SABOREAR O FUTURO

"O desafio está lançado, é fazer mais com menos. Benfica tem de sair reforçado desportivamente desta nova realidade

Numa altura em que o que se pede à generalidade dos portugueses é que fiquem em casa, para poderem viver e estar todos juntos outra vez, numa época em que se contam mortos e doentes, tem de haver a certeza de uma esperança.

Numa época em que o futuro é feito de incertezas, os clubes e as SAD não podem parar. Têm de pagar salários,honrar compromissos, têm de ligar com a maior incerteza de receitas da história, têm de preparar a próxima época enquanto não sabem como termina e se termina a presente. Numa análise realista, vão sair melhor aqueles que forem mais bem geridos. Não aqueles que têm melhor situação financeira (embora seja uma vantagem), mas aqueles que são geridos por quem tem melhor conhecimento e maior sensibilidade para as especificidades do futebol. Vamos assistir ao triunfo dos mais competentes e mais preparados.

Domingos Soares de Oliveira disse esta semana que era importante o Benfica ser o mais bem preparado quando chegar o boom. Assim desejam os benfiquistas convictos de que a nossa situação é melhor do que a generalidade dos rivais. Este facto não é só uma vantagem, é também uma obrigação. O Benfica tem de sair reforçado desportivamente desta nova realidade competitiva. Os recursos vão escassear, mas o talento (de gestão) vai fazer ainda mais diferença. O desafio está lançado, é fazer mais com menos. Com menos receita, com menos bilhética, com menos patrocínios, com menos receitas de transferências, mas seguramente com um amor pelo clube ainda mais reforçado e com a convicção popular de que o que não nos mata faz-nos mais fortes, será assim o amanhã no Benfica.

A FPF deu por terminados os diversos campeonatos nos escalões de formação, das divisões secundárias não profissionais e ainda do futebol feminino. Seríamos seguramente campeões nacionais em futebol feminino, seriamos seguramente campeões em juniores e haveria muitas outras competições que aspirávamos vencer, mas face à dimensão da pandemia, a necessidade de precaver e a absoluta obrigação de cumprir e dar testemunho de exemplo, nada devo criticar na decisão tomada.

Uma santa Páscoa para todos os leitores de A Bola, porque embora diferente esta será uma fase que nos fará a todos saborear muito melhor o futuro."

Sílvio Cervan, in A Bola