domingo, 18 de fevereiro de 2018

O 'BICHO' ESTÁ DE VOLTA


Na quarta-feira, disputou-se o jogo da primeira mão dos oitavos-de-final da Champions League entre Real Madrid e Paris Saint-Germain. Meio mundo estava com os olhos postos no Estádio Santiago Bernabéu, por vários motivos. Para a maioria dos amantes do futebol, que não são de nenhuma das duas equipas, seria para desfrutar de um jogo onde estavam em campo muitos craques, especialmente Cristiano Ronaldo e Neymar, e também para desfrutar da primeira partida de uma eliminatória entre dois dos grandes favoritos a ganhar o título 2017/18. Por outro lado, os adeptos que não são do Real Madrid - como por exemplo os do Barcelona ou do Atlético Madrid, como é o meu caso -, pensavam que assim que terminasse o jogo no Bernabéu, mais do que uma derrota dos merengues iriam festejar o desastre total e o funeral desportivo desta época do eterno rival.
O Real Madrid ganhou em 2016/17 cinco títulos - o campeonato, a Champions League, a Super taça Europeia, a Supertaça de Espanha e Mundial de Clubes no mês de dezembro -, mas incrivelmente está a viver uma das piores épocas da sua história. Está a 17 pontos dos culés, que são os líderes da Liga, mas já esteve a 19. Se não bastasse esta situação caótica, no jogo da segunda mão dos quartos-de-final da Taça de Espanha, tiveram outra noite horrível no Santiago Bernabéu, sendo afastados depois de perder 2-1 com o modesto Leganés. Para os adeptos de um clube como o Real Madrid, estar fora de duas competições importantes como campeonato e taça logo em janeiro é um inferno. E tudo indicava que, como estavam a jogar, o pesadelo iria continuar, já que se dizia que seriam goleados pela equipa que estava a impressionar o Mundo desde agosto com um futebol espetacular e maravilhoso. O Paris Saint-Germain, com o plantel recheado de craques e com o seu trio atacante assustador - Cavani, Neymar e Mbappé -, não iria facilitar em nada e mataria o Real na primeira mão da eliminatória. Seria não só um dos piores fracassos da história merengue, como também ao seu funeral da época 2017/18.
Assim pensavam todos aqueles que não gostam dos merengues, onde eu me incluo. Mas tenho de reconhecer que, apesar de ter ganho ao Real por 4-0 e 3-0 no campeonato, e também 2-0 na final da Taça do Rei no Bernabéu, quando era jogador colchonero também perdi várias vezes naquele estádio. Se há uma equipa que pode estar com todas as doenças do Mundo e nas urgências, mas quando chega a hora da verdade todas estas as dores desaparecem num abrir e fechar de olhos, essa equipa é o Real. Por experiência própria, sei que nunca se pode dar o Real Madrid como morto. Acho que a frase do Sergio Ramos, após a vitória por 3-1 de quarta-feira, é perfeita para definir aquele grande clube: "Ao Real Madrid têm de matá-lo sete vezes como os gatos."
Depois do jogo sentia uma mistura de sentimentos difícil de explicar. Como colchonero, estava com azia depois de ver a vitória merengue, mas como português estava feliz. O CR7 teve outra noite mágica e na hora da verdade nunca falha. Hoje começamos a ver um Cristiano que solta e toca muita mais a bola, mas com o mesmo olfato brutal e assassino goleador como sempre nos habituou ao longo da sua impressionante carreira. Fisicamente está como sempre, e temos de aplaudir a maneira como ele trabalha dentro do campo para ajudar a sua equipa a ganhar. Hoje é o símbolo e o rei deste Real Madrid, e se há um jogador de quem não se pode duvidar nunca, é do génio da Madeira. Uma vez mais aqueles que o criticaram ferozmente nas últimas semanas - alguns deles já diziam que estava acabado com 33 anos -, o rei voltou a meter a todos uma vez mais no seu sítio com os dois golos que fez, convertendo-se no primeiro jogador em toda a história da Champions a marcar mais de 100 golos com a mesma equipa. Que barbaridade! Os títulos das primeiras páginas dos jornais de Madrid na quinta-feira eram dentro desta linha: "O Real Madrid voltou". Eu escreveria: "O Bicho, como sempre, voltou na hora da verdade."
CALDEIRADA DA SEMANA
Vida difícil para Emery
Após a derrota do Paris Saint-Germain por 3-1 diante do Real Madrid, a contar para a 1.ª mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, o treinador dos franceses, Unai Emery, foi massacrado cruelmente pela imprensa francesa. Mas sem dúvida alguma que as críticas que mais doeram e tocaram na alma ao técnico espanhol foram das esposas de dois dos seus craques. A mulher de Di María, Jorgelina Cardozo, publicou isto no Instagram: "Esforço + trabalho extra + golos + assistências + melhor momento = BANCO. Depois são as mulheres que não percebem de futebol… Vamos PSG!!!." Belle Silva, esposa de Thiago Silva , que também foi suplente no Bernabéu, disse: "Tática? Tática? O que é tática?" Vida difícil para Emery.
NÓS LÁ FORA
Hat trick de Manuel
Sem dúvida alguma, se há um jogador português que está a fazer uma época de sonho, esse é o Manuel Fernandes. O nível futebolístico do patrão do meio-campo do Lokomotiv de Moscovo fez com que o selecionador Fernando Santos o convocasse cinco anos depois da sua última internacionalização com a camisola das quinas. Contra a Arábia Saudita, fez o primeiro dos três golos de Portugal. Na quinta-feira, em Nice, no encontro a contar para os 16 avos-de-final da Liga Europa, o Lokomotiv Moscovo ganhou por 3-2, com um hat trick de Manuel Fernandes. Impressionante... Parabéns, campeão!
ÁLBUM DE RECORDAÇÕES
As minhas equipas na Europa
Estou sempre atento às equipas onde joguei, e quando chega a altura das eliminatórias das competições europeias, ainda mais atento fico. Dos nove clubes que tive o privilégio de representar, cinco jogaram esta semana. O único que está na Champions é o FC Porto e foi o único que teve um resultado supernegativo. Os outros quatro estão a disputar a Liga Europa e todos eles estiveram espetaculares e praticamente estão nos oitavos-de-final da competição. O Atlético Madrid ganhou 4-1 em casa do Copenhaga. O AC Milan foi ganhar também fora ao Ludogorets por 3-0, o Sporting venceu no Cazaquistão o Astana por 3-1, e, infelizmente, Sp. Braga jogou em França e perdeu 3-0 com o Marselha, a minha equipa francesa.
Paulo Futre, in Record

Sem comentários:

Enviar um comentário