domingo, 9 de fevereiro de 2025

BENFICA TÃO PERTO E TÃO LONGE DO TÍTULO

 


Já só está a quatro pontos do Sporting, mas inspira pouca ou nenhuma confiança; fragilidades defensivas são confrangedoras.

O Benfica venceu o Moreirense e está a quatro pontos do líder Sporting. E no entanto, inspira pouca ou nenhuma confiança. Venceu, está matematicamente mais perto do título, mas a forma como sofreu, em casa, com um Moreirense que vai (com o deste sábado) em nove jogos oficiais sem vencer não deixa grandes perspetivas na corrida com os leões — que, admita-se, não vão muito melhor...
Bruno Lage está há mais de cinco meses na Luz. Os problemas que se veem hoje na equipa encarnada fazem lembrar os que Roger Schmidt não conseguiu corrigir. A dinâmica ofensiva continua a surgir apenas a espaços, e aos solavancos, tendo por base sobretudo a qualidade individual dos jogadores e não um futebol coletivo preparado para ultrapassar dificuldades diferentes que os adversários vão colocando.
Sim, por vezes o Benfica é aquele da primeira meia hora com o Barcelona, ou da hora e meia em Turim com a Juventus. Mas tem sido mais vezes o Benfica deste sábado, que chega ao golo sem fazer muito por isso e não consegue sequer aproveitar o balanceamento ofensivo dum adversário ferido, e com muito menor qualidade individual, para matar os jogos e não acabar a sofrer.
Porque este Benfica, na verdade, está destinado a sofrer. Há problemas a atacar, é verdade, mas os maiores estão a defender. A fragilidade que a equipa exibe contra qualquer adversário capaz de trocar três passes é confrangedora. A forma como é permeável a contra-ataques, sendo obrigada a defender muito atrás, e sujeitando-se a um ressalto, a uma perda de bola, a um percalço, ou tentando pressionar mais à frente sem eficácia e vendo muitas vezes as linhas quebradas, deixa permanentemente a sensação de que qualquer adversário pode marcar a qualquer momento.
A contratação de Manu Silva pretendia atenuar o problema (embora ele não seja individual, mas coletivo). Só que o médio ex-V. Guimarães saiu lesionado ao segundo jogo como titular. Sobra Florentino. Mesmo assim, melhor que as opções para a defesa, depois da lesão de Bah. Sim, Tomás Araújo era a primeira escolha para a direita. Mas se faltar alguém do quarteto defensivo (com António Silva, Otamendi e Carreras), quem avança? Bajrami? Dahl? O Benfica deixou sair Kaboré sem ir buscar outro lateral-direito (ou um central, se a aposta em Tomás Araújo desse lado fosse mesmo para manter). Agora, reza a todos os santinhos para que mais ninguém se magoe, ou ainda teremos de rever Aursnes a lateral...
Hugo Vasconcelos, in a Bola

VITÓRIA JUSTA COM MUITOS ERROS...



Com um meio-campo que não consegue mandar no jogo e uma saída de bola medíocre, valeram ao Benfica um penálti e dois cantos, num jogo que fez lembrar a angústia encarnada na Reboleira.
Depois do empate no clássico do Dragão, o Benfica estava obrigado a ganhar ao Moreirense para olhar para cima e ver o Sporting a quatro pontos, e olhar para baixo e ver o FC Porto também a quatro pontos. Terminados os 90 minutos da Luz entre os encarnados e os ‘cónegos’, a equipa de Bruno Lage pode dizer «missão cumprida», mas apenas do ponto de vista aritmético, já que o triunfo que lhe sorriu, por 3-2, embora justo, foi conseguido através de uma exibição desigual, pejada de erros, incidentes e insuficiências, que deixou os adeptos das águias de coração nas mãos e credo na boca até ao apito final.
Tal como na Reboleira, há uma semana, o Benfica entrou forte e chegou a uma vantagem robusta (2-0 aos 15 minutos), e tal como contra o Estrela da Amadora os encarnados encarregaram-se de tornar difícil aquilo que parecia fácil, através de erros primários, a que se juntaram limitações que não são de agora e que, mudando-se alguns protagonistas, persistem, o que deve levar Bruno Lage a profunda reflexão.




CÉSAR PEIXOTO ACREDITOU
Mesmo a perder por 2-0 ao quarto de hora de jogo, César Peixoto sabia que a sua equipa tinha de pressionar a saída de bola dos donos da casa, até que estes cometessem o erro do costume. Dito e feito.
Estavam jogados 19 minutos quando Benny, após muita cerimónia de Kokçu, assinou um golo de belo efeito que fez o Moreirense regressar à disputa do resultado.
Com um meio-campo a três - Manu (o melhor), Kokçu e Aursnes - que não era capaz de manter a bola e na ausência de apoio interior por parte de Akturkoglu e Schjelderup, a equipa de Lage perdia-se em saídas de bola a partir de Trubin indignas de quem joga a Champions, e ausência total de ideias na frente.
Tinha valido, até então, aos encarnados, uma grande penalidade e um golo após um pontapé de canto, mas o futebol era curto e a impaciência nas bancadas ia aumentando a cada minuto, especialmente quando, à meia hora, depois de um canto, Dinis Pinto esteve perto de empatar.
Como um mal nunca vem só (e por mal, entenda-se pouco futebol) Bah lesionou-se aos 33 minutos (entrou António Silva para o meio e Tomás Araújo passou para a direita, quando o jogo estava a pedir Aursnes a defesa direito e Leandro Barreiro, mais dinâmico, no meio-campo), e um minuto depois foi a vez de Manu também sair por lesão (e aí, Lage fez o que devia, mandando Florentino a jogo).
Estava o Benfica a passar por aflições e dúvidas quando, após um canto batido por Kokçu, Otamendi fez, de cabeça, um golo de belo efeito, que devia ter serenado os ânimos dos anfitriões, o que não aconteceu: não fosse Trubin, por duas vezes na mesma jogada, ter detido remates de Alanzinho (45+5) e as equipas iriam para intervalo separadas por apenas um golo.
ACABAR DE CREDO NA BOCA
Inconformado, César Peixoto, que tinha montado a sua equipa em 4x3x3 com pressão alta, decidiu arriscar ainda mais na segunda metade e a partir dos 62 minutos, já depois de Schettine ter assustado mais uma vez a Luz, mandou a jogo Ivo Rodrigues e Cedric Teguia, passando a atuar em 4x2x3x1, o que fez com que as saídas de bola do Benfica passassem de mal a pior.
Bruno Lage, que se vira forçado a duas alterações em momentos diferentes na primeira parte, só tinha mais um momento para mexer na equipa, e pensou bem quando lançou três ‘bês’, Bruma, Belotti e Barreiro, que trouxeram mais consistência à equipa.
Mas não há consistência que valha se os erros individuais forem quem mais ordena e ao minuto 74 Tomás Araújo e Florentino atrapalharam-se, Benny rematou e valeu ao Benfica, mais uma vez Trubin.
Na resposta, após grande passe de Bruma, Barreiro não conseguiu ultrapassar Kewin e tranquilizar o Terceiro Anel. Peixoto voltou a refrescar a equipa com Sidnei e Jorquera, à procura de ser feliz, mantendo o sistema (79) e aos 85 minutos sucedeu aquilo que os benfiquistas mais temiam: numa saída de bola suicidária (a enésima), Carreras entregou o ouro ao bandido’ e Ivo Rodrigues não se fez rogado e reduziu para 3-2.



Faltavam nove minutos para o apito final (o árbitro deu quatro de compensação) e a angústia dos benfiquistas chegou à hora de jantar, confrontados, exatamente como na Reboleira, depois do soco no estômago que foi a derrota frente ao Casa Pia, com a possibilidade de não capitalizarem o empate no clássico. O jogo passou de descontrolado a anárquico, e foi com alívio que os benfiquistas ouviram o apito final de Bruno Costa.
Mas se, perante a forma como o emblema da Luz chegou à vitória, Bruno Lage não repensar a incapacidade da sua equipa ter bola e impor o ritmo aos jogos (apenas cria perigo em ataques rápidos e bolas paradas) e, se, sobretudo, não acabar com a forma desmiolada como são iniciadas as jogadas a partir do guarda-redes (nem que seja com futebol direto, na falta de melhor, porque qualquer coisa é preferível a que cada bola nos pés dos encarnados represente uma situação de perigo potencial para a baliza de Trubin), dificilmente o Benfica visitará o Marquês de Pombal no final da época.
DESTAQUES:
Pavlidis confirma estar na curva ascendente e ajuda a decidir o jogo com um bis; Otamendi muito bem defensivemente e ofensivamente, dando inclusivamente um empurrãozinho ao ponta de lança; estreias discretas.
O melhor em campo: Pavlidis (7)
Sem Di María, teve direito a assumir a marcação do penálti favorável ao Benfica. E, por sinal, um penálti muito bem marcado, ao minuto 7, foi a primeira ação realmente visível no jogo. Moralizado, já sem aquela pressão que o incomodava durante o jejum de golos, envolveu-se no jogo e ao minuto 14 serviu com competência Akturkoglu no lado direito do ataque, permintindo que o turco visasse a baliza e conseguisse o canto. E desse momento saiu o segundo golo do grego e da equipa, aproveitando impecavelmente bola tocada por Tomás Araújo. Pavlidis, em posição legal, mas nas costas da defesa, dominou e atirou à meia volta, sem qualquer possibilidade de defesa. Menos em jogo na segunda parte, até porque a equipa também baixou o nível, acabou por ser poupando a pensar no Mónaco. Saiu aos 69'.




Trubin (6) — Pouco trabalho, mas bom. Demorou a entrara verdadeiramente em ação, mas fez defesa importante ao minuto 45+5, impedindo golo de Alanzinho, que cabeceou mesmo à sua frente. No segundo tempo, entre outras coisas, foi ao relvado defender com eficácia disparo de longe de Asué e ainda desviou para canto remate de longe de Benny (74').
Bah (5) — Saiu lesionado ao minuto 34, quando estava a cumprir no lado direito da defesa do Benfica.
Tomás Araújo (5) — Toque simples, mas importante, em plena área do Moreirense, conduzindo a bola até Pavlidis e ao 2-0. Boa dobra a Carreras na área do Benfica ao minuto 29, perda de bola em zona perigosa aos 74', obrigando Trubin a trabalhar e a desviar para canto bola de Benny.
Otamendi (7) — Começou por dar, literalmente, um empurrãozinho a Pavlidis no lance do 2-0, com o mérito de ter obrigado o grego a mudar-se para a zona do primeiro poste, onde acabaria por fazer o golo. O argentino teve azar no lance do 2-1, não evitando que a bola batesse perto do seu calcanhar e mudasse de trajetória, enganando Trubin, mas foi determinante ao minuto 42, com bela cabeçada na área do Moreirense, colocando o resultado em 3-1. E foi importante quando a equipa recuou.




Carreras (4) — Combinou ações importantes para o Benfica e uma asneira grave. Ao terceiro minuto, passe curto para trás na área do Moreirense, bola sobe e toca na mão esquerda de Dinis Pinto, que não tem o braço encolhido como deveria. Penálti, 1-0. Depois, ao minuto 29, o espanhol viu-se em sarilhos quando perdeu no corpo a corpo com Alanzinho dentro da área do Benfica. Sempre ofensivo, procurou apoiar Schjelderup e Bruma, com e sem bola no pé, fez também um belo passe de 50 metros para Tomás Araújo, ainda serviu Belotti com qualidade, mas acabaria por ficar ligado ao 3-2, errando passe para Leandro Barreiro que permitiu a Ivo Rodrigues reduzir.
Aursnes (6) — Tentou a sorte, isolado, aos 60', mas não evitou a defesa de Kewin Silva. Foi obrigado a trabalhar muito no plano defensivo e ajudou a manter o meio-campo de pé.
Manu Silva (4) — Saiu lesionado ao minuto, azar grande na estreia na Luz pelo Benfica. Não estava a ter uma tarde fácil, lidando com dificuldade com a pressão que o Moreirense estava a colocar no meio-campo do Benfica. E no 2-1 a marcação não foi a melhor.
Kokçu (6) — Apontou o canto do 3-1 e fez um belo passe de 50 metros a isolar Schjelderup na esquerda ao minuto 66'. Quando apareceu, apareceu com qualidade. E teve de defender bastante.
Akturkoglu (6) — Primeira ação relevante, disparo forte, ao minuto 14, que deu origem ao canto do 2-0, precisamente apontado com o seu pé direito. E também fez uma boa recuperação de bola aos 60', intercetando reposição com os pés de Kewin e servindo prontamente Ausrnes. Manteve o flanco direito vivo.
Schjelderup (5) — Começou por sobressair com lance bonito de entendimento com Kokçu, que finalizou em esforço, não evitando Kewin Silva, aos 45+7'. Depois, fugiu bem pela esquerda aos 66', mas não finalizou bem, acertando na malha lateral. Esticou o jogo, mas nem sempre decidiu bem.
António Silva (5) — Entrou aos 34'. Aos 62' foi surpreendido pela cabeçada de Schettine nas suas costas, aos 89' fez corte de cabeça importante no coração da área.
Florentino (6) — Entrou aos 37' e não teve mãos a medir perante os médios adversários.
Bruma (5) — Entrou aos 69', para a estreia, aos 76' recuperou a bola e isolou Leandro Barreiro, mas este não venceu a mancha de Kewin Silva.
Barreiro (4) — Entrou aos 69', aos 76', isolado, não teve arte para ultrapassar Kewin Silva.
Belotti (5) — Entrou aos 70', aos 83' desmarcou-se e atirou, ganhando canto. Correu muito na estreia.

sábado, 8 de fevereiro de 2025

O BENFICA É O CAMPEÃO DO MERCADO DE INVERNO

 


Que o futebol é um negócio, de âmbito global e com rentabilidade cada vez mais garantida a um pequeníssimo nicho de profissionais que à volta dele cirandam, já todos sabemos e, de resto, com essas evidências somos confrontados quase em permanência.

Seja nas negociações plurianuais de direitos de transmissão de jogos, seja no respetivo alinhamento de acordo com os interesses de main sponsors, dos seus produtos e dos seus targets, ou na dimensão mais prosaica das transferências efetuadas, falhadas ou teoricamente promovidas apenas para aumentar o valor de mercado deste ou daquele jogador.
Chegamos, de facto, a um ponto em que o adepto, as suas experiências nos estádios ou em torno do jogo se transformam em acessórias e quase irrisórias, quando, na realidade, é ele (o adepto), que deve sustentar a modalidade, que deve enformar o espetáculo e, no limite, garantir condições para que ele se realize.
Deixemos, porém, este enquadramento da utopia para nos centrarmos nos mercados de transferências, fenómeno cada vez mais difícil de organizar e de regulamentar.
Desde logo porque, sendo o mais visível e rentável, o mercado europeu se rege por dois períodos (um alargado no verão e outro, contido num mês, no inverno), mas deixa margem, ainda, para mercados emergentes, talvez agradáveis do ponto de vista desportivo e financeiro, noutros países e noutras zonas do globo. Ora esta diversidade absoluta de datas é o pior para o adepto e para o treinador, mas talvez represente mesmo uma vantagem para os jogadores e, sobretudo, para uma classe profissional tantas vezes na sombra, porém cada vez mais decisiva (e rica): os agentes, essa penumbra que a FIFA tenta organizar e regulamentar, e que, por serviços de intermediação, cobra entre cinco e dez por cento dos negócios e assume papel determinante na sua prossecução (ou não), balizando, tantas e tantas vezes, a real vontade do jogador que, para imensos casos, não conta nada e não faz falta nenhuma…
Atenhamo-nos, agora, no mercado de inverno dos três principais clubes portugueses (pelo menos no plano mediático). Bem diferentes as abordagens e as potenciais consequências.
Pressionado pela situação financeira, pelos problemas de tesouraria e pela reorganização metodológica em curso no Dragão, André Villas-Boas e o FC Porto foram quem mais lucrou e menos lucrou.
No capítulo financeiro, quem dera aos azuis e brancos terem períodos de transações tão favoráveis como o que terminou esta semana. 90 milhões de euros em caixa, uma maré fresca de dinheiro que permite reequilibrar uma balança muito deficitária, um sinal importante nesse capítulo dado aos adeptos.
O reverso da medalhe foi a venda de Galeno e, sobretudo, de Nico González, jogadores que poderiam ser muito importantes para um novo treinador que, assim, vê um claro sinal vermelho na perspetiva real de conquista de títulos esta temporada. Ninguém de bom senso poderá exigir vitórias em competições ao jovem técnico argentino, até porque o sinal transmitido pela abordagem ao mercado intermédio pela SAD portista foi, claramente, no sentido contrário: reformulação interna (incluindo plantel…), preparação com tempo e a tempo (um fator tão arredio do futebol de alto rendimento), e projeção de uma equipa verdadeiramente competitiva e à imagem do treinador para a temporada de 2025/2026. Os portistas, aliás, representam bem a ideia de que nada pode ser perfeito e de que, em determinados momentos, quando se tapa os pés certamente se destapa a cabeça…
Já em Lisboa os ares de mercado foram necessariamente distintos. Enquanto o Sporting se limitou a uma gestão de danos cautelosa, acreditando no seu scouting para identificar o brasileiro Biel no Bahia (alguém que poderá competir com Pedro Gonçalves, por exemplo, na titularidade do campeão nacional), do outro lado da segunda circular o ar foi bem mais agitado com uma fuga para a frente de Rui Costa no ataque ao mercado.
O presidente encarnado percebeu que esse poderia ser o único modo de dar um sinal interno de vitalidade, após um período de contestação que não se resumiu a questões desportivas — entenda-se, de rendimento puro da equipa principal de futebol — mas que alastrou a diversas franjas críticas do universo benfiquista, em ano eleitoral e com as consequências imediatas e, sobretudo, mediáticas que tal facto acarretaria.
Estrategicamente, o atual líder da Luz mostrou presença, reconhecendo tacitamente a necessidade de retocar o plantel e mostrando alguma força nas negociações. Caso a caso, só o futuro próximo poderá confirmar ou desmentir a eficácia das operações, mas a chegada de Manu Silva, Dahl, Bruma e Belotti à Luz confere a Bruno Lage elasticidade e competitividade.
Mesmo que consideremos o passado recente do campeão europeu italiano (muito pouca presença e rentabilidade na Fiorentina e no Como), Pavlidis e, até, Arthur Cabral ganham um concorrente direto, experiente e muito físico na sua abordagem ao jogo. Para ser titular? Duvido…
Já Manu insere-se numa boa identificação de um valor seguro, que poderá dar a Florentino algumas dores de cabeça na discussão de um lugar no onze, e Bruma, veterano mas buliçoso e certamente com muita vontade de mostrar serviço, questionará Akturkoglu sobre titularidade e estará sempre na alternativa a um Di María que os benfiquistas desejariam fosse dez anos mais novo…
De dinheiros e de empresários falaremos em breve. Dos três grandes, o Benfica é, notoriamente, o campeão do mercado de inverno.
Cartão branco
Há muito que o judo português tem relevância internacional. Modalidade corpo a corpo, de grande intensidade física e técnica, requerendo completa dedicação e determinação, é bem o exemplo de um crescimento sustentado e do equilíbrio na balança entre uma alta competição coesa e regenerada a cada geração, e um plano de massificação e criação de condições de base para a captação de praticantes, por um lado, e a filtragem e despistagem de potenciais talento, por outro Patrícia Sampaio já tinha deixado clara, nos Olímpicos de Paris, a sua qualidade e vontade de vencer. Volta, alguns meses depois, à cidade-luz, e ilumina de modo dourado o judo português. Um exemplo de talento, dedicação e sucesso.
Cartão amarelo
O rapaz tem condições inatas para ser um dos melhores jogadores de futebol de sempre. Tem também vontade de mostrar serviço, sendo muito útil a um Real Madrid que, por vezes, até depende dele para descobrir caminho relvado para as balizas adversárias. Mas o seu mau feitio e o seu caráter truculento ainda o vão tramar. A cena de Vinícius Júnior questionando as palavras e a autoridade em campo do seu capitão Luka Modric apontam um caminho nada simpático ao jogador brasileiro, e demonstram que, sem acompanhamento rigoroso, Vini Jr. pode descambar facilmente, como já sucedeu com outros potenciais craques…
Rui Almeida, in a Bola

1º LUGAR ASSEGURADO

 


Águias receberam e venceram os italianos do Trissino por 7-5 e asseguram o primeiro lugar do Grupo B da Liga dos Campeões

O Benfica garantiu o primeiro lugar do Grupo B da Liga dos Campeões ao vencer, esta quinta-feira, no pavilhão da Luz, o Trissino num alucinante jogo com 12 golos e emoção de início ao fim.
Os encarnados, que já tinham assegurado a qualificação para os quartos de final da Champions, viram-se em desvantagem perante os italianos, segundos classificados do agrupamento e ainda com pretensões à liderança, aos oito minutos, quando o português Álvaro Morais Alvarinho bateu o guarda-redes Pedro Henriques.
As águias reagiram e tiveram oportunidade privilegiada de empatar quatro minutos volvidos do golo do Trissino, quando beneficiaram do primeiro livre direto da partida, a castigar falta de outro português da formação transalpina, Reinaldo Garcia. No entanto, Pau Bargalló permitiu a defesa a Stefano Zampoli. A igualdade ficou adiada para seis minutos, e saiu da ponta do stique de Lucas Ordoñez, concretizando o ascendente benfiquista. Essa supremacia resultou na reviravolta no marcador, à beira do intervalo, por Diogo Rafael.
Três minutos decorridos após o descanso, Nil Roca dilatou o avanço da equipa portuguesa para 3-1, numa fase mais quizilenta da partida em que choveram cartões: dois azuis (para Ordoñez e João Pinto) e um amarelo para Jordi Roca. Desta toada emergiu o quarto golo do Benfica, um bis de Nil Roca aos seis minutos, no que poderia ser visto como o sentenciar da dúvida sobre o vencedor. Mas era cedo para veredictos. O Trissino respondeu a preceito e em dez minutos chegou ao empate, com tentos de Méndez, Alvarinho (a fazer bis) e Cocco, criando apreensão nas bancadas da Luz.
Contudo, o jogo tinha muito mais voltas para dar. Ao trio de golos dos italianos ripostaram os benfiquistas na mesma medida, por Zé Miranda (bis), Roberto di Benedetto, a adiantar os anfitriões para 7-4 a quatro minutos do final. Então, sim, tornando mais fiável apostar que a contenda estava resolvida. O Trissino ainda reduziu para 7-5 sobre a derradeira buzina, opor Malagoli, mas era demasiado tarde para nova recuperação.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

NÃO FOI ESTE CRAQUE QUE CUSTOU 20M€?🤔

 


Alberto Mota, in Facebook

DAHL + BRUMA + BELOTTI

 


"MENTIRIA SE DISSESSE QUE ESPERAVA ESTE TIPO DE CONTRATAÇÕES...

... mas a partir do momento em que são nossos, como sempre faço, vou aguardar para tirar conclusões quanto ao acerto ou não das suas contratações.
DAHL chega por empréstimo, o risco é pequeno. Vai mostrar se poderá ser no futuro o sucessor de Carreras, que dificilmente passará do verão sem ser vendido.
A pergunta que vale a pena fazer é esta: não temos ninguém na formação, jovem também, com qualidade para aos poucos poder fazer a aproximação à primeira equipa? Era preciso ir buscar um jovem fora? Com Carreras o mesmo tipo de aposta correu bem.
BELOTTI chega também por empréstimo, tem poucos golos no curriculum nas últimas épocas, não conheço bem as suas características, não sei o que pode trazer à equipa.
É um jogador feito, uma aposta para o imediato, o risco também é pequeno - e não será o primeiro que, vindo de fora, sem grande curriculum de golos, chega à nossa Liga e começa a faturar. Não acredito que possa tirar o lugar ao Pavlidis.
BRUMA tem feito uma boa época, é um jogador maduro, com características boas, desequilibrador, pode acrescentar valor no imediato.
Também sou dos que preferia que o Benfica não voltasse a fazer negócios com António Salvador depois da novela Ricardo Horta.
O maior defeito que apontam a Bruma é ter 30 anos e vir tapar a progressão de jovens extremos como Prestianni, Rollheiser - ambos já jogaram, e bem, noutras posições - e Tiago Gouveia quando este regressar de lesão.
São os três bem vindos, que tenham toda a sorte do mundo com o Manto Sagrado vestido. No fim da época tiraremos conclusões."


Jaime Cancela de Abreu, in Facebook

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

A REATIVIDADE DOS RUIS



 "No recém-fechado mercado de inverno, o Benfica fechou as contratações de Manu e Bruma, além de Dalh e Belotti que são reforços por empréstimo (este primeiro com opção de compra). Em causa não está a qualidade de qualquer um destes jogadores, sendo este artigo alheio a esta avaliação, no entanto, Rui Costa e Rui Pedro Braz produzem mais um mercado de transferências do Benfica em que parece que o clube assume uma postura reativa e não proativa face ao mesmo.

Numa breve análise à forma como o Benfica se mexe no mercado e de onde começa esta reatividade, é de fácil memória e perceção que o Benfica gosta de ir às compras na América do Sul. Este mercado, especialmente o brasileiro, acabou por ser inflacionado desde que o Santos vendeu o Neymar ao Barcelona em 2013; deste então, é cada vez mais complicado para um clube português concorrer com o poderio financeiro de clubes espanhóis e ingleses, que rapidamente reservam as maiores pérolas do futebol brasileiro (Estevão, Endrick, Vitor Roque). Contudo, o Benfica consegue ainda antecipar-se (e bem) aos restantes clubes e tubarões europeus em certos alvos, como foi o caso de Prestianni e Rollheiser. É no mandato de Rui Costa que o Benfica começa a explorar outros cantos do mundo, como o mercado neerlandês (Aursnes, Kokçu e até o próprio Roger Schmidt), o mercado checo (Jurassek, Bah), o mercado nórdico (Schjelderup, Tengstedt) e o mercado turco (Akturkoglu e interesse em Ismail Yuksek). Sou ávido defensor que um clube grande deve ter um scouting do mais abrangente possível, para que o seu leque de opções na hora de reforçar a equipa seja forte, competente e abrangente- contudo, esta expansão de horizontes peca por tardio. O mercado turco está em baixo no que toca a qualidade, longe do que era há 10 anos atrás, os mercados checos e nórdicos carecem de análise mais detalhada a fim de encontrar os melhores talentos e o mercado neerlandês começa a impor-se ao português, exportando os melhores talentos para ligas superiores (Kokçu enquanto exceção à regra) e já há clubes com o mesmo poderio financeiro que os clubes portugueses. Prende-se a questão: por que o Benfica demorou tanto a explorar o leste e o norte da Europa?
O maior caso, para mim, de falta de proatividade e defesa dos interesses do clube surge na venda de talentos, principalmente da formação. O caso Gonçalo Ramos e todo o seu contexto é ilustrativo disto mesmo. Puxando a fita atrás, Gonçalo Ramos sai do Benfica no verão de 2023, numa altura onde o jogador estava no seu pico de valorização ao serviço do Benfica- titular e goleador no campeonato, taças, competições europeias e internacionais pela sua seleção. Neste contexto, o Benfica tem a oportunidade de vender o jogador ao maior preço possível, por isso, o clube vê-se confrontado com duas opções: ou antecipa-se ao mercado e coloca o jogador, encaixando uma verba inflacionada pelo contexto e prontamente apresenta um sucessor à posição, ou entende que quer manter o ativo e assume a posição de “cláusula ou nada”, rejeitando prontamente qualquer outra proposta. No caso, o Benfica vende Gonçalo Ramos na mesma semana em que disputa um clássico que decide a Supertaça, num negócio em moldes pouco satisfatórios ao clube lisboeta (empréstimo com obrigatoriedade de compra de 60M, portanto, 40M abaixo do valor da cláusula de rescisão do atleta), o sucessor ao mesmo foi Arthur Cabral, um atleta com perfil distante de Gonçalo Ramos.
Exemplo mais cabal da falta de proatividade do Benfica e de defesa dos interesses do clube é o de João Neves. O clube vende, no verão passado, o seu melhor e mais valioso ativo por 60M, cerca de metade da cláusula de rescisão do atleta. Rui Costa justifica a venda com os valores praticados pelo restante do mercado, que estavam abaixo do habitual, e por isso, o Benfica adaptou-se ao mercado. É verdade, foi o único mercado de transferências num passado recente sem uma venda avaliada em >100M, mas, porque é que o Benfica tem necessidade de ceder, uma vez mais, face ao mercado? Por que não ser proativo e perceber que o jogador tem mercado mas que o desejo do atleta é ficar e que o preço que o mercado aponta é insatisfatório para o Benfica, forçando o mercado a adaptar-se? Uma vez mais, pedia-se a posição de “cláusula ou nada”, se o mercado ainda não fixou nenhum jogador por mais de 100M, então que fixasse naquele instante ou que guardasse o dinheiro.
Por fim, reitero que não está em causa a qualidade individual dos jogadores mencionados neste artigo. Dahl, Manu, Bruma e Belotti podem ser úteis ao Benfica, assim como Carreras e Aursnes o são, ou podem não ser úteis, assim como Renato Sanches e Kaboré não o são/foram- as questões não se prendem nos jogadores, mas sim como, quando, onde e em que moldes o Benfica contrata e vende.
Por vezes, o Benfica acerta no jogador, outras nem por isso — isto é normal no futebol. Ainda assim, acredito que é mais difícil errar no jogador quando as prioridades da equipa, os perfis de jogadores que se quer e a forma como se quer jogar futebol estão alinhadas entre todos os que fazem parte do dia-a-dia do Benfica."
Rui Gonçalves, in Benfica Independente

MERCADO DE INVERNO

 



"Manu - Dahl - Belloti - Bruma

Isto à hora que escrevo!
Aparentemente ninguém entende as apostas, o normal uma vez que na sua maioria, a que habita nas redes sociais, o que interessa mesmo é que todos falhem…e quanto mais melhor, só tem na mente as eleições, o Benfica que se fod@!
É o pensamento vigente no antigo Twitter!
Pois bem…o que eu venho…jogadores para terem impacto imediato ou que pelos menos deem luta aos titulares desde o primeiro treino, nesta fase da temporada e com as competições que ainda faltam disputar não há muito espaço para experimentalismo…
Manu chegou, jogou e como ninguém comenta no X presumo que tenha sido adquirido pela minoria ruidosa com o aval do Dr.Manteigas e do Dr.João “Dom Sebastião” Noronha…ou outro do mesmo quilate…
Dahl…como os experts ainda não tiveram tempo de analisar os vídeos disponíveis no Youthbe das últimas temporadas nos países nórdicos e como vem para suplente do Carreras…nem há muito alarido (já agora é o único que destoa nas contratações de inverno, vem claramente para lutar pela posição mas partindo atrás de Carreras sem margem para dúvidas);
Belloti e Bruma…indescritível o que se passa no X…parece que assinamos com o Karadas e o Andres Diaz…um porque não tem marcado com regularidade nos últimos 3 anos o outro porque é…não…porque vem do Braga…só pode ser…onde até era um dos mais influentes, noto que é claramente um reforço para render já…não daqui a um ano…tanto o Belloti como o Bruma vêem para aumentar as opções com alguma qualidade…e do Belloti não vou como alguns falam comparar com Jonas…mas comparar com Miccoli…cujas experiências em equipas de outro quilate não correram tão bem e que depois brilharam com a nossa camisola!
Desde que venham para honrar a camisola são todos bem-vindos!
Vamos Benfica!"

A Gola do Sabry, in Facebook

CÁ DENTRO E LÁ FORA



 "Depois de um jogo que confirmou que o Benfica consegue ser uma equipa concentrada, consistente e competitiva durante noventa minutos e que há qualidade para ganhar o que ainda pode ser ganho, que, como bem foi lembrado, é tudo, era com natural curiosidade que chegava o jogo com o Estrela para vermos com que “cara” se apresentaria o Benfica “pós europeu”. Num jogo que começou bem e parecia fácil, o tempo encarregou-se de confirmar que para além do Benfica impositivo, concentrado e competitivo, capaz de marcar oito golos a dois grandes de “La liga” e de ganhar de forma clara em Turim, continua a haver um outro Benfica, complicativo, desconcentrado e por vezes inseguro, como foi em largos momentos da segunda parte na Amadora. Resolver este antagonismo é a tarefa para o resto da época, agora que terá uns luxuosos cinco dias para preparar o próximo jogo antes de novo ciclo intenso até meados de março e para que atinja a tal consistência que Bruno Lage tem falado, pois só ele e os jogadores saberão o motivo de uma disparidade exibicional tão grande. Ainda assim, na Amadora houve boas notícias, como o regresso dos golos de bola parada, a confirmação de um Pavlidis confiante e em boa forma e de um Manu que mostrou que é uma bela contratação. Para a semana haverá jogo nacional, com o Moreirense, e europeu, com o “velho” conhecido Mónaco, e seria importante que o Benfica fosse capaz de também fazer cá dentro o que faz lá fora e iniciar este novo ciclo com confiança.

PS - O Benfica fez um mercado de janeiro discreto, contido e eficaz, sem novelas nem falhanços."
Nuno Magalhães, in Jornal de Notícias

O MEU SPORT LISBOA E BENFICA



 "Entre o benfiquismo do meu pai e o catolicismo da minha mãe, escolhi o Benfica. E isto não quer dizer que não recorra ao segundo para interceder pelo primeiro. Um pequeno empurrão divino (semelhante ao que enfeitiçou o braço de Vata na antiga Luz) é sempre um bom acréscimo de ânimo, até para aqueles que nos parecem infalíveis.

Crescemos a achar que os nossos heróis usam capa vermelha. No meu caso, não tardei muito a descobrir que os meus heróis vestiam vermelho por inteiro, não era apenas a capa.
A Odisseia tem Ulisses, a Ilíada tem Aquiles e eu decidi que a minha epopeia teria o Benfica. Escolhi assim um par de homens de meias até à canela e mangas arregaçadas com onze posições diferentes em campo para as múltiplas outras onze ânsias dos corações que se comprometem a salvar. E o Benfica entra em cena colossal, sob um rol de aplausos e bandeiras galopantes.
Um herói nunca chega cedo. Benfica, voracidade do olhar, o deleite de quem folheava o jornal bebericando uma bica e comendo uma nata quente na esplanada e se demorava com uma falsa atenção sobre as letras garrafais e enegrecidas que acusavam o Banco Central Europeu e a dívida pública ou informavam sobre a taxa de natalidade e o IRS.
O que todos queriam era ter o Benfica manchado nos dedos e saber que a vida permanecia resguardada por uma resolução breve de o ter bem agarrado nas palmas das mãos. Sabem o que tortura um português? Aquele silêncio inusitado e entristecido que só Amália cantava e nos surge entre as palavras. O Benfica fouça esse silêncio com um sempre galante "E então, como vai o nosso Benfica?". Até nos faz esquecer as artroses, as contas por pagar e o colesterol a 250 mg/dL.
Há coisas que são unicamente nossas e jamais se esquecem: o nascimento dos filhos, o funeral dos pais, o dia do casamento, o penalti falhado do Veloso em Estugarda, os calções azuis do Magnusson, as luvas pretas do João Alves, a bojarda do Carlos Manuel no estádio das Antas e a camisola ondulante do João Pinto. És uma saudade frenética, Benfica. Se o Alexandre O’Neill me permite, confesso-te meu Benfica, se fosses só três sílabas…"
Simão Pedro, in Benfica Independente