sexta-feira, 23 de maio de 2025

RUI COSTA BEM, CORRE UM RISCO



 Presidente do Benfica teve dois bons momentos em Braga, relacionados com futebol; quanto a eleições, se calhar tem de antecipar coisas.

Rui Costa esteve bem quando no final do jogo em Braga fez duas coisas: felicitar o Sporting pelo campeonato, confirmar a continuidade de Bruno Lage.
O presidente do Benfica foi um desportista de elite e, nesse sentido, seria de estranhar não endereçar cumprimentos para o outro lado da Segunda Circular. É assim que os competidores se comportam. Na mesma medida, o homólogo leonino, na cerimónia na Câmara Municipal de Lisboa, devolveu a deferência.
Já o segundo momento foi, para a nação encarnada, mais importante. Rui Costa começou por dizer que Lage era o menos culpado pelo que sucedeu. Puxou a ele próprio responsabilidades como líder máximo – até porque o setubalense não começou a época – e confirmou a continuidade do técnico. Pelas palavras de Rui Costa não se colocará em causa o que direi a seguir, mas, como manda a regra, falta Bruno Lage confirmar que também ele quer continuar.
Esse anúncio foi outro momento bom de Rui Costa: limpou possível ruído à volta do tema, sem se interessar pelo resultado da Taça de Portugal.
O presidente do Benfica não quis responder sobre se se recandidata. Como A BOLA noticiou, junho vai trazer «atividade eleitoral».
Haverá quem fale e defenda eleições antecipadas. É bom não esquecer que o presidente do Benfica foi legitimamente eleito e, tal como sempre defendi que não devem ser os resultados, a bola entrar ou não, a definir se um presidente em exercício deve ser reeleito, também não defendo que uma derrota numa Taça possa derrubar um por si só: um presidente e a sua equipa são eleitos para um mandato, do futebol, às modalidades e ao resto do universo, e são esses que devem estar em causa. Portanto, a haver eleições antecipadas, essas seriam sempre chamadas por estratégia.
O maestro terá os seus timings. Definidos por ele e equipa, tal como terão outros candidatos datas definidas. É obviamente diferente dizer que não se tem uma decisão tomada do que simplesmente não querer anunciá-la (e, nesse sentido, não lhe restar nada mais do que dizer o que disse).
O presidente do Benfica tem preferido não falar do tema, o que poderá mudar rapidamente: 1) por força dos anúncios oficiais de candidaturas que se preveem para depois da Taça: 2) porque o próprio Rui Costa não ficará amarrado a uma equipa a competir, até ao Mundial de Clubes.
Se Rui Costa tem decisão tomada e a sua equipa sabe, resta estar bem preparado; se não decidiu, corre um risco enorme, pois os seus adversários, está visto, estão a querer ganhar vantagem sobre o presidente em exercício e depois pode ser tarde demais.
Luís Pedro Ferreira, in a Bola

quinta-feira, 22 de maio de 2025

FILIPA PATÃO VAI SAIR DO BENFICA



 Filipa Patão vai sair do Benfica e rumar aos EUA: treinadora vale encaixe financeiro às águias

Treinadora, de 36 anos, tem contrato até 2027 e será contratada pelo Boston Legacy.
Filipa Patão vai deixar o Benfica, que comandou ao pentacampeonato, terminada a participação das encarnadas no World Sevens Footbal, a decorrer no Estoril. A treinadora de 36 anos, que despertou o interesse de vários clubes a nível internacional pelas campanhas conseguidas à frente das águias, terá chegado a acordo com o Boston Legacy, subsistindo uma certeza: o Benfica será ressarcido pela saída.
A treinadora assinou, no início da época, novo contrato válido até 2027, vendo melhoradas substancialmente as condições salariais, pelo que o clube presidido por Rui Costa, que terá agora como prioridade encontrar quem suceda e assuma a pesada herança deixada por Filipa Patão, terá que que compensado pelo cessar de um vínculo que se prolongaria por mais duas temporadas.
Filipa Patão, recorde-se, comandou o Benfica na conquista de cinco campeonatos, cinco Taças da Liga, duas Supertaças e uma Taça de Portugal, além de participações na Liga dos Campeões que levaram Portugal a contar, em 2025/26, com três potenciais vagas na prova.

MAIS UMA RENOVAÇÃO NO BENFICA

 


Avançada Lara Martins prolonga ligação até 2028.

O Benfica anunciou esta quarta-feira de manhã mais uma renovação no futebol feminino: a avançada Lara Martins assinou novo vínculo com as águias, válido até 2028.
Na Luz desde julho de 2020, a atacante de 18 anos não escondeu o orgulho por se manter no clube do coração. «Poder continuar a ajudar a equipa neste grandioso clube é uma mais-valia», afirmou a atleta, que na última época somou sete golos em 26 jogos e não quer baixar a fasquia para 2024/25.

 «O objetivo do Benfica é sempre ganhar. E o meu objetivo é dar o melhor pela equipa, o que nós queremos é ganhar todas as competições», garantiu.

A jogadora deixou ainda uma palavra à formação, depois do tempo passado nos escalões jovens: «Gosto muito de falar com as meninas da formação. Gosto muito de ir lá aos treinos delas, e acho que, se elas trabalharem, efetivamente vão conseguir tudo o que quiserem, porque hoje em dia, em Portugal e aqui na formação do Benfica, temos muita qualidade, muita qualidade mesmo, desde os escalões mais jovens à equipa B. [O salto para a equipa principal] Acho que é uma questão de se treinar e trabalhar, e tudo será recompensado.»

RUI COSTA E BRUNO LAGE JOGAM O FUTURO NO JAMOR



 Ponto final na Liga, com o Sporting a festejar o bicampeonato. Uma corrida lado a lado com o Benfica ganha pelos leões no confronto direto. Os dois dérbis acabaram por ser decisivos. O primeiro, em Alvalade, curiosamente, também o primeiro jogo de Rui Borges no Sporting. Chegado de Guimarães apenas três dias antes, o treinador apresentou-se diante de Bruno Lage com menos um ponto — 38 contra 37 — e ganhou o duelo (1-0), saltando para a liderança.

O campeonato, entretanto, deu a volta e os rivais reencontraram-se na Luz, na penúltima jornada. Em igualdade pontual, os leões podiam jogar com dois resultados e acabaram por fazê-lo. O 1-1 deixou-os na liderança, dada a vantagem no confronto direto, e com uma mão no troféu, que não deixaram escapar, vencendo o V. Guimarães a caminho do Marquês de Pombal.
Contas feitas, no duelo Rui Borges-Bruno Lage, o treinador dos leões ganhou por três pontos: 45-42. Perfeição de Ruben Amorim e descalabro de João Pereira à parte de um lado e a descrença herdada de Roger Schmidt de outro, o confronto direto foi absolutamente decisivo, por mais redutora que possa considerar-se esta análise.
Grande mérito de Frederico Varandas, um presidente permanentemente em avaliação. Ora é preso por ter cão, ora é preso por não ter cão... Nestes tempos modernos em que interessa mais a forma do que o conteúdo, o líder dos leões paga o preço de não ser um bom comunicador, mesmo quando tudo o que diz é acertado. O certo é que foi campeão sem Ruben Amorim e apesar de João Pereira.
De pouco lhe serviu, pelo que já se percebeu. Vai estar de certeza em avaliação dentro em breve, mesmo que no domingo, na final da Taça de Portugal, se torne o presidente mais titulado da história do Sporting! Parece mentira, mas é a mais pura das verdades.
Rui Borges, como já referi, foi outro grande obreiro da conquista e para reforçar o estatuto basta referir que realizou 19 jogos para o campeonato e não perdeu nenhum — 13 vitórias e seis empates. O futebol não foi brilhante, mas da avaliação não podem retirar-se as inúmeras lesões, muitas delas de jogadores-chave.
Até Gyokeres, a outra grande figura da triologia do título, esteve limitado fisicamente em vários jogos. O sueco, contudo, é um jogador à parte deste campeonato. Um monstro. Daqueles que aparecem de 20 em 20 anos no futebol português. O último tinha sido Jardel e agora vamos ver quanto tempo teremos de esperar para admirar o próximo. A propósito de jogadores diferenciados e supergoleadores, basta recordar que nas últimas décadas apenas por uma ocasião o clube que teve o condão de os descobrir não se sagrou campeão. Foi o FC Porto, em 1999/2000, com o brasileiro. A exceção que confirma a regra.
Gyokeres, é incontornável, fará apenas mais um jogo pelo Sporting. Já no domingo, na final da Taça de Portugal. Um jogo muito, muito importante…. para o Benfica. Considero mesmo que mais do que a última da época em provas internas a partida do Jamor será a primeira da… próxima. O que desde logo lhe dá um enorme peso. Para o Sporting não será, claro, apenas mais um jogo, até porque os leões não se terão esquecido da derrota com o FC Porto em pleno Estádio Nacional na época transata, mas um desaire após a ressaca de uma festa é sempre menos doloroso.
O Benfica tem, portanto, mais a perder, pelo que naturalmente tem também mais a... ganhar. Bruno Lage tem de recuperar animicamente a equipa, que, como se viu no último jogo em Braga, ficou muito afetada com o empate no dérbi da Luz e o treinador também precisa de confiança. Rui Costa não podia tê-lo ajudado mais, pois logo após a perda do campeonato garantiu-o para a próxima temporada.
No futebol, contudo, e como todos sabemos, tudo muda muito rápido. A célebre frase de Pimenta Machado, que um dia disse que «o que hoje é verdade amanhã é mentira», continua, em muitas ocasiões, válida e considero que tanto Bruno Lage como Rui Costa vão jogar muito do futuro próximo no Jamor.
O presidente vê a oposição a movimentar-se, com putativos candidatos a proliferarem a cada dia. Com eleições marcadas para outubro, os resultados, acredito, serão determinantes.
E o calendário do Benfica dificilmente poderia ser mais sobrecarregado. Depois da partida do Estádio Nacional, Bruno Lage terá apenas uns dias para preparar a missão seguinte e limitado nas opções, já que terá vários jogadores ocupados entre Liga das Nações, apuramento para o Mundial e particulares — segue-se uma data FIFA. Depois será descansar uns dias e partir para os Estados Unidos, para o Mundial de Clubes, que além da vertente financeira se reveste de importância redobrada dado o prestígio internacional dos encarnados.
Uma época tão longa que praticamente não permite férias, já que depois o Benfica tem outro grande desafio: qualificar-se para a UEFA Champions League. Uma missão sempre difícil e muito desgastante, pois vai obrigar a quatro jogos (dois da 3.ª pré-eliminatória e dois do play-off), durante o mês de agosto, durante o qual disputar-se-ão quatro jornadas da Liga 2025/2026 e antes disto tudo ainda há novo encontro com o… Sporting, na Supertaça Cândido de Oliveira.
Contas feitas, nove jogos em agosto e no mínimo três no Mundial de Clubes — Boca Juniors, Auckland City e Bayern são os adversários no grupo C. Depois há oitavos, quartos, meias e final, pelo que a campanha por terras do Tio Sam pode terminar apenas a 13 de julho, data na qual, em condições normais, os clubes já têm duas semanas de pré-temporada…
A tarefa, já se percebeu, não será fácil, até porque entre isto tudo há que estruturar, com o mercado de transferências aberto..., um novo plantel, com as naturais saídas e contratações, e Rui Costa e Bruno Lage, melhor do que ninguém, sabem que não podem falhar…
Hugo do Carmo, in a Bola

quarta-feira, 21 de maio de 2025

JAMOR



Final de um dos campeonatos mais inteiros de que me lembro. Honra aos rivais em despique até ao fim. Muita coisa se passa numa época, mas esta chegada ao sprint foi especialmente emotiva. As duas últimas etapas foram antecipadas e vividas intensamente e ao milímetro. No dérbi da Luz, o Benfica não tinha conseguido potenciar a vantagem grande de poder decidir em casa, sendo surpreendido ainda os adeptos se sentavam. Em noventa minutos vivem-se e sofrem-se muitos momentos e quis a sorte, mas também o mérito adversário, que o jogo começasse torto e que não mais se compusesse.
Por pouco se ganha e por pouco se pode perder ou, neste caso, empatar. Em Braga, no último dia, aconteceu um bom jogo. O SC Braga quis e conseguiu ser também protagonista, mesmo sem objetivos pontuais, procurando saldar a dívida classificativa com os seus adeptos. O peso da dependência nunca fez bem a ninguém e a um bom início de jogo do Benfica não correspondeu a eficácia da finalização, um cenário várias vezes repetido. A crença extra muitas vezes faz diferença, mas tardavam a chegar os desejados sinais vitorianos de Alvalade, que dariam outro ânimo e convicção, fatores tantas vezes fundamentais. Os tais ecos positivos não chegariam e, ao contrário, um penálti daqueles modernos, com os quais nunca vou concordar, reforçou à distância a posição do rival.
Clubes à parte, uma equipa sofrer um castigo máximo por uma falta que nada tem de máxima, nem de intencional, é uma realidade atual que ainda espero, um dia, ver alterada.
Os dois últimos jogos tiveram em comum o estado de ebulição mental que afeta a equipa que mais precisa, que procura o golo, mas sofre. Na necessidade absoluta de marcar, o Benfica acabou por ficar em desvantagem, aumentando o stress e o peso de uma equipa que já corre em perseguição. É de reconhecer, no entanto, o esforço e a capacidade de reagir, evitando derrotas, mesmo sem chegar ao objetivo pretendido. Fica o mote para a final da Taça de Portugal, que já bate à porta. A vida não pára e olhar para trás nesta altura não ajuda, só amargura. O orgulho de olhar em frente é o melhor caminho.
Grandes contrastes
Enquanto a final não chega, assinalo alguns contrastes entre jogadores nucleares das duas melhores equipas da Liga. No ataque, Pavlidis e Gyokeres foram, pela sua influência finalizadora, as duas principais figuras dos respetivos ataques. Gyokeres, mais autónomo e individualista, pelo seu poder físico e velocidade, quase exclusivamente destro, faz do espaço e profundidade o seu meio preferencial. Pavlidis, especialista no apoio frontal, tecnicamente mais requintado, procura e dá um apoio mais coletivo. Não tão explosivo quanto o rival, também destro, mas com maior capacidade do pé contrário. O jogo aéreo não é, em ambos os casos, a melhor característica. No entanto, no futebol atual, a verdade é que o jogo de cabeça perdeu pontos. Os alas de pé contrário vieram para ficar. Hoje, poder atacar a bola de frente, respondendo ao efeito aberto (a fugir da baliza e do guarda-redes) já é uma raridade.
Recuando no terreno, é no meio que está também a virtude das equipas e a mola do seu rendimento. Por um lado, Aursnes, versátil como ninguém e com uma mobilidade e disponibilidade que dificilmente se encontram. Jogador de equipa fiável, único, para ficar no Benfica até ao fim da vida.
Hjulmand, por sua vez, de raiz mais posicional, defende e orienta as saídas da sua equipa. Mesmo na zona de maior tráfego, raramente perde um duelo ou falha um passe. Pela sua idade e perfil, não é provável que se mantenha por cá. Pior para a nossa Liga, mas melhor para os rivais. Ambos são bons rematadores, mas os seus números foram prejudicados pela importância que representam para o equilíbrio das respetivas equipas, que os afasta da baliza contrária.
As redes na Taça
A rotação dos guarda-redes na Taça de Portugal é quase uma regra e já faz muito tempo o seu reinado. A origem desta realidade está na motivação e gestão emocional difícil de alguém que é sempre suplente, algo que, pela proximidade, acaba por também afetar o guarda-redes eleito.
Deve em fase mais adiantada desta competição ser recuperado o titular do campeonato, teoricamente melhor? Mesmo sendo concorrentes de valor semelhante, o ritmo daquele que mais joga justifica quebrar a regra, incorrendo em eventual injustiça?
E na Liga, deve o titular dar lugar ao suplente, imediatamente a seguir ao erro, ou contar com a necessária tolerância e confiança do mister? A opção teoricamente certa nem sempre é a mesma. São muitas e complexas as questões que o treinador principal e o seu assistente têm de considerar.

Rui Águas, in a Bola 

VAMOS ESPERAR QUE FECHE



 "1. Ainda não chegou a hora de fazer o balanço de 2024/2025. È certo que já estivemos todos mais longe de chegar a conclusões sobre esta época que está a dois fins de semana do seu fecho. Vamos esperar que feche. Por uma questão de feitio, face aos últimos acontecimentos, opto por alinhar com a disposição de Álvaro Carreras e de Vangelis Pavlidis, indiscutivelmente dois dos melhores jogadores ao serviço do Benfica entre agosto do ano passado e o corrente mês de maio. 'Enquanto houver possibilidades, vamos lutar', disse o grego. 'Até ao final', disse o espanhol. Ambos falaram bem.


2. Dediquemo-nos, então, a um episódio curioso da jornada do último fim de semana da Liga espanhola que nos traz uma discussão que, apesar de ter ocorrido do outro lado da fronteira, não nos é assim tão alheia. O Barcelona bateu por 4-3 o Real Madrid. Já perto do fim do jogo, o Barcelona ainda fez mais um golo, que seria o 5-3 se não tivesse sido anulado depois de intervenção do VAR, que chamou a atenção do árbitro para uma eventual mão na bola do seu autor, Fermín López.

3. Ainda em Espanha. A divulgação pública do áudio da conversa do VAR com o juíz de campo está a revoltar os adeptos do Barcelona. Quando a voz do videoárbitro alerta o árbitro para a situação de impedimento da jogada do golo do Barcelona, ouve-se, em fundo sonoro, uma voz não identificada proclamar com alívio um 'menos mal' que, traduzido para português, vale por um 'ainda bem' que veio incendiar as discussões do pós-jogo e os sentimentos catalães.

4. Um episódio destes dá razão ao movimento filosófico internacional que vem exigindo junto das altas instâncias oficiais que se institua, o mais rapidamente possível, um VAR para o VAR. De outra maneira, a 'coisa' não vai lá...

5. Entretanto, no outro país peninsular, o nosso, o Benfica estará no dia 13 de Abril - já lá vai mais de um mês - à espera que seja divulgado o áudio do diálogo do árbitro (António Nobre) com o VAR (Luís Godinho) no lance infame daquela grande penalidade apitada contra o Benfica porque, nas palavras do árbitro que ecoaram por todo o estádio, Otamendi 'rasteirou com a cabeça' um jogador adversário na área do Benfica.

6. A propósito de referida indecência que ficará para sempre no anedotário do futebol português, uma 'fonte oficial' do Clube afirmou, em declarações a A Bola, que 'o SL Benfica considera importante a divulgação do áudio da conversa com o árbitro'.

7. Passaram-se dias, semanas. Entretanto o assunto morreu, que pena. Viva o Benfica!"

Leonor Pinhão, in O Benfica

terça-feira, 20 de maio de 2025

BENFICA SENTENCIA PRESENÇA NAS MEIAS-FINAIS COM VITÓRIA ROBUSTA



 Águias bateram o Eléctrico por 7-4 e garantiram a passagem à fase seguinte do 'play-off' pelo título; adversário sairá do embate entre SC Braga e Fundão.

A vitória na partida inaugural, realizada em Ponte de Sor, aproximava o Benfica das meias-finais do play-off do campeonato e, esta terça-feira, perante o seu público no Pavilhão da Luz, as águias confirmaram o favoritismo com um resultado volumoso (7-4), que ganhou maior robustez quando o adversário procurou arriscar, jogando em 5x4.
O conjunto alentejano começou cedo a demonstrar atrevimento, mas o Benfica foi assumindo o domínio e transpareceu-o em ocasiões de golo que se foram acumulando com o decorrer do primeiro tempo, até que aos 14’ as águias alcançaram a vantagem por Silvestre Ferreira, solto no espaço vazio.
Em pouco tempo as águias voltaram a marcar através de uma recarga de Chishkala aos 17’, mas o Eléctrico não se entregou e reduziu a diferença num penálti convertido por Thaguinho após falta sofrida por Fernandinho aos 19’. No entanto, os visitantes mal tiveram tempo para explorar a diferença mínima visto que, poucos segundos depois, Arthur protagonizou uma arrancada e ofereceu o golo a Afonso Jesus.
Sempre ativo no jogo, o Eléctrico não deitava a toalha ao chão e voltou a aproximar-se por João Costa, mas o Benfica manteve ao máximo os níveis de concentração e, novamente após uma sucessão de oportunidades desperdiçadas, inclusive um penálti, Jacaré assinou o 4-2 na recarga a um primeiro remate de Diego Nunes que embateu no poste aos 31’.
O desequilíbrio estava conseguido e no minuto seguinte Silvestre Ferreira chegou ao bis num remate de primeira e após um bom trabalho de Arthur que, aos 35’, atirou de primeira para uma baliza vazia e a corresponder a um lançamento longo de Gugiel, tirando proveito do facto de o adversário já ter abdicado do seu guarda-redes para atacar em 5x4.
Esta situação contribuiu para um período final que ainda contaria com mais três golos – Milton Dias voltou a reduzir para o Eléctrico aos 36’, Lúcio Rocha aproveitou um erro adversário para marcar pela sétima vez para o Benfica aos 37’ e, a 25 segundos do final, Fernandinho assinou o quarto e último golo da temporada do conjunto de Ponte de Sor.
As águias estão, assim, qualificadas para a meia-final e aguardam por adversário, que sairá da eliminatória entre SC Braga e Fundão, com os bracarenses a poderem reservar a sua passagem em caso de vitória depois de terem vencido o primeiro jogo dos quartos de final, no passado sábado.

HÁ UM NOVO CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DO BENFICA

 


Cristóvão Carvalho esteve na lista de Rui Gomes da Silva nas eleições de 2020.

O advogado Cristóvão Carvalho anunciou esta terça-feira que se vai candidatar à presidência do Benfica.
Numa nota enviada às redações, Cristóvão Carvalho afirma que decide dar este passo «perante o momento de profunda degradação do que é, sempre foi e não pode deixar nunca de ser a essência vencedora do Sport Lisboa e Benfica».
«Enfrentando um momento de profunda apatia em relação às derrotas recentes e à perda de mais um campeonato; sentindo com enorme preocupação que o futuro desportivo imediato do futebol do clube se encaminha inevitavelmente para mais uma época perdida, é preciso agir. Já! Amanhã será tarde!», acrescenta o advogado.
Cristóvão Carvalho junta-se assim a João Diogo Manteigas como os dois candidatos oficiais às eleições presidenciais do Benfica, apontadas para outubro deste ano. No entanto, Cristóvão Carvalho quer apelar a Rui Costa para que o ato eleitoral seja antecipado, de forma a que a nova direção possa já preparar a época 2025/26. Para isso, convocou uma conferência de imprensa para esta quinta-feira, às 11.00 horas, no Upon Lisboa.
Recorde-se que é esperado que Noronha Lopes e Martim Mayer também avancem com as respetivas candidaturas.
Cristóvão Carvalho é licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Lusíada de Lisboa, está inscrito na Ordem dos Advogados Portugueses desde 2000 e fundou a Costa Carvalho Advogados Associados em 2006. Em 2020, integrou a listas da candidatura de Rui Gomes da Silva à presidência do Benfica, que recolheu 1,64% dos votos.

Afonso Santos, in a Bola

OS BENFIQUISTAS MERECEM MAIS



 Apoiar uma equipa como o Benfica 2024/25 até ao último minuto de cada jogo tem sido uma prova de resistência — umas vezes gratificante, outras desesperante. O trajeto da equipa pediu-nos que suspendêssemos o ceticismo, e foi isso que os adeptos fizeram: apoiar sem reservas até ao final, incluindo após o triste desfecho em Braga. A verdade é que esta equipa nunca se encontrou verdadeiramente: ora venceu de forma esclarecedora, ora se deixou empatar e derrotar na mais improvável das circunstâncias. Pelo caminho, muitos jogadores utilizados e poucas certezas de valor inequívoco e constante. Muitos jogos separaram o empate na Vila das Aves dos pontos perdidos em casa frente ao Arouca, mas o fio condutor esteve sempre lá. Faltou competência e maturidade em momentos decisivos.

Mais do que triste ou resignado, sinto-me um pouco irritado com aquilo que vi no sábado e nos dias anteriores. Enquanto a maioria antecipava uma espécie de batalha campal entre Sporting e Vitória de Guimarães, fiquei com a sensação de que ninguém se lembrou de confirmar se, porventura, o Benfica já tinha ganho o seu jogo frente aa SC Braga, tal foi a convicção com que se ignorou esse adversário. Compreendo que os adeptos façam a sua parte nas redes sociais e que tentem acicatar os ânimos provocando um sentimento de desrespeito aos adeptos do Vitória, mas, voluntária ou involuntariamente, terão contribuído para despertar igual reação nos adeptos e na equipa do SC Braga, que se apresentou em campo pronta para competir de igual para igual e acabou por ser superior ao Benfica em muitos momentos do jogo — incluindo em inferioridade numérica.
A ideia original não era má, mas esbarrou num pequeno obstáculo. Se entrássemos de forma decidida em Braga, garantindo uma vantagem madrugadora, poderíamos alimentar o nervosismo do Sporting em Alvalade, como já se viu contra o Gil Vicente. O Sporting parecia fazer a sua parte, tropeçando nervosamente nos seus 67% de posse de bola ao longo da primeira parte. Acontece que nós fomos para o intervalo a perder e, pior que isso, parecemos incapazes de empurrar o adversário da forma que este jogo pedia. Ninguém gosta de perder um título, muito menos na última jornada frente a um adversário que está ao nosso alcance, mas o amargo de boca é maior quando observamos que o plano de jogo para um novo momento decisivo voltou a ficar aquém do desejado. O balanço da reta final do Benfica no campeonato é muito pobre: em 4 jogos, 3 empates e 1 vitória arrancada a ferros no Estoril. A equipa acabou por ser pouco competente, revelando fragilidades e pouca mentalidade de campeão.
É impossível aceitar que o investimento realizado pelo Benfica nas últimas 4 épocas se tenha traduzido em tão poucos troféus conquistados. De um total de 16 troféus internos em disputa — entre Liga, Taça de Portugal, Supertaça e Taça da Liga — o Benfica soma apenas 3 troféus em 1460 longos dias. Na melhor das hipóteses, se vencer no próximo domingo, chegará a uma taxa de sucesso de 25% nas competições nacionais. Trata-se de um balanço extremamente negativo, e começa a ser oportuno identificar as causas. É claro que podemos enquadrar nessa discussão outras variáveis que prejudicaram a equipa em determinados momentos, mas o grande denominador comum não pode ser encontrado nas arbitragens contra nós ou a favor de outros. Seria um grave engano pensar-se que só as arbitragens privaram o Benfica de conquistar mais títulos durante este período. O problema foi mesmo a falta de competência apresentada em momentos-chave de cada época, pontuada por uma política desportiva muito habitual em clubes com alguma capacidade financeira e pouca ou nenhuma visão estratégica. Despeja-se dinheiro para cima dos problemas na esperança de que estes, milagrosamente, se resolvam.
Ainda assim, fez mal a comunicação do clube em não ser vocal em relação aos erros que prejudicaram o Benfica, especialmente quando estávamos num bom momento; como fez mal em reagir tardiamente — e de forma tímida, quase comprometida — em momentos da temporada que pediam músculo. A fraqueza de espírito desta presidência teve o efeito que se pode esperar em qualquer liderança fraca numa organização de grande dimensão: tornou-se um vírus alojado no clube, que foi alastrando ao longo de 4 anos e produziu uma cultura propensa à derrota e à tibieza.
Diz-se que as grandes equipas começam os jogos a ganhar por força da sua mentalidade vencedora, da sua capacidade de imprimir pressão nos pontos certos. O Benfica de Rui Costa avançou de forma titubeante na direção contrária. A prioridade elencada pelo atual presidente de fazer deste um «mandato desportivo», só possível por alguém que se autointitula entendedor do futebol, foi aquilo a que, na gíria, se chama um monumental flop. Produziu 4 anos sem uma visão clara para o projeto do futebol, em que foram mais as declarações sobre a necessidade proverbial de «assumir responsabilidades», que caíram sempre em saco roto, do que os títulos conquistados. Entre contratações falhadas, equipas remendadas e um despesismo sem precedentes, o Benfica está hoje mais fraco em todas as frentes — e nada me leva a crer que alguma coisa venha a mudar com esta liderança. Está na hora de fazer o que falta: vencer a Taça de Portugal e fazer o melhor Mundial de Clubes possível. Depois disso, será tempo de garantir um novo futuro. O Benfica é muito maior do que aquilo que vimos ao longo destes 4 anos. Os Benfiquistas merecem mais e melhor.
Vasco Mendonça, in a Bola

segunda-feira, 19 de maio de 2025

BENFICA SEM MARGEM DE ERRO NO JAMOR

 


Depois do adeus ao título de campeão, final da Taça de Portugal encerra importância ainda maior para Bruno Lage, Rui Costa e jogadores.

Encerrou a janela do campeonato, abre-se a porta da Taça de Portugal, que para o Benfica poderá significar bem mais do que a conquista de um novo troféu para o museu do clube.
Os adeptos benfiquistas aceitaram, de uma forma geral, com resignação e conformismo o adeus ao título de campeão, que viajou para Alvalade, em direção ao museu do Sporting. O plantel encarnado encontrou inclusivamente algum apoio, tímido, mas apoio, no regresso ao Estádio da Luz, na noite de sábado, mas a final da Taça de Portugal, no Estádio Nacional, do próximo domingo, tem diferentes contornos e pode motivar diferentes sensações. Boas e más.
O Benfica, em primeiro lugar, terá de lidar com a dificuldade que é defrontar o Sporting: derrota na Liga em Alvalade (0-1), empate (1-1) na Taça da Liga, em Leiria, com vantagem nos penáltis, empate (1-1) no Estádio da Luz, para o campeonato, o resultado que acabou por dar luz ao nome do vencedor da Liga. Bruno Lage ainda não conseguiu derrotar o Sporting de Rui Borges.
Por outro lado, haverá a pressão sobre treinador e presidente que chega do exterior, dos adeptos e dos associados, a pressão das eleições. Rui Costa, presidente do Benfica, avançou em Braga que Bruno Lage será o treinador da equipa benfiquista na próxima temporada, o que poderia ter retirado pressão.
Se Lage vencer a Taça de Portugal, então poderá entrar com alguma tranquilidade no espaço que se abre até ao Mundial de Clubes. Por outro lado, se as coisas não correrem bem para os encarnados no Jamor, então a posição do técnico poderá enfraquecer aos olhos dos adeptos.
E Bruno lage desejará, mais do que ninguém, iniciar o período de preparação para o Mundial de Clubes e a próxima temporada sem a necessidade de carregar qualquer peso suplementar de uma época 2024/2025 verdadeiramente difícil a nível nacional, que rendeu, até ao dia de hoje, somente a Taça da Liga.
Para Rui Costa, refira-se ainda, talvez a conquista do troféu no próximo domingo seja mais importante do que para qualquer outra pessoa dentro do Benfica. O presidente está sob pressão, sob escrutínio de muitos adeptos e no centro da mira da oposição, mas mesmo aqueles que estão do seu lado terão certamente dificuldade em encaixar mais um desgosto perante o histórico rival.
As eleições de outubro estão já na cabeça de todos e o presidente das águias, que anteontem anunciou ainda não ter decidido se se recandidata, precisa de boas notícias para reforçar a sua popularidade. E a Taça vai ter peso, pode acalmar ou agravar a situação.
Os jogadores do Benfica não estão à margem da importância do duelo do Jamor para o futuro próximo dos encarnados. E também lidarão, pois, com uma taça de alta pressão. Não estão isentos de responsabilidades em relação ao desfecho da luta pelo título, as críticas chovem em todas as direções e são poucos os futebolistas totalmente isentados pelos adeptos.
Relevante, igualmente, é o significado deste troféu para um nome tão grande do presente do Benfica como Di María. Já anunciou que não volta a vestir a camisola do Benfica no campeonato, pelo que o Jamor será o último relvado nacional que o argentino campeão do Mundo pisará de águia ao peito. Tem significado para ele, para o clube, para os adeptos e o 11 desejará mais do que ninguém erguer qualquer coisa no momento da despedida. A presença no Mundial de Clubes não está para já em causa, mas não será a mesma coisa. É nos EUA, longe de casa.
Nuno Reis, in a Bola