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domingo, 10 de novembro de 2019

E TUDO MUDOU AO INTERVALO


"Santa Clara fez por merecer mais mas o futebol não é uma questão de justiça

Pouca verticalidade
1. Importa referir, antes de mais, que foi um jogo muito interessante de seguir, com duas partes distintas por parte do Benfica. No primeiro tempo, apesar de ter mais posse de bola, a equipa de Bruno Lage apresentou muito pouca verticalidade e aproveitamento dos espaços na profundidade. Claro que aqui importa vincar o enorme mérito do Santa Clara, que se fechou muito bem, organizado num bloco médio-baixo e curta distância entre linhas, o que dificultou imenso a tarefa do Benfica na procura de espaços, mas a verdade é que o jogo do Benfica nunca fluiu, foi lento, pouco intenso e com poucas variações de ritmo, facilitando (e de que maneira) o trabalho da equipa açoriana, que quando recuperava a bola aproveitava muito bem os espaços que o Benfica dava nas costas da sua linha defensiva. De tal forma que, ao intervalo, a formação orientada por João Henriques até podia estar a ganhar por mais do que 1-0. Foi sempre muito objectiva e os seus extremos, não só na primeira parte mas enquanto tiveram frescura (sobretudo Carlos Jr. pela esquerda), causaram muitos problemas ao Benfica.

Problema de circulação
2. Para lá dos problemas já referidos no ponto anterior ao nível da verticalidade, intensidade e variações de ritmo, foi gritante, nos primeiros 45 minutos, o número de passes errados por parte das águias. Sobretudo por parte dos médios, com Gabriel a destacar-se claramente neste particular, mas não só. O Benfica perdia a bola com demasiada facilidade, o que era aproveitado pelo Santa Clara para desenhar rapidamente venenosos contra-ataques.

De cara lavada
3. Na segunda parte o Santa Clara manteve-se fiel ao que estava a colocar em prática (e com sucesso), mas a diferença esteve num novo Benfica. Desde logo no plano táctico, com a entrada de Carlos Vinícius para o lado de Seferovic e o recuo de Chiquinho para o meio-campo, o que ofereceu outras opções à equipa na construção, mas também, ou neste caso sobretudo, pela mudança de atitude dos jogadores encarnados. Um Benfica mais objectivo, mais agressivo, mais intenso, mais dinâmico, mais pressionante e com mais ritmo, que acabaria por conseguir a cambalhota no marcador. O Santa Clara, com solidez e compromisso, foi um adversário muito incómodo e que fez por merecer mais, mas o futebol não é uma questão de justiça. Uma nota final para Pizzi, que realmente nos jogos do campeonato português continua a ser decisivo."

João Carlos Pereira, in A Bola

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