quinta-feira, 31 de março de 2022

ISENTOS!

 



"Ufa, alguém isento naquela comissão. Nem quero imaginar aquela cabeça a borbulhar de ideias anti-Benfica.
Abram olhos Benfica!"

ATÉ ESTE...!!!!

 


"Bernardo Ribeiro, diretor do jornal "Record", colocou a nu todos os podres da Federação Portuguesa de Futebol e abordou sem papas na língua a promiscuidade do órgão dirigente do futebol em Portugal com elementos do FC Porto, nomeadamente Fernando Madureira.
É absolutamente vergonhoso o conluio desta instituição com elementos dúbios que lesam todo o desporto português. Vivemos num país sem rei nem roque onde quem é criminoso sai impune e beneficiado com o manifesto apoio de quem rege o desporto nacional.
Esta Federação está podre nos seus alicerces. Exige-se demissões e mudança!"

ACORDAM E DEITAM-SE A PENSAR NO BENFICA. QUE OBSESSÃO

 

O HOMEM QUE FUGIU DO POÇO DOS NEGROS

 


"Por meia-dúzia de vezes igualou o recorde mundial dos 100 metros, nos 10,3. Nos Jogos de Berlim fez 10,4 e foi a sombra de Owens

Não é, certamente, por um centésimo de segundo que o agá de um Homem passa de maiúsculo a minúsculo. Não é justo que se esqueça o nome de Robert Metcalfe e, no entanto, ele raramente é recordado. Aliás, quem é que sabe, assim de repente, quem foi Robert Metcalfe?
Nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, foi a sombra de Jesse Owens nos 100 metros planos. Ganhou a medalha de prata debaixo do focinho asqueroso de Adolf Hitler, exatamente com menos um centésimo de segundo do que Jesse (10,3 contra 10,4).
O homem do bigodinho ridículo teve de esperar mais três centésimos de segundo para ver chegar o grande representante da raça ariana, Erich Borchmeyer, o alemão que viveu com o peso de se ver batido por dois negros sob a bandeira da suástica, tendo posto fim ao sofrimento e ao desprezo a que foi votado, suicidando-se já no fim da vida, com 95 anos.
Metcalf tinha sete anos quando foi arrastado de Atlanta para Chicago pela Grande Migração que levou mais de seis milhões de americanos a fugir da segregação racial do sul. Estudou na Tilden Tech High School e corria, corria, corria sempre e cada vez mais depressa. «O meu treinador disse-me que, por eu ser preto, tinha de dar um dia de avanço ao mais forte dos meus adversários», contou. «Então trabalhei como um louco para deixar esse dia inteiro para trás». E assim se tornou o primeiro estudante-atleta negro da sua universidade, algo que lhe valeu uma bolsa para se transferir para a Marquette University de Milwaulkee, em 1930. Era como se conseguisse fugir do fundo do poço dos negros.
Dois anos mais tarde, fazia parte da equipa olímpica dos Estados Unidos que participou nos Jogos de Los Angeles. A América estava em Carne Viva, como diria o João Alves da Costa. A Grande Depressão esvaziou os bolsos de todos, e os de Robert nunca tinha estado particularmente cheios, nem pela metade. Para poder pagar a viagem para o sul da Califórnia, deitou mãos ao trabalho como criado de mesa da carruagem restaurante de uma companhia de caminhos de ferro. Juntou uns dólares. Foram suficientes. O sonho olímpico brilhou, finalmente, no seu horizonte sujo.
Não é certamente por um milésimo de segundo que o agá de um Homem passa de maiúsculo a minúsculo. Os 100 metros planos dos Jogos Olímpicos de Los Angeles foram dos mais renhidos da história das Olimpíadas. Dizem que Metcalfe ficou em segundo. Talvez tenha ficado. Ainda hoje ninguém poderá afirmá-lo com segurança científica nem, naquele tempo, havia aparelhos tão afinados que pudessem estabelecer diferenças de milésimos de segundo. Por isso, tudo ficou embrenhado numa nuvem de suponhamos. Eddie Tolan e Robert Metcalfe cruzaram a meta lado a lado como se fossem gémeos-siameses. Foi-lhes creditado o mesmo tempo: 10,3 segundos. Mas tinha de haver um vencedor e o vencedor foi Eddie. Para Metcalfe sobrou a prata. Era uma faísca do Destino.
Se ninguém se recorda (injustamente!) de Robert Metcalfe, ainda menos são os que se recordam de Eddie Tolan. A memória é mesmo assim, vai deixando cair camadas para serem substituídas por outras. Nos anos que se seguiram, Robert passou a ser tido, colegialmente, como o homem mais rápido do mundo. 10,3 segundos era o recorde mundial em 1932. Em agosto de 1933, em Budapeste, Metcalfe voltou a correr a distância em 10,3. Em setembro de 1934, em Nishinomiya, no Japão, fez o mesmo tempo. Dez dias mais tarde, ainda no Japão, em Darian, voltou a fazer 10.3. Repetia sem cessar o recorde do mundo, mas faltava o tal centésimo, ou mesmo milésimo, de segundo.
Em 1936, quando viajou até Berlim, para disputar os Jogos Olímpicos de Herr Hitler, Robert Metcalfe já era, além de um atleta extraordinário, professor de Ciência Política na University of Southern California, em Los Angeles. Defrontara Jesse Owens por várias vezes, em torneios e campeonatos disputados nos Estados Unidos, e saíra sempre vencedor. Vira Owens bater o recorde do mundo, fazendo um tempo de 10,2 nos quartos-de-final da prova, mas logo a seguir o recorde foi anulado por via do vento que se fazia sentir.
O dia 3 de agosto de 1936 seria, por completo, o dia de Jesse Owens. Robert Metcalfe falhou a passada aos 30 metros e foi obrigado a perseguir Jesse nos 70 metros que faltavam até à meta. Por um centésimo de segundo, não repetiu os 10,3 que já cumprira por mais de meia dúzia de vezes. Foi Owens que ficou nos 10,3. Para Metcalfe, 10,4.
Robert acabaria por levar o ouro para casa ao vencer a estafeta de 4X100, juntamente com Jesse Owens, Foy Draper e Frank Wykoff, mum tempo de 39,8, que se manteve recorde do mundo por 10 anos. Vinha aí a II Grande Guerra. O primeiro-tenente Robert Metcalfe não faltou à chamada das trincheiras."

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA | PRÉ-JOGO #SCBSLB

                                                   

A SOCIOLOGIA INCOMODA

 


"A sociologia difere das outras ciências. Uma dessas diferenças reside, sobretudo, num ponto: exige-se dela uma acessibilidade que não se pede à física. Giddens (2004) é perentório: “estudar sociologia devia ser uma experiência libertadora: a disciplina aumenta a nossa capacidade para entender e imaginar, abre caminho a novas formas de olhar as origens do nosso comportamento e faz-nos ter consciência da existência de contextos culturais diferentes dos nossos” (p. 7).
A sociologia toca em interesses vitais (Bourdieu, 2002). Revela coisas escondidas, como, por exemplo, a correlação entre o sucesso escolar, que se identifica com a inteligência, e a origem social, ou seja, o capital cultural herdado pela família. São as verdades que muitos tecnocratas e políticos, não gostam de entender. Por outro lado, revela que o mundo científico é um lugar de concorrência, orientado para proveitos específicos (prémios, prioridades de financiamento, prestígio, etc.). No fundo, é colocar em questão a hagiografia (tipo de biografia) científica, no qual participam os cientistas. A sociologia pode surgir como incómoda. E muitos leitores leem a sociologia com os óculos do seu habitus, que é o que nós adquirimos, que se incarnou nos corpos de forma durável, sob a forma de disposições permanentes.
A sociologia do desporto revela também que o desporto é um campo de lutas políticas. A concorrência entre as organizações é um dos fatores mais importantes do desenvolvimento da necessidade social. Os mais antigos apresentam estratégias de conservação do poder, tirando partido de um capital progressivo. Aqueles que lutam pela dominação, fazem com que o campo se transforme e se restruture constantemente. “A oposição entre esquerda e direita, o antigo e o novo, a retaguarda e a vanguarda, o consagrado e o herético, a ortodoxia e a heterodoxia, muda constantemente o conteúdo, mas a estrutura continua idêntica”"

DÊEM UMA VISTA DE OLHOS AOS PASQUINS E NÃO RIAM


 

quarta-feira, 30 de março de 2022

CONTAS!!!

 


"Bem o Fernando Santos a fazer o seu trabalho: defender os superiores interesses do FC Porto.
Depois de uma campanha europeia miserável há que valorizar jogadores para equilibrar contas."

11ª NOMEAÇÃO!

 


"Já saíram as nomeações para o SC Braga - SL Benfica e, como VAR, o Conselho de Arbitragem decidiu novamente nomear Hugo Miguel para um jogo do Benfica.
A Federação Portuguesa de Futebol anda mesmo a gozar com a cara de todos os benfiquistas."

SL BENFICAA | AS 3 ESTRATÉGIAS PARA SURPREENDER O LIVERPOOL FC

 



"Descobre quais são as 3 estratégias que as águias podem usar para surpreender Klopp e companhia!

O Liverpool FC é o adversário do SL Benfica nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. O encontro está marcado para próxima terça-feira, dia 5 de abril, às 20h.
Quando entrarem em campo, os encarnados vão defrontar, mais uma vez, um colosso europeu. Os ingleses ocupam o segundo lugar da tabela da Premier League, com 69 pontos, 21 vitórias, seis empates e apenas duas derrotas.
Os reds têm apresentado, em todas das competições, dinâmicas e ideias de jogo que surpreendem qualquer adversário e, por isso, as águias não vão ser exceção. Ainda que passar à próxima fase seja algo muito difícil, escolhi três possíveis estratégias para superar o adversário inglês.

1. Mentalidade forte
O SL Benfica é um clube com muita história, quer a nível nacional, quer a nível internacional, tendo sido o primeiro clube português a ganhar a Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Habituados a grandes batalhas e a grandes feitos, preparam-se agora para mais um grande jogo. Jogo esse que requer muita preparação física e mental. “Só a vitória importa e tudo é possível” – é assim que os jogadores precisam de pensar. De nada importa o lado físico, se no pensamento não estiver positividade.
Passaram a fase de grupos, onde defrontaram equipas como o FC Barcelona e o FC Bayern Munique, nos oitavos-de-final tiveram pela frente o colosso neerlandês, AFC Ajax e agora encontram mais um gigante do futebol – o Liverpool FC.
No entanto, se na época de 2005/2006 ultrapassaram esse gigante, com duas vitórias, um total de três golos marcados e nenhum sofrido, porque é que não se poderá fazer história novamente?
Neste momento é importante ter jogadores que transmitam essa confiança, como por exemplo, Otamendi e Vertonghen, que têm outra maturidade e que já estão habituados a estas competições de elevado nível. 

2. Defesa em bloco baixo e contra-ataques rápidos
Como Otamendi disse no final do jogo frente ao AFC Ajax, “quando defendemos bem, com os jogadores que temos no ataque, vamos encontrar espaço e o golo.
A entrega tem de ser em conjunto, quando um pressiona o outro tem de fazer coberturas.” Esta estratégia de defender em conjunto, com os defesas e os atacantes, pode ser preciosa para travar jogadores como Diogo Jota, Salah e Luís Díaz.
Os jogadores atacantes do SL Benfica têm características bastante fortes, no que diz respeito à parte defensiva. Darwin é forte no um para um e Gonçalo Ramos e Rafa têm um pulmão que parece não ter fim. É aqui que também entram os contra-ataques rápidos
Se a defesa ganhar a bola e a colocar nos pés de jogadores como Rafa é bem provável que os encarnados criem lances de muito perigo.
Um bom exemplo foi o golo de Rafa frente ao Estoril-Praia SAD: o sprint de 83 metros em 11 segundos com a bola dominada, ainda está a correr o mundo. Para o Liverpool FC, os desequilíbrios individuais, a capacidade de drible de Rafa e a frieza de Darwin vão ser uma preocupação.

3. Bolas paradas
É verdade que o SL Benfica tem imensa dificuldade em marcar golos de pontapé de canto, mas o mesmo não se pode dizer acerca dos livres diretos ou indiretos.
O melhor exemplo disso foi o golo que permitiu que as águias passassem à próxima fase da competição. Grimaldo bateu um livre teleguiado para a cabeça de Darwin, que só parou dentro da baliza.
Uma das estratégias pode ser o melhor aproveitamento das bolas paradas. É do conhecimento de todos que jogadores como Grimaldo podem criar muito perigo ao adversário neste tipo de lances.
É quase como dizer que “um livre é meio golo”. No entanto, também é importante frisar que a equipa dos reds tem uma defesa bastante sólida, por isso, não convém desperdiçar nenhuma oportunidade."

ROGER SCHMIDT | UM TREINADOR AO NÍVEL DO SL BENFICA

 


"Acreditas que Roger Schmidt é o técnico ideal para assumir um SL Benfica em reconstrução?

O dia de hoje está a ser marcado pela notícia da vontade de Rui Costa em trazer Roger Schmidt para o comando técnico da equipa do SL Benfica.
O alemão termina contrato com o PSV Eindhoven no final da temporada. O presidente das águias e o diretor para o futebol profissional Lourenço Coelho já terão reunido com o treinador em Amsterdão para apresentar o projeto.
Desde Quique Flores (2008-2009) que o clube da Luz não tem nenhum treinador estrangeiro. Esta é uma oportunidade para ir buscar um técnico experimentado a nível europeu e com um estilo de jogo ofensivo que impulsione o futebol dos encarnados. Roger Schmidt é o homem certo para isso.
É verdade que há muitos treinadores portugueses de qualidade, mas os mais cotados não querem voltar a Portugal. E não há razão nenhuma para a fixação em só contratar treinadores nacionais, porque hoje em dia todos os técnicos conhecem bem os outros campeonatos.
Schmidt já defrontou, aliás, por algumas vezes o Benfica em provas europeias. Uma delas foi no início desta temporada no play-off de acesso à Liga dos Campeões, onde a sorte sorriu aos encarnados.
Roger Schmidt passou por Delbrücker SC, Preußen Münster e Paderborn antes de ser campeão no RB Salzburgo em 2013-2014. Nessa equipa orientou o senegalês Sadio Mané, atual craque do Liverpool FC.
Depois, esteve no Bayer Leverkusen e conseguiu por duas vezes apurar o clube para os oitavos de final da Liga dos Campeões. No Bayer, Hakan Çalhanoglu e Heung Min-Son eram as figuras em destaque.
Seguiu-se uma aventura na China, ao serviço do Beijing Guoan, onde não teve grande regularidade. O regresso à Europa deu-se na temporada transata pela mão do PSV. Todavia, não tem sido fácil contestar a hegemonia do Ajax FC.
Roger Schmidt privilegia um 4-4-2 muito vertical. Gosta que a bola chegue rapidamente à frente, que os médios vejam sempre linhas de passe para a frente. É fácil ver como se podem encaixar as suas ideias no plantel do SL Benfica.
Laterais ofensivos (como Alejandro Grimaldo, sobretudo), avançados com poderio físico para martirizar os oponentes (Roman Yaremchuk e Darwin Núñez adequam-se na perfeição), extremos explosivos (destaque para Rafa Silva).
Fica a faltar um verdadeiro box to box com capacidade de pressão e raio de ação alargado. Um jogador mais físico do que João Mário, menos propenso ao erro do que Adel Taarabt e mais compenetrado do que Soualiho Meïté.
O 4x4x2 é o sistema tradicional do Benfica ao longo da sua história, por isso até por aí este casamento entre o clube e o técnico alemão tem tudo para dar certo.
O plantel foi construído a pensar nas ideias de Jorge Jesus – apesar de o amadorense depois se ter convertido ao 3x4x3 -, logo tem muitos avançados e dá corpo a esse sistema de 4x4x2, do qual Nelson Veríssimo também não se tem distanciado.
Este interesse do Benfica no treinador alemão mostra que Rui Costa quer voltar a trazer para o Benfica uma cultura de exigência e uma qualidade de trabalho superlativa.
O emblema da Luz já teve muito sucesso no passado com técnicos estrangeiros. Rui Costa, por ter sido o grande jogador de futebol que foi, conheceu os melhores, trabalhou com eles e sabe que tipo de exigência é preciso ter para alcançar o sucesso ao mais alto nível.
Jorge Jesus, antigo treinador dos encarnados, chegou a dizer que Rui Costa era a única pessoa da estrutura do antigo presidente Luís Filipe Vieira que percebia de futebol.
É claramente uma melhoria que o SL Benfica seja hoje gerido por uma pessoa do futebol, e de notável currículo, capaz de fazer boas escolhas para o projeto desportivo e com uma ampla rede de contatos derivada da sua brilhante carreira."

ALERTA CM: MOMENTO DE TENSÃO NO BALNEÁRIO DO BENFICA. JOGADORES LEVANTAM A MÃO AO PRESIDENTE RUI COSTA

 

De Águia ao Peito, in Facebook

terça-feira, 29 de março de 2022

POIS É, SR. JUÍZ BALTAZAR PINTO

 


"Lamentamos é que o seu clube seja um dos responsáveis directos pela situação que se vive hoje no Futebol Português. Não fomos nós que nos juntámos numa Aliança no Altis com um plano maquiavélico para exterminar o Sport Lisboa e Benfica. Resultou, sem dúvida. O nome do Benfica conspurcado por todos os meios possíveis e imaginários, árbitros a roubaram indecentemente e sem qualquer escrúpulos ou vergonha o Benfica, um Conselho de Arbitragem completamente dominado e a promover árbitros afectos ao Calor da Noite como pãezinhos quentes a saírem do forno. Agora mamam com a verdadeira instituição corrupta e criminosa a mandar no futebol Português como quer e bem lhe apetece, depois de ter lançado uma gigante cortina de fumo durante estes últimos anos, acusando o Benfica de fazer as coisas que eles efectivamente fazem, como comprar jogadores adversários, por exemplo.
Apostaram no cavalo errado, agora aguentem-se à bomboca! É o que dá o vosso eterno complexo de inferioridade em relação ao Benfica!

P.S.- O seu clube andou no início do ano a trocar juniores por milhões de euros com a instituição que você próprio diz ser criminosa e dominar o futebol Português, caso não se recorde também. Alimentem mais o monstro!"

CADOMBLÉ DO VATA

 


"A carreira do Benfica conduzido por Nelson Verissimo tem-se destacado pela bipolaridade: perfeitamente desastrado a nivel nacional onde não consegue ganhar 3 jogos de seguida e brilhante a nível europeu onde chocou o Mundo Azulesverdeado com a eliminação do Ajax. Bem sei que os criticos irão dizer que mesmo contra os paisesbaixistas o futebol apresentado foi de muito baixa qualidade, mas a esses respondo: jogos de Champions League é como partidas contra o FC Porto, quanto mais esquisita for a vitória, mais gozo me dá. Para mais dúvidas, atentem por favor ao nome da página, obrigado e voltem sempre.
Tendo em conta que o principal objetivo do Glorioso é o campeonato (onde repito, Verissimo não consegue encarrilar um hat trick de vitórias) espera-se que a passagem do ribatejano pelo nosso plantel principal termine em Maio, a menos que nos apure para as meias finais da principal competição interclubes do Mundo, posto o qual eu próprio me ofereço para lhe levar o contrato de renovação e uma caneta à cama. Caso a saída se efective no final da presente temporada, deveremos agradecer-lhe os 2 eventos mais importantes da época: a vitória no Red Light District e a recuperação dessa verdadeira instituição da segunda metade do Tetra, que se chama "pontapé de saída para o centro campista e pirulito pelo ar para o extremo direito". Admito que funcionava melhor com o Salvio, mas o facto do Rafa ter menos 7m3 de caixa torácica também não ajuda. Isso e a falta de um talonador para o lançamento lateral ganho. Mas valha a verdade, em 3 anos e meio de Rui Vitória, ninguém se lembra de ter festejado um golo com este início de jogo.
Aliás, não sendo minimamente fã do actual treinador do SL Benfica, apraz-me registar a sua atenção à Historia do Clube e dos inesqueciveis 4 Titulos seguidos. Não só recuperou o pirulito para o Salvio, como também trouxe de volta o penalty à Jimenez do Darwin e voltou a encher o meio campo com um gajo habituado a festejos. Onde antes havia Fejsa, agora está Taarabt. Festejam em alturas diferentes do ano, mas vamos lá a ver... com as alterações climáticas um gajo já nem sabe se está bêbado em Maio no Marquês depois de mais uma Liga no bucho ou a tresandar a álcool em Outubro numa sarjeta logo a seguir a uma vitória pela margem mínima contra o B. SAD numa futebolada disputada debaixo de um dilúvio. Mas o timoneiro da nau europeia vermelha e branca sabe que o futebol não é só historia, também é inovação e por isso desencantou nos confins do cérebro, aquela posição do Gonçalo Ramos que só treinador e jogador sabem qual é. Não é 8, não é 9, não é 10, é... vá... 27... é tudo misturado e resulta de tal forma que os velhinhos caquéticos do International Board estão reunidos numa cave húmida de Londres a discutir se é legal. Os Ingleses inventaram o futebol. Os Holandeses (um povo que existiu na europa, antecessor dos neerlandeses) arquitetaram o Futebol Total. Os Italianos fabricaram o Catenaccio. Verissimo forjou o Gonçalo Ramos. E será este o principal legado que deixará na Luz quando sair no Verão... a não ser que (não me canso de repetir) "com pedras e tijóis, elimine os Liverpóis"."

QUO VADIS TAD?

 


"Reconheçamos o óbvio: o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) nasceu com imensos anticorpos. Políticos e corporativos. Os primeiros traduzidos na votação da sua criação na Assembleia da República. Os segundos através do escrutínio do Tribunal Constitucional ao processo que culminou na lei do TAD e dos diversos corpos das magistraturas e outros agentes do universo judicial que pura e simplesmente convivem mal com a sua existência. Limitamo-nos a constatar os factos e sobre eles não emitimos qualquer juízo de valor.
Contudo, tratando-se de uma entidade criada por uma lei da República cumpri-la é uma obrigação de todas as entidades públicas, sem prejuízo, nos espaços próprios, de exercer um escrutínio crítico sobre o seu funcionamento e procurar melhorias face aos constrangimentos unanimemente reconhecidos
Ao Comité Olímpico de Portugal (COP) foram atribuídas responsabilidades de instalação e funcionamento que procurámos cumprir da forma que entendemos adequada e cujos resultados foram reconhecidos como positivos.
Dos membros que constituem os diferentes órgãos do TAD espera-se naturalmente que tudo façam para prestigiar o Tribunal.
O mesmo se espera dos que desejaram ser árbitros do TAD, indicados por várias entidades e sujeitos a uma selecção.
Seria pouco compreensível, que uns e outros, não estivessem na primeira linha de promoção do prestígio do TAD e ao invés apoucassem as suas decisões ou desvalorizassem o seu trabalho.
O currículo dos árbitros que o servem é reconhecido e ao longo dos sete anos da sua existência a qualidade do produto da sua actividade jurisdicional é relevante e não fica atrás das decisões dos tribunais do Estado ou de outros centros de arbitragem institucionalizados.
Mas tudo correu bem? Não. O acesso ao TAD não é difícil para algumas entidades desportivas? É. Não houve decisões polémicas? Seguramente que sim. Não houve decisões recorríveis e atendíveis? É óbvio que houve. Mas o mesmo ocorre nos tribunais do Estado. São consequências normais em qualquer instância de administração da justiça.
A importância e essencialidade do TAD e o papel do COP na sua instalação sempre nos mereceram uma constante análise crítica à sua configuração e ao seu modo de acesso e funcionamento. Por esse motivo, não deixámos de apresentar propostas com vista à defesa intransigente de uma melhor e mais equitativa justiça desportiva no universo nacional.
Por outro lado, sempre entendemos que o insucesso do TAD, seria muito penoso para o sistema desportivo atendendo ao histórico da sua criação. Mas compreendemos perfeitamente que outras lógicas conflituam com este nosso entendimento. E que, no limite, haja quem defenda outras soluções perante o bem maior que é a justiça e o desporto um mero apêndice da sua aplicação.
Esquecem, porventura, que o valor da justiça deve ser adaptado às circunstâncias do desporto, como outras áreas também reconduzidas à arbitragem, por se considerar ser a melhor solução para combinar justiça com a especialização para certo tipo de procedimentos.
A vida democrática, de que a justiça é um seu regulador, faz-se com pessoas e instituições que transportam percursos e vivências e nem tudo é, como gostaríamos, ideal.
A desqualificação ou desvalorização do TAD é muito negativa para o sistema desportivo. A jurisdição desportiva sob auspícios do TAD é uma realidade que levou o seu tempo a construir, que não é perfeita e que cabe a cada elemento que a compõe e ao universo desportivo melhorar e proteger. Esperar que o TAD, em tão curto período de tempo, cumprisse exemplarmente os objectivos da sua criação -especialização e celeridade - seria ignorar que nenhuma instância de justiça prescinde de maturidade organizacional que só tempo e o seu aperfeiçoamento constante melhor podem assegurar.
Melhorar o funcionamento do TAD requer também que a própria instituição se proteja, salvaguarde a sua reputação e paute a sua intervenção por estritos critérios de qualidade, elevação jurídica e prestígio institucional.
O COP, ao longo do tempo, apresentou em várias ocasiões sugestões de alteração e de melhoria do funcionamento do TAD com o objectivo de, no fim, corrigir vulnerabilidades com vista a garantir a melhoria de todo o sistema de justiça desportiva, quer no seu acesso, quer na sua aplicabilidade.
Sabemos que tudo o que envolve a justiça, e a desportiva não é excepção, é, para muitos, uma reserva de uso exclusivo. E, portanto, não estranhamos que haja quem entenda que o Presidente do Comité Olímpico não tem que se pronunciar sobre o tema. Se esse for o caso lamentamos desiludir.
As obrigações que recebemos da lei e do Estado e o trabalho que durante vários anos realizámos para a instalação do TAD não nos outorgam qualquer estatuto especial.
Obrigam-nos apenas, por uma questão de responsabilidade desportiva e cívica, a deixar este alerta."

"VIVEMOS UM FUTEBOL ONDE SE COBRAM DEMASIADOS FAVORES"

 


"Formou-se no SC Braga e no SL Benfica (clube do coração, ainda que se perceba pelas suas palavras que não é com o coração que se joga futebol). Jogou Primeira Liga e esteve em campo na Liga dos Campeões na primeira época sénior, mas o caminho de regresso ao desejado patamar foi pavimentado com sintéticos. Conhece a Segunda Liga como poucos e o FC Penafiel ainda melhor – chama-lhe casa. Sem clube, mas com um conhecimento profundo sobre o futebol português, que permeia a entrevista que gentilmente encaixou numa agenda repleta de projetos para o presente e para o futuro, Romeu Ribeiro conta-nos histórias, aponta dedos e revive, aos 32 anos, uma carreira 100% nacional que dura já há década e meia.

«Posso dizer que sou benfiquista desde pequenino»
- Bom dia, Romeu! Entre formação, equipa principal e empréstimos foram oito épocas ligado ao SL Benfica, mas foi no FC Penafiel – em duas passagens – que mais minutos somou. O coração continua a ser das águias ou a passagem pelos penafidelenses levou-o a deixar lá o coração?
- Bom dia! Nós, profissionais, acabamos por gostar dos clubes por onde passamos. Posso dizer que era benfiquista desde pequenino e, por isso, em relação ao SL Benfica, essa parte estava arrumada, não havia problema nenhum, estava no clube de que sempre gostei. No FC Penafiel e como passei lá várias épocas, é claro que fica sempre aquele gosto e sentimo-nos em casa e sentimos que o clube também é um bocado nosso. Há sempre aquele carinho. Se me perguntarem se gosto do FC Penafiel, gosto muito, se sou do FC Penafiel, sou do FC Penafiel também. É o que eu costumo dizer aos meus amigos: quando somos profissionais, a parte do coração passa um bocado ao lado.

- Curiosamente, a sua estreia na Segunda Liga é pelo CD Aves frente ao FC Penafiel, que viria a ser o seu clube mais tarde, durante seis épocas. Lá está, nessa partida, o seu coração era de certeza do CD Aves e, depois em Penafiel, viesse quem viesse, o seu clube era o FC Penafiel, não é…
- Também já tinha pensado nisso há uns tempos atrás. A minha estreia na Segunda Liga foi em Penafiel, no 25 de Abril, onde acabei por fazer a maior parte da minha carreira. Foi muito curioso, nada é por acaso.

- O Romeu faz a transição para o futebol sénior em 2007 no SL Benfica, participando em seis jogos pelos encarnados – em cinco do campeonato e em uma partida de qualificação para a Liga dos Campeões, em Copenhaga. Na altura, as águias não tinham equipa B nem equipa sub-23 e, por isso, a transição era feita diretamente dos juniores para a equipa A, que lutava por títulos. Fez-lhe falta esse patamar intermédio para se impor de outra maneira?
- Nós falávamos muito disso no SL Benfica. O que nós pensávamos e era legítimo pensarmos assim era que não existir equipa B era menos um patamar para conseguirmos chegar à equipa principal. Era um bocado aquela ideia de que deixando de haver esse patamar ia ser mais “fácil” chegar à equipa principal. Nada disso. Quando cheguei à equipa principal, senti uma diferença enorme. Dos juniores para o plantel principal do SL Benfica era uma diferença enorme. Ainda bem as equipas B voltaram, os sub-23 ainda melhor, porque ajuda nessa transição, que é complicada. Existia um fosso demasiado grane entre os juniores e a equipa principal. Não é que não conseguíssemos depois colmatar esse fosso, mas o SL Benfica é um clube que luta por títulos, ou seja, às vezes, não existe esse tempo para o jovem crescer, amadurecer. A equipa B traz isso, traz essa competitividade de uma Segunda Liga e traz também tempo para poder crescer e ficar mais perto do nível da equipa principal.

- Que principais vantagens retira um jovem jogador da passagem pela equipa B e pela Segunda Liga?
- Acima de tudo, traz dificuldade, que é o que se pede nessa idade. Eu costumo chamar à Segunda Liga uma liga de homens e homens de barba rija. É extremamente dura, extremamente competitiva e isso ajuda muito os miúdos das equipas Bs. Traz-lhes dificuldades que eles não tinham nos juniores e, se formos analisar o campeonato de juniores, vemos que todas as equipas tentam jogar bem, tentam jogar bonito. Tentam todos jogar. Na Segunda Liga, há equipas que trazem outro tipo de dificuldade, equipas que têm um futebol mais direto, equipas que criam mais dificuldade em bolas paradas (que não acontece tanto no campeonato de juniores). E é nas dificuldades que nós crescemos. Ajuda muito, mesmo muito. E tem-se notado nos miúdos que têm subido à equipa principal do SL Benfica esse arcaboiço, estão melhores preparados… É uma diferença muito grande, na minha opinião.

- Mesmo assim, às vezes não é o suficiente para um jovem se impor. O que falta naquela transição da equipa B para a principal, que se calhar já não é tão aguda como a dos juniores para a equipa A? Falta um projeto, falta quem aposte verdadeiramente neles, falta saber o que é apostar verdadeiramente num jovem?
- Acho que sim… Acho que depois vai depender também muito do momento da equipa principal. Por exemplo, quando foi na época do Bruno Lage, o João Félix já estava lá desde o início da temporada. Mas, depois acabou por aparecer um treinador que o conhecia melhor um bocadinho e sabia o que ele podia dar e que o colocou a jogar. Acho que é uma questão de oportunidade. Claro que às vezes os miúdos agarram, outras vezes não; uns agarram mais facilmente do que outros, outros precisam de mais tempo… Tem que haver uma análise, não podemos ser frios ao ponto de colocar um miúdo no jogo, as coisas não correrem bem e ele deixar completamente de contar. Acaba com a confiança do miúdo. Tem que haver uma continuidade. E o que falta é claramente um plano para os miúdos se conseguirem adaptar e se conseguirem mostrar. Por exemplo, é o que está a acontecer agora com o Gonçalo Ramos. Ele talvez não esteja ao nível que toda a gente espera, se formos a reparar de jogo para jogo tem melhorado sempre um bocadinho. Tem tido esse tempo de jogo, tem tido essa paciência por parte do treinador, que também o conhece e dá-lhe toda a confiança e tem a certeza que ele chegará ao nível que toda a gente espera dele.

- Queria agora aproveitar o seu olhar de jogador que fez mais de 200 jogos na segunda divisão portuguesa para perguntar que benefícios e malefícios tem a presença das equipas B neste escalão? Estas equipas trazem mais de bom ou de mau às outras equipas da Segunda Liga?
- Trazem muitas melhorias, na minha opinião. Trazem um futebol positivo, que é o ADN das equipas B. Depois, trazem motivação. Mesmo sendo uma equipa B, quem é que não gosta de jogar contra uma equipa grande? Por outro lado, não sobem, mas descem [risos]. O que nós costumamos dizer, em jeito de brincadeira, é que as equipas B têm que ganhar sempre menos contra nós. Isso acaba por complicar as coisas, mas é bom. E trazem também condições, ir jogar ao Seixal, ir jogar ao Olival é sempre bom e depois acabamos por jogar com miúdos de muita qualidade, que é o que toda a gente gosta. No fundo, trazem muita dificuldade. É difícil jogar contra eles, mas ao mesmo tempo é um desafio…

- E trazem indefinição, não é? Acredito que sejam adversários mais difíceis de avaliar, porque de repente pode um jogador subir à equipa A, está o plano traçado para neutralizar aquele jogador e ele depois não joga e o plano muda…
- Sem dúvida, lembro-me perfeitamente que no ano em que subimos de divisão com o FC Penafiel, quando jogámos contra o FC Porto B, lembro-me de jogar o Kelvin, o Fucile, jogou também o Carlos Eduardo… Utilizava-se muita gente da equipa principal. O SL Benfica B tinha o André Gomes, tinha o André Almeida, tinha o Lindelöf, o Carole na altura… O próprio Sporting CP tinha o João Mário, ou seja, por aí dava para sentir… E, como estavas a dizer, são equipas que não dá para saber muito bem o que esperar delas. Posso esperar sempre qualidade, mas em termos de jogadores nunca se sabe o que vamos encontrar. Os treinadores até ficavam atentos aos jogos da equipa principal, se jogassem no dia anterior, para ver quem é que não entrava, porque no dia a seguir era possível que viessem jogar à equipa B.

«Fiz uma pré-época toda como lateral-direito»
- Voltando à sua estreia: o Romeu Ribeiro estreou-se como sénior pela mão de José Antonio Camacho. Na altura, sentiu que era e ia ser uma aposta sólida do técnico espanhol ou percebeu que era mais uma experiência?
- Só um apontamento: quem começa a época é o Fernando Santos. A ideia era nós treinarmos na equipa principal e jogarmos pelos juniores. O Fernando Santos foi muito cedo embora e entrou o Camacho. Nos treinos, as coisas começaram a correr-me mesmo muito bem, fizemos vários jogos contra os juniores, as coisas correram muito bem e o Camacho chamou-me e disse-me que não ia voltar mais para os juniores, que ia ficar ali a tempo inteiro. Entendi que era mesmo aposta e nos jogos isso dava mesmo a entender. Na minha estreia na equipa principal, na Liga dos Campeões, eu sou o primeiro a entrar. Na altura, até fiquei surpreendido por ele me mandar aquecer. Senti que era mesmo aposta e fiquei mesmo contente. Depois, pronto, dá-se ali também o empréstimo e já sentia que era aquele tal fosso que tínhamos falado, não havia uma equipa B onde pudéssemos jogar regularmente. Os juniores, se calhar, já não se adequava, então, a solução foi o empréstimo. Mas senti que, da parte do treinador, era para apostar, não era nenhuma experiência.

- No empréstimo ao CD Aves, sentiu que era uma aposta ou é como alguns empréstimos que vemos em que se percebe que a ideia é “não dá para vendê-lo, vamos empresta-lo”?
- Na altura, pensei que era para regressar e tudo dava a entender isso, mesmo a conversa com o mister dava para entender isso. Foi o que senti, que ia para o CD Aves, mas ia regressar na época seguinte. Só que, lá está, era o que estávamos a falar: não existia um plano para mim, que estava emprestado. Para o mister Camacho, eu regressaria no início da época seguinte. O problema é que o Camacho foi despedido e existia um plano, talvez, do treinador. Era um plano do treinador, não era um plano da estrutura. Entra o Quique Flores e ele nem sabia quem é que eu era, de certeza. Eu lembro-me que regressei para fazer a pré-época com ele, mas senti que fui fazer a pré-época porque tinha havido um Europeu e faltavam jogadores. Eu fiz a pré-época praticamente toda a lateral-direito. Aí senti que o regresso era uma mentira.

- Hoje em dia, olhando também para o SL Benfica, falta uma coincidência de planos, falta a estrutura escolher um treinador que coincida com os planos…? O que é que falta ali, porque parece-me que isso acontece cada vez mais, quando se devia estar a melhorar nesse aspeto?
- É um bocado difícil dizer, mas vai um bocado ao encontro ao que estamos a falar de não existir um plano. Agora, é óbvio que não vão poder jogar todos na equipa principal e os empréstimos vão acabar por acontecer e nem todos os jogadores têm a capacidade para jogar na equipa principal. Só que a grande diferença que existe hoje em dia – lá está, também por existir equipa B – é que um mesmo um miúdo que esteja na equipa B e seja emprestado, é sempre a um excelente clube. O empréstimo é sempre para um clube da Primeira Liga ou conseguem ser vendidos para mercados excelentes. A equipa B trouxe isso aos jogadores. Claro que ser emprestado ninguém quer ser, toda a gente quer jogar na equipa principal, mas hoje em dia os miúdos podem olhar para um empréstimo com mais tranquilidade do que existia na minha altura, por exemplo. São emprestados a clubes de Primeira Liga, clubes que lutam por excelentes objetivos. E mesmo que seja lutar para não descer, é sempre Primeira Liga.

- Já voltamos a esta temática, mas agora pedia que nos focássemos um pouco no patamar sénior. Acaba por fazer poucos jogos pela equipa principal das águias e segue para alguns empréstimos consecutivos, passando pelo CD Aves, pelo CD Trofense e pelo CS Marítimo B até assentar praça em Penafiel. Na primeira época nos durienses, garante a subida à Primeira Liga e participa em 38 jogos. Juntando o plano individual ao plano coletivo, foi a melhor época da sua carreira como sénior?
- Somando tudo, sim, sem dúvida. Foi uma época brilhante, uma época que guardo com muito carinho. Acabamos por subir de divisão, ou seja, alcançámos o objetivo coletivo que é sempre o mais importante. Mas mesmo a nível individual foi uma época em que eu senti que cresci muito, cresci em aspetos que não pensei que fosse crescer tanto. Até a esse nível, foi mesmo muito bom e somando tudo foi claramente a melhor época.

- Acredito que a época que esteja em segundo lugar nessa lista será a época imediatamente a seguir, porque é a temporada em que volta a jogar Primeira Liga. Sobe com o FC Penafiel em participa em 17 encontros primodivisionários. O FC Penafiel acabou por descer, mas foi o seu segundo contacto com o principal escalão (e, até ver, o último), depois das cinco partidas em que alinhou pelo SL Benfica na época 2007/08. Quão difícil e quão gratificante foi este caminho até voltar ao principal escalão do futebol português?
- Foi muito gratificante conseguir voltar à Primeira Liga, porque é o que eu costumo dizer: subi a montanha, consegui chegar ao topo e depois caí, mas caí lá bem para o fundo, mas consegui reerguer-me e consegui voltar a onde queria estar. Mas foi um caminho duro, um caminho muito complicado, mas quando conseguimos alcançar o objetivo é muito bom e faz-nos muito felizes. «As condições no Seixal não eram nada de especial».

- E nesse caminho duro quem tem mais importância: os treinadores, que permitem ser aposta, os colegas, toda a estrutura ou é ter um apoio familiar sólido que permite depois trilhar esse caminho duro e voltar à Primeira Liga?
- É um pouco de tudo, acho eu, mas, acima de tudo, o apoio familiar. É o mais importante, porque quando estamos lá em cima toda a gente nos ajuda, toda a gente nos dá umas palmadinhas nas costas, toda a gente fala connosco; quando estamos cá em baixo, contamos pelos dedos das mãos. E a família está sempre lá: quando estamos lá em cima, quando estamos cá em baixo, por isso, o apoio familiar é e sempre será – e é assim para todos, com certeza – o mais importante. E é graças a eles, mas também graças a mim, que tive que me reinventar e me adaptar, tive que perceber o que estava a fazer mal para conseguir regressar onde queria. São realidades completamente diferentes. Lembro-me de estar a jogar Liga dos Campeões e passados uns anos estar no CS Marítimo, na equipa B, a jogar em sintéticos, por exemplo. Lembro-me de estar a ir para um desses jogos e pensar: “ontem estava a jogar Liga dos Campeões e agora vou aqui para um sintético, com esta idade. O que é aconteceu, o que é que se está a passar”. Foram muitas perguntas e não é fácil… Tive que abdicar de muita coisa para conseguir voltar aos patamares onde queria.

- Hoje, isso acontece mais ou acontece menos? Não quero usar a palavra “mimado”, mas parece-me que agora há jogadores que têm equipa B, têm as condições necessárias para chegar lá e quando têm que dar um passo atrás que seja não estão dispostos a esse sacrifício, não estão dispostos a reinventarem-se como o Romeu fez. Estamos piores nesse aspeto, em termos da mentalidade dos jogadores ou é só uma impressão minha?
- Eu acho que sim, que podemos estar um bocado mal habituados, digamos assim. Mas também acho que os jogadores têm consciência. Acontecendo isso, eles podem até dar uma de “mimados” mesmo, mas depois acabam por ter que pensar, porque se querem é a realidade deles naquele momento. Não lhes vale de nada estarem chateados ou a penar que já não vão conseguir, porque isso não os vai ajudar em nada. Têm que se reinventar. Temos que procurar sempre soluções. Na vida – e no futebol, então! -, a procura de soluções tem que ser constante, porque nem tudo é como nós queremos. Infelizmente [entre risos]…

- Os jogadores estão à espera de um certo patamar, sobretudo estão formação de um grande. A pressão que um jovem sente quando está nos escalões de formação de um clube da dimensão do SL Benfica é maior do que se estivesse noutro clube? Sentem-se já na formação forças externas a exercerem sobre o jogador – no fundo, sobre o jovem – pressões grandes para que ele venha a ser um craque?
- Eu nunca senti, sinceramente, esse tipo de pressões. Deve ser um tipo de pressão – e ela existe – que nós próprios colocamos. Era essa pressão que eu colocava em mim. Nunca me foi colocada essa pressão por parte de treinadores ou de quem quer que seja. Era a pressão que eu colocava em mim porque, lá está, estava a abdicar dos melhores anos da minha vida, da minha adolescência. E se estava a abdicar tinha que valer a pena. É esse tipo de pressão individual que existe. Agora, a nível de fora, nunca senti que algum treinador ou a própria estrutura… Acho que, a nível do SL Benfica, isso é muito tranquilo e deixam o miúdo rolar e essa pressão é colocada por nós próprios.

- Ainda assim, não deve ter sido fácil trocar o Minho pela capital portuguesa aos 15 anos, para integrar os escalões jovens do SL Benfica. Como vive um adolescente essa transição: deixar o conforto de casa e ingressar numa academia e numa cidade diferente?
- A minha mãe costuma dizer que nunca pensou que eu tivesse coragem para isso, que nunca tinha saído de perto dos meus pais. Ela ficou surpreendida e ainda hoje brinca com isso. Acho que não olhava para a dificuldade que ia ter ao sair de casa dos meus pais, olhava mais era para o benefício que ia ter com essa saída. Até nisso foi bom ter sido com 15 anos, porque nem dava para pensar muito em saudades ou o que quer que fosse. Olhava mais para o que ia ganhar do que para o que ia perder. Depois, quando estamos lá acaba por nos cair a ficha e passamos por momentos difíceis, somos donos de nós próprios, temos que pensar em coisas que nunca tínhamos pensado, porque eram os nossos pais que tratavam de tudo. Mas, até nisso, eu costumo dizer que foi a melhor decisão que eu tomei. Consegui chegar à equipa principal, que foi excelente, mas, acima de tudo, consegui tornar-me mais homem, cresci mais, fiquei com outro tipo de mentalidade, que trago para os dias de hoje. Deu-me um arcaboiço muito grande e ainda hoje sinto isso ao falar com alguns amigos, sinto que consigo ser mais maduro um bocadinho do que eles.

- E no contexto de academia o que é mais importante: as condições, as infraestruturas ou as pessoas que trabalham convosco e podem ser um auxílio muito grande?
- Quando eu fui para o SL Benfica, ainda não existia o Seixal. Nós morávamos em Benfica, existia lá um mini-centro de estágios, aquilo tinha poucos quartos, mas não existiam as condições que existem hoje. As condições não eram nada de especial, mas nada mesmo! Não era pelas condições. Eu acho que o que ajuda mais são as pessoas e os nossos próprios colegas. Acabamos por nos tornarmos todos irmãos, estamos ali todos para o mesmo, mas temos que nos apoiar, porque eles é que são a nossa família naquele momento. Acho que os colegas e as pessoas que estavam mais próximas de nós – os treinadores, os psicólogos – acabam por ser o mais importante para nós. Os pais são o expoente máximo, mas não estão ali e, por isso, agarramo-nos mais aos colegas e às pessoas. Eu passei lá dois anos e não era pelas condições…

- Nessa fase, consegue nomear uma pessoa que tenha sido a mais importante?
- Os treinadores… Lembro-me que naquela altura falava já bastante com os psicólogos, lembro-me do Pedro Almeida (que agora já não trabalha com o SL Benfica) ser também uma boa ajuda. Mas a quem eu me agarrava mais ainda era ao meu colega de quarto, porque quando saí do SC Braga para o SL Benfica fui com o André Soares. Nós já nos conhecíamos há muito tempo e éramos o braço direito um do outro.

«Casa Pia vai dar cartas, mesmo na Primeira Liga»
- Voltava aqui ao patamar sénior… O FC Penafiel acaba por descer à Segunda Liga e o Romeu transfere-se para o Académico de Viseu, também do segundo escalão. Faz uma época nos viseenses e regressa aos penafidelenses, somando mais quatro temporadas pelos rubro-negros. A passagem por Viseu foi uma escolha própria ou alheia?
- Na altura, o que eu senti quando descemos de divisão que, nessa época em especial, (e o FC Penafiel até me convidou para renovar) senti que o FC Penafiel não me estava a dar o devido valor e senti que tinha que sair e surgiu a oportunidade do Académico de Viseu através do treinador que tinha começado a época anterior na Primeira Liga em Penafiel, o Ricardo Chéu, que me levou para Viseu com ele. Optei por isso, mas mais numa de estar “sentido” com o FC Penafiel. Senti que não me estavam a dar o devido valor, que faltava ali qualquer coisa. Quis sair para mostrar que eles iriam talvez sentir a minha falta. O que acabou por acontecer foi que sentimos a falta um do outro [risos]. As coisas em Viseu começaram bem até ao Ricardo Chéu sair, mas o clube na altura, comparado com o FC Penafiel, não tinha nada a ver. Em termos de condições, então… Era um clube que ainda estava muito atrás dos outros todos, estava demasiado amador e na altura eu não sabia disso. Depois da saída do Ricardo Chéu, senti que talvez não tivesse tomado a melhor escolha. Decidi voltar para o FC Penafiel, decidi voltar para casa, como costumo dizer, e era onde me sentia bem. Foi uma aprendizagem para os dois, tanto para o clube, como para mim. Acabámos por perceber que estávamos a precisar um do outro.

- A verdade é que, nessa época, o Académico de Viseu, estando muito atrás dos outros clubes, ficou a cinco pontos do FC Penafiel. O que é que se passou nessa época – ao FC Penafiel ou ao Académico de Viseu?
- Foi mérito nosso, porque nós também com pouco conseguimos fazer muito – com pouco em termos de condições, porque em termos de equipa, tínhamos uma boa equipa. E o FC Penafiel tinha descido de divisão, então houve muita entrada de jogadores novos e perdeu-se um bocado do “ADN FC Penafiel”. Acho que eles acabaram por pagar um bocado essa fatura, foi o que eu percebi no ano em que regressei, falando com os colegas. Perdeu-se um bocado o ADN, porque o FC Penafiel é sempre uma equipa aguerrida, uma equipa que, mesmo as coisas não correndo bem, nunca vira a cara a luta, ou seja, muito perto do que é o povo duriense. Nós também começámos bem, lembro-me de andarmos lá em cima no início, mas depois as coisas desabaram.

- Regressa, então, a Penafiel, onde fica por quatro épocas. Sai depois para o Casa Pia AC, onde esteve uma temporada (a transata). Foi uma passagem singela, mas que lhe deu prazer?
- Imenso, imenso prazer. Eu penso bastante nisto: gostava de ter apanhado o Casa Pia AC numa altura diferente da minha carreira, porque do Casa Pia AC só posso falar bem, enquanto clube. E até diria que os clubes da Segunda Liga deveriam olhar para o projeto Casa Pia AC como um projeto-piloto. Deviam guiar-se pelo projeto que está a construir o Casa Pia AC, porque é aquilo que eu defendo. É um clube que vai crescer e está a crescer – tinha a certeza disso. E é um clube que vai crescer ainda mais, tenho a certeza que o Casa Pia AC vai acabar por subir de divisão – e espero que assim aconteça em breve – e, mesmo na Primeira Liga, vai dar cartas. Não tenho dúvida nenhuma, porque o projeto é extremamente sólido. As pessoas entendem de futebol, sabem o que é preciso e têm uma parte que eu também gosto bastante que é o scouting, onde eles são mesmo muito fortes. São pessoas excelentes, conseguiram construir ali um ambiente excelente. Também estão muito bem orientadas pelo mister Filipe Martins, tanto ele, como a equipa técnica são mesmo muito bons no que fazem. Eu só posso dizer bem do Casa Pia AC. Só tenho mágoa de ter apanhado o Casa Pia AC numa fase diferente da minha carreira.

- Ia perguntar se acreditava, já na época passada, que os casapianos tinham capacidade para subir esta temporada, mas já acabou por me responder. Caso subam – e partilho da opinião, também acho que vão subir -, este projeto é suficiente para depois se agarrarem vários anos à primeira divisão? Basta este projeto ou as coisas podem correr mal mesmo havendo um projeto bem definido? Pode haver aqui um novo caso GD Estoril Praia, em que sobem e dão logo cartas na época seguinte, ou as pessoas dentro do Casa Pia AC têm consciência de que precisam de solidificar o projeto para daqui a uns anos se tornarem uma equipa de primeira metade da tabela na Primeira Liga?
- É um bocado das duas. É curioso que eu ia dar até o exemplo do próprio GD Estoril Praia, ia dizer que acreditava que o Casa Pia AC subisse e que na época seguinte fosse mais ou menos o que está a ser o GD Estoril Praia agora. E acredito nisso! Acredito que mesmo dentro do projeto eles sabem que têm que fazer ajustes, mas acredito tanto no projeto e acredito tanto nas pessoas que estão à frente do projeto que acredito que eles, caso consigam subir e acho que sim, consigam fazer uma época excelente, porque vão ter ali o suporte dessas tais pessoas que fazem parte do projeto. Eles, acima de tudo, são conscientes e sabem o que é necessário para se conseguirem depois manter. É um clube que vai dar cartas e que, se continuar assim, aguentam-se uns bons anos na Primeira Liga, sem problemas nenhuns.

- O Romeu dizia que os clubes da Segunda Liga deviam olhar para o Casa Pia AC como um projeto-piloto. Eu diria que, se calhar, até alguns da Primeira Liga deveriam fazê-lo, não sei se concorda…
- Também concordo, também concordo. Acho que há clubes na Primeira Liga – pelo menos é o que dá a entender a nós que estamos de fora – que se nota que não têm um plano definido, que não sabem por onde é que querem ir. E quando assim é, são projetos a curto prazo. E esses projetos curto prazo acabam por não funcionar tão bem. O Casa Pia AC, é o que eu costumo dizer, é um projeto a longo prazo, mas é um projeto bem consolidado, eles sabem por onde querem ir, sabem o que é necessário para o conseguirem e, logo por aí, é meio caminho andado. «Faltam dirigentes de qualidade em Portugal».

- Um dos temas recorrentes, parece-me, é a sua perceção de que mais do que os clubes ou as estruturas, de uma forma abstrata, interessam as pessoas. Estarem as pessoas certas nos lugares certos faz toda a diferença, quer na carreira dos jogadores, quer nos clubes. Falta em Portugal essa capacidade de os clubes perceberem de que, se calhar, mais do que ter uma estrutura ou ter infraestruturas, é preciso ter as pessoas certas nos lugares certos, pessoas que sabem o que fazem e que fazem o sabem? Falta isto a mais clubes, mesmo na Primeira Liga?
- Sem dúvida nenhuma, concordo a 100%. Faz falta ter as pessoas certas nos lugares certos. E acho que em Portugal temos uma falta de dirigentes de qualidade, sinceramente. Acho que vivemos um futebol onde se cobram demasiados favores. Depois, favor aqui, favor acolá, acaba por prejudicar os clubes. Às vezes, temos pessoas em lugares em que não têm capacidade para estar, porque, talvez, tenhamos que pagar o favor. E quando assim é, os clubes não andam para a frente. Eu costumo falar muito disto com pessoas ligadas ao futebol. Faltam dirigentes de qualidade. Falta muito, muito mesmo. Quer em clubes de Segunda Liga, quer em clubes de Primeira Liga.

- Quem é que precisa de abrir os olhos, os sócios e adeptos?
- Ah, sem dúvida, sem dúvida! Os próprios sócios e adeptos que, às vezes, olham… Antigamente olhavam mais para os resultados, agora também procuram saber o que se passa dentro do clube. Mas acho que é muito por aí, as estruturas não são equilibradas. Como jogador, no CD Aves, tinha um colega chamado Ricardo Nascimento e ele tinha uma frase muito engraçada, que usava muitas vezes. Guarde essa frase para o resto da minha carreira, que era “o futebol é para todos, mas nem todos são para o futebol”. E isso é claramente verdade! E, hoje em dia, há muita gente que não é para o futebol.

- Muito mais haveria a dizer sobre este tema, mas pegava agora na palavra decisão – pessoas certas nos lugares certos tomam decisões certas, como falávamos – para perguntar (até porque tenho curiosidade em saber) em que momento é que um jogador, em período de formação, decide (se é que é o jogador a decidir) qual a posição em que quer tirar a especialidade? No seu caso, quando percebeu: “a minha vocação é para médio-defensivo e vou trabalhar para ser um jogador de excelência nesta função”? Quando começou a pensar “bom, se calhar vou deixar de ver vídeos do Ronaldo, porque não vou ter tanta bola, e vou acompanhar outros jogadores, porque percebo que a minha posição é esta”?
- Acho que isso é um trabalho dos treinadores. Tentar chegar ao pé do jogador e tentar explicar-lhe isso mesmo. Eu, felizmente, tive excelentes treinadores na formação e treinadores que nos chamavam a atenção para isso mesmo, que nem toda a gente podia ser o Cristiano Ronaldo, tinha que haver alguém que, como se costuma dizer no futebol, tocasse bombo [risos]. E isso é um trabalho fundamental dos treinadores, eles é que têm que chegar ao pé dos jogadores e dizer “olha, eu acho que as tuas características são estas o que tu deves fazer é olhar mais para este tipo de jogador, que se enquadra mais com a posição em que vais estar”. Na minha posição de médio-defensivo, na altura, quem jogava no SL Benfica era o Petit e os treinadores diziam-me “olha muito para o Petit”; no FC Porto, jogava o Costinha, diziam para olhar para o Costinha. Há uma história muito curiosa em relação a isso. Quando estava no SL Benfica, na formação, nós costumávamos ir ver os jogos da equipa principal. Um dia, o SL Benfica jogou em casa para a Liga dos Campeões contra o Manchester United FC, na altura com o Cristiano Ronaldo. Lembro-me que, da equipa de juniores, estávamos ali todos juntos e recebemos todos uma mensagem no telemóvel ao mesmo tempo. Tinha sido o treinador – na altura, o Bruno Lage – que nos tinha enviado uma mensagem, nunca mais me vou esquecer. “Hoje, vocês vão estar a olhar para o jogo, mas vão fazer o exercício de cada um estar a olhar para o jogador da sua posição e tentar perceber o que é que ele faz de melhor e de pior. Vejam o jogo como treinadores e não como adeptos”. E foi muito engraçado e vai muito ao encontro do que estava a dizer de quem é que nos deve guiar para nos mostrar qual o nosso tipo de características para determinadas posições. Acho que são os treinadores.

«Bruno Lage foi o treinador que mais me marcou».
- Pegando, já agora, no exemplo do Bruno Lage… Por vezes, também os treinadores têm uma transição difícil para as equipas seniores. “Nem todos são para o futebol” e, se calhar, de entre os que são para o futebol, uns são para umas coisas e não para outras. Sentia, no caso do Bruno Lage, que ele tinha capacidade para chegar ao patamar sénior?
- Sentia e os meus colegas todos sentiam. Acho que foi a primeira vez na formação em que eu senti isso, “epá, um dia o mister de certeza que vai ter sucesso e vai conseguir chegar a um grande”. Disso não tínhamos dúvidas, porque, para já, sentíamos a paixão dele, que era um apaixonado. Depois, gostava muito de aprender também e nós acabávamos por perceber que nos treinos que ele nos dava – e os treinos dele tinham muita qualidade – captava muito a nossa atenção. Analisávamos contra quem íamos jogar e tudo o que ele dizia acabava por acontecer durante o jogo. Nós também nos apercebíamos que ele percebia daquilo, não é [risos]? Tanto é que eu, no ano em que subi de divisão no FC Penafiel – já nem sei onde o mister estava -, falava muito nele, falava muito nele, falava muito nele e o pessoal não o conhecia. Há uns tempos recebi uma mensagem de um colega a dizer “ah, afinal tinhas razão” e eu disse “pois!” [risos].

- E foi o treinador que mais o marcou, entre carreira jovem e carreira sénior?
- Ah, sem dúvida, sim, sem dúvida! Posso dizer que sim. Bola na Rede: Neste momento, estando sem clube, está nos planos uma primeira experiência internacional? Romeu Ribeiro: É assim, surgiram convites para eu ficar em Portugal. Tive o sonho de jogar fora, mas foi ali depois do Académico de Viseu. Senti que poderia dar o salto para fora. Não se proporcionou, também sentia que, para o futebol internacional, a minha posição é um bocado mais específica: uma posição que não faz golos, que não faz assistências, faz ali o trabalho mais sujo que ninguém liga muito, mas que é extremamente importante. Acaba por dificultar um bocado a saída. Na altura, surgiu um convite, mas, financeiramente (é mesmo assim), não compensava. A partir daí, deixou de ser objetivo. Este último ano, surgiram convites para Portugal, para fora nunca surgiu. Decidi recusar porque também decidi que era altura de retribuir à família todo o sacrifício que eles tinha tido ao ter-me longe. O meu filho também nasceu em junho e, pronto, optei por dar uma pausa, se assim podemos dizer. Respondendo diretamente à pergunta, o futebol internacional está, em princípio, está fora de hipótese. Tinha que ser uma proposta mesmo muito boa.

- Antes de mais, parabéns pelo nascimento do seu filho. Quando existia esse objetivo internacional, qual seria o campeonato mais “estilo Romeu”?
- É uma boa pergunta… Na altura, sempre me via mais no futebol italiano, um futebol muito tático, acho que era muito por aí. Acho que era um futebol a que me iria adaptar bem. Sei que é duro taticamente, mas eu gosto disso. Gosto… não lhe queria chamar rigidez tática, mas gosto.

- Já começa a mudar um pouco o futebol italiano…
- Muito, muito, e ainda bem. Mas, mesmo assim, acho que há uma riqueza tática e eles ligam muito a isso, acho eu… Também ia ouvindo as declarações do Paulo Fonseca o ano passado e ele falava muito nisso.

- O próprio Mourinho acabou por dar lá lições táticas em 2010…
- Sim, acho que até isso fez menos bem ao mister José Mourinho, que, a partir daí, tornou-se mais tático um bocado.

- Depois da aposentadoria como jogador – espero que não esteja para breve -, vai continuar no mundo do futebol? Como dirigente, já que faltam dirigentes de qualidade, como scouter, já que dizia que gostava dessa vertente? Ou o futuro pós-jogador não passa pelo desporto-rei?
- Ah, passa pelo futebol, sem dúvida nenhuma. É onde eu me sinto bem, é onde gosto de estar e já tirei dois níveis de scouting, estou a tirar agora o segundo nível de treinador também e um dos objetivos passa também por tirar um curso de dirigente desportivo. Também era por onde eu gostava muito de passar, acho que era onde eu me via a trabalhar no futebol: como diretor desportivo, sem dúvida nenhuma. Estou a tirar o segundo nível de treinador também porque o mister Filipe Martins, o ano passado, passou o ano todo a “chatear-me” com isso, a dizer que eu tinha jeito para aquilo [entre risos]. Eu dizia “não, não sei bem se tenho, mas, pronto, vou lá tirar as teimas, também não perco nada por isso”. O scouting é uma paixão desde pequeno, mas onde me via mesmo, mesmo a trabalhar era como diretor desportivo.

- Para fechar em ciclo, qual é o clube de sonho para trabalhar como diretor desportivo: o FC Penafiel ou o SL Benfica?
- Eu gosto de apontar bem lá para o alto, por isso gostava que fosse o SL Benfica, sem dúvida nenhuma. Era um sonho, não é, era excelente. Quem é que não gostava? Mas não me importo de começar por baixo [risos]. Romeu Ribeiro, ficou muito por perguntar e por dizer, naturalmente, mas é tudo da nossa parte. Muito obrigado pelo tempo, pela disponibilidade e pelas histórias!"