domingo, 10 de dezembro de 2017

O MAIOR MISTÉRIO DA PRIMEIRA VOLTA


O diretor-geral do FC Porto foi expulso no fim do último clássico, que terminou empatado, tal como tinha sido expulso no fim do Vitória de Setúbal-FC Porto da última Liga, que também terminou empatado. Também no fim do recente Aves-FC Porto, que terminou empatado, Luís Gonçalves foi visto a ser agarrado por José Sá de para o impedir de perder o tino. Num outro jogo, que também terminou empatado – o Benfica-FC Porto da última Liga –, o diretor-geral do FC Porto surgiria alterado na chamada zona mista e, de acordo com os relatos, ameaçou um operador de câmara de uma estação de televisão por suspeitar, erradamente, de que teria sido aquele "o engraçadinho" que se atrevera a colocar uma questão incómoda ao senhor Pinto da Costa.

Está visto que este Luís Gonçalves é dono de um temperamento peculiar ao ponto de qualquer relativo insucesso lhe provocar nervoso miudinho, irritabilidade, enfim, carradas de nervos à flor da pele. Feitios não se discutem mas esta ausência de sangue-frio, este descontrole das emoções, esta impulsividade de feira, este pavio curto não rimam com a serenidade, com a ponderação e, sobretudo, com a imensa prudência de um suposto "Luís Gonçalves" que ainda hoje se pode ouvir através do Youtube no capítulo das escutas do Apito Dourado.

Dissuadindo gentilmente o empresário António Araújo de se alargar em pormenores depois de ter estado "a tratar com o presidente daquela situação do Nacional", o Luís Gonçalves disponível no Youtube é um compêndio de fleuma e de sagacidade: "…claro, claro, aquilo de que você me falou já sei." E quando Araújo, entusiasmado, insiste com um "agora…" logo se ouve o presumível Luís Gonçalves cortar-lhe o pio com um "…você hoje não vai tratar de nada, tratamos amanhã os dois" para logo ali se acabar com a conversa telefónica.
Estes dois "Luíses Gonçalves", está mais do que visto, não podem ser a mesma pessoa. Se o Gonçalves de hoje, o que evolui nos relvados, é um prodígio de fúrias, já o Gonçalves de ontem, o que fala ao telefone, é um prodígio de precaução.
Este é, para já, o maior mistério da primeira volta do campeonato nacional de 2017/2018. A nível internacional, foi incrível como um misterioso árbitro estrangeiro chamado Jonas (olha quem!) Eriksson (pois claro!) expulsou o cordial Filipe.
"Senti que estávamos a precisar de uma derrota" disse Guardiola depois de perder com o Shaktar Donestk. Esta soberba anormalidade do treinador City acabaria, no entanto, por perder para o figurino de Zorro com que Paulo Fonseca se apresentou à imprensa desdenhando-se a si próprio como se fosse, de facto, uma anormalidade o sucesso que acabara de obter. "Senti que estávamos a precisar de seis derrotas", é, no entanto, o que todos os benfiquistas querem ouvir de Rui Vitória num Maio festivo. Já que estamos em maré de anormalidades.
Leonor Pinhão, in Record

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