sexta-feira, 26 de outubro de 2012

BAGÃO FÉLIX ELOGIA OBRA DE VIEIRA MAS QUER MAIS TÍTULOS


Bagão Félix (foto ASF)
Bagão Félix elogia obra de Vieira mas quer mais títulos no futebol


António Bagão Félix votou cerca das 13 horas no pavilhão da Luz e deixou uma mensagem de lucidez sobre o que os sócios do Benfica esperam das eleições de hoje.

«O que qualquer benfiquista quer são mais títulos. Mas também a credibilidade e a honorabilidade institucional do clube. Depois, a ideia de salvaguarda sólida e sustentada do futuro. O País, e não só, passa por uma crise muito grande, e os clubes não podem viver à margem. Deve haver mais ponderação e racionalização das estruturas. Deve haver ponderação nas decisões, embora o futebol seja feito muito de emotividade. Também sou sócio e quero que se ganhe, mas são elementos decisivos para o próximo futuro, sob pena de andarmos a pensar em fantasias e ilusões», afirmou aos jornalistas.

Sobre a campanha, ficou agradado com a discussão de alguns temas. «Houve ideias importantes nesta campanha, ao nível da racionalização das estruturas. E há uma decisão que pessoalmente aplaudo vivamente, embora ache que não deveria ter sido anunciada na campanha eleitoral, porque estamos perante uma situação de governo de gestão. Mas é uma decisão que aplaudo, que é uma nova maneira de encarar o futuro dos direitos televisivos. É um ato de grande lucidez, de grande coragem e que certamente revolucionará a parte em questão do desporto português e do futebol em particular», disse a propósito quem é uma eterna reserva moral do clube mas se descartou de quaisquer movimentações eleitoralistas: aliás, nem quis revelar em quem votou.

«Não sou eterno, nem candidato, nunca o fui candidato. As pessoas que me conhecem sabem quais são as minhas restrições de natureza pessoal. Não as vou divulgar», foi tudo quanto aceitou revelar sobre a sua disposição a estes respeito.

E questionado sobre se Luís Filipe Vieira tem estado à altura da história do clube, fez um balanço pormenorizado e positivo. «Qualquer um de nós, quando faz o balanço da sua própria vida, pessoal e profissional, vê aspetos positivos e negativos. Luís Filipe Vieira não foge à regra».

Na visão do antigo ministro das Finanças, Vieira tem muita obra feita. «Desde logo, ele e Vilarinho resgataram o clube de um dos períodos mais negros da sua história. E foram fundamentais em todas as infraestruturas que são hoje muito importantes para o Benfica, como o estádio e o centro de estágio, no Seixal. Por outro lado, resgatou a credibilidade institucional e financeira do clube. E nas modalidades e na política de formação está a melhorar-se bastante», disse Bagão Félix.

De menos positivo nos nove anos de presidência de Vieira, o colunista de A BOLA mostrou a costela de adepto sempre sequioso de mais e mais vitórias. «De menos positivo no seu mandato, talvez aquilo que é o mais importante para qualquer sócio, que é ganhar! Ganhou-se algumas vezes, mas nós, benfiquistas, somos insaciáveis! E o nosso ‘core business’ é ganhar, são títulos! Títulos como deve ser: com racionalidade, com lucidez. É o que também queremos», afirmou a propósito.

E Bagão Félix «não vê mal algum» em Luís Filipe Vieira estar a alguns dias de se tornar o presidente do Benfica mais tempo no cargo, nos 108 anos do clube (ultrapassa Bento Mântua em dezembro). «É importante e bom que haja estabilidade, e até a passagem do mandato, de três para quatro anos, parece-me positiva. Critiquei bastante a revisão dos estatutos do clube, mas nesse aspeto sou favorável.»

Do que este benfiquista muito cumprimentado e saudado pelos consócios presentes discorda é que, para se ser presidente do Benfica, se tenha de ser sócio efetivo há pelo menos 25 anos, e sendo maior de idade. O que resulta na impossibilidade, mediante a última revisão estatutária, de alguém ser presidente do Benfica com menos de 43 anos, num País em que a Constituição determina que se pode ser Presidente da República aos 35 anos.

«Deve acautelar-se o arrivismo, ou seja as pessoas inscreverem-se como sócias ontem e hoje já poderem ser candidatas a tudo e mais alguma coisa. Isso não pode ser assim, esse perigo tem de ser sempre erradicado e acautelado. Agora nem 8 nem 80: não se deveria passar para o exagero de se exigir, para se ser candidato a um órgão social do Benfica, ter pelo menos 25 anos de sócio e 18 de idade, ou seja 43, mais 8 anos do que para se poder ser Presidente da República. Acho que se deve aumentar a exigência, mas 25 anos de sócio... Só se pode presidir ao Benfica aos 43 anos?! Porque é que não se pode sê-lo aos 38, 39 ou 40?! Se um Presidente da República pode ser, acho que não faz muito sentido», concluiu.


A BOLA

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