quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

É DIFÍCIL SONHAR NA EUROPA


A estrondosa goleada aplicada pelo Liverpool ao FC Porto poderá não refletir o que é hoje a diferença entre as mais fortes equipas europeias e o futebol português de clubes, mas deixa claro que fazer um jogo menos do que perfeito quando se defrontam craques como aqueles que estão à disposição de Klopp paga-se muito caro. A equipa de Sérgio Conceição não perderá muitas vezes 0-5 no Dragão frente ao Liverpool. Mas uma má noite, principalmente na abordagem ao jogo após ter sofrido o primeiro golo, acabou por levar a uma derrota tão expressiva, que foi a pior da história do clube na Liga dos Campeões.

Há uma grande diferença hoje, enorme mesmo, entre o orçamento disponível a FC Porto, Benfica e Sporting e um Liverpool. Aliás, no futebol inglês há equipas a lutarem para não descerem de divisão com mais capacidade de investimento do que os três grandes portugueses. Sérgio disse que não usava esse argumento, pois também não se serve dele na liga portuguesa. Mas é por isso que o FC Porto ganha quase todos os jogos por cá e perde quando frente aos grandes lá fora. O dinheiro não explica tudo. Longe disso. E o FC Porto, numa grande noite, podia até ter ganho. Mas para um clube português bater um tubarão não pode fazer menos do que ser perfeito. E sabe-se como isso é difícil.
O resultado do FC Porto ontem mostra como foi interessante e competitiva a participação do Sporting na Champions. Com Barcelona e Juventus os leões nunca saíram goleados e bateram-se em vários momentos pelo resultado. Mas como acabaram os jogos? Por muito que os planos de jogo sejam quase perfeitos e os craques que andam por cá nos apaixonem, ali há outro tipo de qualidade. E lá está, não sendo perfeito... perde-se.
Jorge Jesus tem hoje um confronto muito diferente, apesar de também muito difícil. O Astana é uma boa equipa, que já fez algumas surpresas na mãe de todas as provas europeias, mas sem a qualidade de um Liverpool. Aqui o grande adversário do Sporting será o clima, o facto de jogar num estádio fechado, com relvado sintético e um rival que não é daqueles que entusiasma os jogadores à primeira, mas que promete ser um osso duro de roer. Será interessante perceber qual o plano de jogo de Jesus, quais as armas que lança ao jogo e que gestão faz, pois também ele sabe que apesar de Bruno de Carvalho ter dois sonhos, o caseiro é mais importante do que o Europeu.
Só um bom leão poderá trazer do Cazaquistão um resultado positivo. E ele tem andado algo arredado dos relvados nos últimos jogos. Que ‘chip’ vai JJ conseguir implementar nos jogadores e qual a reação ao relvado pouco habitual são apenas alguma das questões. Uma coisa é certa, para lançar uma candidatura a uma prova como a Liga Europa vai ser preciso deixar tudo em campo. Com qualidade e golos.
Bernardo Ribeiro, in Record

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