sábado, 19 de maio de 2018

SÓ FESTEJAMOS COM TROFÉUS


"Não deixa de ser animador saber que quando corre bem o Benfica é primeiro e quando corre mal é segundo.

Nos últimos anos, o Benfica foi cinco vezes campeão e quatro vezes vice-campeão. Ser vice-campeão é, hoje em dia, no Benfica, a dimensão da nossa desgraça. No passado domingo, Benfica com uma exibição incolor, inodora e insípida conseguiu tudo o que ainda podia conquistar. O segundo lugar no Campeonato Nacional e o prémio de melhor marcador para Jonas com uns fantásticos 34 golos.
A Bola de Prata para o talento de Jonas, entregue pelo carácter e verticalidade de um Senhor como Nené, prestigia Jonas e engrandece o momento de cerebração da conquista. É bom que os heróis de hoje saibam quem foram os heróis de sempre.
Não festejo segundos lugares e, por isso, também não o fiz no passado domingo. Em rigor, o passado fim de semana atenuou a tristeza, mas não trouxe alegria, deixou rivais em guerra civil, mas não acrescentou espólio ao museu Cosme Damião.
No Benfica só se festeja quando aumentamos o número de troféus do nosso museu. Na próxima época, com redobrada ambição e corrigidos alguns erros, é para correr bem. Rumo ao 37.
Não deixa, contudo, de ser animador saber que quando corre bem o Benfica fica em primeiro e quando corre mal fica em segundo.
Triste reflexão fomos obrigados esta semana a fazer. Se Alcochete devia ser uma escola de formação, tivemos esta semana um exemplo de uma formação, ética e física. Muito mais importante do que discutir o que vai o Sporting fazer no Jamor seria reflectir para onde nos leva este caminho incendiário incivilizado e populista. Passou-se um limite até hoje nunca atingindo do Desporto português. Resta-me, na qualidade de adepto adversário, enviar um sentido abraço ao treinador do Sporting e aos seus jogadores. Ou há coragem para dizer Basta, ou basta ir embora deste lamaçal de delinquência para não ter nada haver com ele.
Fernando Santos escolheu os seus 23 jogadores e, honestamente, poucas seriam as diferenças (três) em relação àquelas que seriam as minhas opções. Fernando Santos escolheu os seus 23, que passaram a ser os nossos 23. Resta desejar as maiores felicidades a todos os que vão representar Portugal no Mundial da Rússia."

Sílvio Cervan, in A Bola

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