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sábado, 9 de maio de 2020

FEJSA, O SÉRVIO APAIXONADO


"Talvez o leitor não tenha conhecimento, mas posso garantir que conheço mais da sua vida do que possa imaginar. Sei, por exemplo, que no dia 22 de Maio de 2005 estava com o coração a mil perto das 19h50, antes de o Simão bater o penálti no Bessa. Sei também que em 10 de Fevereiro de 2019 teve de agendar uma consulta de fisioterapia para recuperar de um estiramento muscular na coxa depois de se levantar pela décima vez naqueles 10-0 ao Nacional. Sei ainda o suficiente para poder assegurar que o leitor já leu uma ou outra declaração de amor, mas nunca leu uma carta de amor tão apaixonada como a carta que o Fejsa escreveu ao Benfica esta semana, partilhada pelo Record. 'O oceano não é tão grande como o nosso amor pelo Benfica. O cheiro a Portugal é o cheiro do Benfica' - Ljubomir Fejsa, 04-05-2020. Agora tenho mais dificuldade em olhar da mesma forma para Fernando Pessoa, José Saramago ou Eça de Queiroz. Estes autores, alegados génios da escrita, afinal seriam assim tão geniais? Têm várias obras publicadas, mas foi preciso aparecer um sérvio nascido a mais de 3000 km de distância para compor tão graciosa epígrafe. Espero que a Porto Editora inclua a carta na íntegra nos manuais escolares do próximo ano lectivo. Ao longo das afirmações,repartidas em diversos temas no artigo publicado, fica evidente o sentimento afectivo que liga o jogador ao Benfica. Não sei o amanhã, não se se voltarei a ver o Fejsa com o manto sagrado. Tenho uma certeza: estarei sempre grato aos milhares de quilómetros para impedir que eu e o leitor levássemos as mãos à cabeça, percorridos por um sérvio que é gigante dentro de campo e ainda maior fora dele."

Pedro Soares, in O Benfica

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