Bernard e o urso polar
LINHA DIRETA
Autor: ANDRÉ MONTEIRO
"Fui", poderá muito bem ter pensado Bernard, numa expressão própria dos brasileiros quando tomou a decisão de assinar pelo Shakhtar Donetsk. "É nós", passará a dizer, juntamente com tantos compatriotas – Douglas Costa, Ilsinho, Alex Teixeira, Nem, Taison e Luiz Adriano, por exemplo - que já são imagem de marca da equipa ucraniana orientada pelo sedutor Mircea Lucescu e que tem no ex-portista Luís Gonçalves o seu diretor do departamento de scouting.
Aos adeptos azuis e brancos - percebi pelas conversas que mantive com alguns amigos nas últimas horas - custa perceber por que razão Bernard escolheu a fria e nada acolhedora Donetsk em detrimento da Invicta e do FC Porto. Dirão que o dinheiro, que, dizia o brasileiro, não era tudo, passou a ser mais do que muita coisa. Dirão que o campeonato ucraniano não se compara ao português. Dirão que Bernard teria dado um passo mais acertado se se tivesse mudado para o Dragão. Dirão... e até terão razão. Mas a hipnotizante Donbass Arena, a hegemonia do Shakhtar dentro de portas e as condições que o clube oferece aos seus jogadores falaram mais alto.
Não vale a pena colar a Bernard o rótulo de “mercenário” tão próximo a outros “traidores” no passado. O FC Porto diz tanto a Bernard como diz a Amazónia a um urso polar: nada. E não há que levá-lo a mal. Por isto mesmo é que os únicos não profissionais - os amadores, no sentido primário do termo – da tal indústria do futebol atual são os adeptos.
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