quarta-feira, 30 de setembro de 2020

VIEIRA ANUNCIA RECANDIDATURA AO ÚLTIMO MANDATO COM «FOCO NA VERTENTE DESPORTIVA»



 Luís Filipe Vieira anunciou, esta quarta-feira, a recandidatura à presidência do Benfica, naquele que, garante, será o último mandato à frente do clube da Luz.

Discurso de Luís Filipe Vieira na íntegra:
Tenho 71 anos, a 4.ª classe, não falo inglês, tenho orgulho no trabalho realizado nestes 17 anos e estou aqui para anunciar a recandidatura ao meu último mandato como presidente do Sport Lisboa e Benfica!
Sempre trabalhei para unir os benfiquistas, porque acho que só assim podemos continuar a crescer e a ter futuro.
Esta candidatura tem um passado, tem uma história, mas, acima de tudo, tem futuro, e é por isso que aqui estou!
Nos próximos quatro anos continuaremos a crescer, a inovar, a ser pioneiros em muitas áreas, mas serão quatro anos em que o principal foco será a vertente desportiva.
O próximo mandato será a base e ponto de partida para superarmos o que fizemos na última década.
E o que fizemos foi extraordinário!
Foi a segunda melhor década da nossa história no futebol, a melhor década da nossa história nas modalidades e a melhor década da nossa história no capítulo financeiro.
Uma década em que reforçámos o nosso prestígio internacional, a nossa credibilidade, em que nos afirmámos como um dos melhores clubes a nível mundial.
Uma década em que tivemos contas positivas em sete anos– repito – sete anos!
É isto que quero que o Benfica supere na próxima década, e é para isso que vou trabalhar no meu último mandato!
Pela primeira vez em muitos anos, há vários candidatos. É algo que deve ser saudado, porque mostra a vitalidade do Benfica e reforça as garantias em relação ao futuro do Clube.
Gostaria, no entanto, de expressar o meu desejo para que a campanha decorra pela positiva, uma campanha de propostas, de ideias, uma campanha construtiva.
É esse o caminho que vou seguir, e espero que os restantes candidatos também o sigam!
Não esqueço as críticas, porque elas fazem parte do percurso, e porque, quando elas são sérias, devem ser ouvidas.
Quem está à frente de uma instituição com a grandeza do Benfica também erra em algumas decisões e eu não sou excepção.
Errei, porque sou humano. Errei, porque quem decide não acerta sempre. Só não erra quem não decide. Por isso, a primeira garantia que quero aqui deixar é a de que estou disponível para ouvir, para acolher as boas ideias, venham elas de onde vierem.
As boas propostas têm sempre a porta aberta e cabem nos próximos quatro anos do Benfica, como couberam nos últimos 17.
Já li e ouvi algumas das propostas das outras candidaturas. Há propostas que são boas, mas não são novas e já foram implementadas e há propostas novas que não são boas!
Não podemos passar os próximos 30 dias apenas a deitar abaixo, a desvalorizar o trabalho feito, a menorizar resultados, a criticar tudo e todos, porque aqueles que só criticam raramente conseguem construir.
Criticam as compras, criticam as vendas, criticam o equipamento, a falta de transparência das contas, a democracia do Clube, o voto eletrónico, a Benfica TV, criticam...
Não pode ser, porque estas críticas não atingem apenas o presidente do Benfica, atingem o Benfica enquanto instituição e todo o trabalho realizado nos últimos 20 anos. E é isso que eu não posso admitir.
A nossa história é uma história de caracter, de superação, de querer. É uma história de resistência, de sucesso. É uma história que não admite nem fações, nem hipocrisia ou falsidades.
Somos o clube português mais saudável do ponto de vista financeiro e mais preparado para enfrentar os próximos anos.
Vão ser anos exigentes, mas já passei por situações bem mais complicadas e anos mais exigentes quando aqui cheguei.
As contas do Benfica são auditadas anualmente, com relatórios detalhados e públicos, pelo que não percebo a crítica recorrente de alguns candidatos da oposição, mas estou disponível a acolher na minha lista para o Conselho Fiscal um elemento de cada uma das candidaturas da oposição para que possam perceber a transparência e o rigor das nossas contas. A porta está aberta. Não estejam apenas permanentemente a criticar.
Já ouvi, também, falar em fim de ciclo. Mas como compreender que alguém possa falar em fim de ciclo quando o Clube está hoje mais preparado, mais dinâmico, forte, estruturado, ambicioso e vencedor do que alguma vez foi?
Não. Não é o fim de um ciclo, é a continuação de um ciclo de sucesso. É essa a minha ambição e a minha promessa.
Já ouvi, igualmente, falar de que o Benfica não pode ser negócio. Pois bem, se o Benfica não for também negócio, não haverá nem sucesso desportivo, nem infraestruturas, nem formação, nem modalidades, nem medalhas olímpicas.
O Benfica é alma, é paixão, o Benfica são os sócios, mas também tem de ser negócio. Quem diz o contrário está apenas a usar uma frase vazia de sentido e de puro oportunismo eleitoral.
Quero partilhar agora algumas notas finais:
– O dono do clube são os sócios, e foi deles que recebi mandato e legitimidade para liderar o Benfica nos últimos 17 anos. Quando cheguei ao Clube o dono do Benfica eram os credores. Foi comigo que se devolveu o Benfica aos sócios. Estou aqui, e conto continuar a estar, pelo voto dos benfiquistas;
– Não festejo nem vendas nem contratações de jogadores! Se hoje há um projeto de formação conhecido e reconhecido a nível internacional, é porque ele foi construído ao longo da última década, quando muitos não acreditavam nele! E esse projeto é para continuar!;
– Irei debater as minhas propostas com os sócios, e é assim que deve ser. São os sócios que devem ser esclarecidos, e todos os candidatos o podem e devem fazer. Irei nas próximas três semanas percorrer o país, falar com os sócios, debater com eles as minhas ideias para os próximos quatro anos;
– O Benfica tem o sistema mais inovador a nível de voto. Mas, para calar insinuações que roçam o insulto, e para reforçar a possibilidade de todos os sócios do Benfica participarem nestas eleições, não só haverá, a par do voto eletrónico, o voto em papel, como os sócios do Benfica vão poder votar em todas as capitais de distrito de Portugal continental. Espero que o ruído à volta do processo eleitoral termine de vez;
– O Benfica é hoje dos clubes com maior credibilidade a nível mundial. Cumpre com os compromissos assumidos, não tem ordenados em atraso, nem modalidades em risco de desaparecer. E quanto a mim, tenho a consciência tranquila, porque as insinuações não são um facto, e a justiça não se faz nos jornais ou nas televisões.
- O Benfica são as pessoas e essa sempre foi a minha prioridade. Por isso a minha aposta, desde que aqui cheguei, no crescimento e modernização das Casas do Benfica. Sempre foi claro para mim a importância destas na divulgação da nossa mística, dos nossos valores, da nossa história! A aposta é para continuar!
- Haverá nos próximos quatro anos um Conselho Estratégico que nos vai ajudar a pensar em novos desafios e a auxiliar nas dificuldades que possam surgir. Um Conselho Estratégico constituído por benfiquistas que representem uma inegável mais valia para o Clube.
O ato eleitoral é o momento em que se dá a palavra aos sócios, é fundamental que os sócios exerçam esse direito, porque representam a base fundadora e a essência deste clube!
Os próximos anos devem ser de união, por isso, depois das eleições, quem ganhar será presidente de todos os benfiquistas. O nosso futuro depende disso!
Depois das eleições, não haverá vencedores ou vencidos, mas apenas benfiquistas.
O Benfica de hoje é um clube vanguardista, moderno, inovador, mas é ao mesmo tempo um clube com espírito crítico, em que nos orgulhamos do trabalho feito e da nossa história, mas pensamos sempre no futuro e no que ainda podemos fazer.
Por isso “a história com futuro” que assumi como lema da minha campanha.
Tenho a certeza – e é assim que termino – de que o meu pai, esteja onde estiver, estará orgulhoso do filho.Cumpri a promessa que lhe fiz quando assumi a liderança do Benfica. Recuperei a mística e a grandeza do Benfica e isso é a melhor recompensa que posso ter destes 17 anos!»ue posso ter destes 17 anos!»

«SEJAM CAMPEÕES, GANHEM E REBENTEM COM ISTO TUDO!»



 O Benfica divulgou imagens dos derradeiros momentos de Rúben Dias como jogador do Benfica, após o jogo de sábado com o Moreirense, incluindo o discurso final do agora jogador do Manchester City.

O Benfica divulgou imagens dos derradeiros momentos de Rúben Dias como jogador do Benfica, após o jogo de sábado com o Moreirense, incluindo o discurso final do agora jogador do Manchester City.
Tolhido pela carga emocional, estava já nos abraços individuais aos companheiros quando se lembrou: «O meu maior desejo é que sejam campeões. Ganhem e rebentem com isto tudo, estamos muito bem!»
Veja o vídeo:

OBRIGADO, RÚBEN!



 Doze anos depois de ter ingressado no SL Benfica, o defesa-central Rúben Dias, produto da Formação do Clube, muda-se para a Premier League inglesa, onde vai representar o Manchester City.

O desafio de dia 26 de setembro, diante do Moreirense (2.ª jornada da Liga NOS 2020/21), foi o último do defesa ao serviço das águias. Um jogo emocionante do início ao fim, onde Rúben foi protagonista. Autor do golo que inaugurou o marcador, foi eleito "Man of The Match". No momento de se dirigir a quem assistia à emissão exclusiva da BTV, o defesa-central não escondeu a emoção que sentia.
"Foi um jogo muito importante para mim. Poder consagrar este jogo com um golo foi muito especial. As pessoas marcam-me... [emocionado] e o Clube também, foi muito especial para mim. Jogar com a braçadeira também foi muito especial", explicou no final da partida.
Já no balneário, em privado, num momento de despedida muito sentido, Rúben dirigiu-se aos (ex-)companheiros com palavras carregadas de emoção.
"O meu maior desejo é que vocês [colegas de equipa] 'rebentem' isto tudo e sejam campeões. Eu próprio já estava muito no espírito e custa-me sair por isso, mas é uma coisa que não poderia deixar de dizer: tenham o maior sucesso. O míster está cá para isso mesmo, para vos guiar e para vos ajudar a chegar ao top. Espero muito que ganhem e que 'rebentem' com isto tudo, porque nós estamos muito bem. Boa sorte!", exclamou Rúben no remate da sua mensagem, que pode ser vista e lida na íntegra AQUI.
A subir, sempre a subir!
Rúben Dias é sem dúvida um dos rostos mais acentuados do projeto de formação no Benfica Campus. O jogador (23 anos) ingressou no Clube no início da época 2008/09 e foi capitão de equipa em todos os escalões de formação do emblema encarnado. Um registo notável de um atleta que fez mais de 100 jogos oficiais pela equipa principal – 137 partidas e 12 golos apontados.
Em 2008, depois de duas épocas no Estrela da Amadora (o clube da cidade onde nasceu), Rúben Dias experimentou pela primeira vez a sensação de vestir a camisola oficial do Benfica, iniciando o seu percurso nos escalões de formação das águias. Fez-se notar logo pela vontade de se aperfeiçoar no dia a dia e, com trabalho, aproveitar e explorar todo o potencial que lhe era reconhecido no papel de defesa-central.
Campeão Nacional de Iniciados em 2012 e de Juvenis em 2013, Rúben Dias cresceu no Benfica e esse desenvolvimento teve expressão paralela: começou a torna-se presença regular nas seleções jovens nacionais. Foi internacional Sub-16 (cinco jogos), Sub-17 (18), Sub-19 (21), Sub-20 (15) e Sub-21 (4).
Na época 2015/16 subiu à equipa B e principiou uma nova etapa na sua caminhada, competindo no segundo escalão do futebol profissional, um espaço de valorização, reconhecimento e também de imposição para novos e ambiciosos voos. Nessa temporada, Rúben Dias participou em 27 desafios e marcou um golo. A taxa de utilização no Benfica B aumentou em 2016/17: o jovem central foi chamado a alinhar em 31 jornadas da II Liga. Em 2017/18 subiu ao plantel principal.
Um verdadeiro exemplo dentro e fora das quatro linhas, Rúben Dias sempre foi reconhecido pelo empenho e pela garra com que envergou o Manto Sagrado. De águia ao peito e ao serviço da principal equipa do futebol encarnado, o defesa conquistou um Campeonato Nacional (2018/19) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (2019).
Rúben terminou a primeira temporada (2017/18) com 30 jogos realizados e quatro remates certeiros pela equipa sénior. A estreia aconteceu em 16 de setembro de 2017. Dia em que o Benfica se deslocou ao Bessa para defrontar o Boavista. O central atuou ao lado de Luisão, um histórico do Clube.
O primeiro golo estava guardado para 29 de dezembro de 2017. A vítima? O V. Setúbal. Já o primeiro tento no Estádio da Luz aconteceu a 3 de fevereiro de 2018 num triunfo contundente (5-1) diante do Rio Ave. Seguiram-se duas temporadas de consolidação (2018/19 e 2019/20), 104 jogos em duas épocas desportivas! Rúben foi um dos jogadores mais utilizados, dando sempre o seu contributo até ao último esforço.
As boas prestações ao serviço do Benfica levaram a que Fernando Santos, o selecionador nacional, integrasse o atleta da formação encarnada no seu lote de escolhas para as várias competições internacionais.
Rúben é hoje um dos principais pilares defensivos da Seleção e esteve presente naquela que foi a conquista da primeira Liga das Nações (eleito MVP na final ganha por Portugal à Holanda).
O defesa ruma agora a Inglaterra, onde irá representar as cores do Manchester City. A equipa atualmente treinada por Pep Guardiola já contava no seu plantel com três jogadores também formados no Benfica Campus – Ederson, João Cancelo e Bernardo Silva.

RÚBEN DIAS | O ADEUS DO CAPITÃO



 "É oficial: Rúben Dias deixou o SL Benfica rumo ao Manchester City FC, a troco de 68 milhões de euros, mais 3,6 milhões em objetivos.

Os encarnados perdem um dos melhores centrais a atuar em Portugal, internacional A e titular pela seleção das Quinas.
Rúben Dias começou a sua carreira no futebol de sete no lendário Estrela da Amadora, mas depressa captou a atenção do clube encarnado, que se apressou a contratar o jovem central, na altura com 11 anos.
A partir de aí, Rúben foi subindo a escada na formação do SL Benfica. Sempre reconhecido pelas suas qualidades dentro de campo, mas também pela sua perseverança e qualidade de liderança.
A enorme maturidade que sempre teve concedeu-lhe o privilégio de ser capitão em todos os escalões de formação até chegar à equipa B. Foi campeão nacional em iniciados e juvenis, tendo sido sempre uma das principais figuras da equipa.
No dia 16 de setembro de 2017, Rúben Dias (aos 20 nos) cumpriu o seu sonho de criança: representar a equipa principal do Sport Lisboa e Benfica. O jogo de estreia até foi de má memória para os encarnados. Uma derrota de 2-1 frente ao Boavista FC no Estádio do Bessa. Rúben fez uma exibição competente ao lado do capitão Luisão.
Desde este dia, Rúben não mais saiu da equipa do SL Benfica. Fez dupla com Jardel, Luisão, Ferro e mais recentemente com Verthonghen. Passou de aprendiz a mentor. Passou de novato a líder. Vestiu o manto sagrado por 137 ocasiões, marcou 13 golos e fez seis assistências. Venceu um campeonato nacional, com Bruno Lage, e uma Supertaça.
Assumiu-se como titular na seleção portuguesa e foi fulcral na conquista da Liga das Nações, incluindo uma exibição de gala digna de homem do jogo na final frente à Holanda.
Ao longo dos últimos anos, o camisola 6 das águias foi um dos poucos indiscutíveis na equipa e sempre um dos atletas com mais minutos nas temporadas.
Se, a nível desportivo, a perda do central já é enorme e dificilmente os encarnados conseguirão encontrar um substituto minimamente à altura, em termos anímicos e de mística a perda é ainda mais significativa.
Rúben Dias foi sempre o verdadeiro capitão e o líder dentro de campo, mesmo sem envergar a braçadeira. A forma como defendia o símbolo e lutava até ao último folego. A forma como reagrupava os companheiros depois de um golo sofrido ou sprintava para celebrar um tento dos seus colegas. A forma como falava à frente das câmaras ou se envolvia nas mais variadas campanhas sociais e de solidariedade.
Para mim, tudo isto vale muito mais do que um cara ou coroa ou um pedaço de plástico à volta do braço.
Supostamente, o Manchester City FC não queria que Rúben jogasse frente ao Moreirense FC, mas o central português quis despedir-se do seu clube da forma adequada. Rúben quis ser capitão.
Entrou em campo, à frente de todos os colegas com a braçadeira no braço (como sempre devia ter acontecido) e com um olhar decidido. A pandemia obrigou-o a ver um estádio despido de gente. Não era esta a despedida que merecia.
Num jogo em que a bola teimava em não passar por Passinato, Rúben subiu aos céus, elevando o símbolo do SL Benfica mais alto do que qualquer um, e cabeceou a bola para o fundo as redes.
Nem um filme da Disney teria um final tão perfeito quanto este. As declarações e lágrimas no final do jogo confirmaram o pior. Não é, simplesmente, a partida de um jogador. É a partida de um benfiquista, de um líder, de um símbolo da formação (no que aparenta ser o final do sonho do Seixal).
Não há outra forma de terminar este texto sem ser em forma de agradecimento. Rúben fez muito pelo SL Benfica, pela liga portuguesa e por Portugal."

MÉRITO DE UM PROJECTO



 "Os canoístas Fernando Pimenta e Joana Vasconcelos estiveram em excelente plano, no último fim de semana, na Taça do Mundo de velocidade de Szeged (Hungria). Foram registos a merecer destaque na comunicação social, em particular a chegada à 100.ª medalha do limiano em grandes competições internacionais. Não foi fácil, antes, mais uma vez, consequência de muito trabalho. E é aqui, enquadrado numa estratégia de potenciação da capacidade competitiva, que o Sport Lisboa e Benfica se posiciona, com imenso orgulho.

Nas reações após o marco incomum das "100" – nesta prova, dois ouros e uma prata –, o "super-Pimenta" fez questão de transmitir que foi um longo caminho desde a primeira, em 2005, e não esqueceu o papel que o Sport Lisboa e Benfica tem tido nos anos mais recentes. Também a atleta de Crestuma – ouro e bronze – dedicou palavras de gratidão ao Clube.
Quando, há longos anos, foi estruturado e arrancou o projeto olímpico do Sport Lisboa e Benfica, já se sabia para onde se caminharia: apoiar e potenciar atletas para um patamar maior, contribuir para que estes pudessem chegar, com consistência, a bons resultados internacionais e, claro, poderem estar ao mais alto nível em Jogos Olímpicos. Existe algum consenso, que, mantendo-se a previsão de data para os Jogos de Tóquio – adiados para 2021 devido à COVID-19 –, dentro de um ano, um lote de atletas de topo estará debaixo de olho dos portugueses, que esperarão medalhas "forçosamente", por exemplo, dos benfiquistas Pedro Pichardo (triplo salto) e Fernando Pimenta.
Desta vez foi a Canoagem. Noutras ocasiões tem sido o Atletismo, o Judo, o Triatlo, a Natação ou o Taekwondo. A aposta é evidentemente chegar a grandes prestações e os nossos atletas têm trabalhado forte para mostrar regularmente qualidades competitivas. Ainda há bem pouco tempo, o triatleta Vasco Vilaça (20 anos) surpreendeu a elite mundial com duas excelentes classificações.
Orgulho para todos no Clube é sentir que nem as várias contingências trazidas pela pandemia retiraram empenho e foco a quem tem de treinar muito, tantas vezes individualmente, para poder chegar às competições com a melhor condição física e técnica.
No contexto das principais modalidades integradas no Benfica Olímpico, o trabalho e a motivação são importantes todos os dias, porque qualquer quebra poderá ser inevitavelmente notada em prova. Está bem patente a convicção de que a bandeira nacional continuará a ser hasteada com alguma regularidade nos grandes eventos internacionais, porque sabemos que existe um grupo de atletas resilientes, empenhados, comprometidos com o árduo treino diário, cujo apoio do Clube lhes permite dedicação total e profissionalismo.
Continuaremos a caminhar juntos."

OS “OUTSIDERS” DESPORTIVOS



 Howard Saul Becker, sociólogo americano, escreveu um livro muito interessante sobre os “Outsiders: Estudos de Sociologia do Desvio”, em 1963, fornecendo bases teóricas importantes para a teoria da rotulagem. O termo “desvio”, na sociologia americana, tem um sentido mais abrangente do que delinquência e dos comportamentos que transgridem as normas aceites por um determinado grupo social ou por uma determinada instituição. Sabemos que todos os grupos sociais instituem normas e esforçam-se por as aplicar, pelo menos em determinados momentos ou em certas circunstâncias. As normas sociais definem as situações e os modos de comportamentos apropriados: algumas ações são prescritas (o que é “bom”) e outras são interditas (o que é “mau”). Quando um indivíduo transgride uma norma em vigor, ele pode ser visto como alguém particular, em que não se pode confiar. O indivíduo, na perspetiva de Becker, pode ser considerado “estrangeiro” (outsider) ao grupo. Mas o indivíduo que é etiquetado assim pode ver as coisas de uma outra forma. Ele pode não aceitar a norma segundo a qual o julgam e pode recusar ou negar a competência ou a legitimidade daqueles que o fazem. Os transgressores podem estimar que os julgamentos são estrangeiros ao seu universo. Isto pode aplicar-se em muitos domínios, nomeadamente o desporto, que se tornou uma atividade social de primeira importância. Dou um exemplo concreto: os ciclistas que se dopam podem considerar que somos “outsiders” ao seu universo, pelo que não aceitam o nosso julgamento. As pessoas que fumam haxixe podem considerar que aqueles que não fumam nada têm a dizer sobre o assunto. E isso também se pode aplicar ao primeiro-ministro, António Costa, quando defende o seu apoio à recandidatura do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e que isso, afinal, não tem “rigorosamente nada” a ver com a sua vida política ou funções.

Para muitos, o desporto é portador de valores humanistas, com princípios éticos e virtudes morais. O sucesso do desporto parece natural e nada incomoda as consciências. Mas, na realidade, existe um desfasamento entre a realidade e a teoria. Uma organização desportiva não pode ser analisada como um conjunto transparente, que muitos dirigentes querem que ela seja. Ela é um reino de relações de poder, de influência, de mercadoria e de cálculos. Os agentes sociais, na terminologia do sociólogo francês Pierre Bourdieu, com as suas liberdades e racionalidades, com os seus objetivos e as suas necessidades, são “construções” e não entidades abstratas. E sabemos muito bem que os agentes sociais raramente assumem objetivos claros e ainda menos projetos coerentes. Normalmente, eles são múltiplos, mais ou menos ambíguos, mais ou menos explícitos, mais ou menos contraditórios. Ao longo do tempo, eles mudam as ações, rejeitando umas e descobrindo outras, num caminho caminhando, com imprevistos e reajustamentos. Nesse sentido, o seu comportamento é ativo. E mesmo se constrangido ou limitado, o seu comportamento não é determinado. Um comportamento tem sempre dois aspetos: um ofensivo, que procura agarrar as oportunidades, tendo em vista melhorar a sua ação; e outro defensivo, que é manter e alargar a sua margem de liberdade, logo a sua capacidade de agir. A globalização do fenómeno desportivo confirma a existência de um mito e a sua celebração cíclica proíbe a cada um dos agentes sociais a verdade do desporto moderno, apesar das evidências e dos escândalos que se acumulam. O desporto não pode ser um substituto, sobretudo quando muitos cidadãos passam por grandes dificuldades e a quem é necessário propor soluções concretas.

Vítor Rosa, in a Bola

URGE O APOIO AOS CLUBES EM PORTUGAL!



 Não querendo ser o velho do Restelo, de pouco importa que o desporto seja incluído na versão final da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação de Portugal 2020-2030, VEPRP, apresentado por António Costa Silva, depois da análise dos contributos da consulta pública. A não ser pelo reconhecimento que o desporto pode contribuir para a economia portuguesa com consequências na qualidade de vida dos cidadãos, designadamente ao nível da prevenção e tratamento das doenças crónicas não transmissíveis e da incapacidade funcional, contribuindo fortemente para a redução dos pesados encargos com o Serviço Nacional de Saúde.

A médio e longo prazo, esteja o que estiver escrito na VEPRP, a estratégia de Portugal nos próximos anos só poderá ser uma: aproveitar os dinheiros que vêm da Europa e aí sim saber se o desporto fará parte das linhas estratégicas com que se urdirá a distribuição de fundos no âmbito dos desígnios societais emanados da Europa. Esperemos que, ao contrário do que sucedeu no último quadro comunitário de apoio, Portugal 2020 (2014-2020), existam programas de apoio ao desporto, não somente enquanto função instrumental (consequências na saúde), mas também no âmbito da sua natureza concetual (adesão à prática).
É esta atividade lobista que os grupos de pressão nacionais e internacionais, numa escala continental, devem promover, para influenciar a montante as decisões políticas orientando-as para a necessidade do aumento dos investimentos na atividade física enquanto integrante de um modelo de sociedade inteligente, do exercício e da atividade desportiva, junto dos decisores políticos institucionais num âmbito europeu, nacional, regional e municipal.
O problema que subjaz, no entanto, é de curto prazo. Se não forem assumidas medidas de mitigação desta crise sem precedentes para o sistema desportivo, que está a afetar mais diretamente os clubes, não teremos problema para resolver, porque se vai subsumir à realidade do seu desaparecimento. Os clubes, a célula básica do desenvolvimento desportivo.
O IPDJ, já fez um estudo com as federações desportivas cujas conclusões foram apresentadas ao conselho nacional de desporto, em junho passado, com base no qual foram traçadas um conjunto de medidas cuja implementação pudesse responder às circunstâncias extraordinárias que afetam o setor e que contribuam para recuperar o nível de prática desportiva e a normal capacidade de intervenção do setor.
Apresenta agora, em parceria com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e as Direções Regionais do Desporto das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, um inquérito junto dos clubes e associações desportivas em todo o território nacional, com o propósito de avaliar o impacto da COVID-19 nas organizações, quer ao nível da sustentabilidade financeira, quer da sua capacidade de retoma da atividade desportiva.
Esperamos que as conclusões do estudo com os clubes não sejam as mesmas do estudo feito com as FD’s que apresentou, como uma das conclusões, a permissividade, pretensamente como consequência da COVID-19, de em 2020 parte das verbas inscritas nos Contratos-Programa das Federações das Atividades Regulares para 2020 poderem ser reafectadas a outros projetos, especificamente: a reorientação do apoio ao programa de atividades regulares, privilegiando o apoio aos clubes, aos praticantes, aos agentes desportivos; à criação de recursos que promovam a confiança e segurança nas instalações desportivas e; ao acompanhamento técnico para a retoma das atividades e o reforço da sustentabilidade organizacional.
O problema é que esta medida, que se aplica para as alterações do destino do apoio superiores a 10%, e que se dirijam a um fim diferente de acordo com o que está previsto na clausula 3ª do artigo 3º, estava já prevista, sem necessidade de se proceder a revisão contratual, no contrato programa previamente assinado, desde que solicitada por autorização escrita, com base numa proposta fundamentada, a apresentar até 60 dias antes do termo da execução do programa de Desenvolvimento Desportivo, nos termos da cláusula 12.ª do presente contrato!
Sendo assim, para quê a comunicação sobre a possibilidade de revisão do contrato-programa, se já estava prevista no próprio contrato programa assinado previamente?
Sobre os clubes a evidência é clara e quase que não justificava qualquer estudo, mas sim medidas urgentes de apoio.
A realidade é que após quase 3 meses de paragem (março a maio 2020) e 4 meses de retoma progressiva (nalguns casos), o desporto tem iniciado com muitas restrições e limitações a sua atividade, não obstante as confusões desnecessárias decorrentes da falta de coordenação manifesta entre a tutela do desporto e a DGS aquando da publicação das orientações (36/2020) para a atividade física e o desporto.
Urge colmatar o severo impacto das medidas de contingência e controlo da pandemia por COVID-19 no desporto, a exemplo do que sucedeu nos restantes países europeus onde o desporto é atendido e reconhecido com medidas concretas, extraordinárias e específicas de combate aos prejuízos, conforme diretivas europeias: do Conselho, da Comissão e do Parlamento Europeu, para mitigar o impacto da crise, fundamentalmente ao nível dos clubes, completamente ignorados no Programa de Estabilização Económica e Social, onde foram enquadrados nos regimes aplicáveis a quaisquer outras empresas.
Não chega o anúncio da retoma da prática desportiva, desde a formação até ao alto rendimento desportivo, apesar de esta ser uma condição sine qua non de sustentabilidade dos clubes, porquanto as condições em que se concretiza a retoma, na exata medida das recomendações da DGS, com controlo de riscos sanitários associados, torna insustentável a sua existência, não só pelos prejuízos decorrentes da paragem de quase 7 meses, mas pelos custos excessivos do reinício, sem medidas de apoio urgentes.
E os que advogam a inexistência de casos concretos, basta estar atento. Não acredito, de todo, que os líderes políticos não tenham conhecimento de situações concretas. Enquanto presidente da FPN todos os dias me chegam relatos. Um dos últimos foi do clube AMINATA de Évora, clube com 38 anos de existência, da Associação de Natação do Alentejo.
Mesmo com a retoma da atividade, e cumprindo os rácios previstos nas recomendações da DGS, o clube teve uma quebra nas inscrições para as aulas de natação (fonte de rendimento para fazer face às despesas) de cerca de 70% em setembro, com perda decorrente de faturação em igual proporção.
A angústia dos dirigentes é legítima. Desde a reabertura das atividades a 22 de junho que se verifica uma queda acentuada da procura, justificada pelo medo de contrair o vírus e pelos surtos que, entretanto, atingiram o distrito de Évora, como é o caso de Reguengos, Vimieiro, Mora, Montemor-o-Novo e agora Évora e Redondo.
A redução mencionada traduz-se na ausência de liquidez, que apesar do apoio de 10.000 € da C.M. Évora materializado em julho, não se irá repetir, pelo menos no curto prazo.
Neste contexto é difícil honrar as suas obrigações salariais, fiscais e para com a segurança social (dia 20 setembro data limite de pagamento da Taxa Social única (TSU) de 4500 euros, apenas foi possível liquidar a parte do trabalhador, ficando por liquidar, cerca de 3 mil euros), com os fornecedores (gás, eletricidade, produtos químicos para tratamento da água da piscina), isto sem a garantia absoluta de não fechar a porta.
Na ausência de medidas no curto prazo (imediato), o que resulta?
O encerramento de um clube, único na Cidade de Évora que fomenta a prática da natação, com consequências para cerca de 1000 utentes e famílias, e a perda social de uma organização agregadora, socialmente mobilizadora e economicamente fixadora de RH numa região do interior, que sustenta um número de federados que se aproxima dos 150 e o único clube do Alentejo com as modalidades de natação artística e polo aquático.
Que medidas de apoio poderiam ser cabíveis neste âmbito, para além das já assumidas pela generalidade das FD’s?
Fundamentalmente aos clubes e aos recursos humanos em funções complementares ao mercado do exercício e desporto, especificamente:
1. A criação de um regime fiscal mais favorável, com menor carga fiscal e maior flexibilização no pagamento das obrigações fiscais e contributivas considerando não só o risco de impacto económico e financeiro negativo, como o Estatuto de Entidade de Utilidade Pública e o impacto social positivo na saúde;
2. Redução ou isenção da TSU para Instituições localizadas no interior do país, na criação de emprego e manutenção de postos de trabalho definitivos;
3. A criação de um fundo de apoio direto aos clubes (não reembolsável), mas com critérios definidos, sob a forma de contratos locais de desenvolvimento desportivo, no exato montante das perdas acumuladas durante a paragem, e cuja manutenção dependente do alcance de critérios em função da atividade, como: n.º de utentes > perda comparada c/ tempo ‘normal’ de funcionamento; manutenção de postos de trabalho; contribuição para a estratégia nacional/local de cuidados integrados (do qual o desporto faz parte), etc.;
4. Aos que possuem estruturas físicas (piscinas) e/ou equipamentos imprescindíveis à operacionalidade - que requerem manutenção regular, a diferenciação das tarifas de acesso às redes de fornecimento de água, luz e gás, tornando-as competitivas para uma função social abrangente, podendo mesmo nestes casos ser aplicada a taxa social, na medida de reconhecimento e cumprimento do Estatuto de Instituição de Utilidade Pública;
5. Fundo de apoio direto aos atletas, treinadores e recursos humanos técnicos de suporte que dependem para a sua sustentabilidade dos rendimentos que decorrem da participação no desporto/competições e eventos desportivos, alargando a todos os que operam como prestadores de serviços não contratados, vide recibos verdes.
Uma coisa é certa, se nada for feito, ou se imperar a inação a que estamos já habituados, os clubes não subsistirão até final do ano e com eles assistiremos ao desmoronamento de uma função de regulação social insubstituível.

António José Silva, in a Bola

PRIMEIRAS PÁGINAS: JORNALEIROS COM AZIA TOTAL


 

terça-feira, 29 de setembro de 2020

ESTRANHAS FORMAS DE VIDA



 "(...)

Notas Finais:
Desesperados da bola
As contas foram aprovadas, a equipa joga e ganha e os extraídos dos cargos, em modo de pré-candidatos ao Benfica, continuam o bota-abaixo, sempre com preocupações de olhar ao espelho para questionarem a partir do passado e do presente “há alguém mais benfiquista do que eu?”, com o foco em Luís Filipe Vieira e os argumentos dos outros. Para eles, o Benfica tem três momentos fundacionais: quando foi fundado, quando saíram dos cargos e se voltassem a ter cargos. Pelo meio há um hiato de existência, apesar dos títulos, do património e da consolidação financeira.

Desesperados dos Média
Sem olhar a meios e ao que faz na sua casa, o grupo Cofina continua a procurar recuperar as vendas e as audiências à conta da distorção e predação do que outros grupos fazem ou das histórias que inventam, em conluio prático com o grupo Impresa.

Desesperados da Justiça
Enquanto prossegue o esforço de branqueamento do criminoso digital Rui Pinto, evidencia-se a solidez do pacto com a justiça. Afinal, a PJ não tem acesso aos discos, não tem as passwords de acesso, mas só acende quando o artista entende e, quiçá, para o que entende. A desculpabilização esboçada dos crimes digitais é só para proteger a correspondência da Procuradoria-Geral da República e de outros alvos do sistema de justiça?"

VOGANDO PELO PASSADO SOB A BRISA DA TARDE



 "Absolutamente revolucionária a revista Stadium, sobretudo no aspecto gráfico, que estava muitos anos adiantado no tempo. É um consolo poder abrir as suas páginas e ler toda uma prosa respeitadora da ortografia e da sintaxe sobre a tarde de um Benfica - Sporting de 1942.


Folhear jornais antigos é um prazer imenso para mim, que gosto do papel e me entristece perceber que as edições impressas vão num caminho sem retorno. Pego nas páginas amarelecidas e perco-me no tempo. No tempo em que a linguagem jornalística obedecia a um requinte de elegância irrecusável, no tempo em que não era apenas o espectáculo desportivo que monopolizava o interesse do repórter, no tempo em que quem redigia se preocupava com tudo o que rodeava os artistas e os espectadores. O tempo mudou. Cada vez mais os relatos de um jogo registados a letra de imprensa são mais pobres, mais vulgares, mais repetitivos, sem excitação e sem vida. Uma espécie de funcionalismo público tomou de assalto os nossos cronistas e reduziu-lhes a prosa à banalidade. Por isso, que satisfação ter, neste momento, à minha frente, por exemplo, a edição de 9 de Dezembro de 1942 de Stadium, uma publicação graficamente tão revolucionária, que ainda hoje seria rainha das bancas graças às suas primeiras páginas espectaculares.
Reparem. Toda a capa desta Stadium se resume a um lance. A foto abre-se num esplendor emocionante. E, em letras pequenas, a legenda: '... Foi assim que se marcou o 2.º tempo do Sporting. Mourão, num esforço de grande beleza atlética, parece empurrar levemente a bola que, afinal, foi rematada em conclusão de uma avançada veloz... Francisco Ferreira não consegue deter o extremo adversário'.
Benfica - Sporting, claro está!

Por aí fora...
Numa página interior, aconselha-se o leitor: 'Assine a revista Stadium, o mais fiel depositário do movimento desportivo do país. Preço de assinatura: 3 meses - 19$50; 6 meses - 39$00; 12 meses - 78$00'. Não tenho dúvidas de que valia a pena. Até porque, felizmente, tenho um acervo muito razoável delas. Depois, vem a crónica do dérbi, desenhada em letras que respeitam profundamente a ortografia e a sintaxe: 'O Benfica-Sporting, o cartaz berrante que atrai multidões, o embate que faz vibrar e prende as atenções do público desportivo do país inteiro, revestia-se desta dum interesse especial. Integrado, por capricho do destino, na penúltima jornada do campeonato lisboeta - à qual chegaram em igualdade de pontuação e de esperanças os três maiores -, este encontro destinava-se a ter influência quási decisiva para a adjudicação do ambicionado título e era, para um dos protagonistas, o Sporting, um caso de vida ou de morte'.
Três maiores porque o Belenenses se contava entre eles, claro está. De resto, no seu estilo com algo de gongórico, reconheça-se, o repórter Rui de Lisboa explicava logo a abrir o que estava em disputa. E ia por aí fora. 'Aos leões só servia a vitória para continuarem na prova, restando-lhes depois, para a conservação do título da sua predilecção, precaverem-se contra o Atlético no dia de fecho da competição. Um simples empate daria ao Belenenses - Benfica do domingo imediato foros e categoria de uma final'.
O Sporting venceu o Benfica por 3-2 e, depois, o Atlético por 6-0. O Belenenses bateu o Benfica por 4-1. Título para os de Alvalade com dois pontos de vantagem sobre os encarnados. Assim se escreve a história dos grandes clubes, e o Benfica não é excepção. Não há que menorizar o momento de derrotas que foram vividas e lutadas como vitória. Oram vejam: 'O Benfica só se convenceu quando soou o apito final. Durante a hora e meia da luta, batalhou enérgica e decididamente pelo empate que já lhe bastava, ainda que não fosse o resultado ideal. Encontros como este, em que os jogadores gastam generosamente as suas e energias e em que o público aficionado vive e se mantém interessado até ao último minuto, constituem sempre excelente propaganda do belo jogo inglês - viril, másculo, aliciante - que não dispensa, além da habilidade natural, a preparação física cuidada, o gosto e a inteligência dos seus praticantes'.
O Benfica foi o primeiro a marcar ao quarto de hora, por Manuel da Costa a passe de Teixeira. No minuto seguinte, Mourão, bem desmarcado por um lançamento de Daniel, estabeleceu o empate. Dez minutos mais tarde, Mourão repetia a proeza. A meio da segunda parte, os leões aumentaram a vantagem, Pedro Pireza foi autor de um pontapé supimpa que Martins não conseguiu defender. Brito bateu Azevedo com o shot rasteiro e certeiro para fechar o resultado final. 'Portanto, e de uma maneira geral, os rapazes de vermelho não desmereceram a confiança dos seus simpatizantes. Foram ligeiramente inferiores sob o aspecto técnico aos seus vencedores - o bastante para justificar o resultado - mas o seu comportamento, aliás de aplaudir, teve ainda o mérito de mais valorizar o resultado alcançado pelos actuais campeões de Lisboa'.
Fecho a revista como se tivesse acabado de ler o periódico doa dia. Sinto um consolo por ter existido gente que escrevia assim e poder recuperar as suas prosas. Arrumo-a na pilha de papel erguida cuidadosamente por ordem cronológica. A tarde correu-me bem..."

Afonso de Melo, in O Benfica

BEM-VINDO, OTAMENDI!

 


FUTEBOL

Defesa-central contratado pelo SL Benfica.
Otamendi acaba de ser confirmado como reforço do Benfica e tem início a apresentação oficial do defesa-central argentino no Seixal.
«Quero agradecer ao presidente [Luís Filipe Vieira] e a Rui Costa por esta oportunidade. Espero trazer a minha experiência para que a equipa continue a crescer», disse Otamendi.
«Em cada equipa em que joguei, honrei a camisola como única, com profissionalismo, tentando crescer, quer a nível futebolística, quer pessoal. Agora visto a camisola do Benfica e vou defendê-la até à morte!», continuou o central, fugindo para já às questões relacionadas com o passado no FC Porto...
«Tudo darei para continuar a ganhar títulos e levar os clubes que represento aos patamares mais altos. Sei que tenho 32 anos. O Benfica interessou-se por mim, mostrou-me o projeto, consultei a minha família, que é o mais importante», disse.
Entretanto, Otamendi falava do que espera dos adeptos do Benfica...
«Não tenho dúvidas de que me vão receber bem. Porque sabem ou vão perceber que estou aqui para o mesmo que eles. Para lutar por vitórias, por trabalhar e ganhar», atirou o defesa.
«ESTOU PRONTO PARA JOGAR JÁ», GARANTE OTAMENDI
Questionado sobre o momento físico, Otamendi nem hesitou: «O que posso dizer a Jorge Jesus é que estou pronto para jogar já, para entrar já na equiap, vi jogos, sei bem como é o futebol português, podem contar comigo já! »
«BERNARDO SILVA DISSE-ME QUE EU IA PARA O MELHOR CLUBE DO MUNDO»
Naturalmente, Otamendi conversou com Bernardo Silva e com João Cancelo, agora ex-companheiros no Manchester City, e que o médio internacional português nem hesitou quando foi questionado sobre se seria boa opção ou não ir para o Benfica...
«O Bernardo [Silva] só me disse coisas boas sobre o Benfica. Aliás, ele disse-me que eu estava a caminho do melhor clube do Mundo», disse com um sorriso o defesa-central argentino, desejando também boa sorte a Rúben Dias: «Vai para um clube muito exigente, trabalhar com um treinador dos mais exigentes do mundo, mas vai sair-se bem. Desejo-lhe o melhor, sucesso e felicidades.»
OTAMENDI INTEGRA TREINOS JÁ ESTA QUARTA-FEIRA
Nicolas Otamendi não hesitou quando questionado sobre a sua condição física. «Estou pronto para jogar já», disse o defesa-central de 32 anos durante a apresentação como reforço do Benfica. «E domingo estarei a 100 por cento para defrontar o Farense, se assim o mister entender», continuou.
Certo é que o internacional argentino acabado de chegar proveniente do Manchester City integrará já o treino desta quarta-feira às ordens de Jorge Jesus.
OTAMENDI: «O FC PORTO É PASSADO!»
Finalmente, Otamendi refere-se ao passado no FC Porto. Para dizer, precisamente, que o... «FC Porto é passado». E que, agora, «é hora de olhar para a frente, para o Benfica, para vencer aqui e defender esta camisola até à morte!»
OTAMENDI ASSINA POR TRÊS ÉPOCAS E TEM CLÁUSULA DE €30 MILHÕES.
O Benfica comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a contratação de Nicolas Otamendi ao Manchester City, por 15 milhões.
O defesa-central argentino assinou contrato por três temporadas e ficou com uma cláusula de rescisão de 30 milhões de euros.
Eis o comunicado do Benfica à CMVM:
«A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD (“Benfica SAD”) informa, nos termos e para o efeito do disposto no artigo 248.º-A do Código dos Valores Mobiliários, que o jogador Nicolás Otamendi realizou exames médicos com sucesso e celebrou um contrato de trabalho desportivo que vigora até 30 de junho de 2023, o qual inclui uma cláusula de rescisão no valor de € 30.000.000 (trinta milhões de euros).
Desta forma, e na sequência do acordo alcançado com o Manchester City para a aquisição da totalidade dos direitos do jogador Nicolás Otamendi, pelo montante de € 15.000.000 (quinze milhões de euros), a Benfica SAD confirma a efetivação da aquisição dos direitos do referido jogador.»

SL BENFICA B | A EQUIPA COM MAIS POTENCIAL DOS ÚLTIMOS ANOS

 


"Uma final da UEFA Youth League, um campeonato de juniores e várias presenças na equipa principal do SL Benfica são um elo de ligação entre muitos dos jogadores da equipa B. Nos lugares cimeiros da Segunda Liga, a equipa secundária dos “encarnados” tem seis pontos em 12 possíveis e marcou 13 golos (média de 3,25 golos por jogo).

Diversos jovens de grande qualidade passaram pela equipa B do Benfica, mas provavelmente nunca houve um coletivo tão forte tecnicamente e fisicamente como o da época 2020/2021.
Liderada por Gonçalo Ramos, um jovem avançado de 19 anos que conta já sete golos em quatro jogos esta temporada, a equipa secundária das “águias” tem o seu jogo assente na capacidade de construção de Paulo Bernardo, Ronaldo Camará, Rafael Brito e, claro, Tiago Dantas. Na frente de ataque, a encontrar soluções ofensivas, encontra-se Gonçalo Ramos, Tiago Araújo e, em grande parte dos jogos, Duk.
Relativamente à equipa da época transata – que até à suspensão das provas por causa da covid-19 encontrava-se num pobre 14º lugar, observa-se várias caras conhecidas como Martin Chrien, David Tavares, Tomás Tavares e Nuno Tavares (ambos na equipa A), Ebuehi, Zlobin e Svilar. No entanto, apesar da maior experiência que estes jogadores acrescentavam à equipa, dentro de campos os resultados não sortiam efeito e houve muitos resultados negativos, o que culminou numa classificação final apenas três lugares acima da zona de descida.
O tradicional sistema tático de Renato Paiva, treinador da equipa B, envolve uma rotação entre o 4-3-3 e o 4-4-2. Em certas ocasiões do jogo, a equipa molda-se num meio-campo e numa frente a três, ou seja, Ronaldo Camará, Rafael Brito e Paulo Bernardo no “miolo” e Tiago Dantas e Duk no apoio a Gonçalo Ramos, o principal homem no ataque.
Já no 4-4-2, por vezes, o treinador português opta por soltar Paulo Bernardo e Ronaldo Camará no meio-campo, libertando Tiago Araújo e Tiago Dantas nas alas ao apoio a Gonçalo Ramos e a Duk. 
Relativamente ao eixo defensivo, Renato Paiva opta várias vezes pelo mesmo quarteto: Tomás Tavares, Morato, Pedro Ganchas e Frimpong. A baliza que foi defendida várias épocas por Zlobin, entretanto transferido para o FC Famalicão, vê agora Fábio Duarte como o guarda-redes número um.
A pré-época de maior parte dos jogadores que integram a equipa B este ano foi a Youth League, perdida na final para o Real Madrid. Pelo caminho, os “encarnados” eliminaram o AFC Ajax por 3-0 nas meias-finais, o GNK Dínamo Zagreb por 3-1 nos “quartos” e o Liverpool FC por 4-1 ainda antes da suspensão da prova devido à pandemia de covid-19. Gonçalo Ramos acabou a prova com oito golos, o que o tornou no melhor marcador da competição, em igualdade com Roberto Piccoli da Atalanta.
O futuro é risonho para a maior parte dos jovens que atuam na equipa B e alguns deles já têm vindo a ter alguns minutos na equipa principal. Apesar de Gonçalo Ramos ser o homem em destaque na equipa e estar muito próximo de subir à principal equipa das “águias”, outros jogadores como Tomás Tavares, Tiago Dantas e Morato também já têm minutos na principal equipa do Benfica."