sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

ULTRAPASSADA MAIS UMA FINAL


 O Benfica ganhou por 3-0 ao Arouca numa noite estranha para Ederson (foi expulso) e estranhamente feliz para Carrillo (marcou o 3.º golo). Mitroglou fez os outros dois

Que Rui Vitória é um clássico que gosta dos clássicos já se sabia porque foi a partir de um que ele escreveu o livro “Arte da Guerra Para Treinadores” em que compara jogadores a cartas específicas de um baralho, pelo que fazem e representam num plantel. Basicamente, é um tomo para misters num desporto que alguns comparam a uma guerra, já que envolve estratégia e gestão de recursos.
Vitória não é o único que busca os antigos, que são fontes dignas e fidedignas, para fazer o seu trabalho e eu li por aí que os selecionadores dos All Blacks, por exemplo, tinham o “Science Of Victory” na gaveta da mesinha de cabeceira - já vos explico porquê.
“Science Of Victory”, ou a ciência da vitória, foi escrito por Alexander Suvorov, um dos grandes generais barra estrategas russos do século XVIII. O ideário dele era simples, mas eficaz: avançar rápido no terreno, avaliar as opções, atacar consecutivamente e consistentemente, reajustar e repetir tudo outra vez. Suvorov ganhou todas as 60 batalhas em que participou, muitas delas em inferioridade numérica - e aqui já percebeu onde quero chegar com isto.
Do fim para o início, rapidamente e em força: o Benfica ganhou por 3-0 com menos um em campo, marcou o terceiro golo no início da segunda parte sendo que a primeira terminara com a expulsão do guarda-redes Ederson quando a equipa já marcara dois e pusera o Arouca em apuros. Ou seja, o Benfica avançou, avaliou, atacou, reajustou, repetiu e ganhou em inferioridade numérica.
A ciência da vitória de Vitória. Está feita a piada.
Obviamente, esta análise bélica retira da equação aquilo que é mais importante numa equipa de futebol: a profundidade do plantel, vulgo, os ovos para fazer omeletas. É que o Benfica tem caixas deles, de classe S, M, L e até XL (sim, Luisão), biológicos, industriais e de galinhas criadas em capoeira. Quando um se parte, há sempre outro para substituir e se alguém lhe dissesse em dezembro que o Benfica iria andar a ganhar jogos em fevereiro com Zivkovic e Carrillo, sem Salvio e Cervi, o leitor não acreditaria - a não ser que se lembrasse que o Benfica tinha andado a ganhar jogos durante o outono sem Jonas e com Guedes.
Pois bem, são estas múltiplas opções de ataque que têm posto o Benfica mais ou menos a salvo das lesões, das vendas; mas, mais do que isso, são estas múltiplas opções de ataque que permitem ao treinador dar uns minutos aqui e outros acolá a futebolistas como Zivkovic e, sobretudo, Carrillo que marcou um golo que tranquilizou a equipa e o reabilitou aos olhos dos adeptos - e da crítica.


Para quem não sabe, Carrillo é conhecido por Culebra e culebra quer dizer cobra e embora a iguana não goste de cobras, dá-me jeito que sejam distantemente aparentadas para fazer este trocadilho com outro clássico: esta foi a noite da Culebra, porque também ele se libertou da amarra em que a sua Maxine, seja lá ela quem for, o tinha aprisionado.
O SL Benfica alinhou com: Ederson, Nélson Semedo, Luisão, Lindelöf, Eliseu, Fejsa, Pizzi (80’ Filipe Augusto) , Zivkovic, Carrillo, Jonas (67’ Raúl) e Mitroglou (44’ Júlio César).

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