segunda-feira, 30 de novembro de 2020

DEPOIS DO ERRO A REVIRAVOLTA



   O Benfica até entrou bem na Madeira, mas (mais) uma oferta gigantesca de Otamendi permitiu ao Marítimo adiantar-se no resultado. A equipa de Jorge Jesus conseguiu dar a volta e vencer (1-2), mas a exibição não Segunda-feira, 30 de novembro (na verdade, a segunda-feira após o Thanksgiving norte-americano), é dia de cyber monday no comércio eletrónico, um dia destinado a escoar tudo o que ainda não foi vendido nas promoções da semana anterior, com a black friday. Em tempos de confinamento mundial, é natural que as ofertas online aumentem e que as respetivas compras também, mas não se esperava que isso acontecesse nos Barreiros, no Marítimo-Benfica, jogo que fechou a 8ª jornada da Liga NOS e que começou muito tremido para os benfiquistas - principalmente por cortesia das ofertas de Otamendi.

Com o Benfica, 4º classificado com 15 pontos, obrigado a ganhar, depois das vitórias dos rivais Sporting (1º, com 22 pontos), Braga (2º, com 18 pontos) e FC Porto (3º com 16 pontos), o que se viu na Madeira foi um Benfica pouco produtivo, apesar das mudanças de Jorge Jesus: em relação ao jogo de quinta-feira contra o Rangers, para a Liga Europa, saíram do onze Helton, Jardel e Chiquinho e entraram Odysseas, Otamendi e Pizzi.
Naturalmente, foi o Benfica a entrar melhor, atacando invariavelmente pelo corredor lateral esquerdo, onde Grimaldo foi claramente o melhor jogador da equipa de Jorge Jesus, ao oferecer muita profundidade ao ataque, entendendo-se bem com um renovado Everton - logo no início da partida, o brasileiro acertou um remate na trave.



Contudo, o primeiro golo a surgir foi para a equipa de Lito Vidigal, sempre arrumada como o treinador gosta: bem fechada lá atrás e a sair rapidamente para o contra ataque. Num lance aparentemente inócuo, após uma bola longa lançada para a frente, Otamendi - mais uma vez... - voltou a dar uma oferta aos adversários, no caso, Rodrigo Pinho, o mui móvel avançado do Marítimo, que aproveitou para recolher a bola e fazer o 1-0, perante Odysseas.
O infortúnio de Otamendi deixava o Benfica, mais uma vez, em desvantagem e intranquilo, algo que se tem repetido nos últimos jogos - e o central argentino quase voltava a perder outra bola perigosa poucos minutos depois.
Com o golo, o Marítimo foi equilibrando o jogo e voltou a criar perigo por intermédio de Rodrigo Pinho, mas o avançado não acertou bem na bola de cabeça - possivelmente porque entretanto já tinha um olho negro devido a um choque de cabeça com Otamendi.


O Benfica voltou a tentar pegar no jogo e sempre pelo corredor esquerdo, com os dois suspeitos do costume: Everton e Grimaldo. Foi o espanhol a ganhar a linha depois de uma combinação com o brasileiro e a cruzar para os pés de Pizzi, na área, com o internacional português, a jogar a '8', a fazer o 1-1.
Depois do empate, voltou a haver mais Benfica e tanto Rafa (a passe de Everton) como Luca Waldschmidt (muito apagado) falharam oportunidades de golo na área de Charles.
À entrada para a 2ª parte, mais do mesmo: o Benfica a carregar no ataque para chegar ao segundo golo, com o Marítimo a procurar tapar os caminhos para a baliza, enquanto saía em contra ataque.
Logo aos 51', Seferovic descobriu Everton na esquerda e o extremo brasileiro, bem, desenvencilhou-se do adversário e rematou para o 2-1.


Já com o relvado dos Barreiros em péssimas condições - a chuva não deu tréguas ao longo do dia no Funchal -, o jogo foi baixando cada vez mais em termos de qualidade e pouco mais se viu, tanto de uma equipa como de outra.
Com o Benfica a tentar controlar a partida, o Marítimo viu-se quase sem soluções a partir dos 75', com - finalmente - um remate de Milson, que saiu para as mãos de Odysseas.
Depois, Jesus tentou estabilizar a equipa, fazendo entrar Samaris e Diogo Gonçalves para os lugares de Seferovic e Gilberto, e o Benfica retomou o domínio do jogo.
Nos últimos minutos, o Marítimo tentou encostar-se à área adversária, mas também sem sucesso.
Triunfo difícil do Benfica na Madeira, que deixa a equipa em 3º lugar, com 18 pontos. Melhor o resultado do que a exibição também devido ao péssimo estado do relvado dos Barreiros

VITÓRIA NA B



 ÍMPETO DE MORATO FOI VALIOSO E GARANTIU OS TRÊS PONTOS!

FUTEBOL
Entrada forte na segunda parte foi preponderante para alcançar o triunfo na 10.ª jornada da II Liga.
A equipa B do Benfica recebeu e venceu (1-0) o Varzim no Campo n.º 1 do Benfica Campus, em partida a contar para a 10.ª ronda da II Liga. O golo solitário de Morato foi decisivo numa partida bastante renhida e decidida ao pormenor. Foi o segundo triunfo seguido das jovens águias!
Após uma sólida exibição diante do Cova da Piedade (9.ª jornada), os comandados de Renato Paiva voltaram a entrar a todo o gás no Benfica Campus. As águias estavam mais céleres na construção de jogo e chegavam com algum perigo diante da baliza à guarda de Ricardo. O primeiro lance de perigo surgiu mesmo aos 2'... Paulo Bernardo, na marcação do canto, fez um cruzamento tenso, o guardião do Varzim não chegou ao esférico, Pedro Ganchas cabeceou, porém, a bola acabou por sair ao lado da baliza.
A equipa do Varzim procurava atrapalhar a construção de jogo do Benfica B e a pressão alta, e constante, obrigava os encarnados a jogar bolas longas para zonas avançadas do terreno. O futebol rendilhado e a boa circulação de bola não estavam a acontecer. Aos 20' o Varzim colocou mesmo o esférico no fundo da baliza encarnada, contudo, o lance foi anulado por fora de jogo. Rui Silva efetuou um bom cruzamento, mas Irobiso estava adiantado relativamente a última linha do Clube da Luz.
Aos 30', Vukotic teve no seu pé esquerdo uma boa oportunidade para alterar o marcador. O médio montenegrino sofreu falta à entrada da grande área, mas na marcação do livre não conseguiu ultrapassar a barreira. O remate a meia altura levava fogo, mas bateu em cheio no corpo de Rui Silva, que teve de ser assistido pela equipa médica.
Se a atacar não foi eficaz, a defender não se pode dizer o mesmo... Aos 40' e depois de um contra-ataque supersónico por parte da equipa do Varzim, Vukotic conseguiu negar o tento forasteiro em cima da linha de golo. Um excelente corte depois de Irobiso picar a bola por cima de Fábio Duarte. Ao intervalo: 0-0.
As águias vieram de energias renovadas para a segunda parte e aos 46' chegaram ao primeiro golo da partida (1-0). Vukotic – um dos mais ativos no primeiro tempo – bateu o canto do lado direito, a bola efetuou uma trajetória em arco na direção de Pedro Ganchas. O lateral/central, já no interior da área, atirou ao poste esquerdo... O esférico ficou a rolar na pequena área, os defesas do Varzim atrapalharam-se e Morato, impetuoso, disse "presente", atirando a contar.
O conjunto do Varzim, a perder, tentava vencer todos os duelos pela disputa de bola, contudo, o excesso de jogo físico colocava mazelas nos jogadores do Benfica B. Que o diga Diogo Mendes, que sofreu duas faltas bastante duras nos primeiros quinze minutos da segunda parte.
Aos 74', as águias reclamaram uma alegada grande penalidade sobre Paulo Bernardo. Apesar de não ter sido esta a opinião do árbitro, ficou a nota para o excelente lance benfiquista. Kevin Csoboth cruzou com conta, peso e medida, Henrique Araújo amorteceu de cabeça e deixou Paulo Bernardo de frente para a baliza. No minuto seguinte (75') Renato Paiva decidiu refrescar a sua equipa e lançou Samuel Pedro na partida. Kevin Csoboth foi o atleta substituído. Martin Chrien – a estrear-se nesta época na 2.ª Liga – também entrou (83') na partida, rendendo Vukotic.
O Benfica B estava mais acutilante do que o Varzim. As águias chegavam com maior fulgor ao último terço do terreno, contudo, faltava sorte e um maior poder de decisão no momento do último passe. Tiago Gouveia ainda foi a jogo – entrou para o lugar de Tiago Araújo –, mas o marcador já não se iria alterar. Os forasteiros, por intermédio de Lessinho, ainda usufruíram da melhor ocasião do segundo tempo, todavia, o remate do camisola 7 passou a rasar o poste esquerdo. Resultado final: 1-0.
DECLARAÇÕES
Renato Paiva (treinador do Benfica B): "Sabia que teríamos aqui um jogo tremendamente difícil. Eu disse que a classificação era relativa. O Varzim tem homens muito rápidos que tentaram ganhar-nos na profundidade. A linha defensiva controlou muito bem e não tivemos muita perda de bola. Esta foi uma vitória mais de crença e luta, mas tivemos aqui momentos de grande qualidade. Queria enviar um abraço e manifestar as minhas condolências à família do mister Vítor Oliveira. De forma pessoal, pela amizade, quero dedicar-lhe esta vitória."
Paulo Bernardo (jogador do Benfica B e Homem do Jogo): "Foi um grande jogo da nossa parte, ganhámos o jogo na raça, na luta… Estamos muito contentes com esta vitória. Demos um passo em frente e queremos continuar assim."
Fábio Duarte (guarda-redes do Benfica): "O Varzim vendeu cara a derrota. Foi uma vitória justa, mas muito difícil, de uma equipa muito aguerrida… Quando não dá no talento, dá na raça. É esta atitude que a equipa tem de ter sempre. Estivemos muito tempo sem ganhar em casa e o nosso objetivo é sempre ganhar, especialmente em casa, onde não podemos facilitar. Queremos fazer do nosso campo uma fortaleza e vamos trabalhar para consegui-lo."
Benfica B-Varzim, 1-0
FICHA
Local
Benfica Campus, Campo n.º 1
Onze do Benfica B: Fábio Duarte, Fábio Baptista, Kalaica, Morato, Pedro Ganchas, Diogo Mendes, Vukotic (Martin Chrien, 83'), Paulo Bernardo, Csoboth (Samuel Pedro, 75'), Tiago Araújo (Tiago Gouveia, 90') e Henrique Araújo
Suplentes: Samuel Soares, Filipe Cruz, Tomás Araújo, Henrique Jocu, Martin Chrien (83'), Ronaldo Camará, Tiago Gouveia (90'), Samuel Pedro (75') e Zé Gomes
Boletim clínico: Umaro Embaló (lesão muscular na coxa esquerda); Sandro Cruz (lesão muscular na coxa direita); Diogo Capitão (status pós-cirúrgico ligamentoplastia do cruzado anterior no joelho esquerdo); Jair Tavares (lesão muscular na coxa direita); Rafael Brito (entorse da tibiotársica direita); Frimpong (lesão muscular na coxa esquerda); Daniel dos Anjos (infetado com COVID-19)
Ao intervalo0-0
Marcador do Benfica B: Morato (46')

PLENO DE VITÓRIAS



 PRIMEIRA FASE DO CAMPEONATO SELADA COM CHAVE DE OURO!

VOLEIBOL
O Benfica venceu o VC Viana (1-3) e termina esta fase inicial invicto com um pleno de 13 vitórias... é obra.
A equipa de voleibol do Benfica deslocou-se ao Pavilhão Municipal Santa Maria Maior, casa do VC Viana, para disputar a 10.ª ronda do Campeonato Nacional. Frente à equipa-sensação da prova, triunfo convincente: 1-3.
Frente a frente no fecho da primeira fase da competição, o líder Benfica e o 4.º classificado, o VC Viana, com a particularidade de, à entrada para esta partida, serem as duas únicas equipas invictas na presente edição do Campeonato Nacional.
Primeiro e segundo sets tirados a papel químico, com o Benfica a disparar e fechar ambos os parciais com um 17-25, perante a boa réplica dos homens de Viana. No 3.º set os anfitriões mostraram o motivo pelo qual são a equipa-sensação da competição e, num parcial muito emotivo e na raça de ambas as partes, venceram por 25-22, reduzindo para 1-2 no jogo.
No 4.º set, equilíbrio inicial, contudo, os encarnados puxaram dos galões e partiram para uma confortável vantagem: 14-25, 1-3 no jogo.
Caminhada irrepreensível das águias, com 13 vitórias nos 13 desafios disputados, um total de 39 pontos e a liderança da classificação. É obra! É muito trabalho!
Segue-se a segunda fase do Campeonato onde vão marcar presença os oito primeiros classificados, e abre-se também a janela europeia, com a formação de Marcel Matz a viajar até à Turquia para as contas da Challenge Cup, onde vai defrontar a formação do Halkbank nos oitavos de final.
DECLARAÇÕES
Marcel Matz (treinador do Benfica): "Esperava um jogo difícil, frente a uma equipa com confiança, mas fizemos um bom jogo e fomos superiores na maior parte do desafio. Foi uma vitória convincente. Terminada a primeira fase é preparar para o que vem aí pela frente."
VC Viana-SL Benfica, 1-3
FICHA
Local
Pavilhão Municipal Santa Maria Maior
Formação do Benfica: Ivo Casas (L), Rapha, Tiago Violas, André Lopes, Peter Wohlfi, Theo Lopes e Marc Honoré
Suplentes: Hugo Gaspar (cap.), Nuno Pinheiro, Bernardo Silva (L) e Afonso Guerreiro
1.º set 17-25
2.º set 17-25
3.º set 25-22
4.º set 14-25

AINDA SOBRE O FUTURO (DO DESPORTO NACIONAL)

 "


Facto

Iuri, Maria, Rui, Ivo, Rochele, Telma, Jorge, Rui, Júlio, Joana, Marcos... e Miguel.
Conhece estes nomes? Todos eles atletas, todos eles ou medalhados ou com desempenhos excepcionais nos últimos quinze dias... como por exemplo o Miguel, novamente a contribuir para a história do motociclismo português, elevando a bandeira ao seu nível mais alto no passado fim de semana.
Tudo isto nos últimos 15 dias, se considerássemos os últimos meses, esta lista agigantava-se com mais uma série de nomes que tanto tem feito pelo desporto português.
Tudo isto num ano completamente atípico, num cenário de pandemia global, a terem que re-inventar as suas práticas diárias de excelência, uma vez afastados dos seus espaços habituais de treino e arredados dos grandes palcos competitivos internacionais por cancelamento dos quadros competitivos das diferentes modalidades.
Num ano onde, muitos, tiveram inclusive que renegociar o seu sonho por verem adiados os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Facto
Num primeiro levantamento apurado em 5 federações de modalidades coletivas, e mesmo que importe recolher os indicadores de todas as modalidades para termos maior perceção do fenómeno em termos globais, registou-se um decréscimo de inscrição de atletas nas respetivas federações de cerca de 80% (em apenas 5!).
80%? Comparativamente à época transata, temos cerca de menos 173 991 atletas inscritos, com algumas modalidades a perderem cerca de 85% dos seus praticantes?
Possíveis factos
Se este fenómeno se revelar transversal a todas as federações, iremos assistir a uma redução de “pódios” em cerca de 80% dentro de uma década? Por motivo de todas as desistências a que vamos assistindo?
E na Sociedade em geral? Teremos quantas centenas de milhar de jovens a entrar no mercado de trabalho, quem sabe a ocupar posições de decisão, menos preparados, menos ágeis em termos do seu quociente de inteligência emocional, da sua capacidade de superação ou de resistência à frustração através da ativação de um nível de esforço desejável para a boa prossecução de metas e objetivos?
Que outras áreas poderão, de forma tão veemente, substituir o Desporto na forma como une portugueses? Que outras áreas devolvem o orgulho nacional, a sensação de identidade e de esperança na capacidade que os portugueses têm, em tantas vezes com tão pouco, erguerem-se e “darem cartas” nos grandes palcos internacionais?
Que outras áreas, de forma tão intimista, agregam famílias e unem amigos em experiências emocionais únicas, onde se aprende a perder e a ganhar?
Que outras áreas?
Este é um momento de reflexão.
Não só para o Desporto, mas também para o Desporto pois, no momento, o seu impacto em Portugal e nos Portugueses é inimaginável – razão pela qual se torna tão importante poder antecipar e prever esses mesmos impactos para que possam ser aplicadas medidas que assegurem a sua (nossa) sobrevivência."

DESPORTO E VALORES



 "O interesse pelo desporto tem vindo a ganhar, ao longo dos tempos, um importante significado social, sobretudo nas sociedades ocidentais (industrializadas), assim como se tem assistido a uma diversificação nas formas de estar e de participar neste espaço social. O desporto, desde o início da sua história, foi associado a valores (fair-play, solidariedade, autoestima, respeito pelo próximo, etc.), tendo em vista a promover a sua prática. A sua existência foi estabelecida sobre pressupostos, tornando-se um mito. Para demonstrar o seu interesse e justificar a sua legitimidade, os promotores do desporto procuram apresentar a prática como um elemento de bem-estar individual e coletivo. Muitos discursos relativos ao desporto não economizam palavras laudatórias sobre para que ele serve e o que vale.

As competições internacionais são sempre momentos importantes para relembrar a sua natureza e exorcizar a sua prática. Mais do que um simples jogo ou uma atividade de divertimento ou de performance, o desporto deve ser compreendido a partir dos benefícios que pode promover, sobretudo para aqueles que o expõem, o admiram, o praticam ou o organizam. Longe das teorias deterministas, que consideram a prática desportiva exclusivamente dependente das suas componentes objetivas (motrícias, fisiológicas, etc.), convém abordar o lugar social do desporto por intermédio das mais-valias associadas. Produto de uma história que coloca os valores no centro do seu projeto universal, o desporto é regularmente associado às funções que os atores sociais lhe atribuem. Investido de missões e de ideais, a sua prática reveste-se de uma importância considerável para todos aqueles que procuram transformar o homem e a sociedade.
A representação social de um “desporto +” é claramente dominante, deixando pensar que nada pode incomodar uma prescrição desportiva naturalmente estabelecida. Permitindo validar a legitimidade e condenar a ilegitimidade, os valores associados ao desporto constituem uma escala para julgar a sua utilidade. Afirmar que o desporto provoca excessos, violência, rejeição das diferenças, reforço do individualismo ou imoralidades de certos comportamentos desportivos, não significa que o desporto não tem valor, mas, pelo contrário, que o desporto é portador de valores que convém precisar para clarificar este fenómeno e dar-lhe a importância merecida. Ao se aceitar a realidade, não nos devemos fechar numa beatitude submissa que associa os princípios sedutores, desfasados ou contraditórios da sua prática. Um exame sobre o desporto como ele é, e não como deveria ser, torna-se indispensável para se ter uma ideia dos incidentes de percurso. Se não é possível contestar a existência desportiva, parece-nos primordial questionar a sua natureza."

DESLOCAÇÃO DIFÍCIL


"São sobejamente conhecidas as habituais dificuldades sentidas nas deslocações do Benfica à Madeira para defrontar o Marítimo.

Foram já 40 os jogos disputados com o Marítimo no Funchal para o Campeonato, verificando-se um natural saldo favorável às nossas cores, porém mais equilibrado que o verificado com a maioria dos restantes adversários: 18 vitórias; 13 empates; 9 derrotas. Nas últimas cinco temporadas predominou o equilíbrio, com duas vitórias para cada lado e um empate.
Cientes do histórico e não obstante o contexto atual da nossa equipa, caracterizado pelo calendário sobrecarregado e por vários indisponíveis no plantel, é com mentalidade vencedora que foi feita a preparação para mais uma partida da Liga NOS, que terá início, hoje, às 19 horas.
Jorge Jesus deu conta disso mesmo, realçando que "a responsabilidade do Benfica é vencer e continuar a somar para que possa recuperar a posição que já teve, que é o primeiro lugar, onde esteve até à 5.ª jornada".
Este será o terceiro de mais um ciclo intenso de jogos. Depois do triunfo em Paredes, a contar a Taça de Portugal, e do empate em Glasgow, que nos colocou muito bem posicionados para o apuramento para os 16 avos de final da Liga Europa, seguem-se Marítimo (hoje, dia 30) e, em dezembro, Lech Poznan (dia 3), Paços de Ferreira (dia 6), Standard Liège (dia 10), Vilafranquense ou Sanjoanense (dia 13), o embate dos quartos de final da Taça da Liga (dia 16 ou 17) e ainda mais três partidas até ao final do mês.
O calendário bastante exigente da presente temporada dificulta a sistematização de processos e a recuperação física dos atletas, mas esse é um constrangimento desejável, pois significa que a nossa equipa continua a disputar todas as competições, fazendo-o com a ambição de sempre, procurando vencer todas as partidas que disputa.
Hoje, nos Barreiros, não será exceção!"

PRIMEIRAS PÁGINAS DA LIXEIRA JORNALEIRA TUGA

 


domingo, 29 de novembro de 2020

VLACHODIMOS VS HELTON VS SVILAR: AMEAÇA TRIPLA PARA VER QUEM FICA



 "Odysseas Vlachodimos, Helton Leite e Mile Svilar. Estes são os nomes das três opções que o SL Benfica tem ao seu dispor para a salvaguarda das suas redes. Três nomes distintos, três nacionalidades diferentes e três atletas com muitas diferenças.

Convergem, na minha opinião, num ponto sobejamente importante: nenhum é, neste momento no tempo e no espaço, guarda-redes para um SL Benfica dominador em Portugal e minimamente competente na Europa. Note-se que estas palavras não significam que qualquer um deles seja responsável pelo paupérrimo momento da equipa.
Significam – ou intentam significar – que a construção (a verdadeira construção!) de um SL Benfica à medida do que se pretende terá que começar pela posição mais recuada e implicará, inevitável e invariavelmente, que as águias garantam que têm como escolhas para a posição um guarda-redes de nível (indiscutivelmente) mundial.
Vlachodimos não o é, nem creio que possa atingir tal patamar – pese embora a muita qualidade entre postes que demonstra. Helton Leite, de quem particularmente não desgosto, não é de topo mundial e, a virar a esquina dos 30, não é plausível que venha a ser.
Resta Svilar. Dos três, o único, pela idade e qualidade, o único que ainda pode almejar vir a ser um guarda-redes da classe que o clube da Luz procura recuperar. Todavia, esse porvir está por vir e, como tal, Svilar não é, de momento, a melhor opção para os encarnados.
O ideal seria, então, para o clube e para o jovem belga, um empréstimo interno ou a um clube belga, tal qual estava planeado acontecer na última janela de transferências, sendo o negócio final gorado pela contração por parte de Svilar do novo coronavírus.
Um empréstimo de dois anos não seria de descartar, uma vez que possibilitava ao belga instalar-se, agarrar a titularidade e crescer nesse papel. Naturalmente, a escolha do clube arrendatário teria que ser bem ponderada e a manutenção de uma opção de resgate do jogador e a exclusão de uma cláusula de opção de compra teriam que ser partes integrantes do negócio.
Helton Leite ficaria no plantel, não pela maior ou menor qualidade, mas pelo carácter intermédio do brasileiro ex-Boavista FC. Não é novo o suficiente para ser emprestado, nem velho o suficiente para ser dispensado; não tem valor de mercado para ser vendido, mas é demasiado valioso para sair por uma bagatela; não é de classe mundial para ser titular, mas é bom o suficiente para estar no plantel.
Vlachodimos seria vendido já em janeiro, num – ou no meu – cenário idílico, com o intuito de rentabilizar financeiramente enquanto é tempo o desempenho desportivo do internacional grego e para financiar a contratação de jogadores que preencham as (ainda muitas) lacunas do plantel encarnado, incluindo a de um guarda-redes, claro está.
Um.. ou dois. Um certamente. Um com experiência – que não é sinónimo de idade avançada, por mais que essa associação se vulgarize de forma constante -, um com bom jogo de pés, um com segurança para dar e vender (ou, neste caso, emprestar à linha defensiva das águias), um que corresponda à dimensão (à verdadeira dimensão!) do Sport Lisboa e Benfica.
Um… que não seja Vlachodimos, Helton ou Svilar. Um… Entretanto, são estes os que há. É o que há… É o que vai ter que ser. Até um dia… Um…"

CORRUPTOS VENCEM CLÁSSICO DO ANDEBOL

 


INCERTEZA ATÉ AO FIM EM CLÁSSICO RENHIDO

ANDEBOL
Duelo da 12.ª jornada do Campeonato Nacional de andebol intenso, emotivo e discutido taco a taco. No final, triunfo para o FC Porto (27-25), com os detalhes a decidirem.
Domingo de clássico em andebol! SL Benfica e FC Porto disputaram a 12.ª jornada do Campeonato Nacional, um jogo renhido e disputado até ao final. No Dragão Arena, triunfo para os anfitriões: 27-25.
Clássico dos clássicos em agenda nesta manhã de domingo, com os rivais a medirem forças a norte do País. À entrada para esta ronda, Benfica invicto na geral, com 11 vitórias em 11 partidas disputadas, 33 pontos somados com muita classe e qualidade. Do outro lado, um FC Porto na 3.ª posição, com um pleno de dez vitórias (30 pontos), ou seja, um jogo a menos.
Ingredientes reunidos para mais um grande jogo de andebol… e assim foi!
Primeiros minutos de estudo mútuo, com poucos golos, alguns erros e baixa eficácia! O FC Porto colocou-se na dianteira, mas as águias saltaram para a frente aos 2-3 (6'), conseguindo uma vantagem de três golos (4-7) a meio da primeira parte. Desconto de tempo para os azuis e brancos pedido de imediato e a surtir efeito, com os anfitriões a conseguirem o empate (8-8).
Os encarnados mantiveram-se firmes no comando do marcador, mas aos 23' o FC Porto saltou para a frente (11-10), com Alfredo Quintana em destaque na baliza. Com dois golos de vantagem para os homens da casa (12-10) momento para Chema Rodríguez pedir paragem no jogo para reorganizar as tropas.
O Benfica reagiu e não deixou o adversário afastar-se (12-12), isto mesmo em inferioridade numérica face à exclusão de dois minutos de Matic Suholeznik. Até ao intervalo a partida manteve-se pautada pelo equilíbrio com o marcador a registar um 15-14... um golo a separar as duas formações, tudo em aberto para a segunda metade.
Reatar, entrada forte, com Petar Djordjic a rematar para o empate. Após mais uma enorme defesa do guardião dos azuis e brancos e o poste ter devolvido a bola a Paulo Moreno, paragem no jogo para resolver questões técnicas ligadas ao marcador e ao tempo de jogo... (16-15).
Regresso ao encontro e muito equilíbrio, com as formações a equipararem-se, "taco a taco", sem que nenhuma conseguisse disparar no marcador. Empates sucessivos, diferenças pela margem mínima.
Com os minutos a passarem, o desafio ganhou mais intensidade, com duelos bem rijos e os guarda-redes em evidência nas duas balizas. A meio da segunda parte, o FC Porto conseguiu pela primeira vez uma vantagem de três golos (23-20), obrigando as águias a reagirem.
Os ferros, Alfredo Quintana, algumas falhas técnicas e a eficácia do Benfica a baixar permitiram que os anfitriões dilatassem para 24-20 à entrada para os derradeiros dez minutos. Urgente parar o desafio, e o técnico das águias assim o fez!
Em inferioridade numérica (exclusão de Arnau García), João Pais reduziu (24-21) e deu o mote. Com cerca de dois minutos para se jogar no Dragão Arena, emoções ao rubro, com apenas um golo a separar os rivais (25-24), mas mais uma vez Alfredo Quintana decidiu e disse "não" à recuperação dos encarnados.
Até ao final, o Benfica lutou muito, nunca deitou a toalha ao chão e sai do clássico de cabeça bem erguida. Triunfo para os azuis e brancos (27-25), numa partida renhida, muito disputada e com incerteza no marcador até ao final.
Na próxima jornada, a formação comandada por Chema Rodríguez regressa ao Pavilhão n.º 2 da Luz para defrontar o SC Horta.
DECLARAÇÕES
Chema Rodríguez (treinador do Benfica): "A nossa ideia era ganhar, somos o Benfica, entramos em qualquer campo para vencer e nesse sentido estou triste pelo resultado final. Mas, por outro lado, estou muito contente pelo trabalho desenvolvido pela equipa durante os 60 minutos, frente a um adversário que é muito forte na sua casa. Os jogadores fizeram um trabalho incrível, têm sido meses de trabalho muito duro e é um prazer, para mim, trabalhar com eles todos os dias."
FC Porto-SL Benfica, 27-25
FICHA
Local
Dragão Arena
Formação do Benfica: Sergey Hernández, Arnau García, Petar Djordjic, Lazar Kukic, Paulo Moreno, Nyokas e Carlos Martins
Suplentes: Gustavo Capdeville, Gabriel Cavalcanti, João Pais, Bélone Moreira, Matic Suholeznik, Pedro Loureiro, Luciano Silva, Ole Rahmel e Francisco Pereira
Resultado ao intervalo15-14
Marcadores do Benfica: João Pais (2), Bélone Moreira (1), Matic Suholeznik (1), Ole Rahmel (4), Arnau García (1), Petar Djordjic (9), Lazar Kukic (4), Paulo Moreno (1) e Nyokas (2)

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA | ANTEVISÃO #CSMSLB

                                                   

PRIMEIRAS PÁGINAS DOS JUNTA LETRAS TUGAS


 

sábado, 28 de novembro de 2020

78.º, O ANO QUE NUNCA TÍNHAMOS VIVIDO



 "1. A edição que o leitor tem nas mãos (ou no seu ecrã) celebra o 78.º aniversário do órgão de informação que, em publicação praticamente continua desde 28 de Novembro de 1942*, o Sport Lisboa e Benfica se orgulha de preservar como um ícone da Imprensa desportiva em Portugal e na Europa, absolutamente singular pelo seu espírito e pela natureza dos seus conteúdos.

2. O tempo traz e leva todas as águas que vão passando sob as pontes, mas, de facto, este foi um ano muito difícil para o país e o mundo. E, procurando o nosso Jornal ser um espelho do Benfica, da mesma forma que o próprio Glorioso reflecte Portugal, ao longo deste período o leitor veio naturalmente encontrado no conjunto destas páginas esses sinais de surpresa e perplexidade, de aflição e esperança que nos têm tocado a todos e, de modo tão especial, aos nossos heróis nos campos, nas quadras, nas piscinas, nos tapetes e nas pistas, que tanto estranharam a nossa falta à sua volta.
3. A rara imagem, agora desesperadamente tornada constante, de estádios e pavilhões assim despidos e mudos, tal como a ausência da partilha das emoções de jogo ao vivo com a nossa família e os nossos amigos a que nos vemos constrangidos sem remissão, constitui a mais triste síntese da deslocação e da estranheza em que hoje se disputa a competição.
4. Um jornalista, todos os nossos jornalistas - como todos os restantes colaboradores -, sendo jovens, estão a viver este período em circunstâncias inteiramente inéditas para eles, como para nós, os mais velhos, que também jamais tínhamos experimentado conjuntura tão estranha para cumprir a missão que o Sport Lisboa e Benfica nos definiu.
5. Mas nada, absolutamente nada, alguma vez deixou alterar o mesmo espírito com que, em cada semana, sempre se inscreve cada linha e cada espaço, nas páginas de que se compõe o corpo de edição deste órgão de informação.
6. Essa essência do jornalismo permanece aqui. Há setenta e oito anos cumpridos, neste mesmo Jornal que o director fundador José de Magalhães Godinho e o editor Júlio Ribeiro da Costa sonharam e semanalmente preparavam na Redacção da mítica 'Secretaria'' na Rua Jardim do Regedor, para (curiosamente) ser impresso no n.º 1 1-C da velha Rua da Luta, à Vítor Cordon (actual R. dos Duques de Bragança), na Tipografia da revista 'Renascença'.
7. A verdade e o rigor dos registos sempre se mantiveram como património herdado e cumprido conforme o espírito e a letra do nosso Estatuto Editorial e as imutáveis regras da deontologia e da ética. Essa constitui a matéria de melhor honrarmos o Sport Lisboa e Benfica, na qual os adjectivos se dispensam para se privilegiarem os factos e os protagonistas, de modo a que a celebração das vitórias, como a tristeza das derrotas, sempre fosse genuinamente entregue à sabedoria dos leitores.
8. Perante o nosso desígnio e com esta determinação - não esquecendo ter sido este o ano especial em que pudemos dar testemunho das mais concorridas Eleições de sempre no Clube e em qualquer instituto associativo em Portugal - para nós nunca haverá anos 'bons', nem anos 'maus'. Mas a verdade é que 'este' nosso tão exógeno septuagésimo oitavo ficará para sempre, e pelo menos, como 'aquele' que, de facto, nunca tínhamos vivido..."

José Nuno Martins, in O Benfica 

JULIAN WEIGL É ALEMÃO PARA MAL APROVEITADO



 "Foram 20 os milhões despendidos pelo SL Benfica para contratar Julian Weigl ao BVB Dortmund, no mercado de inverno de 2020. Foram 21 as presenças de Weigl em partidas pelos encarnados na meia temporada de estreia. Por outras palavras: chegou para ser opção. No entanto, a opção pela utilização de Weigl nunca foi totalmente pacífica – nem diga-se totalmente correspondida.

O médio alemão aterrou em Lisboa atravessavam as águias áureos tempos – mais ou menos, vá -, com o miolo do terreno geralmente entregue a Gabriel e Taarabt. A coisa dava-se. E dava-se bem. Mas chegou Weigl. E chegou por 20 milhões de euros. E chegou da Bundesliga. E chegou do Dortmund. E isso parece ter pesado. Não devia.
Para bem da equipa e do jogador. O entrosamento com os colegas era nulo, o conhecimento do treinador e das suas ideias era inexistente e a integração na nova realidade era embrionária quando Weigl agarrou uma titularidade que – então – não merecia e à qual não podia corresponder. Foi fácil pegar na máquina de fazer rótulos – sempre tão à mão – e aplicar o de “flop” ao internacional alemão. 
Não o é. Weigl é um jogador de imensa classe e que equilibra com facilidade uma equipa. Não vai fazer crescer uma equipa que está de rastos – nenhum jogador o faz sozinho; mas quando a equipa está bem, estará sempre melhor com Weigl. Então, ´bora aproveitá-lo, né?
Depende. De Jesus. Depende do que o atual treinador do Benfica, que não foi quem ratificou a contratação do alemão, pretende para o seu meio-campo – se ele mesmo o já souber.
Não obstante a muita qualidade posicional e com bola de Weigl, o porte menos possante que comporta e a pouca capacidade de choque e recuperação da posse da bola que apresenta são passíveis de fazer JJ instigar com insistência a administração encarnada a avançar para a contratação de um médio mais “à medida” – e com as medidas – do treinador português.
Naturalmente, perante a parca utilização do médio, circulam já rumores de que a sua saída em definitivo pode ser o desfecho da relação que estabeleceu há menos de um ano com o clube da Luz. O preço estipulado, dizem, é de 25 milhões de euros. O preço estipulado, digo eu, é curto. A eventual saída, continuo, é um erro.
Weigl ainda pode dar muito ao SL Benfica. Mesmo com JJ. Mesmo com concorrência. Pode convergir em campo com vários jogadores do plantel – Florentino, se e quando regressado, seria talvez o parceiro ideal para formar uma dupla de muita, muita classe, tanto na destruição como na construção.
Embora partilhe a opinião vastamente disseminada de que é premente reforçar o meio-campo encarnado, discordo por completo da ideia de que uma remodelação do miolo tenha de envolver a saída de Julian Weigl."

OLHEIRO BnR: TIAGO ARAÚJO



 "Desde a paragem para os jogos de seleções, Jorge Jesus tem chamado vários jovens dos escalões de formação do SL Benfica, para trabalhar com a equipa principal. Tiago Araújo tem sido um deles. O jovem português já teve até oportunidade de se estrear na equipa principal das águias, frente ao USC Paredes, e tem sido convocado com alguma regularidade. Mas, afinal, quem é Tiago Araújo?

Para quem acompanha mais regularmente as equipas de formação da equipa da Luz, Tiago Araújo é já um nome conhecido. Tiago começou a destacar-se nas equipas de juvenis e juniores, onde alinhava sempre como extremo esquerdo e tinha alguma propensão para fazer abanar as redes. Na época passada, o jovem natural de Vila do Conde desceu no terreno e começou a alinhar, muitas vezes, como defesa esquerdo na equipa de sub-23 das águias.
Primeiro com Jorge Maciel e depois com Luís Castro (não é o que estão a pensar), Tiago Araújo começou a mostra qualidade numa equipa que, apesar de não ter atingido objetivos desportivos, era riquíssima em talento.
Esta descida no terreno acabou por surgir mais por uma questão de necessidade posicional do que propriamente por poder potenciar as capacidades do jogador.
Na minha opinião, para tirar melhor proveito de todas as suas qualidades, Tiago Araújo deve jogar sempre a extremo esquerdo. Se é verdade que fez uma época competente a lateral esquerdo, também é verdade que 90% dos seus melhores momentos surgiram em produção ofensiva.
Defensivamente, Tiago é ainda um jogador muito verde. Fisicamente não é um jogador potente, o que o pode prejudicar nos duelos. Posicionalmente tem também alguns defeitos. A sua velocidade e o facto do SL Benfica jogar quase sempre balanceado para o ataque mascarou, muitas vezes, estas debilidades. 
Não obstante, é no ataque que o internacional sub-20 português mais brilha. Tiago Araújo é um extremo clássico muito vertical. A sua velocidade é uma das suas grandes armas. Ultrapassa facilmente os defesas. Embalado é um jogador dificílimo de travar.
Esta velocidade e a sua excelente capacidade de drible permitem-lhe adquirir espaço para efetuar aquilo que é outro dos seus fortes: o cruzamento. Do pé esquerdo de Tiago Araújo, a bola parece sair sempre teleguiada. Sempre de cabeça levantada, consegue colocar a esférico em zona de finalização de forma soberba.
Tiago Araújo faz lembrar Gareth Bale, ainda bem nos primeiros passos ao serviço do Tottenham Hotspur FC, mas sem a mesma potência física. Comparações à parte, Tiago Araújo é ainda um jogador em desenvolvimento, mas tem demonstrado uma evolução muito positiva.
Esta tendência mais vertical pode prejudicar o jogador na chegada à equipa A. Jorge Jesus tende a pedir aos seus extremos que realizem movimentos mais interiores. Se é verdade que Tiago o poderia fazer à direita, onde até podia demonstrar mais a sua boa qualidade de remate, não acredito que fosse a posição ideal do jogador.
Numa altura em que se discute muito um eventual esquema de três centrais, a posição de lateral ofensivo à esquerda podia ser uma boa opção para Tiago Araújo. Com mais um elemento no centro da defesa, não necessitaria de ter tantas preocupações do ponto de vista defensivo.
Os movimentos interiores de Everton (expectável que jogasse à sua frente) deixaria muito espaço no flanco para Tiago explorar e aproveitar as suas qualidades. Neste capítulo, até acho que desempenharia melhor a função do que Grimaldo, que deriva muito mais para o meio do que o português.
O que é certo é que Jorge Jesus parece pelo menos estar atento ao desenvolvimento de Tiago Araújo. O jovem continuará a evoluir dividindo-se entre equipa principal e equipa B. Tem muito potencial."

ADEL TAARABT, CLASSE PURA



 "O leitor viu a classe de Adel Taarabt na entrevista que concedeu ao jornal Record? Parecia que estava a falar com a bola nos pés. O jogador marroquino falou abertamente da forma como ao longo dos anos alterou a sua visão daquilo que é o futebol, do prazer em jogar, à honra em vestir a camisola do Benfica. Do treinador, dos colegas, dos objectivos. Parece-me que apenas não abordou a questão das bolas de Berlim que cortou do menu diário do lanche, o que demonstra alguma falta de preparação do jornalismo que conduziu a entrevista, que se esqueceu completamente deste tema incontornável. O Taarabt desperdiçou alguns anos da carreira por culpa própria e nas últimas épocas relançou-a por mérito dele.

No meio de tanta categoria em cada explicação - pode ler e ouvir a entrevista completa no site do Benfica - fiquei perplexo com uma declaração completamente absurda sobre a Liga Europa: 'Temos mentalidade para ganhar, mas se te disser que vamos ganhar... não sou um mágico, não o posso dizer'. Em relação às probabilidades de sucesso na competição não tenha nada a apontar, pois bem sabemos por experiência própria que é altamente imprevisível. Porém, o Taarabt afirmar que não é mágico quando brinda os adeptos com diversos truques de magia em quase todos os jogos não consigo compreender. As linhas de passe podem estar trancadas a sete chaves, mas o homem é sempre capaz de sacar uma carta da manga e encontrar uma nesga de espaço. E ainda por cima joga de manga curta, pode lá ele achar que alguém acredita que foi formado no Lens. Todos sabemos que a formação do Taarabt foi na Universidade Luís de Matos."

Pedro Soares, in O Benfica

CASHBALL EM TODO O ESPLENDOR



 EMPATE EM DÉRBI DE EMOÇÕES!

FUTSAL
O Benfica esteve sempre na dianteira, com o Sporting a anular a terceira desvantagem a 25 segundos do final (3-3). Tudo empatado no duelo entre rivais na 11.ª jornada da Liga Placard de futsal... tudo na mesma no topo da classificação.
Dérbi dos dérbis e em jogo estava a liderança isolada da Liga Placard de futsal. SL Benfica e Sporting CP mediram forças no Pavilhão João Rocha, numa partida intensa, que teve de tudo, e que terminou empatada: 3-3. Tudo igual no topo da geral...
Frente a frente, à entrada para esta partida, os eternos rivais, líderes da tabela classificativa, ambos com 30 pontos, fruto de um pleno de dez vitórias na competição. Ora, o mesmo que dizer que nesta noite era a liderança isolada da tabela classificativa que estava em quadra...
Na antevisão, o desejo foi claro, que fosse um grande espetáculo... e desde o apito inicial que os protagonistas colocaram essa ambição dentro das quatro linhas. Mesmo sem público nas bancadas (que falta faz!), emoção a rodos, com as duas formações a mostrarem o motivo pelo qual este é considerado um dos melhores dérbis do mundo.
Minuto inicial, e Afonso Jesus, com um bom remate, deu o mote... No minuto seguinte, o golo! Livre direto a castigar falta de Gonçalo Portugal, e Robinho, com um remate colocado e forte, fez o 0-1.
Em vantagem muito cedo, o Benfica cerrou fileiras; do outro lado, a equipa de Nuno Dias reagiu com tudo. Dérbi "quentinho", agressividade q.b., intenso, veloz, com muitas faltas... o dérbi é mesmo assim!
Aos 5', grande oportunidade para as águias dilatarem, contudo, Jacaré disparou forte, mas por cima da trave, após uma belíssima jogada de entendimento do coletivo.
Do outro lado, resposta através de Cardinal e Alex Merlim, mas Roncaglio mostrou serviço!
A meio da primeira parte, mantinha-se o 0-1 para o Benfica, com as equipas a encaixarem na perfeição, a mostrarem muito estudo mútuo, numa partida taticamente muito interessante.
Aos 11', o empate. Contra-ataque dos verdes e brancos, com Taynan, em zona central, a não oferecer hipótese de defesa ao guardião dos encarnados: 1-1.
Ora, tudo empatado... e o jogo abriu! Ataque, contra-ataque, eis o mote da modalidade em quadra! Mais rapidez, duelos mais intensos, com o esférico a rondar perigosamente as duas balizas.
Robinho e Chishkala tentaram a sorte de meia distância, mas a redondinha não quis. Não quis na altura, mas não teve hipótese de se negar aos 15 minutos!
Lance de laboratório, reposição de bola e Arthur, com um remate de ângulo praticamente impossível na esquerda, disparou para um golaço... Bem que merecia os aplausos das bancadas!
Com 5 minutos para se jogar até ao descanso, o Benfica viu-se em vantagem (1-2), mas viu-se também tapado com cinco faltas.
Com 1minuto e 17 segundos para o intervalo, decisão muito polémica da equipa de arbitragem, com a mostragem do cartão vermelho direto a Chishkala, por cortar a bola com o braço, sem Roncaglio na baliza. Na sequência, Cardinal bateu o livre, mas a bola foi devolvida pelo ferro.
Com menos um em quadra, entreajuda, entrega e consistência, com as águias a guardarem a vantagem a sete chaves: 1-2.
Reatar, Benfica ainda em inferioridade numérica, mas a resolver bem! Em desvantagem, os anfitriões entraram com tudo, com a formação de Joel Rocha, muito inteligente com e sem bola, a suster os ímpetos do adversário e, em simultâneo, a ser muito perigosa.
Aos 22', Pauleta rematou ao poste, com Roncaglio a ser chamado nos lances seguintes, com os leões "a colocarem a carne toda no assador". Muito bem o guarda-redes do Benfica a negar o empate.
Grande jogo de futsal, duelos de alto gabarito... e as águias a atingirem a 4.ª falta aos 25 minutos de jogo... muito cedo!
Entrega total em quadra e cheirava a golo. Esteve muito perto Tayebi e também Arthur, mas o marcador não mexeu. Merlim também tirou as medidas à baliza das águias, mas a bola saiu ao lado.
Derradeiros dez minutos, Benfica em vantagem, mas tudo em aberto. Não há certezas no dérbi... e segundos apenas podem decidir. Assim foi!
Minuto 31, mais uma bola parada, canto, e João Matos rematou para o empate: 2-2. Desafio equilibrado, muita luta, disputa de cada lance como se do último se tratasse, e muitas oportunidades de golo. Mais um grande dérbi!
Cheirava a golo novamente e, aos 34', nova vantagem para o Benfica, com Tayebi, em mais um grande momento de futsal, a rematar para o 2-3.
Minutos finais impróprios para cardíacos, e não, não é cliché! Com o aproximar da fase decisiva do jogo, o Sporting deu tudo em quadra (apostando no 5x4), com o Benfica a responder com muita competência, classe e qualidade.
A 25 segundos do fim, o empate, com João Matos, livre de marcação, a desviar para o 3-3 final na 11.ª jornada da Liga Placard de futsal.
Com este empate, no jogo 200 de Joel Rocha pelo Benfica no Campeonato, tudo igual no topo da classificação geral, com Benfica e Sporting a dividirem a liderança da prova.
As águias tornam a entrar em quadra na próxima terça-feira, dia 1 de dezembro, com a receção, no Pavilhão Fidelidade, à formação do Leões de Porto Salvo.
DECLARAÇÕES
Joel Rocha (treinador do Benfica): "[Golo do empate sofrido nos últimos segundos] O resultado é o que é, o jogo tem 40 minutos, há muitos segundos para jogar e enquanto a buzina não toca ou o som do apito não se faz ouvir o jogo não acabou. Não podemos estar agora a repensar o que aconteceu. Certamente podíamos ter feito mais naquela situação como melhor noutras em zona de finalização. O jogo acaba por traduzir o equilíbrio no resultado entre as duas melhores equipas. O melhor ataque fez três golos, a melhor defesa sofreu três golos, as equipas continuam no topo da classificação. Foi um jogo que, tal e qual como um dérbi, teve momentos de supremacia de ambas as equipas e de frisson em cada baliza, teve lances de difícil ajuizamento, teve um pouco de tudo, com exceção dos nossos adeptos, de um pavilhão muito mais composto, mas espero que, para quem esteve em casa, tenha sido um início de noite, desportivamente falando, proveitoso. Quando estas equipas acabam empatadas, como foi o caso de hoje, mais uma vez é sinónimo de equilíbrio. Vamos analisar o jogo e continuar o nosso percurso. Este jogo é de um registo parcial da Liga Placard, que se traduz em 30 jornadas e pontos acumulados, e hoje somámos um, mas queríamos os três. Trabalhámos muito! Aproveito para, mais uma vez, dar os parabéns aos meus jogadores, pela organização, superação e solidariedade que tivemos durante todo o jogo. Defendemos uma inferioridade numérica durante dois minutos, a acabar a primeira parte e a iniciar a segunda, o que é sempre muito difícil, porque o intervalo permite, a quem está mais tranquilo, preparar algo, e nesse momento fomos muito fortes. E mesmo no 5 para 4 defensivo [na parte final do jogo], sem retirar mérito ao remate que dá o empate, acaba por ser um remate que, para nós que o sofremos, deixa um sentimento de alguma amargura. Mas agora nada mais do que aceitar o que foi o resultado, o que foi o jogo em si, olhar para ele do ponto vista da análise e seguir, porque na terça-feira temos mais um jogo da Liga Placard."
Robinho (capitão do Benfica): "Foi um grande jogo. É uma pena não termos vencido aqui, tivemos uma grande chance. Enfrentámos uma grande dificuldade com a expulsão [de Chishkala na primeira parte], mas mesmo assim a nossa equipa conseguiu superar tudo isso. Faltou-nos um pouco de sorte para alcançarmos um resultado melhor, mas o importante foi a equipa ter lutado do princípio ao fim. Só tenho de dar os parabéns à equipa pela luta até ao final."
Sporting-Benfica, 3-3
FICHA
Local
Pavilhão João Rocha
Cinco inicial do Benfica: Diego Roncaglio, Afonso Jesus, Robinho, Tayebi e Ivan Chishkala
Suplentes: Fábio Cecílio, Tiago Brito, Arthur, Rafael Henmi, Nilson, André Sousa e Jacaré
Ao intervalo1-2
Marcadores do Benfica: Robinho (2'), Arthur (15') e Tayebi (34')