sábado, 16 de setembro de 2017

DOIS MAUS ENSAIOS GERAIS


De repente, registou-se uma Mudança de opiniões sobre o brasileiro exilado na Turquia.
De sexta-feira a terça-feira, em quatro dias apenas, os adeptos do Benfica viram-se forçados a mudar de ideias e a conformar-se com as realidades práticas que os jogos com o Portimonense e com o CSKA na Luz tão dramaticamente evidenciaram. O vídeo-árbitro é, afinal, um posto do progresso do futebol português e, pelo que se viu com os russos, ainda não vai ser este ano que o Benfica vai voltar a ganhar a mais importante prova do futebol europeu. Sabendo-se que as verdades nesta indústria não duram mais do que uma semana esperam agora os benfiquistas pelo desfecho do jogo desta tarde no Bessa para poderem, pelo menos, confiar num dos mais velhos axiomas do jogo da bola e dos espetáculos teatrais. Aquele que reza ser um redobrado mau ensaio geral a melhor dupla garantia para uma performance de estalo. Foi com este espírito, otimista, que o público da Luz abandonou o recinto na noite da penúltima sexta-feira, depois de André Almeida ter marcado o golo da sua vida e de o vídeo-árbitro ter anulado corretamente o golo incorreto com que os algarvios chegaram a gelar a casa dos tetracampeões nacionais. Este jogo foi logo considerado como um mau ensaio geral nas vésperas do jogo com CSKA, o que acabava por ser uma excelente notícia em função da crendice popular. Crentes em que a coisa só podia correr lindamente com os moscovitas, os espectadores da Luz regressaram aos seus lugares quatro dias depois para serem surpreendidos por mais um mau ensaio geral. A boa notícia, para quem se fia nisto, é que depois de dois maus ensaios gerais nada obstará cientificamente a que o Benfica acerte com as marcações e faça hoje uma grande exibição com um resultado correspondente na casa do Boavista. É bom que o público vá acreditando nestas tradições porque são lendas como estas que fornecem sal e pimenta às discussões anteriores e posteriores a cada ensaio geral. Mas, tal como é bom que os adeptos confiem, é péssimo que os artistas – jogadores e treinadores… - alinhem em semelhantes disparates. Nesta fase prematura da temporada, o Benfica precisa de racionalidade a todo o custo. A verificar-se um terceiro mau ensaio geral não faltará quem, por exemplo, reclame o regresso do emprestado Talisca no mercado de inverno. Precisamente o mesmo Talisca que no ano passado foi vituperado por se ter atrevido a marcar um golo ao Benfica na Luz. Alguma coisa se deve ter passado com Talisca esta semana porque, de repente, registou-se uma mudança de opiniões sobre os méritos do brasileiro exilado na Turquia. Ai passou-se, passou-se… Outras Histórias Uma grande lição no Dragão Aboubakar planando muito acima destas odientas questiúnculas Naquele minuto fatídico em que Ryan Babel assinou o terceiro golo do Besiktas no Estádio do Dragão aconteceu, certamente, que milhões de benfiquistas espalhados pelo mundo suspiraram fundo e disseram para com os seus botões. "Pronto! Agora já não podem gozar connosco!" É esta a triste cultura de rivalidade que domina o futebol. As tristezas de uns são as alegrias dos outros e vice-versa. Que diferença anímica faz para o povo ignaro levar 2, como levou o Benfica do CSKA, ou levar 3, como levou o FC Porto do Besiktas! Não há fair-play nestas coisas, não há solidariedade nem, muito menos, patriotismo. Uma lástima. Saúde-se, portanto, o simpático profissional camaronês Aboubakar que, planando muito acima destas odientas questiúnculas, visitou alegremente o não menos balneário do Besiktas no Dragão confraternizando com os seus antigos colegas. Antes do jogo? Ou depois do jogo? Não importa. É para dizer que foi antes do jogo? Ah, bom, então foi antes do jogo, não liguem à propaganda.
Leonor Pinhão, in Correio da Manhã

4 comentários:

  1. Os novos Velhos do Restelo [1]
    Por Quimunda Muzila

    Sob direção de Luís Filipe Vieira, o Benfica iniciou um amplo programa de modernização no Seixal, que irá incluir a componente universitária. Pouco a pouco a marca Benfica internacionaliza-se, o clube ganha prestígio. Tão grande é o prestígio que o centenário e ganhador clube está a ser atacado em duas frentes: a frente externa exemplicada pelo Porto e pelo Sporting e a frente interna exemplificada por pessoas escudadas em pseudónimos. Este frente interna é o perfeito resgaste da velha imagem camoneana dos Velhos do Restelo.
    Qual o alvo dos agora aliados Porto/Sporting? O tetra do Benfica, o percurso para o Penta? Certamente um pouco disso. Mas o seu alvo central é o múltiplo plano de modernização, é o prestígio multilateral e crescente do Benfica, é o crescimento sem pausa do Benfica, é a sua capacidade para domesticar o mercado internacional, é a solidificação da sua marca. Por isso o atacam diariamente, das mais variadas maneiras, ferrando como fazem os mabecos da savana africana, atacando em grupo. Eis por que Porto e Sporting se aliaram e mabecam sem mercê. O Benfica é demasiado grande e criador para lutarem de per si. Os ataques são de uma severidade enorme, cheios de ódio tribal, primitivo, gente há que nem dorme a pensar e a atacar o Benfica em sua hostilidade obsessivo-compulsiva. É esse ódio que lhes permite escamotear, em parte, os seus problemas, a sua pequenez, a sua mediocridade. Mas, coisa espantosa, em seu enorme e ilimitado ódio os agora aliados acabam, afinal, por amar o Benfica. Na verdade, o ódio é, freudianamente, uma prova de amor. Sem o Benfica não existiam nem existem. Amor, queiram ou não, pelo sangue vermelho do Benfica, sangue deles também, amor-inveja pelo soberano e altaneiro voar da águia.
    Mas, como observei já, o Benfica não é só atacado pelos externos, mas, também, pelos internos sem rosto que não dizem quem são. Estes últimos formam os novos velhos do Restelo. E são tão severos e intolerantes quanto os seus ditos inimigos. Qual o conjunto dos alvos dos novos velhos do Restelo?

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  2. Os novos velhos do Restelo [2]
    Os novos velhos do Restelo atacam o Benfica - o Benfica que asseguram ser seu - em seis frentes, a saber: [1] a frente dos ditos maus resultados, [2] a frente da dita ausência de reforços, [3] a frente do que chamam sportinguização, [4] a frente das vendas de jogadores face a um passivo suposto não melhorar, [5] a frente anti-modernidade em curso no Seixal e [6] a frente do que chamarei anti-vieiraismo. Atacando em seis frentes, os novos velhos do Restelo ampliam a política de terra queimada levada a cabo pelos teneurs dos inimigos externos. É como se, assim fazendo em sua fúria, baixassem afinal a ponte levadiça do castelo para dar entrada àqueles que - dizem, veementes - querem impedir de entrar. Os novos velhos do Restelo lamentam o futuro, vituperam o futuro, é como se encarnassem o anjo do "Angelus Novus" de Paul Klee que, segundo Walter Benjamin, apenas via ruínas na estrada do progresso.
    Sobre a primeira frente, a dos maus resultados: os novos velhos do Restelo habituaram-se às vitórias, aos obstáculos vencidos, às manchetes dos triunfos. O mais pequeno lapso, a mais pequena escorregadela, é suficiente para pedirem o linchamento imediato do presidente, do treinador e dos jogadores. Em suas veementes críticas entendem - seres divinos que se julgam - saber mais do que todos. Jamais entenderão que tudo é processo com altos e baixos, com subidas e descidas. Em sua raiva linchatória e ingrata, jamais entenderão que o Benfica sempre chega ao cimo no momento em parece estar a descer. Toda a águia vê e analisa o mundo lá no alto, no cimo. Sobre a segunda frente, a dos reforços. Fascinados com os reforços do Sporting - eles, que condenam a dita suportinguização do Benfica -, entendem que as vitórias só podem ser obtidas com a inclusão de jogadores caros, com prestígio. Jogadores da formação, equipa B, processo de formação e selecção criteriosa, Seixal em pleno e aumentado funcionamento - tudo coisas que requerem tempo e cuidado -, nada disso lhes interessa. O que lhes interessa é o Benfica não perder, é o Benfica imediato, instantâneo, é o Benfica vitorioso pronto a consumir, é o Benfica estar "reforçado" com as estrelas deles, estrelas dos novos velhos do Restelo. Por isso chegaram à conclusão de que o clube está a arder, que o clube é vítima de um tsunami, que o Benfica colapsou. Assim vão dando mão e razão aos "inimigos" externos.

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  3. Os novos velhos do Restelo [3]
    Passemos à terceira frente visada pelos novos velhos do Restelo: a sportinguização. "O que passa-se?" Passa-se que esse novos velhos do Restelo chegaram à conclusão de que o Benfica está a tornar-se uma extensão do Sporting, uma casa do Sporting. A agregação de quadros que trabalharam para o Sporting significa, para os catastróficos do Restelo, o fim do Benf. Os intrusos são vistos como cavalos de tróia de Luís Filipe Vieira. Não importa se possuem qualidade, honestidade e competência para gerir, o que importa é que são do Sporting, são leões perigosos, são invasores. Aqui está o princípio básico do tribalismo primevo, do semáforo tribal: o verde para uns, o vermelho para outros. É a teoria da substância impoluta. Nem querem saber se a modernidade transfronteiriça ganha pelo Benfica tem a ver como o actual CEO, tal como não querem saber se a formação do Benf vai ainda ser mais acuante e cientificamente moderna com a agregação de um professor universitário conceituado que não é "dr pequeno", mas "Doutor" por extenso. Os novos velhos do Restelo vivem da substância unívoca, pura, fruto de geração espontânea.
    Passemos à frente das vendas de jogadores face a um passivo suposto não melhorar. O que realmente se sabe sobre o destino das vendas de jogadores (essas modernas mercadorias) e sobre o passivo? O que se sabe para além de lugares-comuns habitados pela preguiça, pelo ciúme, pela raiva e pela ausdência de pesquisa séria e cientificamente conduzida? Já entraram em contacto com o CEO? Já tomaram real contacto com as obras em curso e a vir no Seixal? Já se interrogaram sobre por que possuem o mesmo discurso passivamente passivo sobre o passivo que habita o discurso da cabeça de Janus que é o PortoSporting? Os novos velhos do Restelo convenceram-se de que o passivo se despassiva num ápice com alguns milhões de dólares. O seu único fito consiste em defender que o muito dinheiro ganho com a venda de jogadores devia ser fundamentalmente aplicado no reforço - à Sporting - da equipa. Reforçar e ganhar de imediato: eis o pensamento Fórmula 1, à pressão, dos novos velhos do Restelo. Se assim não acontecer - vaticinam - é o fim do Benfica.
    Passemos à quinta frente de combate dos novos velhos do Restelo: a modernidade do Seixal. Na verdade, criticam o que está em curso no Seixal, criticam o que se espera venha a ser construído futuramente no Seixal, criticam o sonho de uma universidade, criticam o sonho de uma formação superior, cientificamente erguida e gerida. O futuro Seixal poderá ser um empreedimento único no mundo. Estou certo de que será. Apostar na formação superior, Benficar a formação universitária, é coisa que não cabe na tribal alma dos novos velhos do Restelo, convencidos de que aí reside a débâcle das históricas águias soberanas. E, finalmente, a sexta frente: a da luta contra Luís Filipe Vieira. Queiram ou não, foi com o consulado dele que o Benf voltou a ser a águia soberana, aquela que do alto vê bem melhor do que outrem. É com o consulado dele que a o Benfica continuará a crescer. O futuro das águias soberanas depende não do lateral esquerdo em falta, do guarda-redes por solidificar, da idade do Luizão, dos jogadores flops e por aí fora. O futuro das belas e soberanas águias invencíveis depende do Seixal. Seixalemos, então, sempre, com muito dinheiro, o nosso Benfica destribalizado e cientificamente cada vez mais formador. Desporto não se constrói produzindo inimigos e sangue e ódio.

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  4. Que fique por lá muitos e bons anos, que vá comer merda e não volte ao Benfica

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