"1. Para o comum consumidor de informação, são cada vez mais inquietantes os sinais de mistificação e degenerescência que o jornalismo está a dar de si próprio nas páginas dos jornais e nas horas outrora nobres das TV generalistas. No actual contexto da mediocridade mediática, só se salva ainda (e a duras penas, por quanto tempo escapará?) e placidez da rádio, que tradicionalmente sempre se manteve mais credível em todas as crises... A saturnal fancaria das 'notícias' inventadas e não confirmadas, a rasquice das 'opiniões' descarada e sistematicamente pagas por ocultos (com rabo de fora) e o mais acabado registo de deboche nos ordinários 'debates' estão hoje generalizadamente consagrados como os novos modelos comunicacionais, tornados imperativos nas mesas de decisão de editores e programadores da imprensa e da televisão.
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
A DECADÊNCIA E O DOLO
A palavra de ordem que - nas correias de transmissão destes meios - é imposta às autênticas marionetes que -no fim da linha - nos servem esses podres menus de inquidades será, certamente, 'quando pior, melhor!' Ou então, 'quanto mais inverosímil, mais convincente'; ou, ainda, 'quanto mais escandaloso, mais impreterível'...
2. A estúrdia, a insinuação e a calúnia substituíram-se à serenidade de análise, ao esforço de investigação e à deontologia, no que se transformou o corrente desempenho de uma 'nova ética' informativa. É disto, e apenas disto, que agora se faz o 'novo jornalismo' à portuguesa, assim ajustado aos 'novos caracteres' dos ratos ocultos (com rabo de fora...) que passaram a validar e sustentar nas administrações em Portugal esses 'novos comportamentos' próprios dos tais 'novos decisores'. De um estado inicial de desnorte conforme à euforia do começo da década, o auge da primeira crise socioeconómica do século propiciaria que, no teatro da generalizada fraude informativa instalada, o 'novo jornalismo' do escangalho rapidamente passasse a ultrapassar, com total impunidade, sucessivos patamares da inteligência e, mesmo, do senso comum.
3. O álibi dos plumitivos passara a ser, dizia-se, 'a defesa' dos seus postos de trabalho: e, para eles, todos os meios justificavam essa parte do fim (próximo). A desenfreada corrida pela conquista do audimetrias desprevenidas, portanto, dispensava regras e cabrestos, passando a valer tudo.
Primeiro, serviram-se eles do inédito, do não acontecido e do não confirmado para cativar incautos. A seguir, recorreram ao incrível para agarrar pacóvios. Depois, para encandear cegos, já devassavam o impossível. E por fim, perdendo todos os escrúpulos, escarafuncham os inconcebíveis para tentarem tomar todos os portugueses como parvos.
4. A justificação, para eles, será simples. Mas, de tão simplória, o que ela legítima, afinal, é revelar não mais do que as profundíssimas contradições dos seus próprios mistificadores.
Quando se chega ao estado de coisas de que as inconcebíveis bravatas desta últimas semanas (nos campos do jornalismo e da opinião publicada relativos ao Desporto, ao Associativismo, à Política, à Justiça ou, até, à Economia, como também à vida de Cidadãos probos) constituem exemplos tão contundentes, de espuma dos dias nada mais ficará para a História do que a inevitável decadência da classe e o fatal dolo no consumo da Informação."
José Nuno Martins, in O Benfica
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