terça-feira, 22 de abril de 2014

MESTRE AUTOCOLANTE


ESCREVEM OS LEITORES

Autor: ANTÓNIO PADEIRINHA/36 ANOS/ANIMADOR SOCIOCULTURAL

 
Caro Jorge Jesus *

*Desde 13 de Março de 2014 que me vejo obrigado a tratar-te desta forma.

Como bem sabes há um lado popularucho em cada um de nós.

Por exemplo, mantenho num quarto da casa dos meus pais uma daquelas molduras Kitch, com a equipa de 86/87 que venceu o Campeonato e Taça de Portugal. Aliás, de quando descobri o Benfica e o Diamantino se tornou o melhor jogador do meu mundo.

Agora, manifesto-me no meu frigorífico, onde colei, há uns meses, uma fotografia tua. Achei que ficava melhor que um tomate de plástico com íman, que não iria suportar a pressão e cair sempre com a batida da porta nos dias em que não ganhamos. Tu não. Tu aguentas.

Mas no tal dia de 13 de Março tentei arrancar-te. Tinhas acabado de empurrar quem há anos te ajuda a ganhar, de gritar com 17 anos de alma e vitórias e de desafiar o maior símbolo vivo da religião benfiquista. Tudo em segundos. Depois de horas e horas de crença em ti, a fazer de teu apóstolo…

Tentei arrancar-te mas desisti. Mostraste resistência. Da minha fúria ficou apenas uma mancha esbranquiçada.

Foi o Vieira que te manteve colado a nós, porque ele sabe que contigo o Benfica se redescobriu. Porque, como se diz na irmandade benfiquista, tu gostas de “inventar”. Gostas de inventar palavras novas. Gostas de inventar peças e máquinas de jogar futebol. Gostas de inventar imagens que fazem gente. Gente Feliz.

E lá continuas, teimoso, ostentando um grande relógio, o emblema do maior e a tua cabeleira mais reluzente que nunca. Olho para um electrodoméstico e vejo que chega a hora do Benfica voltar a ter luz.

Agora, respiro bem fundo e peço-te: “Aconteça o que acontecer não batas no Raul José, não batas no Shéu, não batas no Rui Costa e ouve-me: Não batas com a Porta.” Preciso que pintes de vez a mancha que provocaste na tua foto.

E assim, sei que voltarei a chamar-te: MESTRE!

Porque, sem ti, não sei se vamos ter um íman capaz de evitar que nos caiam os… legumes ao chão.

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