quarta-feira, 25 de junho de 2025

NOS OITAVOS DE FINAL

 


Benfica 1 Bayern 0

VAMOS EM FRENTEEEEE!
O Bayern é de longe a maior "besta negra" da nossa história de jogos internacionais: 10 derrotas, 3 empates, zero vitórias. Um empate hoje é suficiente para seguirmos em frente, mas olhando ao histórico não é tarefa nada fácil.
O facto do Bayern já estar apurado, de estarmos em fim de época e da temperatura estar elevada, 33 graus à hora de iniciar o jogo, pode ajudar a tirar um pouco da alta intensidade que eles sempre metem nos jogos. Assim seja!
Bank of America Stadium para aí a meia casa, é a tal história de terem mandado o campeonato do mundo para um país onde o futebol está a léguas de ser uma das modalidades mais populares.
VAMOS LÁ AO JOGO!
(comentários em direto, jogo visto na aplicação da DAZN no telemóvel)
00 Schjelderup e Prestianni em simultâneo no onze, uma novidade já a projetar o futuro?
Kokcu no banco: desconheço se foi castigo, mas para mim, assegurado que estivesse o balneário, podia ser titular se fizesse parte da estratégia.
04 primeiro aviso para uma perca de bola do Di María - perigo na nossa área! A pressão desta gente não é para brincadeiras, é para não brincarmos com a bola quando está nossa.
09 velhos são os trapos: grande remate do Di María, que defesa do Neuer com a ponta dos dedos.
13 caganda transição, crl!!! SCHJEL-DE-RUP, e repito: SCHJEL-DE-RUP! Bela conclusão a centro atrasado de Aursnes. Que ca-te-go-ria!
17 Pavlidis fez tudo bem feito, isolou-se, estava a posicionar-se, caiu, aguardo a repetição. O VAR diz que não se passou nada, mas estas realizações são vergonhosas, nada. Estamos a sair bem para as transições ofensivas.
21 Dá ideia que o Di María não se quer despedir hoje do Benfica, quer pelo menos mais um jogo, está bem, muito bem no jogo.
25 lance do Plavidis agora finalmente repetido, muitas dúvidas, há toque nas costas do grego, se marcasse não seria revertido, diz o comentador, concordo, claro.
30 pausa para hidratação, estamos a fechar com onze atrás da linha da bola, eles com dificuldades em encontrar espaços, em criar oportunidades, o jogo assim até que nem está mal, e até que nem está mal porque estamos também a conseguir sair com perigo aqui e ali.
42 querem ver que os médicos descobriram mesmo o problema do Renato? É que o vejo a fazer um bom jogo e tem tido neste campeonato utilização mais intensa.
44 o Gnabry a fazer gato-sapato do Aursnes e o Dahl e o Barreiro a verem a bola passar, pareciam uns totós, agradecimento ao Sané por ter mandado a bola para as nuvens de Charlotte.
45+4 o árbitro podia dar mais tempo face às paragens, mas por mim o jogo até podia acabar já!
45+3 cada vez que o Trubin faz passes longos, lembro-me do Samu.
46 eles regressam com a artilharia pesada!
50 o Trubin a marcar pontos, bem precisamos dele em dia sim
52 e esta? Não é que o Auckland marcou ao Boca? Vamos lá malta!
55 safa, que o Aktur, acabado de entrar, na primeira intervenção no jogo já podia ter marcado, que pena! Boa defesa do Neuer, mas o Pavlidis estava bem posicionado para concluir, o Aktur não viu, era só empurrar!
60 golo deles para o VAR decidir se o fora de jogo posicional do Kane interfere ou não na jogada, não conta mesmo, bem visto! Isto está a ficar complicado...
65 estamos cada vez mais encostados às cordas, empurrados lá para trás, a defender dentro da área, o rolo compressor deles em ação
68 Kokcu no chão, lesionado, aproveitam para a pausa, não se percebe se o Kokcu recuperou, estas realizações são um desastre
74 àganda Trubin!!! Ui, mais uma defesa que vale por um golo! Renato sai, esteve no chão, deixa o relvado com andar de quem não se passa nada
87 toma lá mais Trubin, um para um, mancha incrível, defesa incrível, um herói em Charlotte!
90 deu mais 8 minutos de sofrimento. 33 mil nas bancadas, nem meia casa,
90+8 apuramento garantido, mais milhões, mais prestígio, mais futebol, mais Benfica! Só receio a preparação da próxima época.
E agora, amigos, vou de peito feito entrar em direto no programa Clássico do canal V+ (posição 12 ou 18 conforme o operador). Muita coisa há para debater.

Jaime Cancella de Abreu, in Facebook

BENFICA DE CORAÇÃO CHEIO



 Transpiração e muita competência colocaram os encarnados nos oitavos de final do Mundial de Clubes.

CHARLOTTE - Benfica segue no Mundial de Clubes. Não só bateu o pé ao Bayern Munique como o venceu e conquistou o primeiro lugar do Grupo C. Com justiça, numa exibição que teve de tudo: Trubin intransponível, capacidade de sofrimento, qualidade para defender e também para ferir os alemães.
As águias mandaram na primeira parte. A uma entrada mais intensa do Bayern, na tentativa de fazer pressão alta e manter o jogo junto à área de Trubin, o Benfica respondeu com um bloco compacto e solidário, com Leandro Barreiro e Renato Sanches à frente do quarteto defensivo e toda a equipa muito comprometida para reduzir espaços.
Renato e Barreiro não só defendiam bem como ligavam a equipa e o trabalho de Prestianni, jovem de 19 anos, voltou a ser muito interessante — colocado atrás de Vangelis Pavlidis, não teve medo de ter bola e de atacar, mas destacou-se também por manter a cabeça fria, sem precipitar-se; jogou para a equipa e pressionou bem no momento de saída com bola do adversário.
Aos poucos os encarnados foram ganhando metros e desenhando boas transições que assustaram o Bayern e aumentaram a confiança da equipa de Lage.
O primeiro sinal de perigo surgiu aos 9 minutos, num bom remate de Di María que obrigou Neuer a uma defesa apertada. Um aviso do extremo argentino, que esteve, aliás, em quase todos os lances de maior aperto para os alemães durante os primeiros 45 minutos. Foi ele quem conduziu a bola e depois a passou para Fredrik Aursnes cruzar e Andreas Schjelderup marcar o primeiro golo, aos 13 minutos. Golo e assistência dos dois nórdicos das águias, lance que desestabilizou o Bayern e deu espaço ao Benfica para tentar crescer.




Pouco depois, Di María, novamente ele, combinou com Pavlidis e o ponta de lança quase ficou cara a cara com Neuer, mas não conseguiu rematar, caiu e pediu penálti. O árbitro mandou-o levantar.
O sinal mais era do Benfica, que estrategicamente deu a iniciativa ao Bayern e manteve a competência a defender. Correu alguns riscos, como o lance de golo iminente que Sané desperdiçou depois de grande trabalho de Gnabry, mas a equipa portuguesa estava sólida, mantia o Bayern Munique a trocar a bola em zonas de pouco perigo e não só atacava, como atacava bem e mereceu bem o único golo marcado antes da ordem do árbitro para intervalo.
As coisas estavam a correr bem e Bruno Lage não mudou a equipa para o início da segunda parte. Kompany, por outro lado, quis melhorar o Bayern e lançou Kane e Kimmich, dois pesos-pesados dos bávaros. Também entrou Olise para o lugar de Gnabry. A exigência aumentava para os jogadores do Benfica e os sinais de alerta surgiram rapidamente.




No mesmo minuto, aos 50’, Trubin travou lance para golo de Sané e logo a seguir segurou remate de Kane. Vários outros lances de perigo sucederam para os alemães e o momento foi de aperto. Mas o Benfica não se desequilibrou e soube reagir. Lage tirou Schjelderup e Prestianni e lançou Akturkoglu e Kokçu. O primeiro logo construiu grande oportunidade para marcar o segundo golo, mas a bola bateu nas pernas de Neuer. A iniciativa, porém, pertencia ao Bayern. Kimmich marcou um golo, anulado por fora de jogo de Kane, que estava colocado à frente de Trubin e atrapalhou a movimentação do guarda-redes ucraniano do Benfica; Laimer disparou ao poste, mas também lhe foi assinalada posição irregular. O Bayern dava tudo para virar o jogo, mas esbarrou também numa exibição enorme de Trubin, que evitou vários golos.
Com o jogo a aproximar-se do final, Renato Sanches caiu no relvado e foi substituído por Bajrami, que se juntou lá atrás e ajudou a formar uma linha de cinco defesas para segurar o resultado. Até ao árbitro apitar foi preciso sofrer, mas a vitória sorriu, a qualificação e o primeiro lugar no grupo também. E o Benfica ganha pela primeira vez ao Bayern, nunca tinha acontecido. Next stop: oitavos de final do Mundial de Clubes.
DESTAQUES DO BENFICA:
Ucraniano passou a primeira parte a trabalhar para o bronze e a segunda a trabalhar a tempo inteiro. Exibição muito boa, bem secundada por António Silva e Otamendi. Golo bem construído entre Di María, Aursnes e Schjelderup.
Trubin (8) - Melhor em campo
Poderia ter alugado uma cadeirinha de praia e colocado um protetor solar para assistir aos primeiros 45 minutos de Charlotte: nada para fazer. A não ser, já na compensação, receber bola quase morta. Ao minuto 49, por fim, teve de se lançar aos pés de Sané e, segundos depois, fez grande mancha a novo remate de Sané. Mais tarde, aos 75', mais uma boa defesa, agora com a perna esquerda, após remate de Pavlovic. Quase a fechar, com o braço esquerdo, evita golo de Sané. Grande exibição de Anatoliy Trubin.




Aursnes (6) - De novo lateral-direito, começou por dar nas vistas em missões ofensivas. Recebeu passe longo de Di María e cruzou atrasado para Schjelderup abrir o marcador. Primeiros 45 minutos sem muito trabalho e segundos com um pouco mais, mas não muito, pois o Bayern atacou, sobretudo, pelo lado esquerdo da defesa encarnada.
António Silva (7) - Sem muito trabalho até à hora de jogo, teve de empregar-se muito mais a partir daí. Grande corte de cabeça aos 84' quando, atrás dele, aparecia Kane prontinho para desviar para golo.
Otamendi (7) - Primeiro tempo calmo e sem grande trabalho, o que não se passou a partir do momento em que Kane entrou em campo. Lutas árduas com o inglês do Bayern.
Dahl (6) - Menos ousado do que tem sido, talvez por Schjelderup estar bem à sua frente, o sueco cumpriu muito bem as tarefas que lhe terão sido pedidas por Bruno Lage: defender bem o lado esquerdo da defesa. Triplicou de trabalho após o intervalo, quando Kompany fez entrar Olise para o lugar de Gnabry. O francês de origem inglesa esteve endiabrado e o sueco passou por algumas dificuldades. Avançou no relvado quando Lage fez entrar Bajrami para a ala esquerda.
Leandro Barreiro (5) - Menos exuberante do que o seu parceiro de meio-campo, cumpriu sem dar nas vistas.
Renato Sanches (6) - Tem sobre as costas o estigma de, a cada esforço mais forte que faz, todos pensarem se sairá dele com os músculos intactos. A verdade é que o seu passado mais ou menos recente não pareceu pesar na sua exibição. Forte no contacto, inteligente a recuperar a bola e sólido a colocá-la nos dois lados, ora em Schjelderup, ora em Di María. Saiu aos 78', depois de ter ficado algum tempo no chão a receber assistência. Não pareceu nada de grave, apenas ligeiras queixas físicas.
Prestianni (4) - Apareceu a jogar atrás de Pavlidis, com Schjelderup e Di María mais abertos. Não deu nas vistas e, assim, sairia bem cedo na segunda parte.
Di María (6) - Arrancou com um remate forte e cruzado que obrigou Neuer a estender-se no relvado e a evitar, com a ponta dos dedos, que houvesse golo em Charlotte logo ao minuto 9. Logo a seguir, pegou na bola e, quando poderia ter entrado pelo meio, preferiu (e muito bem) ceder a bola a Aursnes para que este, quase na linha de fundo, cruzasse rasteiro para o golo de Schjelderup. O último jogo de águia ao peito fica, assim, adiado.
Pavlidis (6) - Soberba arrancada pouco antes dos 20 minutos, passando por Stanisic e sofrendo a oposição contundente de Upamecano ao entrar na área. Estatelar-se-ia no corpo a corpo com com o francês, sem motivo para grande penalidade. Deveria ter sido mais expedito e objetivo para tentar o remate. Menor evidência na segunda parte, a partir do momento em que o Bayern cresceu.
Schjelderup (6) - Solto e rápido, começou por criar perigo em algumas arrancadas pela esquerda, mas o ponto alto foi o golo, de pé direito, após cruzamento de Aursnes. Seria o ponto alto da exibição apenas razoável.
Akturkoglu (5) - Entrou aos 55 e aos 56 abriu fenda na defesa bávara e rematou à figura de Neuer. Nada mais de interessante.
Kokçu (4) - Correria desenfreada rumo à baliza de Neuer, aos 69', mas perdeu-se no esforço. E teve de ser assistido na sequência do pique.
Bajrami (6) - Grande corte, aos 90+8, aos pés de Pavlovic, já dentro da grande área.
João Rego (-) - Entrou para os últimos minutos e quando já só o Bayern atacava. Sem espaço para se evidenciar.
Tiago Gouveia (5) - Tentou entrar, isolado, pelo lado esquerdo, mas, se começou bem o raide, terminou-o mal.

segunda-feira, 23 de junho de 2025

"CASO KOKÇU" NUNCA SE ENCERRARÁ COM ESTA LIDERANÇA



 Situações como a explosão do turco em campo só acontecem com líderes fracos. Agora, todos ficam a saber que se lhes acontecer o mesmo basta-lhes ir à TV. E nem precisam pedir desculpa.

Que peso tem o fator psicológico na avaliação que o Benfica faz dos potenciais reforços? Sobretudo a nível de inteligência e equilíbrio emocional? De Prestianni deixa correr que não tem cabeça para explicar o não conseguir vingar no tal plano de Bruno Lage que ou ainda não viu a luz do dia ou ninguém sabe em que consiste, enquanto é o próprio Kokçu quem faz questão de que todos saibam que essa instabilidade ainda é problema maior nele, apesar da experiência acumulada.
Uma entrevista, como aconteceu durante a era Schmidt, não nasce do calor do momento. O que se diz é premeditado ou antecipado, ainda que uma questão fora da caixa possa apanhar desprevenido o entrevistado. Nessa conversa, em que o médio anunciou que o problema era ser demasiado humilde e, como tal, tinha sido também ele responsável por não lhe ter sido dada a importância que entendia merecer, disse o que quis. Já uma explosão no campo sim pode ser descontrolo momentâneo, mas nasce do mesmo problema: um ego enorme.
Depois da prova de indisciplina, o Benfica quis mostrar que esta não existe. Colocou o jogador à frente das câmaras e este cumpriu o seu papel, ainda que tenha saltado uma ou duas vezes o guião. Não pediu desculpas, não prometeu controlar-se para nunca mais se repetir tamanha falta de respeito, se é que isso estava previsto, porque poderia nem estar – que o afetou a si, ao treinador e até a imagem do clube –, deixou o conselho para não se valorizar demais o sucedido e, horas depois, foi ter com Lage para o abraço mais fotogénico (e esperado) do dia.
Desta forma, a direção de Rui Costa evita, mais uma vez, tomar decisões drásticas. Evita fazer de Kokçu um exemplo, castigando-o, e dar um pouco de força à frágil liderança de Lage. Porque se fosse forte não teria acontecido. Se fosse forte, o técnico não teria descido ao nível do jogador e discutido em público, à frente dos outros atletas, dos adeptos e de todos os que viram o encontro, antes ou depois, ou até o fenómeno isolado, que nem precisa de grande contextualização. Acredito até que seja titular diante do Bayern, como se nada se tivesse passado. Um dia normal nos escritórios da Luz.
No entanto, retomo o início. Aquele às vezes em campo perco o controlo estava ou não nos relatórios de observação do jogador? Se estava, porque não fez pensar duas vezes quem colocou na mesa 25 milhões de euros, prontos a bater o recorde de transferências do clube? Inexplicável. E irrecuperável, também.
Luís Mateus, in a Bola

SÓ NÃO VÊ O PERIGO QUEM NÃO QUER...

 


A disparidade entre os clubes que disputam a I Liga é tremenda e o nivelamento por baixo, inevitável - se nada, entretanto, for feito – far-nos-á descer, em breve, da II à III Divisão europeia...

DESMASCAREMOS, então, uma realidade preocupante:
FACTO - De 2023/24 para 2024/25 houve um aumento de 54.590 espetadores na I Liga portuguesa.
FACTO - De 2023/24 para 2024/25 houve um aumento de 129.574 espetadores nos jogos em casa dos três grandes.
FACTO - Se a Benfica (956.291 em 2023/24 para 998. 680 em 2024/25), Sporting (de 681.727 para 722.987) e FC Porto (de 644.503 para 690.356), juntarmos aqueles que a seguir surgem destacadíssimos no ranking de assistências, V. Guimarães (de 295.592 para 313.605) e SC Braga (de 262.566 para 235.755), verificamos que nos primeiros cinco do ranking houve, de 2023/24 para 2024/25 um aumento de 120.793 espetadores.
FACTO - Nos últimos 13 classificados do ranking houve um decréscimo de 66.203 espetadores.
FACTO - Os sexto e sétimo classificados, em 2024/25, no ranking de assistências, foram o Boavista (total de 122.596 espetadores) e o Farense (121.812), ambos despromovidos à II Liga.
FACTO - O oitavo classificado, Gil Vicente, teve 93.437 espetadores e daí para baixo, nos derradeiros dez, os números variaram entre os 64.285 do Famalicão e os 34.729 do Casa Pia.
FACTO - Estoril, Rio Ave, AVS SAD, Nacional, Moreirense, Arouca e Casa Pia tiveram assistências médias abaixo dos 2.800 espetadores.
CONCLUSÃO 1 - Perante a disparidade entre clubes, sendo que os três grandes representam 93 por cento do volume de negócio da indústria do futebol em Portugal, torna-se por demais evidente a necessidade de alteração dos quadros competitivos. Porque uma mentira, por muitas vezes que seja repetida, não se torna em verdade, o aumento de número global de espetadores na I Liga de 2023/24 para 2024/25, na ordem dos 54.590, deveu-se ao aumento, em 129.574 nos jogos caseiros dos três grandes. Nas partidas disputadas em casa dos restantes 15 emblemas, houve um decréscimo de 75.084 espetadores.
CONCLUSÃO 2 - Está à vista de todos, através da falta de interesse gerada por um número demasiado expressivo de jogos, que a nossa realidade não comporta 18 clubes na I Divisão. Quando se estende a principal competição a formas tão díspares - um pouco, passe a hipérbole, como se colocassem em competição orçamentos de Fórmula 1 e de Karting – a consequência é o nivelamento por baixo, o que limita a evolução dos mais bem apetrechados e liquida de forma suicida a classe média, cada vez mais importante para as contas da UEFA, onde corremos o risco de, dentro de dois ou três anos, sermos ultrapassados pela Bélgica (que fez os trabalhos de casa em tempo devido), retirando ao campeão nacional o acesso direto à Champions.
CONCLUSÃO 3 – Os factos e as evidências são de tal forma gritantes que não se compreende como, à luz da razão, os clubes não deixam de olhar para o umbigo e passam a encarar o desenho global, porque, neste plano inclinado onde nos encontramos, ninguém tem garantias de poder evoluir ou, até, de manter o estatuto vigente. Se não houver adultos na sala, capazes de tomar decisões que nunca serão simpáticas, é difícil prenunciar algo de bom.
CONCLUSÃO 4 - De demasiados jogos pouco ou nada interessantes, ressente-se a tentativa de internacionalização da nossa I Liga. O que nos remete para os valores da venda centralizada dos direitos televisivos, que estão à beira de ser vítimas de um choque frontal com a realidade.
José Manuel Delgado, in a Bola

LINHAS EDITORIAIS INCRÍVEIS!


 Linhas editoriais incríveis @BMRibeiro

domingo, 22 de junho de 2025

BAYERN ELOGIA BENFICA: "NENHUM CLUBE EM PORTUGAL TEM A AURA DO BENFICA"



 Para os bávaros, apesar de não ter conquistado o campeonato português, o Benfica continua a ser reconhecido como clube inigualável em Portugal.

Bayern apresentou o Benfica com muitos elogios, em publicação no site oficial. O clube alemão, próximo adversário no Mundial de clubes, recordou Eusébio e a alegada maldição de Béla Guttmann.
O Bayern recorda que o histórico de confrontos entre os clubes é claramente desfavorável às águias: em 13 encontros oficiais o Benfica nunca venceu (10 derrotas e três empates). Refere também o mais recente duelo na Liga dos Campeões, com derrota por 0-1, em Munique.
Para os bávaros, apesar de não ter conquistado o campeonato português, o Benfica continua a ser reconhecido como clube inigualável em Portugal, face à grande quantidade de títulos.
«Nenhum outro clube em Portugal tem a mesma aura que o Benfica. Os encarnados foram campeões nacionais 38 vezes, um recorde, e conquistaram 26 taças de Portugal, também inigualável. Fundado em 1904 por órfãos com sonhos futebolísticos, o lendário jogador Eusébio levou o clube a novos patamares nos anos 60, conquistando duas vezes a Taça dos Campeões Europeus. Uma época de ouro — e o início de uma lenda», pode ler-se.
O clube alemão recorda ainda a alegada maldição de Béla Guttmann, treinador húngaro que levou o Benfica ao bicampeonato europeu. Desde então, assinala o Bayern, os encarnados não voltaram a vencer a competição.
«Diz-se em Lisboa que o clube está amaldiçoado por uma maldição que, ao que parece, ainda o persegue na Europa. Apesar das várias participações em finais, o Benfica não conseguiu conquistar qualquer título continental importante. No entanto, segundo os adeptos, esta maldição não se aplica a tudo. Não será o caso do Campeonato do Mundo de Clubes da FIFA», pode ler-se no site dos campeões alemães.

KOKÇU E LAGE, MAS ANSELMI TAMBÉM: ANDAMOS A BRINCAR?



Kokçu não deve reagir assim a uma substituição, Lage não pode provocar assim depois. Já o FC Porto bateu no fundo e a ideia de Anselmi não chegou ao São João...
O que aconteceu entre Bruno Lage e Kokçu no jogo com o Auckland City bem pode ser desvalorizado pelo treinador como revelador da «vontade de ganhar» do médio turco, mas o mundo estava a ver. Não literalmente, a avaliar pelas bancadas vazias, mas convém não esquecer que, mesmo frente a amadores, o Benfica está num Mundial de Clubes e não dá para brincar com a marca lá fora.
Dentro de campo, foi cumprida a obrigação de golear os neozelandeses, depois de um empate mais emocional do que racional com o Boca Juniors, mas os encarnados não estão hoje mais tranquilos ou galvanizados do que estavam quando saíram derrotados do Jamor. O momento de tensão entre técnico e jogador mostra que fora das quatro linhas também não haverá grandes razões para ter esperança.
Que Kokçu tem uma grande «vontade de ganhar» já o sabíamos desde que furou a comunicação do clube para criticar Roger Schmidt, reclamando para si um estatuto que os adeptos benfiquistas não reconheciam (nem reconhecem...). Começar este show por ser substituído numa partida com o Auckland City só ajuda a formar a ideia de que Kokçu não tem noção que a equipa está acima do seu ego. Se Lage e outros o quiserem desculpar com a «vontade de ganhar» só o tempo dirá se foi uma boa decisão, mas, no meu entender, «vontade de ganhar» foi o que Otamendi fez frente ao Boca Juniors, e devia ser muito bem distinguida de birras.
No entanto, a análise deste caso não poderá ficar pelo turco. Após o golo de Renato Sanches, foi visível que o treinador reagiu para o banco. A mão à frente da boca impede que possamos avaliar o que foi dito, mas ficou muito claro o que Lage fez. Os dedos estendidos um ao outro são uma imagem muito forte que vai ficar deste Mundial de Clubes. Também poderemos opinar que o técnico estava com muita «vontade de ganhar», mas, sem brincadeiras, duvido que seja essa a imagem que o Benfica está a passar neste momento.
Já o FC Porto bateu num novo fundo frente ao Inter Miami. O respeito internacional conquistado em décadas foi transformado em gozo num instante. Cinco meses após a chegada de Anselmi, não há nada de melhor na equipa - pelo contrário. Faltam jogadores, é óbvio, mas faltam ainda mais provas de que há ali uma ideia vencedora. A crença de Villas-Boas no argentino já chegou muito mais longe do que o futebol está a mostrar e o Al Ahly é só a ameaça que se segue. São João, São João, dá cá um balão para eu brincar...

Catarina Pereira, in a Bola 

sábado, 21 de junho de 2025

UM PRIMEIRO OLHAR PARA A PREMIER LEAGUE 2025/26



á há calendário definido e, como sempre, o sorteio ditou sortes distintas e desafios imediatos. A emoção arranca a 15 de agosto, com o campeão Liverpool a receber o Bournemouth em Anfield, mas os temas de maior interesse começam muito antes da bola começar a rolar. Entre regressos esperados, estreias em novos estádios e duelos de alto risco, há desde já muito para analisar.
O Arsenal parece condenado a enfrentar um arranque repleto de obstáculos. Depois de três temporadas consecutivas a terminar no segundo lugar, os adeptos esperavam um início mais acessível, capaz de embalar a equipa rumo a um título tão desejado quanto adiado. Em vez disso, o calendário atirou os Gunners diretamente para Old Trafford na 1.ª jornada. E nas primeiras seis rondas, enfrentam quatro equipas do top-7 da época passada, incluindo visitas a Anfield e a St. James' Park, além da receção ao Manchester City.
Esta exigência obriga o conjunto de Mikel Arteta a preparar-se com intensidade na pré-época e a acelerar processos no mercado de transferências. Após um início de defeso discreto, a direção do clube vê-se agora sob pressão para agir rapidamente - sob pena de ver o título escapar antes de setembro terminar. Em maio, escrevi aqui n’ A Bola que seria um erro estratégico o Arsenal não fazer tudo ao seu alcance para contratar Viktor Gyokeres. Na minha opinião, o avançado sueco é a peça que falta para elevar o patamar competitivo da equipa e permitir-lhe, finalmente, deixar de ser vice para se tornar campeão. Acredito que nos próximos dias haverá fumo branco quanto à sua ida para Londres.
Noutro plano, quase uma década depois, o Sunderland está de regresso ao principal escalão do futebol inglês. Num contexto em que muitas das promovidas têm sido despromovidas de imediato, os Black Cats têm pela frente o desafio de contrariar a tendência. O sorteio até foi generoso: recebem o West Ham na jornada inaugural, visitam o Burnley na segunda, e só enfrentam um adversário do top-5 da época anterior a partir de outubro.
Régis Le Bris tem trabalho árduo pela frente, mas as circunstâncias oferecem-lhe uma oportunidade preciosa para construir confiança e amealhar pontos antes da entrada em cena dos gigantes. Um bom arranque pode fazer toda a diferença.
Se em Londres há algum receio perante um início de época desafiante, em Manchester não reina propriamente tranquilidade. O calendário do Manchester United também é tudo menos simpático. Depois de receberem o Arsenal, os Red Devils de Rúben Amorim defrontam o Manchester City e visitam o Chelsea, tudo nas primeiras cinco jornadas. Amorim, que chegou a meio da época passada e não conseguiu travar o declínio deixado por Ten Hag, tem agora a oportunidade de liderar uma pré-época, ajustar o plantel e impor a sua identidade.
O 15.º lugar de 2024/25 tem de ser rapidamente apagado da memória. A história do Manchester United exige mais. Qualquer eco de repetição será insustentável. O estilo, as ideias e os resultados precisam de aparecer. As casas de apostas não acreditam no sucesso de Amorim - há até quem preveja a sua saída antes do Natal. Mas eu acredito. Se há treinador capaz de recolocar o United na rota dos títulos, é Ruben Amorim. Dêem-lhe os meios necessários e, com a sua competência, ele fará o clube crescer. Não creio que o título inglês esteja ao alcance já esta época, mas um quinto ou sexto lugar seria um importante sinal de progresso.
Ainda em Londres, o Tottenham inicia um novo ciclo com Thomas Frank ao leme, depois da saída de Ange Postecoglou. O sorteio colocou-lhe pela frente um desafio aparentemente acessível: em casa, frente ao recém-promovido Burnley. Mas o dinamarquês sabe que não pode vacilar. Do outro lado estará Scott Parker, que já levou três equipas diferentes à Premier League e construiu uma autêntica fortaleza em Turf Moor: apenas 16 golos sofridos em 46 jornadas na época passada - um recorde no futebol inglês. É mais um lembrete de que, na Premier League, não há jogos fáceis, nem no papel.
Em Liverpool, abre-se um novo capítulo para o Everton, que se despede de Goodison Park e dá as boas-vindas ao Hill Dickinson Stadium, com capacidade para mais de 52 mil espectadores. A estreia no novo recinto acontece na 2.ª jornada, frente ao Brighton. Antes disso, os Toffees visitam o Leeds. David Moyes, de regresso ao comando técnico, conseguiu evitar a descida na temporada passada e sonha agora com uma época mais estável, condizente com a grandeza do clube - e num estádio à altura dessa história.
O campeão Liverpool, sob comando de Arne Slot, começa a defesa do título frente ao Bournemouth. Já o Manchester City, de Guardiola, inicia a época diante do Wolves, treinado por Vítor Pereira. Na 4.ª jornada, há reencontro com o Arsenal e, logo depois, dérbi de Manchester em setembro. Com Rodri de regresso, Bernardo Silva a envergar a braçadeira de capitão e reforços promissores, os “Citizens” parecem prontos para recuperar o domínio perdido para os rivais de Merseyside.
A temporada arranca a 15 de agosto e termina a 24 de maio, com a habitual jornada final disputada em simultâneo. Está prevista uma pausa de inverno, sem jogos na véspera de Natal, e os jogadores terão, no total, 83 dias de descanso ao longo da época. A Premier League procura, assim, mitigar o desgaste físico e evitar as críticas à sobrecarga competitiva - tendo em vista, também, o Mundial de 2026, que começa logo em junho. Resta ver que impacto terá, já numa fase mais crítica da temporada, a participação de Manchester City e Chelsea no novo Mundial de Clubes que decorre neste momento nos Estados Unidos.
O calendário está definido e as primeiras histórias começaram a ser escritas. Se o futebol inglês continua a ser o mais seguido e mediático do planeta, muito se deve à sua competitividade, intensidade e imprevisibilidade semana após semana. E esta nova época promete manter - ou até elevar - esse padrão.

Tiago Guadalupe, in a Bola 

LAGE CONTINUA A SER CURTO NO BENFICA



A imagem do treinador piora com o tempo. Títulos perdidos, sobressaem decisões táticas que o expõem, como a aposta em dois pontas de lanças puros em simultâneo ou Dahl na direita.
Não acredito que tudo o que se fazia no passado esteja obsoleto e este texto estará sempre longe de ser um manifesto contra esse futebol, que tantas e tão boas memórias me deu, à volta das quais eu próprio me construí como adepto e profissional.
Todos sabemos ainda que o jogo também evolui em círculos, das muitas vezes que mergulhou para o futuro, inspirando-se no que já antes se fazia, com muito ou pouco sucesso, e inserindo velhos eurekas noutros contextos, em novas dimensões físicas, graças a melhorias no treino, na alimentação e na ciência, a uma estratégia mais científica e, sobretudo, a uma roupagem bem mais sexy.
No entanto, se há imagem que me tira um pouco do sério é a de um treinador que pretende resolver uma partida com a entrada de um segundo ponta de lança, enquanto rouba um dos médios ao esquema habitual e fica naturalmente com menos gente para fazer a bola chegar com qualidade ao novo e ao antigo destinatários. O jogo mudou, ao ponto de compreendermos finalmente que muitas vezes se está mais perto de vencer se fizermos exatamente o contrário, se tirarmos um avançado para encaixar mais um médio, de forma a que se ganhe posse e critério e se encontrem os caminhos para a baliza.
Bem sei que trocar um médio ou um defesa por mais um avançado é decisão que recolheria a unanimidade em qualquer tasca — a expressão anda na moda —, todavia, soa tanto a anos 80, que mais parece procurar ter efeito populista do que ser eficaz, e se mostra pouco condizente com o treinador moderno que sempre achei que Bruno Lage fosse. Hoje, a maior parte dos técnicos mantém o modelo em que acredita, ainda que o vá reforçando ou acentuando com substituições, porque é o que trabalha todos os dias e aquele que antecipa, muito provavelmente, os problemas que se espera viver em campo, diante cada adversário.
Ainda por cima, essa substituição mais populista pode ser mensagem com dupla interpretação para os recetores mais próximos, a terem de escolher entre um vamos para cima deles e a conclusão de que se trata de uma manifestação de desespero por parte de quem deveria ser sobriedade, crença e inteligência quando lidera. Sobretudo ao intervalo.
Não quero acreditar que Bruno Lage tenha visto espaço suficiente nas costas do bloco baixo argentino para que a equipa verticalizasse o seu processo — ainda mais com pouca ou nenhuma utilização em simultâneo de Pavlidis e Belotti, já para não falar da evidente falta de química entre os dois — ou não tenha feito contas à natural fragilização do meio-campo diante de jogadores tão agressivos quanto os do Boca. Era expectável que perdessem o pouco controlo que tinham.
Dificilmente aquela energia que se viu no seu irmão e adjunto Luís Nascimento na entrevista rápida ao intervalo — terá surpreendido muito boa gente — seria suficiente para dar a volta, mesmo que todos os jogadores desta bebessem na mesma medida. Uma bola parada, já com as águias reduzidas a dez devido à, no mínimo descuidada, entrada de Belotti com o pé bem alto, minimizou os estragos para um conjunto que apenas durante 10, 15 minutos aplicou o plano traçado e, a partir do primeiro golo sofrido, foi incapaz de recuperá-lo. Inexplicavelmente.
É por situações destas, a meu ver, que Lage vai perdendo alguns pontos. Poderá ser a minha memória a trair-me, mas não me lembro de decisões semelhantes nos primeiros tempos com a equipa principal. Mesmo que o Benfica jogasse com dois avançados-centro logo de início, um deles, João Félix, era muito móvel, Jonas entrava muitas vezes, quando estava bem fisicamente, e Pizzi e Rafa (e Grimaldo) ofereciam soluções por dentro. O treinador mudou assim tanto?
Será que quer reforçar a ideia, junto dos adeptos, que é um deles e, como tal, pensa da mesma forma e hoje até é mais feijão com arroz como… lhe pediam no Botafogo, tendo em conta o que reclamava aos jogadores? Será que se perdeu algures na viagem devido as pressões externas?
Recordo-me do Benfica-FC Porto de 2019/20 (0-2) e de Nuno Tavares a lateral-direito (com Pizzi a médio mais à frente) e até acho que, com algum treino, não estivesse Sérgio Conceição do outro lado pronto para abafar o agora jogador da Lazio, poderia ter funcionado melhor do que Dahl e Di María no jogo com o Boca Juniors. Afinal, não era desde logo previsível que aconteceria o que aconteceu, com o flanco direito a interromper-se a si próprio no meio do meio-campo rival? Bastante, parece-me.
Lage não ganharia igualmente a vida como orador motivacional, temos de reconhecê-lo. Não precisa de sê-lo com a Imprensa, porém também não o é junto dos jogadores. E esta falência na comunicação para dentro notou-se em jogos muito importantes e em que a equipa entrou com níveis demasiados baixos de adrenalina, o que se refletiu nos resultados. Não ganhará um jogo com a mensagem, isso parece-me inequívoco, e muitos hoje são arrebatados assim.
A imagem com que termina junto dos adeptos não será tão má quanto isso, o que levará, mais o baixo custo, a Rui Costa a mantê-lo no banco. Afinal, estabilizou a equipa, acabou a lutar pelo título, não ganhou a Taça de Portugal por alguns segundos e conquistou a Taça da Liga. Houve, não menos importante, uma participação digna na Champions, com vitórias a lembrar velhas grandes noites europeias. Para o adepto, esse quase será o suficiente para o benefício da dúvida. Desde o primeiro dia que Lage semeia essa relação e colhe agora, juntando-lhe, mais uma vez, os méritos reconhecidos, os frutos.
Será suficiente? Tenham sido ou não com um propósito estas mudanças — se é que são mudanças, porque nem isso tenho como dado adquirido —, diria que o técnico aumentou as expetativas de tal forma, dividindo aí as responsabilidades com a crise no Sporting e a saída de Ruben Amorim, que acabou a ficar curto. E nos Estados Unidos, naturalmente, também está a sê-lo. Essa diferença, numa época com rivais sólidos, ser-lhe-á muitas vezes fatal.

Luís Mateus, in a Bola