qualquer clube. Os preços dos bilhetes, o conforto dos sócios, a criação de espaços de convívio, a opinião dos sócios e a sua mobilização para uma causa comum, que é o crescimento contínuo do Benfica, devem presidir à motivação de qualquer projecto para o clube.
Ponto essencial é a criação e implementação de um conjunto de mecanismos que permitam ter o Estádio da Luz esgotado para todos os jogos da Liga NOS mesmo antes de começar a competição. O detalhe de como isso se faz é, neste momento, confidencial.
6. APROXIMAÇÃO AOS GRANDES EMBLEMAS DO MUNDO
O Benfica deverá estar em contacto permanente com os grandes emblemas europeus e mundiais, tendo sempre a linha aberta para discutir os moldes e a sua participação nas competições existentes e a criar. A reaproximação ao Real Madrid é essencial, devendo-se corrigir os erros cometidos no passado.
7. UMA POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO EFECTIVA
Num cenário altamente competitivo entre os principais clubes nacionais, está perfeitamente visível a importância de uma comunicação forte, incisiva e eficaz. Essa comunicação não é possível sem profissionais altamente competentes. A actual equipa de comunicação do Benfica está desgastada e impõe-se a sua substituição por outra fresca e alinhada com os princípios que são os do Benfica.
Um política de comunicação bem sucedida necessita de um instrumento essencial que é uma televisão sem assinatura paga. A BTV deverá estar aberta a todos os assinantes cabo sendo apenas codificada durante os jogos da Liga por causa da vendas de direitos à NOS. Se tal se revelar impossível de concretizar devido a questões contratuais, a solução passa pela criação de mais um canal que possa ser aberto e acessível a todos de forma a que a mensagem do Benfica passe eficazmente.
Para que mensagem do Benfica passe com efectividade é necessária uma alteração profunda dos conteúdos da televisão do clube que está muito longe dos valores que sempre pautaram a vida do Benfica. A elevação e a coerência da linha editorial deverá substituir a actual falta de bom senso prevalecente no canal.
8. UM BENFICA ECLÉTICO
O Benfica deve definir com clareza as modalidades de pavilhão em que participará para ganhar: futsal, hóquei em patins, andebol, basquete e voleibol, tudo dentro de uma racionalidade económica à qual não se poderá fugir. O projecto olímpico deverá prosseguir.
O Benfica deverá procurar um grande patrocinador internacional que lhe permita regressar ao ciclismo respeitando assim o seu emblema.
9. MAIS BENFICA E MAIS BENFIQUISMO
Sem fundamentalismos, a estrutura do Benfica deverá ser preenchida, na medida do possível, por Benfiquistas. O não se ser Benfiquista no Benfica terá que ser a excepção e não a regra, apenas justificada pela qualidade absolutamente excepcional de algum profissional. Esta regra não se aplica a jogadores e treinadores.
10. CRIAÇÃO DE UM DEPARTAMENTO DE MÍSTICA
O Benfica deverá proceder à criação de um Departamento de Mística capaz de fazer a ligação entre a história do Benfica e o seu futuro. A recepção de qualquer jogador ou treinador deve ser enquadrada pelo Departamento de Mística que promoverá, igualmente, sessões públicas a explicar o que é o Benfica, sejam elas no estádio, nas casas do Benfica, nas escolas ou um pouco por todo o mundo, socorrendo-se de antigas glórias e especialistas na história do clube que permitam fazer a qualquer um sentir o que é um clube como o Benfica.
A organização de um congresso de 2 em 2 anos com a participação de ex-glórias do Benfica nas mais diversas modalidades será outra das tarefas incumbidas ao Departamento de Mística do Sport Lisboa e Benfica.»

BENFICA, PRIMADO DO POUCOCHINHO...


"De Munique não chegaram boas novas para a nação encarnada. A equipa de Rui Vitória continua anémica, muito longe do exigível a quem ainda na Champions com outras responsabilidades para além do cumprimento do calendário. Não há dúvida de que os últimos dois anos na liga milionária não contribuíram em nada para o prestígio do Benfica, com exibições a anos-luz de outras equipas de águia ao peito que, entre 1961 e 2014, ganharam o respeito da Europa, participando em dez finais da UEFA.
Mas chega de chorar sobre o leite derramado e passemos a questões menos nostálgicas e mais práticas.
O Benfica precisa de uma solução, porque o estado das coisas não é compatível com as obrigações do clube, nem externas nem internas. Pouco importará se essa solução será encontrada, ou não, num quadro que mantenha Rui Vitória como homem do leme. Importante é que tem a responsabilidade de tomar decisões na casa encarnada tenha bem interiorizado que o caminho que está a ser trilhado não é compatível com o investimento realizado no plantel, onde há jogadores pagos a peso de ouro que estão votados ao mais absoluto ostracismo e outros que mais não são do que sombras tristes daquilo que valem. Na equipa do Benfica, ao dia de hoje, falta confiança e sobram dúvidas. Certeza única e indesmentível é o desencanto dos adeptos, que se tem traduzido por inúmeras manifestações de desagrado. E sendo verdade que um clube não pode ser dirigido de fora para dentro, não é menos verdade que há realidades que se metem pelos olhos dentro. Segue-se o Feirense. Balão de oxigénio ou mais um passo rumo ao vazio?"

José Manuel Delgado, in A Bola