O jogo com o Tondela acabou por ser um retrato sintético da temporada do Benfica. Começámos a ganhar para, logo depois, a equipa soçobrar, parecer um conjunto banal, sem princípios rudimentares na organização defensiva e com défices de qualidade individual. No entanto, tal como aconteceu a partir de Guimarães, na segunda parte, o Benfica reergueu-se, apresentou um futebol dominante e podia ter chegado à vitória. Só que, no último fôlego, a equipa colapsou, trazendo à tona problemas de fundo, inscritos desde agosto. No fundo, com o Tondela, como ao longo do ano, o Benfica foi-se aguentando preso por arames.
Permanece um mistério que um clube que podia conquistar um inédito penta, tenha feito uma fortuna em vendas e não tenha reinvestido quase nada. A baliza é o caso mais evidente, mas está longe de ser único. Depois de Oblak, Júlio César e Ederson, ter Varela como guarda-redes principal é estranho. Como é incompreensível que nunca houvesse uma alternativa a Pizzi (e que o jogador com perfil mais próximo, Horta, tenha sido emprestado ao Braga e agora vendido para os EUA). Na posição 6, Fejsa acabou por jogar quase sempre apenas porque fizemos poucos jogos (e, se tivéssemos tido muitos jogos, sem Fejsa, a equipa não iria longe). Já na defesa, a segunda unidade está a anos luz da primeira: quando falta um dos titulares nas laterais ou no centro da defesa, o cenário é deprimente.
A falta de ambição e as poupanças do Benfica vão sair bastante caras. Sem campeonato e com a Champions em risco, as receitas caem brutalmente, ao mesmo tempo que as necessidades de reforçar a equipa vão aumentar (à custa da dívida!). A aposta no Seixal faz todo o sentido, mas ninguém é campeão apenas com aposta na formação.
Depois há Jonas. Numa equipa com fragilidades no processo coletivo, a presença do brasileiro em campo ajuda a suprimir as debilidades, liga o jogo interior, oferece contundência atacante e maturidade emocional. Quando falta Jonas, o Benfica perde qualidade e os resultados revelam-no. Na próxima temporada, não esquecer, Jonas – provavelmente o melhor estrangeiro que equipou de vermelho – fará 35 anos.
Para o fim, o treinador. É fácil identificar os erros cometidos por Rui Vitória, mas foi também ele que teve o golpe de asa para alterar o sistema, que apostou em jovens e que soube gerir o balneário. O seu principal erro foi mesmo ter aceitado disputar o penta com este planeamento de temporada.
Nota: o Benfica tem-se insurgido – e bem – contra julgamentos baseados em informação libertada a conta-gotas e assente em violações de correspondência privada. Não escondo o incómodo com o que já se sabe, mas uma coisa são notícias, outra é o teor de uma eventual acusação. Por isso mesmo, foi com estupefação que percebi que o Benfica promoveu ativamente o conteúdo de uma denúncia anónima (como aquelas contra as quais se tem insurgido!) com acusações atentatórias do bom nome de pessoas concretas. Este passo (em falso) envergonha-me enquanto benfiquista e é, ao mesmo tempo, um tiro de pólvora seca e um precedente muito grave.
Pedro Adão e Silva, in Record
De acordo com o Pedro a 200%. A saída do André Horta foi um erro monumental . Estávamos com um meio campo muito curto e com a lesão do Krovinovic foi o afundamento total, com a agravante do Pizzi estar uns pontos largos abaixo do ano passado---se queremos apostar na prata da casa temos também de creditar nos nossos e o André não deveria custar assim tanto ...podia permanecer pois era sempre uma solução para um lugar onde não tínhamos alternativas.
ResponderEliminarOutra questão que se verificou varias vezes foi termos sofrido golos em consequência dos nossos jogadores a meio campo, sem estarem presionados darem de bandeja a bola aos adversarios- como é possivel , jogadores de alto nível fazerem asneiras destas...
Em vários jogos, com a vida facilitada , pois estávamos a ganhar cedo deixamos displicentemente que os nossos adversários empatarem e em algumas vezes virassem o resultado. Como é possível ? Miguel Alarcão