quarta-feira, 5 de julho de 2017

CARTA ABERTA AO BRUXO DA GUINÉ



"Caro general Armando Nhaga, há coisas no futebol português que parecem bruxaria. Eu sei que você já esclareceu que não tem nada a ver com essas coisas, é só um desabafo. Como se já não bastasse o estado do nosso futebol, no defeso falou-se mais de e-mails do que de reforços, o que aumenta o nível de alerta e preocupação quando se aproxima o arranque da competição. Estamos, cada vez mais, à beira do abismo. Estou preocupado, como adepto, e temo que agora só as forças do oculto possam livrar-nos do mau olhado. Da minha parte, se eu fosse presidente da Liga e você bruxo, acordava consigo um contrato de prestação de serviços segundo o qual você receberia um valor chorudo por cada jornada da Liga 2017/18 sem polémica, mas calculo que não teria interesse em aceitar um trabalho em que muito dificilmente poderia ter sucesso. É como pedir à gelatina que pare de tremer, eu sei. Para mais, além do elevado risco de insucesso, a tarefa iria exigir-lhe muita dedicação, sem direito a folgas e distracções, para não acontecer o mesmo descalabro do Dortmund-Benfica (4-0).
É evidente que, como o caso é grave, se eu fosse presidente da Liga e você bruxo, não teria reservas em contratar alguém com provas dadas para o ajudar. O mestre Alves ou o bruxo de Fafe, por exemplo. Mesmo o nível internacional há especialistas de renome como o espanhol Pepe (o tal que um dia lesionou Ronaldo). Se mesmo assim não chegasse, meteríamos voluntários em cada estádio a fazer buracos na relva, a espalhar aguardente, sal e alhos, a soltar galinhas, sapos e pombos. Se tudo isto falhasse, então sim tentaríamos pedir bom senso e fair play aos nossos dirigentes. Porque no fundo, eles, você e eu queremos todos o mesmo: um futebol português firme e hirto como uma barra de ferro. Lá dizia o bruxo Alexandrino."

Gonçalo Guimarães, in a bola

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