segunda-feira, 17 de março de 2025

QUE LATA DESCOMUNAL, MARTINEZ!

 


Selecionador Nacional diz ter sido o inventor da dupla Vitinha-João Neves. Gostou tanto que no Europeu de 2024 nunca apostou nos dois médios em simultâneo. Um pouco de senso, por favor...

Roberto Martínez tem a perceção de que é um bom comunicador quando está perante os jornalistas, mas, apesar de ter aprendido português rapidamente — atitude que se louva —, amiúde tem-se espalhado ao comprido ao abordar alguns temas do futebol português, designadamente as suas escolhas para os compromisso oficiais de Portugal.
Depois de ter chamado Geovany Quenda para os desafios frente a Polónia e Croácia em novembro passado, sem que tenha dado sequer um minuto ao craque do Sporting, o selecionador nacional, pasme-se, reivindica agora os louros pelo sucesso protagonizado pela dupla Vitinha-João Neves que está a dar cartas ao serviço do Paris Saint-Germain, argumentando que foi uma ideia da sua cabeça quando colocou ambos no onze de Portugal que defrontou a Finlândia, em Alvalade, a 4 de junho de 2024, na antecâmara do Europeu da Alemanha. Curioso é ver que na competição propriamente dita — nos encontros frente a Chéquia, Turquia, Geórgia, Eslovénia e França — não apostou nos jogadores que militam no campeão francês e, numa dessas partidas, até substituiu Vitinha por João Neves na segunda parte.
O que fez Roberto Martínez foi pura e simplesmente tomar como seu algo que é total mérito do trabalho desempenhado por Luis Enrique que, sem olhar a idades e estatutos, colocou em campo dois médios de elevada craveira a fazerem a diferença, tal como se viu recentemente no mítico Anfield, secando por completo as investidas do mais do que provável futuro campeão da Premier League.
«Adorei o desempenho do PSG e também dos nossos jogadores [na Liga dos Campeões], mas precisamos de lembrar que a dupla Vitinha/João Neves começa na Seleção ainda antes do PSG. Estamos a falar de Alvalade, em junho de 2024. Vimos e sentimos aí uma química especial. Estamos a falar de uma dupla de alto nível, mas este contexto é diferente e precisamos de equilibrar o onze», disse Roberto Martínez após divulgar a lista de convocados para o duplo compromisso com a Dinamarca, relativo à Liga das Nações com uma lata descomunal.
O selecionador nacional lamentou ainda não poder contar com os lesionados João Simões e Rodrigo Mora numa perspetiva de futuro, mas a questão que se coloca é por que razão equaciona esses cenários se, quando as pérolas do futebol português estão disponíveis fisicamente, serão chamadas meramente para fazer número, como aconteceu num passado recente com Geovany Quenda.
As suas convocatórias nem sempre são vistas como meritocracia por aquilo que os jogadores fazem ao serviço dos respetivos clubes, caso contrário como explica Roberto Martínez o facto de insistir na chamada de João Félix, que desde que foi utilizado pela Seleção pela última vez (18 novembro de 2024) completou 19 jogos (utilizado) entre Chelsea e Milan, num percurso em que apontou três golos (pelo Milan) e uma assistência? São estas incongruências no discurso do selecionador que deixam os portugueses de pé atrás, isto depois de uma paupérrima participação de Portugal no Europeu da Alemanha. Enquanto tiver tantas disparidades entre o que fala e o que faz na realidade, é impossível levá-lo a sério no que concerne à aposta nos jovens...

Paulo Pinto, in a Bola

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