quarta-feira, 12 de junho de 2024

BENFICA - A URGÊNCIA DE REFLEXÕES ESTRATÉGICAS OU DE ELEIÇÕES?



 "Cismava eu sobre o que escrever a propósito da Assembleia Geral de aprovação do Orçamento do SLB para 2024/25, em que constato números que suscitam elevadíssima preocupação, quando rebenta hoje a "bronca de Verão" no meu Clube: segundo o Record, há riscos de rutura na Luz, ou seja, andam de "candeias às avessas", Luis Mendes e outros administradores da SAD, com Fonseca Santos (Presidente do Conselho Fiscal) pelo meio.

Fiquei siderado! Não tendo acesso a informações privilegiadas, fico a pensar se porventura as minhas preocupações quando analiso um Orçamento em que os FSE’s atingem 27,4 M euros (previsão para 2023/24 de 30,9 M euros – inclui o futebol feminino que para o ano sai para a SAD) e as amadoras atingem o custo de 28,7 M euros (cerca de 32,9 M euros como "previsão 2023/24", com futebol feminino) estarão na origem de tais divergências, sobretudo quando leio que está metido ao barulho o Conselho Fiscal?
Sem respostas para saber o que se passa no interior do meu Clube, pergunto-me se a perda do campeonato nacional precipitou divergências latentes. Entrando pela SAD, as Contas publicadas no 1º semestre de 2023/24 demonstram que, excluindo transações de atletas, temos receitas de 106 M euros para gastos de 139 M euros – ou seja, um défice de cerca de 33 M euros, o qual, anualizado, será de uns 66 M euros! Um problema crónico que se arrasta desde há vários anos e que tem enormes reflexos na competitividade do nosso futebol profissional – obrigado a vender os melhores para equilibrar as Contas, tipo "pescadinha de rabo na boca"…
Esta realidade tem de causar mossa no dia-a-dia do Clube. Se depois vemos o Clube igualmente com FSE’s elevados e custos com Pessoal na casa dos 20 M euros, temos forçosamente de concluir que o "barco tem excesso de peso" e qualquer gestor que se preze há muito que teria alijado custos para aguentar o "barco à tona de água". Assim, será de facto surpresa existir um conflito entre a Gestão e o Conselho Fiscal (com um elemento comum entre o Clube e SAD), ainda por cima quando o Presidente Rui Costa promete reforçar apostas nas modalidades para tudo ganhar em 2024/25?
Sinceramente, o que eu esperava era ouvir o Presidente Rui Costa vir propor aos Sócios uma profunda reflexão sobre a continuidade das modalidades amadoras, dada a sua frágil sustentação económica. Se olharmos para a origem das receitas que totalizam apenas 5,9 M euros, vemos que a quotização dos Sócios é apenas de 2,1 M euros [10% das quotas totais (que estimo em 1,8-2 M euros), mais a parte diretamente afeta e que resulta de uma proposta que fiz há muito anos numa Assembleia Geral de se pagarem 60 euros anuais – 0,1 a 0,3 M euros].
Não tendo acesso a números reais, deduzo por aqui que seguramente nem 5 mil Sócios pagam as quotas das amadoras. Se a esta realidade somar a visão habitual do pavilhão meio cheio (ou meio vazio) na esmagadora maioria dos jogos das amadoras, a pergunta a fazer é: os Sócios querem mesmo ter as amadoras? Porque, ao invés desta realidade, as assistências ao futebol tiveram uma média de 56 mil espetadores e a lista de espera dos cativos supera, ao que consta, os 14 mil interessados. Parece claro que os Sócios querem é bola e acham graça às amadoras!
Sinceramente, acho absolutamente premente esta discussão, porque a realidade dos números assim o exige e não me venham dizer que é um escândalo ousar suscitar o tema quando no emblema temos uma roda de bicicleta e ninguém exige ter o ciclismo como modalidade! Veja-se lá fora: o Real Madrid só tem basquetebol e não se dispersa a despender energias (€€€) inúteis. Relembremos os números: para 2024/25, as amadoras irão custar (líquido de receitas imputadas) 22,7 M euros e em 2023/24 a previsão é de 24,3 M euros. Quem financia? O futebol, pois claro.
Claro que ser campeão no basquetebol e no voleibol (masculinos) como formos este ano é importante (o hóquei também está na luta). Como os sucessos do desporto feminino em que este ano fomos campeões no futebol, basquetebol, andebol e futsal. Indiscutível que os Sócios gostam e afogam com estes sucessos as mágoas da bola. Mas enquanto com os insucessos do futebol discutem até à exaustão durante semanas e meses, quantas vezes com insultos soezes, confessem lá quanto tempo os Sócios "choram" pelos inêxitos no andebol e futsal (masculinos)?
Resumindo, o Benfica (Clube/SAD) precisa de enorme reflexão estratégica nas diversas vertentes (i) futebol profissional, (ii) modalidades e (iii) estruturas. Uma coisa eu sei que agora não deveria ter: esta guerra interna como a que veio para os jornais em vésperas de uma nova época desportiva do futebol. Mas como a realidade é a que é, perante estas disputas internas, se calhar o que Clube/SAD precisa mesmo é de uma clarificação urgente que só a antecipação de eleições pode proporcionar."

Manuel Boto, in Record

5 comentários:

  1. Concordo com o Boto, necessário repensar nas modalidades que não acrescentam nada ao Clube, como o Rugby, Handebol, Futsal, mantendo somente a formação ou encontrar parcerias que suportem os custos destas modalidades ditas amadoras. Diminuir jogadores excedentários da equipa profissional e aumentar a qualidade da equipa B e do Sub 23 para servir de viveiro para a equipa A. Jogadores com mais de 24 anos que permanecem na equipa e que fazem somente uns minutos por época, melhor e' dispensa-los.
    Rever o quadro de funcionários, de forma que só fiquem os imprescindíveis. Não percebo porque os sócios são contra os acionistas estrangeiros se a quotização não da para manter o clube, necessário, somente, salvaguardar os interesses do Clube para que não seja uma empresa privada ao bel prazer dos acionistas.

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  2. Há muito que pugno pela razia nas "amadoras". Pavilhões vazios, despesas enormes, a quem interessa isto? Uma ou duas modalidades no máximo. Aplicar as receitas nestas modalidades cujas equipas serão muito mais fortes e mais perto de títulos porque os recursos em vez de estarem divididos por várias modalidade estarão aplicados inteiramente em uma ou duas.

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  3. Agora que se aproximam Assembleias Gerais importantíssimas no SLB é inacreditável a forma como a Comunicação Social e o Ministério Público (sempre que se aproxima uma ocasião importante ele ressurge com os casos que inventou contra o SLB e contra Benfiquistas. Ele é que tem que ser julgado pela perseguição que faz ao SLB e pela protecção que dá aos outros), estão a fazer tudo por tudo para incendiar os ânimos para que haja problemas nessas Assembleias. Os Benfiquistas não podem ir na conversa desses fdp. Se há divergências elas que sejam discutidas com urbanidade e sem oportunistas. Temos que sair dessas Assembleias mais unidos do que nunca para continuarmos a lutar contra tudo e contra todos. Apelo a todos os Benfiquistas que são mais conhecidos do que eu para que passem palavra.

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  4. Caro Manuel Boto,
    Excelente e corajosa reflexao.
    Tambem me questiono se o SLB tera que viver refem de um ecletismo que faz parte da nossa hostoria e valores e, dessa forma, tornar-se ingovernavel e insustentavel.
    Quem gere tem que fazer opcoes.
    Estas noticias de conflitos graves dentro do Clube e da SAD veem na pior altura mas, como ha males que veem pr bem, podera levar a uma clarificacao?
    O SLB pos-vieira precisa de mudancas e definicoes de rumo.
    Se calhar precisa mesmo de gente nova!!!
    Eu como Benfiquista de longa data anseio por mudancas e gostaria muito que o universo Benfiquista podesse oferecer alternativas solidas e crediveis.
    Chega, basta de mais do mesmo!!!!

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    1. Respeitosamente, e concordando que deveria haver uma reflexão sobre “quais/quantas” as modalidades amadoras que o Benfica deveria ter (ou, doutra forma, quanto dinheiro deveria gastar nelas)… discordo que o Clube esteja refém de algo ou que a Direção não toma decisões.

      A decisão está tomada: o Benfica pretende manter o ecletismo e aumentar o investimento nas modalidades!

      Podemos não concordar com a opção, mas ela existe.

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