quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

RECRUTAS PRONTOS

 


Não foi propriamente surpresa, como foi duro este último obstáculo para o Benfica, confirmando o porquê do lugar de destaque do Santa Clara na Liga. Condições difíceis com vento e chuva constituíam o cenário adverso para uma equipa já transfigurada pelas alterações feitas e também pelo sistema variado por Bruno Lage. Desafio entalado entre dois importantes jogos para a Liga dos Campeões, com o desgaste que o primeiro embate deixou e a gestão que a decisiva receção ao Mónaco aconselhava. O compromisso açoriano prometia dificuldades que seriam plenamente confirmadas em campo.

O Benfica sustentava a escolha para o onze dos recém-chegados novatos, pelas atuais limitações do plantel, mas também confiante no bom momento dos seus centrais e solidez dos médios-centro escolhidos. Tudo o mais eram novidades na equipa inicial. Na frente quem fez diferença foi Bruma. Não só por ter assinalado com o golo decisivo a sua subida ao onze, mas porque o seu habitual atrevimento foi o que mais mexeu no ataque. Lage acabaria por recorrer a Kokçu para a definição que faltava e seria decisiva. A vitória não evitou alguns sustos, pela capacidade dos açorianos no ataque rápido, mas também pelo controlo do jogo que o Benfica só a espaços garantiu. Falta calma, sobra pressa...
Em relação ao surpreendente onze inicial, as opções são boas quando resultam... E a coragem do treinador foi bem suportada pelo talento das novas caras utilizadas. No final resulta uma vitória importante, a rotação de alguns jogadores e a gestão de outros. Difícil ser melhor.
Pé descalço
Fala-se de muita coisa que influi o rendimento dos jogadores em campo. Análises complexas do adversário e da própria equipa. Metodologia, nutrição, prevenção de lesões e recuperação das mesmas, etc. Muitas destas áreas fundamentadas em estudos científicos e cuidadas por extensas equipas técnicas cada vez mais específicas. Não tão científico, mas tão ou mais importante por ser básico, é o equipamento do jogador. A cor ou a marca do que se veste pouco importa, a não ser para os adeptos mais tradicionais.
O calçado, esse, é uma ferramenta que pode fazer diferença. Desde logo o cair ou ficar de pé, pode representar marcar ou sofrer golos, que definem resultados. Nesse sentido, o aquecimento para o jogo é o espaço ideal e definitivo para escolha do calçado mais apropriado, algo que é da responsabilidade do atleta. Terá sido bem avaliado por alguns dos jogadores do Benfica as condições do relvado em causa? É que o tempo do pé descalço já lá vai e as distrações pagam-se caro...
Mais vale só?
Números 9 e 6: Curiosamente um mesmo desenho, se bem que invertido, para números que representam duas posições clássicas do eixo central das equipas, mas também opostas na sua essência. Mas sós ou acompanhados?
N.º 9 — Muitos avançados preferem jogar sós e decidir por si o movimento ou a zona a ocupar. Outros há cuja proximidade de um parceiro é preferível, sendo que, neste caso, a coexistência obriga a treino e coordenação entre os dois. Quando assim é, e se prefere uma dupla, a escolha recai, normalmente, sobre dois parceiros cujas caraterísticas contrastem entre si. No Benfica, por exemplo, Cardozo formou com Saviola uma dupla difícil de parar. Uma referência e uma unidade móvel. Um que se mostrava, outro que se escondia nos espaços que procurava. Na atualidade quer Pavlidis quer Cabral ou Belotti parecem ocupar demasiado espaço para caber mais um. A não ser que essa ajuda surja de trás, com Amdouni ou até Akturkoglu.
No meu caso experimentei as duas realidades e desde que se queira tudo se consegue. Na versão dupla o meu parceiro preferido foi Matts Magnusson, pela forma como ficava com a bola, mas percebia quando e para onde devia passar. Curiosamente foi dele a assistência que me permitiu ser o melhor marcador do campeonato. Grande Mats!
N.º 6 — Falando do caso atual de Florentino, é um seis cujas caraterísticas são marcadamente defensivas e físicas. Imagino que o seu perfil o faça sentir-se mais confortável sem ninguém com quem dividir o espaço, tal a enorme área que preenche. Ao mesmo tempo, quando lhe acontece jogar com um colega ao lado, a subida no terreno se possível coordenada torna-se necessária, mas afasta-o da sua zona de maior rendimento e rotina. Shéu Han, no meu tempo, foi alguém que personalizou um antivedeta único, de processos simples e técnica refinada.
Claro que, gostos à parte, os profissionais destas duas posições devem estar disponíveis para as opções do treinador, gostem ou não gostem, a bem da sua equipa.
Sozinho ou em dupla? É a questão.
Rui Águas, in a Bola

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