O Benfica, com a derrota na Luz, comprometeu o apuramento direto para os oitavos-de-final da Champions, mas entre erros próprios e alheios, foi Danny Makellie a decidir o vencedor…
Num jogo pleno de emoção, daqueles que esgotam clichés como «impróprio para cardíacos» ou «de roer as unhas até ao cotovelo», o Benfica saiu de campo com muito menos do que merecia, apesar de ter pecado ao ter pouca bola na segunda parte. Quando tanto se fala da qualidade dos árbitros portugueses, a UEFA mandou a Lisboa um dos mais credenciados apitadores da atualidade, o neerlandês Danny Makellie ( o mesmo que não viu, na Sérvia, um golo de Cristiano Ronaldo, por Portugal, com a bola um metro dentro da baliza), que acabou por ser, mais do que juiz da partida, carrasco das aspirações benfiquistas, ao não assinalar, no lance que precedeu o 4-5 de Raphinha, uma grande penalidade do tamanho do ego de Donald Trump. Assim, o que seria uma possibilidade dos encarnados chegarem ao 5-4 que os colocaria na fase seguinte da Champions, acabou por redundar na vitória blaugrana, que atira a equipa de Bruno Lage para o purgatório de Turim, onde jogará as suas hipóteses, em desespero de causa.
Depois de tanto investimento em tecnologia – útil, bem vinda e essencial – continua a ser o fator humano o elo mais fraco, e se Makellie, dada a dimensão da falta sobre Barreiro devia, imediatamente, ter apontado para os onze metros, que dizer do seu compatriota VAR, Rob Dieperink, que se furtou às responsabilidades que tinha de assumir, quiçá assoberbado pelo nome do Barcelona?
INJUSTA OU NÃO, DERROTA
É verdade que a arbitragem da UEFA, onde, comparado, o corporativismo que existe entre nós não é mais do que uma brincadeira de crianças, sai achincalhada desta noite na Luz. Infelizmente, não haverá a quem pedir responsabilidades e a derrota do Benfica ficará gravada nos livros da história – em página negra para a arbitragem europeia – e a qualificação dos pupilos de Lage fica em estado de emergência.
Com duas vantagens de dois golos, 3-1 e 4-2, e quando Trubin decidiu retribuir a benesse de Sczcesny na primeira parte, faltou ao Benfica mandar no ritmo da partida, e a posse de bola final do Barcelona , 68 por cento, merece uma reflexão por parte dos responsáveis encarnados, que por defenderem com muitos elementos não defenderam melhor.
Na noite de temporal da Luz, um raio, inesperadamente enviado dos Países Baixos, fulminou o Benfica, transformando vitória em derrota. Este, facto, irreversível, por mais que os encarnados chorem sobre o leite derramado, deixa a equipa de Lage com os mesmos dez pontos com que tinha entrado em campo, e à mercê de inúmeros adversários, uns que só na quarta-feira vão a jogo, outros que, na derradeira jornada, têm tarefas menos árduas que o Benfica, que vai a Turim, onde já foi muito feliz e muito infeliz. A 29 de janeiro, ou seja daqui a uma semana, Benfica e Juventus, separados por dois pontos na classificação, vão disputar uma verdadeira final, com os italianos a beneficiarem do fator casa. Na primeira época de Roger Schmidt, os encarnados impuseram-se, em solo transalpino, à Vecchia Signora, mas entretanto muita água correu debaixo das pontes e a tarefa que aguarda os encarnadas, que inevitavelmente ficaram abalados pela forma como perderam com o Barcelona, é uma espécie de Alpe D’Huez em esteroides. Pelo meio, o Benfica viaja ainda a Rio Maior para defrontar o Casa Pia, mas o que podia ser uma jornada tranquila na cidade onde Eusébio já marcou à Juve (no velhinho Comunale, entretanto convertido em casa do Torino) para a Champions, com um remate a 40 metros da baliza de Roberto Anzolin, a 15 de maio de 1968, na rota para final de Wembley, com o Manchester United, será, seguramente, um mar de angústias.
OPORTUNIDADE LEONINA
Entretanto, o Sporting, campeão nacional, joga nesta segunda ronda em Leipzig, contra uma equipa que tem primado pela regularidade na presente edição da Liga dos Campeões: seis derrotas em seis jogos. É uma oportunidade para a equipa de Rui Borges, que recebe o Bolonha na última jornada, dar um passo decisivo rumo aos oitavos-de-final e, ao mesmo tempo, solidificar o processo de crescimento que tem vindo a implementar sob a batuta de um novo líder. Nenhum jogo, na Alemanha, contra uma das boas equipas da Bundesliga, será alguma vez fácil para qualquer equipa portuguesa, mas abre-se aos leões uma janela de oportunidade que não devem desperdiçar.
José Manuel Delgado, in a Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário