1 - Como seria de esperar, os últimos dias da janela de transferências fervilharam com muitas entradas e saídas de jogadores. Os clubes fizeram os ajustes possíveis nos seus plantéis para atacar os jogos que faltam da segunda metade da temporada. Mas este mercado de inverno que acaba de encerrar volta a trazer à reflexão a necessidade de reduzir o período de transferências.
No início da época, os participantes do Fórum Elite dos Treinadores UEFA partilharam a mesma preocupação: o mercado de transferências deveria fechar mais cedo no verão (antes das ligas iniciarem) e no inverno o período permitido para movimentações entre clubes deveria ser reduzido. Mesmo com a janela de transferências aberta durante todo o mês de janeiro, a verdade é que muitos dos negócios só se concretizaram em cima do fecho das inscrições. Algo que, na maioria dos casos, não passa de estratégia negocial.
Na prática, vendedores e compradores, assim como agentes, jogam com o tempo à procura do melhor negócio. Mas isso em nada beneficia o trabalho feito pelas equipas e treinadores. Sérgio Conceição e Vítor Oliveira, entre outros técnicos, manifestaram-se a favor de um período de transferências mais curto, possivelmente com a duração de uma semana, como forma de trazer maior estabilidade aos grupos de trabalho.
A ideia faz sentido: os negócios provavelmente até seriam realizados de modo mais eficiente, e seria reduzido o tempo de incerteza e ansiedade com que alguns jogadores vivem, na expectativa de um contrato melhor, por força de promessas nem sempre cumpridas que afetam o rendimento dentro de campo.
2 - Olhando para as mexidas efetuadas pelos três grandes, podemos concluir que o Sporting foi quem mais investiu, o FC Porto tentou colmatar lacunas do plantel por via de empréstimos e regressos, e por seu lado, o Benfica optou por emagrecer o seu grupo. Curiosamente, leões, dragões e águias ficaram recentemente privados de um jogador nuclear por lesão (Gelson Martins, Danilo e Krovinovic, respetivamente), mas nenhum deles optou por assegurar uma alternativa para essas perdas.
No Sporting, Rúben Ribeiro teve entrada imediata no onze titular. Wendel é pérola para ser trabalhada no meio-campo, enquanto Misic, Lumor e o regresso de Montero alargam o leque de opções. Talvez tenha faltado um defesa-central. Quanto a saídas, o negócio de Jonathan Silva, em função do pouco tempo de jogo, acaba por ser uma boa oportunidade.
Quanto ao FC Porto, Waris, Paulinho, Gonçalo Paciência e Osorio vêm trazer mais profundidade ao plantel dos dragões, dando mais opções a Sérgio Conceição para enfrentar a enorme série de jogos que terá pela frente nas próximas semanas. Já a saída de Miguel Layún obrigará a pensar em alternativas a Alex Telles dentro da equipa.
Tendo apenas o campeonato para disputar, e por isso mesmo menos jogos no calendário, o Benfica optou por reduzir o seu conjunto. As saídas de Lisandro López, Filipe Augusto e Gabriel Barbosa, pouco utilizados nos últimos tempos, acabam por se entender. Fica a sensação de que a equipa ganharia com a entrada de um ou dois jogadores para zonas específicas, mas possivelmente a falta de vendas não trouxe os fundos necessários para financiarem essas investidas.
Num campeonato em que as diferenças de orçamento entre grandes e restantes equipas são notórias, estes reforços adquiridos no mercado doméstico acabam por esvaziar um pouco dos recursos de qualidade existentes nas equipas portuguesas. Resta mesmo acreditar na capacidade de renovação que as formações nacionais têm exibido.
O CRAQUE
O homem golo de Portimão
O regresso do Portimonense à 1.ª Liga deu-nos a conhecer uma série de talentos de grande potencial. Lumor e Paulinho já seguiram para Sporting e FC Porto, Nakajima é cobiçado por imensos emblemas e o avançado Fabrício é outro dos homens em evidência. O brasileiro conta com 9 golos e 4 assistências na Liga e foi um dos jogadores em evidência da última jornada ao apontar um hat trick. É forte nos duelos aéreos e nas desmarcações, tem toque de bola apurado e bom poder de remate. A montra dos algarvios não ficou vazia.
A JOGADA
A primeira Taça da Liga
O Sporting conquistou a sua primeira Taça da Liga, troféu ganho com competência e alguma sorte, que também é precisa quando a decisão acontece por via dos penáltis (duas vezes), por mais que seja um aspeto que se trabalhe nos treinos. O ambiente e a pressão do momento no estádio influenciam sempre. Os leões não fizeram exibições de encher o olho na final four, aliás o futebol praticado deixou um pouco a desejar, mas foram uma equipa pragmática, como referiu Jorge Jesus, muito focada e com fome de títulos. Uma vitória que valeu pela entrega e esforço demonstrados.
A DÚVIDA
A DÚVIDA
Melhor registo do Boavista
Desde o seu regresso ao principal escalão do futebol nacional, o Boavista tem sido uma equipa que tem lutado pela manutenção. Mas de época para época, os axadrezados têm vindo a melhorar a sua performance e este ano, à 20.ª jornada, têm mesmo o seu melhor registo de pontos nesta década (27) o que indicia um crescimento sustentado a nível desportivo. Na parte superior da tabela, a equipa de Jorge Simão está mais próxima dos lugares europeus do que das posições de descida. Estará o Boavista a dar passos certos para voltar às andanças europeias?
António Oliveira, in Record
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