"Nesta semana já tivemos um cheirinho de como será o regresso do futebol da primeira divisão. Não vou aqui discutir se a decisão é certa ou errada, cada pessoa terá a sua opinião. E há bons argumentos de ambos os lados desta discussão. Digo-vos apenas que é com grande orgulho que vejo jogadores, equipa técnica, staff e adeptos do Sport Lisboa e Benfica a cumprirem todas as regras. Não são só as máscaras, o gel desinfectante, as luvas ou os treinos condicionados, é a atitude. É o grau de responsabilidade, o profissionalismo e o desejo de enfrentar os novos tempos com o mesmo discurso do passado recente: vencer, pelo Benfica.
Logo na segunda-feita percebemos que há coisas que nunca vão mudar no futebol português. Viu-se num centro de estágio alugado, nos arredores da cidade do Porto. Cerca de 20 elementos de uma claque organizada mostraram como se vive em terra sem lei. Distanciamento físico? Esqueçam lá isso, foram todos juntinhos para uma bancada gritar e fazer fumo. Tarjas ofensivas? Claro que sim, então, se já insultaram ministros e juízes deste país, não haveria se ser pintada mais uma daquelas tarjas contra o seu ódio visceral? Nada de novo. Coisa parecida aconteceu, também nesta semana, na Rotunda Cosme Damião, junto à Catedral - um bando de mentecaptos resolveu vandalizar a homenagem aos grandes nomes do Glorioso. Parece que, 18 anos depois, continuam a não conseguir encontrar motivos para festejar. E assim será por muito tempo. O mundo pode mudar - e como mudou! -, e pede ser pedido a cada ser humano que encontre os melhores sentimentos em si e nos seus, mas há sempre quem não consiga reinventar-se. Pela cegueira clubística ou política, pela ignorância ou simplesmente por terem mau fundo. Fazem lembrar aqueles pobres coitados que se foram injectar com desinfectante porque ouviram um 'iluminado' a dizer que, se calhar, matava o vírus. Dá demasiado trabalho pensar pela própria cabeça, não é?"
Ricardo Santos, in O Benfica
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