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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

AGIR OU REAGIR



 «As boas substituições são as que resultam». Foi isso que aconteceu em mais um jogo que se tinha de ganhar e se ganhou.

Agir em vez de ter de reagir. Terá sido o princípio que levou Bruno Lage a mexer triplamente na equipa com o resultado ainda em aberto e contra a lógica tradicional das substituições. Pouco antes, em direto na BTV, previ erradamente que seria Bruno Pinheiro a substituir em primeiro lugar, em função da desvantagem da sua equipa. Numa fase crítica e de jogo indefinido, o treinador do Benfica decidiu, desde logo, avançar e este risco foi amparado pela qualidade indesmentível dos substitutos e pelas diferentes dificuldades que viriam a colocar aos adversários.
Ao mesmo tempo, julgo poder pensar que, embora digamos que o jogo presente é que interessa, gerir três das mais importantes unidades da equipa terá tido em conta a proximidade do jogo com o Atlético de Madrid. No final, ficou um resultado robusto, uma eficácia quase total, ante um Gil Vicente que funcionando assim contentará por certo os seus adeptos.
É evidente a diferença para melhor, no aproveitamento e na variação das bolas paradas. Numa fase de construção tática coletiva complexa e mais demorada, as bolas paradas assumem um papel muitas vezes decisivo como neste jogo, enquanto o trabalho diário para a criação de oportunidades corridas prossegue e evoluirá mais gradualmente. A gestão dos jogadores disponíveis é agora bem mais rotativa e motivadora do que antes.
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Anthony Lopes, internacional português. Toda uma vida desportiva no Lyon de França e muitos anos como capitão de equipa. Nada disso agora interessa. Consideração e respeito são valores do passado, fora de moda. Do clubismo, dos ídolos e dos méritos desportivos passámos aos investidores passageiros e respetivos interesses económicos. Clubes e jogadores são agora de usar e deitar fora.
Suporte básico de vida
Já faz muito tempo que vivi a experiência mais assustadora da minha vida. Jogava ainda no Portimonense (anos 80) e na pré-época íamos a Huelva defrontar a equipa local. O almoço que antecedeu o jogo amigável aconteceu num restaurante com vista para uma piscina, na altura cheia por ser verão. A meio da refeição fomos alertados pela confusão que se instalou e percebemos que tinham tirado do fundo da piscina um miúdo inconsciente. O nosso massagista José Manuel Proença correu apressadamente para o local e durante momentos que pareciam não acabar, tentou a reanimação da criança.
Foi terrível esse tempo de espera e pânico que não acabava. Sofremos em conjunto desejando que o nosso parceiro conseguisse salvar a criança, imaginando a enormíssima responsabilidade de ter nas mãos a vida de alguém. O final foi muito feliz e o nosso herói conseguiu o salvamento. Celebrámos e chorámos juntos, tal a intensidade e importância do que vivemos.
No último jogo do Benfica foi emitido um vídeo, no intervalo, promovido pelo Hospital da Luz, com o jogador António Silva como protagonista, exemplificando uma técnica de reanimação, que pode ser decisiva em situações extremas onde a sobrevivência está em causa.
Muitos anos depois do pesadelo vivido em Huelva que descrevi, mas agora em Lisboa numa reunião de amigos, fui confrontado com a asfixia aflitiva de alguém presente. Imensamente pressionado pelo momento e sem saber bem o que fazer, vivi a responsabilidade dramática de a salvar. Procurei nervosamente recordar alguma ação que lhe permitisse respirar. Com mais força do que engenho ou técnica, lá consegui com muito stress e alguma sorte, que a pessoa conseguisse finalmente libertar a respiração e voltar ao seu estado normal. Foi um alívio imenso que ainda hoje agradeço bastante.
Depois deste enorme susto prometi-me que faria o curso de Suporte Básico de Vida, para estar mais preparado em caso de acontecimento semelhante. Pouco tempo depois, frequentei a respetiva formação específica na Cruz Vermelha. São só quatro horas, não é caro e podemos fazer a diferença em episódios de risco como aqueles que vos relatei.

Rui Águas, in a Bola

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